Breeding Love escrita por Ellen Freitas


Capítulo 14
Sins Of The Father


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Olá, madrugada de segunda!!
Ellenzinha chegou com mais um capítulo.

E esse está pra lá de especial!! Ainda falta muito a definir sobre o destino de Oliver e Felicity. Ela vai ficar para sempre na mansão, inclusive depois que Ben nascer? E essa relação com Oliver que não avança? E o restante da família, o que está achando de tudo isso? Teremos algumas respostas e máscaras caindo.

E não podia esquecer de deixar de mais agradecimentos especiais para Claker que deixou a primeira recomendação da história. Obrigada de verdade, suas palavras me encontraram em um momento tão difícil e me fizeram tão feliz que me faltam palavras Obrigada também pelo carinho que você desenvolveu por BL.

Bem, espero que gostem do capítulo. Até as notas finais.. Bjs*



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"Pecados do Pai"

― Inadimissível, irresponsável, imoral! ― Moira andava de um lado a outro da sala de estar da mansão. ― Que ideia foi essa de se… De ter… ― se interrompeu sem saber exatamente como descrever.

― De ter três amantes ― Malcom completou. Esse parecia prestes a entrar em combustão, sentando no sofá com as mãos na cabeça. ― Ficou maluco, Oliver, achei que você fosse mais esperto que isso! Como se deixou ser pego? ― E só eu observei que a bronca do mais velho não era sobre o ato de trair em si? Bizarro.

― Ai, Felicity! ― reclamou comigo, ignorando completamente a bronca que levava dos pais.

― Fica quieto, então.

Eu já tinha brigado demais com Oliver sobre aquilo, não era novidade para mim, então por isso acho que eu era a única pessoa que chegou a se preocupar com o estado deplorável que tinha virado aquele rostinho de alguns bilhões de dólares.

Oliver estava jogado no sofá segurando uma bolsa térmica na pélvis, ainda meio de ressaca dos drinks que tinha tomado na festa e eu estava sentada sobre meus joelhos ao lado dele, tentando fazer algum tipo de curativo que amenizasse o estrago feito. Ele tinha um corte de unha na bochecha do tapa de Susan, e o icônico olho vermelho, que se tornaria em uma grande mancha roxa, de Laurel. Da sua outra parte machucada, ele que se virasse sozinho.

― Você é o CEO que está em todos os sites do país e talvez do mundo como o maior cafajeste de Starling City. Sabe o que isso vai fazer com as ações da empresa?

― Sabe o que isso vai fazer com o prestígio da nossa família? Meu Deus, Oliver, é como se você tivesse 16 anos de novo! ― Ele já dava problemas desse tipo com essa idade? Que precoce.

― Acabaram? Eu estou exausto e preciso de descanso, ainda é madrugada e amanhã vamos ter muito a fazer para manejar isso.

― Não, não acabamos. E você não vai fazer nada, deixa que a gente resolve essa situação.

― Isso aí, eu e sua mãe conversamos e estamos te colocando de férias por um mês. Moira vai assumir a empresa daqui e eu cuido das relações internacionais sozinho por enquanto. ― Moira balançou a cabeça concordando e finalmente Oliver teve alguma reação, ficando em pé em um impulso e quase me fazendo enfiar cotonete com antisséptico na orelha dele.

― Ai, caralho! ― Gemeu. Laurel realmente havia feito um estrago no brinquedinho dele. ― Minha vida pessoal não tem nada a ver com minha competência para o trabalho. Eu não vou tirar férias porra nenhuma e não tenho mais oito anos! Vocês não podem me colocar de castigo! ― elevou a voz, tentando ignorar a dor que devia estar sentindo para se impor aos pais.

― Vai tirar férias sim, precisa descansar a imagem. Ainda vão falar disso por algum tempo, e você vai ficar quietinho isolado nessa mansão, não vai colocar a cara para fora de casa.

