Nos estávamos ali, de novo eu e ela, ela sorria olhando o pouco do céu que conseguíamos ver por entre os galhos, a lua brilhava alto no céu, deixando alguns de seus raios baterem no rosto dela, ela era mais bonita ainda com o efeito da lua e das estrelas sobre si.

Cheguei mais perto, sussurrando baixinho em seu ouvido:

- Nos podemos ficar aqui para sempre? Do lado de fora do seu jardim, só eu, você e a brisa de outono?

Ela deu uma risada meiga, e acariciou minha bochecha com o polegar.

- Claro que sim, nunca, nunca sairemos daqui, nosso “refúgio feliz” – Ela riu de novo, como uma criança.

Pela primeira ver eu não tinha palavras, nenhuma coisa engraça, inteligente, muito menos poética e romântica a dizer, então apenas lhe deu um beijo leve, tão suave quanto a brisa que batia em nos, eu queria viver assim para sempre, sem ter de deixa-la ir para a faculdade em Summerville,  mas eu sabia que ela iria, ela gostava do futuro que havia escolhido, eu também havia gostado, mas sentiria sua falta anormalmente durante todo o período letivo até as férias novamente.

Faltavam mais alguns meses, ela começaria mudaria para a faculdade no final do inverno, e me chamava de bobo por achar que iria perde-la para qualquer um que se atrevesse a aparecer e tomar meu lugar.

Mas ela não sabia que quando eu falava meu lugar, provavelmente ela não sabia o quanto importava para mim.

E eu procurava trabalhos em Summerville, já havia me formado e voltara para essa cidade.

Fotografia.

Nunca foi tão difícil achar um trabalho em uma cidade grande quanto era hoje, quando eu mais precisava, quando eu estava pronto para algo bom ao lado dela.

Brincava com seus dedos tentando não demonstrar meu medo, era o que eu não queria que ela soubesse que eu estava.

Medo do que sua falta me causaria.

Ela suspirou, virando o rosto para mim,seu cabelo curto e escuro presos no rabinho de cavalo mínimo a davam um ar tão fofo.

- Você sabe que não precisa ter medo, sabe lhe trocaria por nada na minha pobre vida, porque você é como um eixo para mim, e de certo modo eu vou estar sempre com você, - Ela tocou o colar com um anel, que eu havia dado para ela, e sorriu, como se estivesse distante. – mas eu tenho medo de te perder para a distancia.

- Você nunca vai me perder para ninguém, quantas vezes eu jurei ser só seu hun? Tantas que nem eu sei contar, você sempre foi meu eixo, desde que caiu da balança aos oito anos de idade, que foi a primeira vez que te vi e você já era desastrada. – Ouvi o riso dela de novo.

A abracei por trás, sentindo sua cabeça cair sobre meu peito com levessa, apoiei o queixo em sua cabeça, e suspirei, eu tinha medo de perde-la como ninguém poderia entender, só eu sabia o que era o vazio que me preencheu durante o tempo que EU estava longe.

- Eu sinto medo de acordar e de não ver seu rosto ao abrir os olhos. – Revelei baixinho para ela.

(...)

Meses, dias, horas e segundos esperando por ela e seu sorriso, a musica em mente, o violão em mãos, respirei fundo, esperando ela entrar em minha casa, havíamos combinado de que ela passaria aqui antes de ir ver as amigas e os pais.

Mas ela poderia ter mudado de idéia, poderia ter me trocado por outro garoto, mesmo jurando que nunca me esqueceria, que eram apenas três meses e que, logo ela estaria de volta.

 “Não seja bobo, você sabe que ela não te trocou.”, minha mente gritava cada vez que eu me perguntava a quanto tempo não falava com ela.

Olhava para um ponto fixo em algum lugar na TV desligada quando ouvi a maçaneta girar, e ela entrar pela porta com o sorriso bobo e feliz, e eu quase pulei em sua direção, ela largou as coisas no chão me abraçando forte, como se eu tivesse feito tanta falta que ela mal podia expressar, devolvi um abraço tão forte quanto esse, e tentei fechar a porta, ela me soltou, me deixando fechar a porta, e sentou no sofá, olhando para o violão apoiado no encosto.

- Voltou a tocar? – Ela perguntou quando voltei ao seu lado no sofá, e a abracei.

- Ah... sim. – A soltei e a vi murmurar alguma coisa mal humorada que me fez querer rir baixinho.

Peguei o violão e comecei a tocar alguns acordes, olhando para ela comecei a cantar.

We sit in your tree house (nós sentamos na sua casa de árvore)

The view from the top floor (a vista do topo)

The moon shining through all the leaves in the trees(a lua brilhando através de todas as saidas da árvore)

I lean close and whisper (eu chego mais perto e sussuro)

Can we stay here forever? (nós podemos ficar aqui pra sempre?)

Out here in your backyard, just us and the autumn breeze (aqui fora no seu jardim, só nós e a brisa do outono)

Ela sorriu, lembrando da noite talvez, uma lagrima correu seu rosto, ela era muito facilmente... emocionada, mas eu continuei sorrindo, sustentando seu olhar, eu era seu porto seguro sempre que precisasse.

For the first time (pela primeira vez)

I feel like i’m at a loss (eu sinto que estou em uma perda)

For words, (de palavras)

There’s nothing left to do but move forward (não tem nada mais a fazer a não ser avançar)

I’m finally ready for something good (eu estou finalmente pronto para algo bom)

Ela continuava chorando um pouco, mas ainda sorria, e eu segurava a vontade de largar o violão e abraçá-la, mas quanto tentei parar de tocar, ela balançou a cabeça em negação, então, eu soltei o violão e a abracei continuando a cantar, e limpando suas lagrimas com o polegar, e distribuindo beijinhos por sua face entre as estrofes.

I don’t know if you’ve noticed (eu não sei se você reparou)

But i’m trying not to show that i’m scared (mas eu estou tentando não mostrar que eu estou com medo)

That one day i might wake up (talvez um dia eu acorde)

And realize that you are not there (e perceba que você não está aqui)

- Eu te amo. – Murmurou quando acabei de cantar.

E eu sorri feliz, a abraçando e tentando acabar com o sentimento de saudades que me preenchia vagamente agora.

- Eu também te amo. Muito.