Breeding Love escrita por Ellen Freitas


Capítulo 6
Second Chances


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Tudo bem?
Fielmente aqui para mais um capítulo.
Boa leitura!! Bjs*



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"Segundas Chances"

― Bom dia ― cumprimentei a todos, sentando na cadeira livre destinada a mim, que no caso, era ao lado de Oliver na mesa do café.

Por um real milagre, todos estavam presentes naquela manhã. Thea não tinha ido trabalhar no dia anterior e Malcom e Moira estavam passando as últimas duas semanas em Starling. E acho que só por isso, Oliver também estava na mesa, já que mesmo sendo as únicas duas pessoas que tinham um horário minimamente compatível dessa casa, nunca fazíamos refeição nenhuma juntos.

― Bom dia, Oliver ― fiz questão de falar, já que ele foi o único a não responder quando cheguei.

O loiro franziu os lábios e trincou os dentes e tive que fazer muita força para não rir. Ele vinha me dando tratamento de silêncio e fazendo cara de menino birrento que fora contrariado desde a noite do leilão, que não conseguiu dar uma de suas escapadas por minha causa. Nunca tocamos no assunto, imagino que ele não queria sair por baixo e eu que não diria nada.

― Bom dia, Felicity ― falou a contragosto quando a mãe o olhou significativamente pela falta da resposta.

― Então, cunhada… Não poderei ir com você à obstetra. ― Levantei meu olhar do pãozinho para Thea, na minha frente. ― Hoje vou ter que resolver o problema da autorização das bebidas. Cada noite que a Verdant permanece fechada são milhares de dólares a menos pra mim e para a Prada. Mas a mamãe vai com você, já falei com ela.

Meu humor murchou. Não que Moira tenha me tratado mal alguma vez, mas não era a mesma coisa que sair com sua filha.

― Isso seria hoje, filha? Eu e Malcom temos uma reunião inadiável na sede da Palmer Tech em Coast City, sobre uma colaboração em um projeto. A gente vai e volta hoje ainda no jatinho da empresa, mas temos que sair agora ou vamos perder o horário que foi muito difícil de conseguir com o doutor Palmer.

― Tá tudo bem, gente, eu pego um táxi. Pelo amor de Deus, não sou inválida.

― Imagina, você não vai sozinha, Diggle pode te...

― Dig pediu folga, querida ― Malcom a alertou. ― Algo sobre uma cirurgia eletiva de um dos filhos.

― Verdade.

― Precisamos urgente contratar outro motorista para nós e deixar Diggle para atender as necessidades de Felicity, já que ele tem mais experiência.

― Sim, a médica disse que ela deve evitar dirigir por enquanto. Mas sobre a questão de hoje… ― Moira pareceu refletir por alguns segundos. ― Oliver!

― Tenho que ir pra empresa ― se justificou antes mesmo de ser solicitado que fizesse qualquer coisa.

― Não, você não tem ― Thea o contradisse. ― Me disse ontem que o andar da presidência estava sendo dedetizado e tinha pego uma folga.

― Tem razão, meu compromisso é com Laurel.

― Laurel tem prova do vestido hoje ― Thea rebateu novamente. ― Eu sei disso porque ela me encheu o saco ontem a noite toda para a prova do vestido de madrinha, mesmo eu dizendo que estaria ocupada. Duvido que a noiva lunática te queira lá, irmão.

― Realmente eu não preciso que ninguém me acompanhe, eu posso pegar um táxi, ou me arrumem um dos carros de hóspedes que vocês devem ter que eu…

― E se você passar mal, ou precisar comprar algum remédio ou fazer exames em outro lugar? Vai ficar pulando de táxi em táxi? De jeito nenhum, Oliver te leva, não custa nada.

― Não precisa ― falei agora diretamente para ele, quase implorando que negasse. Depois do que fiz, as chances dele jogar o próprio carro na baía de Starling comigo dentro pareciam cada vez maiores.

― Vai ser um prazer, Felicity.

Essas foram as palavras que saíram de sua boca, enquanto seus olhos diziam algo do tipo "te odeio com todo o meu ser".

~

― Felicity Smoak? ― a recepcionista do consultório me chamou para o atendimento e já fiquei em pé, instantaneamente olhando para Oliver, que tinha sentado a uma cadeira de distância.

Dava dó só de olhar para o homem, que parecia a pessoa mais desconfortável da face da terra, sentado ali em um consultório gineco-obstétrico. Às vezes eu percebia que ele olhava com curiosidade para os cartazes e maquetes bem específicos da área de atendimento do lugar, para então fazer uma cara de repulsa misturada a um certo pavor.