― A Queen-Merlyn não vai ser mais associada a esse escândalo do que precisa ― Malcom decretou, se levantando com um suspiro cansado. ― Vamos, querida, quando amanhecer, teremos muito trabalho.

― Use esse tempo para refletir sobre os rumos que sua vida tem tomado, meu filho. Você não tem mais idade para fazer esse tipo de coisa e nós não temos mais idade para ter que ficar consertando. ― Os dois saíram do cômodo, e Oliver sentou pesadamente onde estava, voltando com sua bolsa como antes.

― Merda.

― Você não achou que se sairia de tudo isso sem consequência alguma, ou achou?

― "Sem consequência alguma" é como os Queen-Merlyn costumam escapar das coisas. ― Ainda com a arrogância e poder do sobrenome, claro. ― E meus pais já passaram o sermão, Felicity.

― Não vou te dar sermão, você sabe bem o que fez e que tudo que levou como resultado ainda foi pouco perto do que poderia ter sido.

― Laurel me deixou com um olho roxo e com a necessidade de um urologista e cirurgião plástico! ― alegou. ― Você nunca vai sentir essa dor, não entenderia.

― Eu vou parir um bebê em três meses, Oliver, aí a gente conversa sobre dor que o outro nunca vai entender. E outra, eu nem sabia que ela sabia dar um soco ― refleti. ― Ela quebrou um copo com a mão, você viu? Ainda bem que não me deixou brigar com ela aquele dia na piscina.

― O pai dela é capitão de polícia, ela tem algum treinamento.

― Então fique feliz, ela poderia ter te mandado para o hospital em uma maca. Seria o que eu faria, se fosse a minha cabeça que tivesse tantos chifres. ― Ele que me olhava sério, não segurou mais a risada, que foi evoluindo até uma sonora gargalhada. ― Você parece muito feliz para quem virou o assunto da cidade e ainda foi afastado do emprego que adora.

― Eu estou livre, Felicity! ― gritou, erguendo os braços ao alto. ― Você não tem ideia quantas vezes eu tentei terminar esse noivado nas últimas semanas, e agora estou livre! Sem falar sobre cor de gravata, arranjos de mesa, quantos instrumentos para a orquestra de cordas, escolha do buffet.

― Sem borda de guardanapos? ― Era impossível não embarcar junto na animação dele, parecia alguém que havia acabado de conseguir a carta de alforria.

― Borda de guardanapos, nunca mais!

Segurou meu rosto e beijou minha boca rapidamente, e já ficou em pé como se não tivesse feito nada além do comum. Atribuí a atitude inesperada aos drinks que ele havia tomado na festa, e eu ainda não sabia dizer se essa constatação me deixava aliviada ou decepcionada.

― Obrigado pelo curativo, mas agora eu vou tomar um remédio pra todas essas dores e dormir.

― Boa noite, eu acho. ― Foi só o que consegui responder, ainda meio em choque pelo beijo.

― E pense pelo lado bom. ― Ergueu uma sobrancelha para mim. ― Pelo próximo mês, estamos nós dois presos juntos nessa casa.

― Desde que você pare de me beijar assim ― murmurei para mim mesma quando ele já tinha ido.

~

― Ai, me Deus! ― grunhi ao sair do quarto, encontrando o olhar sorridente de Oliver que também saía do seu.

― O que foi? ― Guardou carteira e chaves no bolso do jeans, vindo ao meu encontro. Estranho, já estava anoitecendo, ele não costumava sair nesse horário. Não mais, ao menos.

― Essa criança que está gigante! ― Mostrei minha barriga em um gesto encenado. ― Quase dois quilos e meio e só estamos com sete meses! Me sinto um enorme tanque de guerra!

― Você está linda, Felicity.

― Ah, linda, com certeza linda. ― Acenei a cabeça concordando com sarcasmo. ― Para um enorme tanque de guerra! Minhas costas doem, meus pés inchados doem, e estou andando igual uma pata. Quando você só conseguir andar igual a um pato, a gente conversa, Queen.

