Desejos Piratas escrita por Jodivise


Capítulo 28
Capítulo 27 Decidir com o coração


Notas iniciais do capítulo

Depois dos seus pais saberem toda a verdade, Lara terá de decidir de uma vez por todas o seu destino. Será que o coração pesará mais que a razão?



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Capítulo 27: Decidir com o coração

Três dias depois…

Alicia desceu as escadas apressadamente, entrando na sala de jantar com uma ruga de preocupação.

- Lara não vai descer para comer? – Mr. Stevens perguntou.

- Sinceramente, eu acho que a Lara só sai dali para o médico. – Alicia se afligiu e olhou para Mrs. Stevens que se levantou de repente e voou para o quarto da filha.

- Enquanto ela se recusar a comer, ela vai piorar! – Mr. Stevens exclamou levantando-se da mesa.

- Com todo o respeito, mas o que a está a matar é a proibição de ver o Jack. – Alicia olhou duro. Desde que o casal Stevens regressou, Jack estava proibido de ver Lara. Will também não podia entrar em casa e o mesmo para Elizabeth e Barbossa. Só Thomas é que estava autorizado a entrar e era por ele que os piratas sabiam notícias das raparigas e vice-versa. No mesmo instante, a campainha tocou e Grace foi atender.

- Bom dia Mr. Stevens. Olá Alicia. – Thomas entrou com ar afectado e Alicia agarrou no braço deste, encaminhando-o para as escadas.

- Onde o menino pensa que vai? – Perguntou Mr. Stevens.

- Vai proibir o Thomas de ver a Lara? – Alicia perguntou, fazendo o pai de Lara suspirar e virar costas.

Thomas entrou no quarto de Lara e assustou-se. A cada dia, o estado de saúde desta piorava, mas agora Lara parecia prestes a abandonar este mundo. Deitada na cama, sem a mínima cor no rosto, Lara contorcia-se de dores.

- Temos de levá-la imediatamente ao hospital mais próximo! – Mrs. Stevens exclamou com olhar aflito.

- Não. – Lara gemeu. – Eu não quero ir para nenhum hospital…

- Lara, não é só a tua saúde que está em perigo. Ao colocares-te nesta posição, só estás a prejudicar o bebé. – Alicia avisou.

- Filha, Alicia tem razão. – Mr. Stevens disse. – Recusar ajuda só vai piorar a situação.

Lara olhou e viu Thomas.

– Thomas. – Suspirou sorrindo palidamente.

Thomas sentou-se na beira da cama e agarrou a mão desta.

- Sempre te achei teimosa, mas agora ultrapassaste o limite Lara Stevens! – Disse tentando aliviar a tensão.

- Como é que ele está? – Lara perguntou.

- Digamos que se a casa fosse um barco, ele já teria atirado com os canhões e te resgatado à força! – Thomas sorriu, fazendo Lara sorrir também.

- A decisão do teu pai só piora as coisas. – Mrs. Stevens começou a andar às voltas. – Thomas, importaste de nos levar ao hospital?

Thomas assentiu com a cabeça e pegou Lara ao colo.

- Alicia, ficas com o carro da Lara. – Mrs. Stevens disse. – Vai imediatamente ter com os vossos amigos e trá-los para cá.

Mrs. Stevens desceu as escadas, seguida de Thomas e Alicia.

- Para onde levam a minha filha? – Mr. Stevens apareceu e olhou estarrecido para o estado da filha.

- Levá-la ao hospital. Thomas irá connosco. E não nos proíba de nada, Alex! – Mrs. Stevens ameaçou.

- Por favor, Maggie. Desde quando eu iria proibir de levar a nossa filha ao hospital? – Mr. Stevens encaminhou-se para a porta e decidiu ir também.

- A menina Lara não está nada bem. – Grace colocou a mão na testa preocupada.

- Eu vou buscá-los. – Alicia disse. Grace não percebeu, mas depois compreendeu e abriu a boca.

- Mas isso vai enfurecer o senhor Alex! – Grace exclamou.

- Mrs. Stevens pediu. – Alicia saiu mas virou-se antes para Grace. – Se a vida de Lara depender do Jack eu iria buscá-lo nem que fosse ao fim do mundo.