― Você quer vir, Oliver?

― Não, valeu ― me respondeu, parando sua leitura dos estágios da dilatação do colo do útero no trabalho de parto, que para qualquer um que o visse de longe, ia supor que ele estava lendo Stephen King.

― Hoje eu vou fazer um ultrassom, não quer conhecer o bebê? Prometo que lá dentro é menos assustador que aqui fora.

Eu sei que deveria apenas deixá-lo aí e não ligar, mas eu tinha o péssimo hábito de odiar que qualquer pessoa fique com raiva de mim e me ignore. E tudo bem que era errado ele estar marcando encontros com amantes, mas não era da minha conta, eu não devia ter me metido. Cada um faz da própria vida o que bem entende.

― Eu não estou assustado ― se colocou na defensiva.

― Então vem. Só promete não dar em cima da doutora Anna, sei que você ainda precisa da figurinha "médica" para completar seu álbum, mas a deixe fora disso. ― Testei a piada, mas ele me encarou sério.

― Não entendi a graça. ― Se levantou, abrindo a porta para mim e entrando depois que passei.

― Bom dia, Anna.

― Bom dia, Felicity! E você deve ser o Oliver.

― Como sabe disso? ― perguntou desconfiado e eu rolei olhos. Esse homem tinha sérios problemas não tratados de confiança.

― Sua irmã fala bastante ― se justificou, indicando que sentássemos. ― Por falar nela, onde está Thea?

― Ocupada com o trabalho ― respondi. ― Oliver, essa é a doutora Anna Hill.

― Só Anna, pelo amor de Deus. Então, Felicity, como temos estado nessas últimas semanas?

Fiz um resumo rápido, já conhecendo bem o foco de suas perguntas. Sem sangramentos ou perda de líquido, dores de cabeça raras, inchaço leve nas pernas e pés.

― Sua pressão ainda se mantém acima do que deveria, Felicity ― falou depois que terminou de aferir e tirou o aparelho do meu braço. ― Estamos saindo do primeiro trimestre que é bem mais complicado, mas não podemos descuidar. Você tem passado por algum estresse, sua alimentação está hipossódica e hipolipídica como recomendei?

― Está sim, ninguém naquela casa me deixa comer nada bom há mais de um mês ― reclamei, mesmo que estivesse dando meu jeitinho próprio de comer besteira. ― Eu poderia matar você por um sorvete de menta com chocochips, Anna.

― Ela sempre come as sobras de massa e gelato durante a madrugada.

― Felicity… ― minha médica me repreendeu em tom calmo.

― Traidor! ― exclamei para Oliver, lhe dando um tapinha no ombro, sem fazer ideia de como ele descobriu aquilo. ― Como diabos você sabe disso?

― Meus pais é que não fazem isso, e Thea não está em casa durante as noites. Então ou é você, ou temos um fantasma italiano à solta na mansão.

― Eu odeio você ― murmurei para ele.

― Só cuidando da sua saúde, Smoak. ― Deu um sorrisinho cínico.

Que nada! Tava na cara que ele fez de propósito para se vingar e me ver levar uma bronca da médica, o que de fato aconteceu, só então fui me preparar para fazer o exame em uma sala conjugada àquela.

― Pode entrar, Oliver.

Só quando Anna o chamou, foi que ele entrou também na sala, sentando na única cadeira desocupada, que ficava do meu lado esquerdo, oposto ao que a médica estava com o aparelho.

― Vamos lá ver esse bebezinho.

― E aí? ― Me inclinei em direção à tela tão logo ela começou a passar o aparelho em cima do gel na minha barriga. ― Já dá pra saber o sexo?

― Muito cedo, Felicity. ― Sorriu para mim. ― Mas olha aqui, que coraçãozinho mais forte! ― exclamou quando as batidas aceleradas preencheram a sala.

― Mas não está muito rápido, doutora? ― Olhei surpresa para Oliver, que tinha ficado em pé e agora olhava para a tela.

― Os fetos tem batimentos acelerados mesmo, Oliver, seu sobrinho está completamente normal. ― Moveu o aparelho por minha barriga. Fazia cócegas. ― Olha, Felicity, ele está mexendo os bracinhos.

Meu sorriso ficou enorme. A cada nova descoberta ou coisa diferente que ele fazia, eu ficava encantada.

― Pode falar, Anna, eu tenho o bebê mais fofo do mundo, não tenho? ― A médica apenas sorriu com a aquela cara de que toda mãe deveria achar isso.