― Awn, parece alguém que quer ser mimada. ― Enredou os dedos por meus cabelos, me puxando para um abraço. ― Quando eu voltar, prometo um pouco do seu sorvete preferido.

― Vai sair, me leva? Não aguento mais isso aqui, preciso de um vento no cabelo e ver outras pessoas. ― Seu sorriso diminuiu e me olhou pesaroso.

― Desculpa, mas dessa vez não posso te levar comigo.

― Oliver, o que está aprontando? Não aprendeu nada com a última confusão? O roxo do seu olho acabou de sair!

― Não é nada ilegal ou moralmente questionável, relaxe. É só uma surpresa pra você. ― Tentou me tranquilizar, mas só me deixou mais ansiosa.

― Não, não. ― Me afastei de seu abraço o olhando quase com medo. ― Não gosto das suas surpresas, ou de surpresa nenhuma. Me fala, o que é?

― Daí não seria mais surpresa, ué. ― Deu de ombros.

― Oliver Queen! ― gritei e bati o pé quando ele já ia saindo.

― Felicity Smoak ― respondeu tranquilo com um sorriso.

Ai, Deus, lá vem o sorriso que quebrava todos meus argumentos. Devia ser patético o quando eu parecia boba agora. Que droga, ou eram meus hormônios de grávida ou eu estava mesmo gostando dele!

― Não faz bico. ― Fez carinho em minha bochecha. ― Pés inchados e costas doendo, você não vai mais subir e descer escadas no meu turno.

― O quê?

Oliver se abaixou e com um braço atrás dos meus joelhos e outro apoiando as minhas costas, me ergueu do chão. Coloquei meus braços em torno do pescoço dele para me firmar melhor.

― Segura firme em mim.

Tinha mais do que duplicidade em suas palavras, havia flerte, e com nossos narizes a não mais do que cinco centímetros faltou apenas um fio de coragem para que eu contradissesse todos os meus discursos de "não podemos ficar juntos" e o beijasse ali mesmo.

― Para baixo, lacaio ― mandei a ordem com falso tom de autoridade, seu sorriso se ampliou.

― Sim, senhora.

― Oliver, quando você acha que consegue voltar à empresa?

― Não sei, talvez semana que vem ― respondeu, me carregando pelas escadas. ― Eu sinto falta do escritório e da academia da empresa, mas tem sido bom ficar por aqui também.

― E eu vou enfiar garfos nos olhos de tanto tédio quando você não estiver mais aqui o tempo todo.

― Você pode me acompanhar na empresa vez ou outra ― sugeriu. ― Não demais, já que não deve forçar, mas alguns dias, não vai ter problema pelo que a Anna disse na consulta de ontem. E ainda pode se familiarizar, já que pode vir a trabalhar lá depois da licença maternidade, se quiser.

― Está me oferecendo um emprego? ― Arfei animada. ― Você pode fazer isso? Quer dizer, claro que pode, você é o Big Boss, mas não deve cuidar de contratações tão longe do setor da presidência.

― Dezoito andares, para ser específico. E eu posso fazer o que quiser.

― Com exceção, claro, de trair sua noiva com outras três mulheres e virar um escândalo da mídia ao levar um soco numa boate lotada.

― Que bom que já estamos confortáveis em brincar com isso, bonitinha. ― Passou o nariz no meu em um beijinho de esquimó, e começou a me balançar em seus braços, me jogando um pouco para cima.

― Para, Oliver, eu vou cair! ― Me agarrei mais forte a ele, enquanto ríamos alto, e escondi meu rosto na curva do seu pescoço muito, muito cheiroso.

― Que duplinha mais animada. ― Moira saiu do escritório nos observando com atenção, e fazendo nossos sorrisos morrerem um pouco. ― Oliver, tem algum motivo para você estar carregando Felicity nos braços pela casa agora?

― Pega leve, mãe.