No motel…

- QUERES PARAR DE ANDAR DE UM LADO PARA O OUTRO? – Elizabeth gritou. – Daqui a pouco terás de pagar um novo chão ao dono desta espelunca.

Jack não respondeu. Não dormia há três noites, não comia direito e só três pensamentos lhe passavam pela cabeça: encharcar-se de rum, se soubesse onde este se vendia, dar um tiro no futuro sogro e raptar Lara nem que tivesse de subir à janela do seu quarto. Afinal tinha recuperado as suas armas. Bastava entrar dentro de casa, ameaçar e o seu plano daria certo.

- Eu sei no que estás a pensar. – Will disse.

- Oh, quer dizer que o eunuco agora virou vidente! – Jack bufou.

- Jack, o teu grande problema foi nunca pensares com a cabeça. – Barbossa sacudia o pó do seu chapéu. – Bastava entrar dentro daquela casa e de certeza que tínhamos um batalhão de guardas nos cercando. Afinal, o senhor Thomas disse que agora, os agentes da ordem estão mais poderosos e mais armados que nunca.

Jack sentou-se na cama e tapou a cara com as mãos, apoiando os cotovelos nos joelhos. – O que propões então?

Barbossa ia falar mas o barulho de pneus a chiar sobressaltou-o.

- Será que Thomas já voltou? – Elizabeth correu até à janela e sorriu ao ver quem era. – Parece que a visita é para ti, Will!

Will levantou-se e saiu porta fora. Os restantes três ficaram dentro do quarto até ver Will entrar de rompante em marcha atrás, com Alicia pendurada no seu pescoço, beijando-o como se tivesse passado dez anos desde a última vez em que se viram.

- Sinceramente, poupem-nos a uma cena no mínimo repugnante! – Jack exclamou mal-humorado.

- Vocês têm de vir comigo. – Alicia largou Will.

- O senhor "eu detesto piratas" mudou de opinião? – Jack perguntou. – Como está a Lara?

- O pai da Lara não mudou de opinião, mas é por causa da Lara que vocês têm de vir comigo. – Alicia engoliu em seco. – Ela está no hospital. – Disse com voz tremida.

- Como? – Jack sentiu o chão desabando de vez.

- Oh Meu Deus. Mas porquê? – Elizabeth levou a mão à boca.

- Ela não come, não sai da cama, desde que o pai dela proibiu de te ver. – Alicia explicou. – Além do mais, o peso da decisão está a matá-la por dentro. Ficar ou voltar connosco.

- Ela está sozinha? – Jack encaminhou-se para a porta.

- Não. Os pais e o Thomas foram com ela. – Alicia disse. – Hoje ela piorou. Começou a ter dores…

- Dores? – Jack virou-se de repente encarando Alicia.

- Sim… ela pode estar perdendo o… - Alicia abafou o choro.

Jack nunca quis se atrelar em alguém, muito menos ter filhos. Mas a notícia de que a mulher que ama e o seu filho poderiam estar a morrer neste momento fez com que tivesse vontade de morrer também.

- Então não percamos tempo. – Barbossa passou à frente, surpreendendo Jack. "Desde quando é que aquele pirata ranhoso se preocupava com o que me dizia respeito", pensou. Barbossa como que ouvindo o pensamento de Jack, respondeu: - Faço pela menina Lara com quem simpatizo, não por um verme como tu.

Barbossa e Lizzie entraram para o banco traseiro, enquanto Jack se colocava no lugar do pendura. Nem Alicia, nem Will resmungaram. Afinal, Jack não estava bem e era melhor não o aborrecer.

No hospital…

A claridade do quarto fez com que Lara piscasse os olhos várias vezes, antes de os abrir. Lembrava-se de estar no carro, ao colo de Thomas, quando tudo ficou preto. Olhou para o lado e viu um saco de soro. As gotas pingavam lentamente, uma a uma por um tubo que desembocava na agulha espetada nas costas da sua mão. Notou que a dor tinha passado, mas sentiu ao mesmo tempo como se um bloco de gelo escorregasse pelo seu ventre.