― Isso aqui, o que é? ― Oliver sua mão tocou meu braço quando ele apoiou seu próprio peso para se inclinar sobre mim e apontar para um lugar na telinha.

― Isso aqui é uma perninha, ainda se formando.

― Caramba, isso é muito leg… Interessante ― o loiro se corrigiu rapidamente quando me pegou o olhando curiosa. - A tecnologia é muito interessante.

― Agora fica quietinha, Felicity, vou tirar todas as medidas, peso e terminar o laudo geral do exame, tá bem?

Eu até que fiquei quieta, mas Oliver fez perguntas durante todo o tempo, nunca o imaginei sendo tão curioso sobre esse tema ou qualquer outro, pra ser sincera. A verdade é que não nos conhecíamos nem um pouco e sequer tentamos fazer isso alguma vez, com todos os julgamentos e ideias pré-concebidas como o outro era.

― Obrigada por ter vindo comigo ― agradeci quando saímos do hospital.

O estacionamento ficava em um parque cheio de árvores e bancos, e um vento quentinho bagunçava meus cabelos. Se estivesse com Thea, com certeza pediria para ficar mais um tempinho por ali antes de ter que retornar ao enclausuramento da mansão.

― Tudo bem ― respondeu caminhando em direção ao carro, já puxando as chaves do bolso.

― E me desculpa. ― Oliver parou de andar e se virou para mim, me olhando com a testa franzida, sem saber do que eu estava falando. ― Eu não deveria ter te trancado naquela noite em seu quarto. Não era da minha conta, ainda não é, eu disse que não ia me meter, então... Foi mal. ― Dei de ombros.

O homem me encarava como se visse uma segunda cabeça nascendo em meu pescoço e ficou em silêncio tanto tempo que quase me fez lhe dar um tapa na cabeça para que acordasse.

― Eu conheço um lugar a duas quadras daqui que vendo um sorvete vegano e tem algumas opções sem açúcar também, quer ir? ― Levei alguns segundos para processar sua fala, meu cérebro não era mais o mesmo de antes da gravidez, foi quando entendi. Ele havia me feito um convite para comer algo que eu queria tanto?

― Isso é sério? ― Saltitei no lugar como um filhote, agarrando seu braço.

― Sim, não precisa ficar tão animada. ― Se soltou de mim, mas falhou em esconder um pequeno sorriso. Pelas minhas contas, era o primeiro verdadeiro que conseguia ver em seu rosto desde que nos conhecemos. ― Perguntei para sua médica e ela disse que tudo bem uma curta caminhada e essa pequena e controlada guloseima. ― Me guiou na direção do local, a mão em minhas costas.

Era tão bom esticar as pernas em um passeio que não envolvesse andar pela mansão dos Queen-Merlyn, o vento no rosto, outras pessoas diferentes das de sempre, e conhecer um lugar que ainda não tinha visto. O simples gesto de Oliver que pode não ter significado nada para ele, estava fazendo a alegria do meu mês.

A sorveteria parecia ser bem cara por dentro, mas mantinha um certa certa simplicidade parisiense, com as mesinhas na calçada e pequenas flores decorando. Automaticamente amei o lugar.

― Sabe aquela noite que você fez aquilo? ― Oliver começou a falar depois que fez nossos pedidos, menta e chips de cacau para mim, maracujá com chocolate belga para ele. ― Susan convidou Laurel de última hora para nosso encontro, com a desculpa de ser uma entrevista de casal ou coisa assim.

― Sério? Era uma armadilha?

― Talvez. Laurel me contou no dia seguinte, ela não percebeu nada, mas poderia ter sido problema.

― Você conseguiria sair dessa, tenho certeza. ― Do jeito que ele devia ser bom de lábia para enrolar todo mundo, uma desculpa para o encontro seria a coisa mais fácil do mundo.

― Não confio mais na Susan, se ela tentou mesmo acabar com meu noivado assim na cara dura. ― Fez uma careta.

Opa, opa, parece que a cara de fuinha ia rodar.

― O que está dizendo é que eu salvei seu rosto de ter a pele arrancada pelas unhas da Laurel não uma, mas duas vezes aquela noite? ― Oliver rolou olhos, bufando como se ser ajudado o irritasse. ― E se ajudou, porque ficou sem falar comigo e com toda a hostilidade gratuita?

― Pode ser um choque para você, mas não gosto de ser contrariado.

― Não diga ― respondi com ironia.