― Desculpa, Moira. Oliver! ― Tive que chamar sua atenção, pois tínhamos levado uma bronca e ele ainda não havia me colocado no chão, o que ele fez só agora que pedi. ― Não sei como a senhora conseguiu lidar com essas escadas enquanto estava grávida. ― Tentei amenizar o clima, já que ela não parecia nada feliz por ter nos encontrado daquele jeito.

― Ah, nas últimas semanas eu preferi um dos quartos do térreo. Pode escolher um pra você, se quiser.

― Ela não vai fazer isso.

― E ela pode falar por si mesma ― falei o encarando por ter respondido por mim. ― Não precisa, Moira, eu estou bem. Só Oliver com seu cuidado exagerado.

― Ele é sim. Querido, pode vir aqui no escritório dar uma palavrinha comigo e seu pai?

― Quando eu chegar, já estava saída.

― Agora, Oliver! ― Se uma coisa que ele deve ter se acostumado era que as mulheres de sua vida, lê-se Thea e Moira, nunca lhe davam muita opção ao "pedir" algo ou alguma coisa.

Os dois entraram no escritório e eu passei direto para a cozinha, me roendo de curiosidade para saber do que se tratava esse assunto tão inadiável. Será que o castigo de Oliver tinha acabado e ele voltaria para a empresa antes do previsto?

Esse mês havia mudado muito nossa relação. Não falamos mais sobre o beijo complicado de antes e muito menos do que ele me deu em seu estágio meio bêbado/eufórico, e acho que por isso estávamos levando tão bem.

Laurel passou lá, alguns poucos dias depois do escândalo, e eles conversaram sem quebrar nada, calma e honestamente, como deveria ter sido desde o início. Quando ele me contou sobre a conversa, até senti pena dela, não posso negar.

A mulher havia apelado para que o casamento não fosse cancelado, que ela perdoava tudo porque o amava de verdade. Ela até se desculpou pelo comportamento neurótico, mas Oliver estava irredutível sobre o fim do noivado. Ele pediu perdão por tudo e disse que, apesar de ter um carinho enorme que fora moldado em tantos anos de relacionamento, ela merecia alguém que a amasse de verdade e que no mínimo, estivesse igualmente empenhado para um casamento.

E mais tranquilamente do que qualquer um poderia prever, tudo entre eles acabou. Só quando ele sugeriu que continuassem amigos, que Laurel quase o socou de novo, batendo a porta ao ir embora.

Passávamos a maior parte do tempo no meu quarto, assistindo séries antigas e reality shows de culinária, ou no jardim de Tommy, ou na cozinha, atormentando uma pobre Raisa que queria apenas fazer seu trabalho sem dois ajudantes sem a menor experiência culinária. Nesse último item, Oliver se mostrou surpreendentemente bom, quase um talento natural, enquanto meu talento natural era ser ruim em todo e qualquer tipo de preparo.

Ele, que eu não lembrava de ter visto alguma vez sem terno, agora nunca mais sequer passou perto desse tipo de roupa, o Oliver doméstico de jeans e camiseta se mostrando ainda mais irresistível. Sim, porque esse mês, além de aprofundar nossa amizade, serviu para me mostrar que eu já estava irremediavelmente apaixonada por ele.

Não sei quando aconteceu.

Pode ter sido quando ele salvou meu bebê. Pode ter sido quando vi quase chorar assistindo Marley e Eu, disfarçando em seguida com a pior desculpa do cisco no olho. Pode ter sido quando disputávamos no videogame e ele ganhou, comemorando como uma criança e seu sorriso de menino, quando acabamos dormindo platonicamente juntos depois de uma longa maratona de séries, ou quando ele conversava por horas com Ben.

Foi tão devagar a gradual que não dava para precisar o momento exato, mas Oliver estava sendo meu primeiro e último pensamento do dia, junto com meu bebê. Disfarçar estava sendo cada vez mais difícil, gastava mais tempo o encarando do que era considerado socialmente aceitável, já tinha decorado cada detalhe de seu rosto.