- Acordou finalmente! Sente-se melhor? – Lara olhou para o lado contrário e viu uma mulher vestida de branco, ou melhor com uma bata branca, que lhe sorria gentilmente. Notou também, que a sensação de gelo se devia ao gel espalhado por sua barriga, destinado a ajudar no ultra-som que a médica lhe fazia. – Sou a doutora Lauren e estou aqui para saber se está tudo bem com o seu filhote!

- Quanto tempo eu dormi? – Lara perguntou meia ensonada.

- Três horas seguidas, sendo que quando chegou cá, já vinha desmaiada. – A doutora olhou para um monitor que estava na sua frente. – Os seus pais referiram que estava com uma crise de depressão e que se recusou a comer, o que lhe prejudicou a si e ao seu bebé.

Lara arregalou os olhos e tentou se sentar na cama. – O meu filho! Ele está bem? – Perguntou sobressaltada.

- Calma. Está tudo bem. Você teve uma ameaça de aborto, mas felizmente chegou a tempo. – A médica virou o monitor para que Lara visse. – Está grávida de seis semanas e o embrião não apresenta lesões ao nível da placenta, estando no tamanho normal para o tempo de gestação. Ou seja, o seu filho está óptimo dentro do possível! – Exclamou num sorriso.

- Filho? Quer dizer que é um menino? – Lara perguntou, sentindo uma pontinha de ansiedade na voz.

- Nada disso. – A doutora Lauren riu. – Ainda é muito cedo para se saber qual o sexo. – Fez um contorno com o dedo no monitor. – Esta "ervilha" aqui será daqui a menos de oito meses o seu filho ou filha!

Lara sentiu que uma onda de água iria transbordar dos seus olhos. Aquele pontinho era uma pessoa. Percebeu que dentro de si gerava uma nova vida e sentiu uma alegria imensa. A médica imprimiu a imagem e entregou-lhe.

- A primeira fotografia do álbum! – Exclamou sorridente. – Espero que se cuide melhor daqui em diante e se não houver mais sobressaltos pode voltar daqui a um mês. No entanto, os seus pais referiram que apenas passam férias na vila próxima, por isso mandarei a sua ficha para o seu médico de família. – A doutora levantou-se. – Quer que mande entrar os seus pais e o seu namorado, suponho?

Lara ergueu a cabeça.

– Namorado?

- Sim. Aquele rapaz loiro é o futuro papai, não é? – A médica franziu o sobrolho.

Lara riu. Era lógico que Thomas passava pelo pai da criança. Assentiu com a cabeça e a médica saiu.

Olhou para a ecografia e passou as mãos pelo pequeno ponto. De duas coisas tinha a certeza: queria aquele filho e precisava de Jack. No entanto, viu que no século XVIII nunca poderia fazer uma ecografia e arrepiou-se só de pensar se tivesse tido a ameaça lá.

- Como está a minha pequenina? – Mrs. Stevens entrou e abriu os braços para a filha.

- Mãe, eu já sou bem crescidinha! – Lara exclamou.

- Mas não deixas de ser o meu bebé! – Exclamou. Lara passou-lhe a foto e Maggie Stevens não conteve uma lágrima.

- Esse sim, é um bebé a sério. Ou melhor, será! – Lara exclamou, mas calou-se. Se fosse com Jack, os seus pais nunca conheceriam o seu neto ou neta.

- O coração é traiçoeiro, filha. – Maggie aconselhou. – Mas muitas vezes, ignorá-lo pode se tornar no nosso pior pesadelo.

- A mãe acha que eu devo ir? – Lara perguntou.

- Isso será uma decisão só tua. – Mrs. Stevens disse, sendo interrompida pela chegada de Mr. Stevens.

- Pai? – Lara perguntou receosa.

- Eu sempre digo que saco vazio não se aguenta em pé! – Disse sério, mas sorrindo depois.

Maggie mostrou a ecografia a Alex que olhou atentamente.

- Eu sou muito novo para ser avô! – Exclamou sorrindo.

- Deixa-te de tretas, Alex! Disseste o mesmo quando fiquei grávida da Lara. "Sou muito novo para ser pai"! – Exclamou imitando a voz do marido.