Nossos pedidos chegaram e foi como uma festa para meu paladar. Tudo bem que sem toda a gordura e açúcar, o sorvete era diferente, mas era muito bom mesmo assim. E poder comer sem ter que me esquivar na madrugada era a melhor parte.

― Por que faz isso? ― Oliver abriu a boca para falar, provavelmente me dar a mesma resposta da outra noite, mas não deixei e já continuei. ― É, eu sei, a adrenalina e tal, mas nunca vai ser igual. Quer saber minha opinião?

― Eu tenho escolha?

― Não ― respondi sua pergunta retórica. ― Eu acho que você tem medo de se entregar de verdade em um relacionamento, de todo o coração, eu quero dizer. Você se divide em quatro, enrola e engana as quatro para não se comprometer com nenhuma.

― Você fala como se eu fosse o vilão.

― O mocinho é que você não é, Oliver.

― Cada uma delas tem os próprios interesses em estar comigo, Felicity. Mack está pela diversão, nos conhecemos desde o colégio e nos reencontramos depois de adultos, eu já estava com Laurel, mas ela não quer compromisso sério comigo ou com ninguém. Susan gosta de todo o acesso que consegue para suas matérias apenas com um telefonema meu, e Helena, eu suspeito que ela faça isso mais por causa de Laurel do que de mim.

Comecei entender mais sobre aquele quinteto amoroso estranho, mas ainda assim era errado, muito errado.

― E sua noiva? Essas daí sabem no que estão se metendo, mas ela não.

― Ela não é diferente. Acho que ela ama mais a ideia de planejar um casamento e exibir como namorado e marido o maior herdeiro de Starling City do que ter um relacionamento comigo. ― Oliver sequer parecia triste ao admitir que não era amado pela pessoa que ia se casar, e isso era quase deprimente. ― Sabia que nem sua primeira opção eu era?

― Como assim?

― Ela tentou com Tommy, mas ele terminou tão logo descobriu suas intenções reais. ― De repente entendi um pouco da antipatia sem sentido dela por minha pessoa. - Meu irmão era um romântico, queria casar e viver para sempre com o amor de sua vida.

― E você não?

― Laurel é adequada, pra mim é o suficiente.

― Que vida triste essa sua, Oliver. ― Coloquei mais uma colher de sorvete na boca. Oh, negócio bom! ― Não há nada melhor do que ficar loucamente apaixonado, a ansiedade para ver a pessoa, uma puta saudade quando ele se foi a apenas alguns minutos, não conseguir ficar sem encostar, abraçar, beijar.

Em parte eu o entendia, passei a maior parte da minha vida evitando viver um amor como o que eu havia acabado de descrever, mas tão logo experimentei os sentimentos com Tommy, eu soube que só havia perdido tempo por não tentar antes.

― Sentimentos assim são contraproducentes quando você tem muito a provar ao liderar a multinacional da família.

― Que coisa mais idiota para se dizer!

― Não acho, tem funcionado bem.

― Enquanto não estiver inteiro em uma relação em que a pessoa esteja inteira para você também, não vai entender. Você nunca amou, por isso não sabe o que está perdendo, essa é a verdade.

― Quando você tiver minha idade vai concordar comigo.

― Não temos tanta diferença assim, e nunca vou concordar com você porque eu sei como é estar loucamente apaixonada. ― Oliver franziu a testa. Percebi que esse era seu gesto para quando ficava confuso ou não entendia algo, dificilmente perguntava. Menos para minha médica, claro, daí era um tagarela. ― Seu irmão. ― A emoção chegou na minha garganta e tive que respirar mais fundo, mesmo que já sentisse meus olhos arderem.

― Ele conseguia despertar isso mesmo nas pessoas, mas não sou como ele.

― Tommy conseguia porque ele tentava. Ponto final.

― É, talvez. ― Deu de ombros, finalizando o assunto.

― Ei, eu tenho uma proposta. Podemos recomeçar?

― O sorvete? Não senhora, sua cota de hoje já foi. ― Eu não sabia se ele estava falando sério ou se seria sua tentativa de piada.

― Não, nós dois. ― Formei uma linha invisível com o indicador nos ligando. ― Não precisamos ser inimigos, estou presa naquela casa pelos próximos meses, afinal. E se prometer me dar sorvete, prometo não ser uma total pé no saco.

― Acho que consigo prometer algo do tipo também. ― Ergueu a taça de sorvete quase vazia. ― A ser não inimigos.

― A ser não inimigos ― confirmei, também erguendo minha taça e firmando nosso acordo.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai, esses dois..
Espero que tenham gostado do capítulo.
Até os reviews!! Bjs*



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