Só que eu não podia ir em frente enquanto estava grávida do irmão dele. Com Tommy, fora uma paixão avassaladora, então veio o bebê e o término. E eu me importava com Oliver o bastante para não lhe dar falsas esperanças de que poderíamos ficar juntos um dia. Não ia acontecer, esse mundo dele, que eu estava no momento, não me pertencia.

E todos aqueles hormônios de grávida não estavam me ajudando a sentir menos. Tá ferrada, hein, querida?!

Da cozinha consegui ouvir quando a porta do escritório bateu com força, e fui até lá. Algo deveria ter irritado Oliver ao rompante e se ele precisasse de ajuda, queria estar lá por ele.

Obviamente, meu andar de pato me atrasou, e até eu chegar lá, a porta da frente também já havia batido. Mas ao passar pelo escritório parei ao ouvir meu nome como tópico de conversa.

Por favor, querida, não precisa ficar preocupada.

Como não, Malcom, você viu o jeito que ele falou com a gente e saiu daqui! ― Foi a primeira vez que ouvi a mulher elevar a voz. ― Oliver está encantado por essa garota, arrisco dizer até apaixonado.

Oliver apaixonado? Por favor, isso é mais absurdo ainda. Ele terminou um namoro de quinze anos sem a menor dó, por que você acha que…

Você não ficou com eles em casa esse último mês, e não viu eles juntos.

Tommy tudo bem, mas Oliver só se relaciona com mulheres extraordinárias, e essa moça é tão... Comum ― completou com o certo tom de desdém.

Eu estava chocada. Eles me tratavam muito bem, cuidavam de mim e do meu bebê, nunca imaginei que secretamente pensavam tão pouco da minha pessoa. Não que ser “comum” fosse algo que me incomodasse, mas eles usavam um tom tão desrespeitoso, que pareceu aos meus ouvidos a pior das ofensas.

Eu não quero esse namoro, ponto final ― ela decretou.

Se você pressionar, é pior. E mais, só faltam dois meses para o filho de Tommy nascer, logo esse problema estará resolvido. ― Entrei em estado de alerta. Como assim, "estará resolvido"?

Quando você me disse que Tommy havia lhe falado sobre essa garota e você mesmo o aconselhou a não revelar a fortuna que tinha, jamais imaginei que nos levaria até aqui.

Mas nos levou. E tão logo essa criança nascer, entramos com o pedido de guarda e despachamos essa garota com uma gorda mesada vitalícia. Será como ter Tommy de volta às nossas vi…

― Como é que é? ― Entrei aos chutes na porta, Malcom ficando de pé e Moira virando em minha direção no susto. ― Vocês não vão ficar com meu filho!

― Felicity, você entendeu errado ― ela tentou amenizar, estendendo as palmas em minha direção.

― Não, eu entendi muito certo, a garotinha comum aqui é muito inteligente. Mas vou logo avisando, não vão tomar meu filho de mim. Vocês podem ser o casal mais poderoso da cidade, mas eu juro pro Deus que derrubo pedra por pedra desse maldito castelo antes que encostem no Ben! ― Levei a mão à minha barriga, meu filho se mexia inquieto em meu ventre, como se sentisse a ameaça.

― Querida, você não pode se agitar.

― Pois parem de fazer a merda de um complô! ― gritei, minha garganta fechando das lágrimas que chegaram.

Mas eu não podia chorar ali, não diante daqueles dois. Eles se achavam os donos do mundo e os meus donos, não poderia me mostrar vulnerável, estava protegendo meu bebê.

De repente, desejei tanto a presença dos filhos deles. Eu tinha certeza que Thea, Oliver ou Tommy jamais apoiariam aquilo, mas eu estava sozinha, coisa que, na real, escolhi estar. Sozinha quando voltei decidida a contar pro Tommy eu havia perdido o bebê, sozinha quando decidi não ficar com o Oliver.