Lara ouviu uma batida na porta e viu um Thomas envergonhado, perguntando se podia entrar.

- Aí vem o suposto pai do meu filho! – Lara exclamou, deixando Thomas encabulado.

- Sempre era preferível. Ao menos era mais normal… - Mr. Stevens disse, assobiando para o lado.

- Pai… - Lara pediu um tempo e este acedeu. – Onde está a Alicia?

- Ela foi buscar umas certas pessoas! – Mrs. Stevens exclamou.

- MAGGIE! – Mr. Stevens exclamou.

- Precisamos esclarecer isto de uma vez por todas! – Exclamou a esposa. – Alicia já tomou a sua decisão. Ela falou com os pais dela ontem e inventou uma história de que iria mudar para uma faculdade do norte e que tinha arranjado um namorado com quem iria morar.

- Mentira que tivemos de alimentar, quando os pais dela falaram connosco. – Alex Stevens disse.

- O que é certo é que Lara não ficará sozinha se decidir por esse caminho. Alicia estará lá com ela. – Maggie disse.

- Uma desmiolada tomando conta de outra desmiolada! – O marido exclamou.

- Eu também vou. – Thomas disse, deixando Lara e os pais de cara à banda. – Eu decidi para todos os efeitos fazer uma viagem pelo mundo e desistir da faculdade que já não corria muito bem.

- Mas anda por aí uma doença mental chamada "viver com piratas"? – Mr. Stevens perguntou.

- Não. Mas existe uma chamada "Elizabeth Swan"! – Lara exclamou, sorrindo para Thomas que ficou vermelho que nem um tomate.

- Já são dois a tomar conta da Lara! – Mrs. Stevens exclamou.

- Até parece que te queres livrar da nossa filha! – Alex bufou.

- Não. Mas quero que ela seja feliz. Ou não te lembras do que fizemos para ficar juntos? – Maggie exclamou deixando Lara curiosa. – Nunca te perguntaste porque é que os teus avôs não se aturam um ao outro?

Lara assistiu de boca aberta à confissão dos pais. Tinham fugido de casa quando eram ainda mais novos do que Lara, porque os pais de ambos não se davam. Quando voltaram, Lara já vinha encomendada. Facto que desconhecia, porque sempre pensou que tinha nascido um mês antes do tempo. A conversa foi interrompida quando a médica voltou, dando alta a Lara.

Na casa…

Jack estava determinado a gastar o chão de uma casa qualquer. Desde que chegara a casa de Lara, não parava quieto. Grace tinha oferecido chã a todos, mas Jack recusou.

- Nunca gostei de chã, mas este é simplesmente divino, senhorita Grace! – Barbossa exclamou, deixando Grace com um sorriso de orelha a orelha.

- Que é isso, chame-me Grace! – Exclamou.

- Só se me chamar Hector! – Barbossa respondeu.

- Mais um. – Will comentou.

- Mais um o quê? – Elizabeth perguntou.

- Um casal constituído por um pirata e uma pessoa do futuro. – Will disse.

- É, vocês foram longe buscar as vossas almas gémeas. – Lizzie disse.

- Olha quem fala! – Will exclamou. – Até parece que não te vi a ti e ao loiro de meia tigela agarrados anteontem!

- Porquê, estás com ciúmes? – Elizabeth fez cara enfadonha. – E fica sabendo que ele vem connosco. – Confirmou deixando Will com a boca escancarada.

- A Lara vem aí! – Alicia saltitou desligando o telefone. Passados cinco minutos, o barulho de um motor de carro ouviu-se na garagem. Pela porta da frente, entrou Maggie Stevens, seguida por Lara, pelo marido e por Thomas.

Lara olhou em frente e não pensou duas vezes quando viu Jack, voando para o pescoço deste.

- Nunca mais voltes a pregar-me um susto destes. – Jack pediu sussurrando no ouvido desta.

- Hei, menos com a cena romântica! – Will exclamou sorrindo e abraçando Lara em seguida.

- Exacto. Isto é uma casa de família! Embora emprestada, claro. – Alex Stevens exclamou.

- Oh, desculpe-me pelo atrevimento, sogrinho! – Jack exclamou com o seu sorriso mais cínico e gozão.