― Agradeço à hospitalidade, mas estou indo embora daqui ― falei, já na saída. Não ficaria mais um segundo sob o mesmo teto daquelas pessoas.

― Você não pode sair da mansão, corre o risco de prejudicar meu neto!

― Uma última dúvida, Malcom. Se tem tanta certeza o quão sem graça eu sou e orientou Tommy a mentir pra mim, como diabos tem certeza que Ben é seu neto? Eu posso estar contando uma mentira muito boa há cinco meses.

― E você acha que sequer te traríamos para cá sem um teste de DNA? Fizemos no hospital, no dia que chegou aqui e descobrimos que estava grávida.

― Malcom! ― Moira o repreendeu por entregar a história.

― Obrigada pela honestidade. ― Apertei os lábios em uma linha fina para aquela violação de privacidade nível máximo. ― Adeus.

Tão logo bati a porta às minhas costas, não segurei mais o choro. Era tudo tão mesquinho e malvado que senti nojo, e só precisava sair daquela casa antes que ficasse pior.

Não poderia voltar ao quarto e fazer uma mala pequena, eles vetariam minha saída antes que eu chegasse até a porta da frente, o jeito era sair agora e deixar tudo para trás. Ligaria para minha mãe e voltaria para Vegas, Anna disse que a gestação se mantinha estável no último mês. Poderia viajar.

― Ninguém vai tirar você da mamãe, meu amor.

― Hey, hey! ― Oliver me segurou pelos ombros logo que saí da mansão e esbarrei nele que voltava para casa por algum motivo. ― O que aconteceu?

― Me tira daqui, pelo amor de Deus.

― Mas, Felicity…

― Por favor, Oliver, me ajuda a sair daqui! ― implorei sem nem enxergar direito seu rosto por causa das minhas lágrimas.

― Vem comigo! ― Ele assentiu e me abraçou pelos ombros, me conduzindo até seu carro que estava parado ali na frente.

Depois da minha segunda negativa em dizer o que tinha acontecido, Oliver dirigiu em silêncio para Deus sabe onde. Eu procurava não olhá-lo, grossas e quietas lágrimas descendo quando cruzávamos a cidade e a noite caía, a ideia de que ele sabia de tudo ainda em aterrorizava, mas era só sentir sua mão na minha ou fazendo os carinho em meus cabelos que tudo passava.

Havíamos parado na frente do que parecia ser um dos maiores e mais chiques arranha-céus habitacionais do centro de Starling, e depois de um "boa noite, senhor Queen" do porteiro, pegamos o elevador para a cobertura.

Um apartamento enorme de tijolos vermelhos e conceito aberto se mostrou à minha frente. O estilo mais rústico mesclava-se ao moderno da decoração e mobília.

― Pode entrar, fica à vontade. ― Segui para o grande sofá e sentei em um dos cantos. ― Aqui, água com açúcar. Nossa, Felicity, você está tremendo! ― observou quando aceitei o copo de suas mãos.

― Que lugar é esse? ― perguntei depois que já conseguia respirar normalmente, e a tensão de seus ombros aumentou ainda mais, não parecendo nada feliz por me ver desviar do assunto.

― Meu apartamento, o que ganhei no meu último aniversário ― respondeu mesmo assim.

― Ah.

― Felicity, o que aconteceu? ― Arrastou mais um pouco para o lado, segurando minhas mãos entre as suas. ― Eu saí e você estava bem, então volto pra buscar algo que esqueci e te encontro nesse estado.

Respirei fundo, melhor contar logo. Se esse era o apartamento de Oliver, Moira sabia exatamente onde ficava e poderia estar aqui a qualquer minuto.

― Oliver, preciso te fazer uma pergunta e preciso que seja o mais sincero que já conseguiu ser na resposta. ― Ele franziu as sobrancelhas estranhando o pedido, mas acenou que sim com a cabeça. ― Você sabe o que seus pais planejam fazer com meu filho depois que ele nascer?