Sentaram-se à mesa e por breves instantes um silêncio invadiu a casa.

- Como todos devem saber, nós temos que voltar ao nosso tempo. – Barbossa começou o discurso. – Não há lugar para nós aqui.

- Eu entendo. A pirataria acabou e vocês nunca conseguiriam viver cá. A não ser que pirateassem aviões, o que é uma má ideia. – Alex falou.

- O que são aviões? – Jack perguntou, mas Lara calou-o.

- Embora eu considere toda esta situação surrealista, eu compreendo também, que a minha filha e a sua amiga criaram com vocês um laço forte. – Alex prosseguiu.

- Eu já me decidi desde o primeiro momento. – Alicia disse. – Eu irei com o Will. No entanto, peço uns dias a mais para poder ir a casa despedir-me da minha família.

Os piratas concordaram com a cabeça, assim como o casal Stevens.

- Embora não seja mãe da Alicia, ela sempre foi muito bem-vinda e é como se fosse da família, por isso não deixo de me perguntar que embora apaixonados, entre vocês está aquela maldição, certo? – Maggie apontou para a cicatriz que Will tinha no lugar do coração.

- Ninguém sente mais esse fardo do que eu. No entanto, Alicia viverá a bordo do Pearl e isso permite-me visitá-la todos os dias, embora ela não possa viver comigo. – Will explicou.

- Viver a bordo de um navio… - Alex levou a mão à cara.

- Eu também irei, como já tinha dito. – Anunciou Thomas, deixando Jack a praguejar baixinho. – Ao princípio nunca acreditaria numa coisa destas, mas depois do que me aconteceu, vi que a minha vida não tem sentido aqui, mas sim lá. – Disse olhando para Elizabeth que sorriu.

Os olhares se voltaram então para Lara. Esta mantinha a cabeça baixa. Este era o momento mais difícil, o momento que mais receou desde que acordou naquela praia de Tortuga e o seu mundo virou ao contrário.

- Tome eu a decisão que tomar, estará sempre ligada à vida nova que eu carrego. – Começou. – Racionalmente, eu deveria cá ficar. O meu filho nasceria com todas os cuidados e teria uma vida normal. – Lara suspirou. – No entanto, ele cresceria sem pai. E se um dia eu lhe contasse a verdade, ele nunca iria acreditar. – Olhou para Jack. – Quando eu descobri, o meu maior medo foi nunca mais te ver, mas depois tu caíste de pára-quedas aqui. – Lara viu que Jack sorria. – Aí, o meu dilema era dizer-te a verdade. Sabia que sendo um amante da liberdade, o mais certo era fugires quando soubesses que estava grávida. No entanto isso não aconteceu e eu sinto que se privar esta criança de um pai, estarei também a privar um pai do seu filho.

Lara olhou de relance e viu que Maggie chorava e seu pai estava de cabeça baixa.

- A minha decisão está tomada desde que te conheci. Irracionalmente, eu já decidi há muito com o coração. – Lara sentiu as lágrimas brotarem. – E se há lição que eu tirei, foi que os desejos têm mais força do que pensamos.

- Lara, se o teu desejo é ficar, eu não irei impedir. – Jack disse e Lara afundou-se na imensidão daqueles olhos mar de chocolate. – Afinal a tua família está aqui.

- Você é parte da família dela agora. – Alex disse, deixando os outros surpresos. – Ela vai sofrer qualquer que seja a sua decisão.

- Porque é que os senhores não vêm connosco? – Elizabeth propôs.

Lara olhou para Lizzie e para os pais e estes repetiram o gesto.

- Não sei se iríamos nos dar bem, nesse ambiente. – Maggie disse.

- A nossa vida foi construída aqui, ao contrário da Lara, nós já criámos raízes cá. – Alex explicou. – Mais tarde ou mais cedo, eles acabam por voar não é, querida? – Disse virando-se para a esposa.

- Não é preciso se preocuparem, senhores! – Grace exclamou e todos se viraram para encará-la. Grace suspirou fundo e soltou a bomba. – Eu irei com eles!