― Dar muito amor e carinho de avós? ― sugeriu com uma sorriso pequeno, mas como ainda me mantive séria, ele tentou mudar a resposta. ― Eu não faço ideia do que está tentando me dizer, Felicity.

Respirei aliviada, ele não sabia. E não sei nem como cheguei a pensar por algum momento que ele estivesse ciente daquele plano nojento, Oliver era coração demais pra isso. O pedido de uma explicação continuava em seus olhos quando me encarava.

― Quando você saiu daquele jeito, precisava saber se você estava bem, então eu fui até lá e acabei ouvindo sem querer eles falando sobre mim.

― O que eles falar… Felicity, eu juro por Deus que se eles te ofenderam de qualquer maneira…

― Podem falar o que quiserem de mim, mas não do meu filho. ― Minha voz embargou só de lembrar. ― Oliver, eles planejam pedir a guarda do Ben e tirar ele de mim.

― Como é que é? ― Soltou minhas mãos quando ficou em pé em um rompante, então seu telefone começou a tocar. ― Droga ― resmungou ao olhar no visor, sua mandíbula trincada de raiva. ― Alô, mãe? ― Ouviu por alguns segundos e olhou para mim, que já estava muito assustada apenas com a menção da mulher. ― Sim, estou com ela. Não, não vou dizer onde estamos. Tá, mãe, depois eu falo com você. ― E desligou. ― Me conta essa história direito, Felicity.

― Eu já contei. Estava saindo para ver se estava bem, você saiu batendo portas, e quando passei pelo escritório, eles estavam falando sobre mim. De como Malcom orientou o filho a mentir para mim sobre o dinheiro de vocês, e então que eles pegariam Ben e criariam como se fosse "um novo Tommy", me dando uma mesada para abandonar meu bebê com eles. E também que fizeram um exame de DNA quando me internei no funeral do Tommy, só assim acreditaram na minha palavra. ― O loiro me acolheu em seus braços, me deixando chorar em sua camiseta.

― Eu não acredito que fizeram isso. É repugnante, Tommy jamais concordaria.

― Oliver, eu juro que morro antes de deixar meu filho!

― Calma, ninguém vai tirar o Ben de você, é a mãe dele.

― E seus pais são as pessoas mais poderosas da cidade ― atestei.

― Olha pra mim. ― Me afastou de seu abraço apenas para segurar meu rosto e ter meus olhos nos seus. ― Eu prometo pra você que, se preciso, movo os céus e a Terra, mas ninguém tira seu bebê de você, nem meus pais ou qualquer outro, ok? ― Um sentimento até um pouco reconfortante inundou meu peito, ainda mais o assistindo ter um discurso parecido com o meu ao ouvir aquele absurdo.

― Então você precisa me ajudar.

― Claro, só me pedir que eu faço.

― Preciso que consiga minhas coisas que deixei na mansão.

― Peço para Raisa preparar tudo e Diggle traz ainda essa noite.

― E também quero que me empreste dinheiro o suficiente para comprar uma passagem para Vegas. Minha mãe está lá, daí ela me ajuda a ir para outro lugar depois.

― Como é? Você não vai embora.

― Eles querem meu filho, Oliver, eu não vou ficar nessa cidade esperando que consigam.

― Mas não pode ir e me deix... ― De repente vi meu desespero para partir espelhado em seu desespero para que eu ficasse. ― Não pode viajar assim, sua gravidez é complicada.

― Eu vou ficar bem, é a melhor decisão.

― Mas eu não! Que droga, Felicity, eu sei que é injusto e egoísta falar isso, mas não posso mais ficar sem você e sem o Ben. Você não entende o que eu sinto por vocês, são minha família.

― Oliver…

― Isso aí, se quer tomar uma decisão justa, precisa saber de todos os fatores. Me apaixonei por você. ― Respirou como se finalmente falar lhe tirasse um peso das costas. ― Não planejei me apaixonar por você nem por ninguém, mas aconteceu, e então não consigo mais ficar longe, e se quiser realmente ir, eu te ajudo, mas isso vai me destruir totalmente.

― Não diz mais nada.

Havia sido a declaração mais linda que eu já ouvira e não me contive mais, já estava fazendo isso a muito tempo, segurei em seus ombros e uni nossas bocas, finalmente nos dando aquele momento.

Oliver não levou nem meio segundo para processar aquilo, segurando meu rosto e tomando a liderança, sua língua em um carinho discreto que me fez separar os lábios e dar passagem para que aprofundássemos o beijo até o limite do nosso fôlego.

― Não quero que fique comigo por gratidão, eu quero muito mais da gente, Felicity, e sinto que podemos ser muito mais também ― continuou a declarar, a testa encostada na minha, meus olhos fechados ainda lidando com todas sensações que envolveram beijá-lo, bem mais intensamente dessa vez.

― Não é sobre gratidão. Quer dizer, é também, não posso negar, mas… ― Engoli seco, abrindo os olhos para encará-lo. Lá vai. ― Oliver, você é a pessoa mais caridosa e gentil que eu conheço, mesmo que tente esconder esse lado de todo mundo. Tem sido minha rocha esses últimos meses e se eu for embora, também vou quebrar, porque eu me apaixonei por você! ― Era quase um alívio expressar aqueles sentimentos em voz alta. ― Ranzinza lindo do beijo tão gostoso ― murmurei, sem querer expressando meus pensamentos em voz alta. Ele ergueu uma sobrancelha curioso. ― Pode ser porque faz tempo que não beijo ninguém assim ou porque você realmente beija muito bem.

― Podemos tirar a prova.

Oliver avançou em mim novamente, em um beijo mais arrebatador que o primeiro, provando que era mais sobre ele do que sobre minha carência. Não que eu fosse dizer isso algum dia, o homem não precisava de mais nada para lhe inflar o ego.

― Opa. ― Parei o beijo no meio quando Ben começou a mexer muito. ― Parece que alguém aqui nos aprova. ― Nós dois olhamos para minha barriga, era possível até ver os chutinhos pelo tecido do vestido, então sorrimos.

― Oi, campeão ― falou com uma voz doce, fazendo carinho na minha barriga onde Ben chutava. ― Felicity, não vai embora ― pediu, encostando nossas testas de novo. ― Eu prometo cuidar de vocês, não precisa voltar pra mansão, se sentirá segura aqui. É perto do hospital, da empresa, e eu prometo falar com meus pais e dissuadi-los dessa ideia sem propósito.

― Não sei, Oliver. ― Mesmo sabendo que ele não falhava em suas promessas, não me sentia segura.

― Pois eu sei, vai por mim. Thea pode te visitar o quanto quiser e podemos conseguir quantas pessoas forem necessárias para te ajudar. Você e Ben serão cuidados e protegidos, vai ter tudo de que precisa em um estalar de dedos. Não me deixa te perder agora que finalmente te convenci que podemos ficar juntos. ― Suspirei, ele talvez tivesse razão.

― Ah, Oliver. Acho que já estou convencida há semanas.


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Notas finais do capítulo

Que coisa, hein?! Quem apostou em uma traição de Malcom e Laurel errou feio, ele e a querida da Moira, só querem roubar o bebê da nossa Felicity! Roubar. O. Bebê. Parabéns pela coragem, porque noção mesmo não tem.

Mas a melhor parte foi que isso foi o empurrãozinho que precisava para *rufem os tambores* Olicity finalmente está junto! Só foi preciso cinco meses de convivência próxima, sucos verdes, algumas brigas, algumas idas ao hospital e aqui estamos. Nosso casal vai ter paz agora? Provavelmente não, mas estão juntos! Yey!

Obrigada por todo carinho, sério. Ah, e pelos comentários surtados também.
Favoritem, recomendem, comentem!
Até segunda.. Bjs*



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