Lara e Alicia piscaram os olhos, os piratas abriram a boca, sendo que Barbossa engasgou-se e o casal Stevens ficou sem saber o que dizer.

- Aceita-me no seu navio, Capitão Barbossa? – Perguntou.

- Eu… - Barbossa não sabia o que responder.

- Eu sou o Capitão! – Jack exclamou indignado. – E claro que a aceitamos no navio!

Grace olhou para Barbossa.

- Que se lixe o ditado "mulheres dão azar"! – Barbossa riu.

- Faria isso pela Lara? – Maggie perguntou.

- Senhora, eu posso já estar caquéctica, mas nunca me prendi a nada a não ser a estas duas meninas que são como as filhas que nunca tive. – Grace disse. – Eu irei com elas e cuidarei delas nem que seja no meio de uma guerra!

Lara e Alicia levantaram-se e abraçaram aquela mulher rechonchuda que se revelava uma verdadeira mulher de armas.

Um mês depois…

POV Lara

A brisa marítima fazia os meus cabelos esvoaçarem como se tivessem vontade própria. No princípio, o balanço do mar fez com que enjoasse, mas depois veio o costume e já não me incomodava. Ou não estaria eu, grávida de um futuro pirata. Fazia um mês que tinha regressado ao século XVIII. No meu mundo, de certeza que só teria passado um segundo. Ontem mesmo, deitei uma carta ao vento, como Hermes me tinha indicado e fiquei a vê-la tomar rumo próprio. Tinha prometido aos meus pais escrever todos os meses. O crepúsculo tomava conta do céu e dava uma tonalidade estranha ao oceano que tinha como único visitante naquele recanto, o navio negro de velas negras, onde me encontrava. Passei a mão pela minha barriga. Estava quase nos três meses e embora fosse cedo, como dizia Grace, sentia que alargava de dia para dia. O que vale é que as roupas que usava agora, disfarçavam bem. Uma semana depois de chegar ao meu novo mundo, eu e Jack e Alicia e Will tínhamos casado numa "cerimónia" realizada por Barbossa. Para Will, eu sabia que não havia problema, já que tinha pedido Alicia em casamento antes mesmo de chegarmos ao Vértice Temporal. Mas Jack casou quase contrariado. Sabia que só estávamos unidos aos olhos da pirataria, mas meu pai fez com que ele jurasse que iria casar comigo, com pena de ser castrado no mesmo instante.

"Falando no diabo e ele aparece", pensei quando senti dois braços quentes se enrolando na minha cintura.

- Pensando no quê, princesa? – Jack falou no meu ouvido, fazendo com que todos os pêlos do meu corpo se arrepiassem.

- Primeiro… - virei-me para encará-lo. - … já disse para não me chamar de princesa. – Por algum motivo, isso fazia-me lembrar do que acontecera em Salania. – Em segundo, nunca ouviu falar que não se deve agarrar alguém sem permissão?

- Então se me permite… - disse encostando os lábios nos meus. - … deixe-me contestar a sua tese.

Começou a beijar o meu pescoço e aí eu senti como se mil fogos consumissem o meu corpo.

- Você é uma princesa por direito e além disso é minha esposa e isso faz com que a agarre sempre que quiser, porque sei que é isso que você também quer, certo alteza? – Jack perguntou, sorrindo de uma maneira que fazia derreter um iceberg.

- Sabe uma coisa Sparrow? – Disse-lhe ao ouvido. – Fale menos e parta para a acção de uma vez por todas. – Disse beijando aqueles lábios salgados e empurrando-o para aquela cabine que agora era o nosso quarto.

Afinal nunca se contraria um desejo pirata, principalmente de uma pirata grávida!

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Notas finais do capítulo

Oi Leitores! Embora este seja o último capítulo da fic e tenha escrito fim, NÃO SE VÃO EMBORA, porque terá mais um epílogo!!!
E como prometido no capítulo 25, aqui vai o significado da frase da deusa Atena: I Palas Αθηνά, ευλογεί εσάς και την κa2;ρη σας, foi traduzida do português para o grego (vulgo Google tradutor) e será como uma referência para o epílogo. Aqui vai o que a deusa Atena disse a Lara: "Eu Palas Atená abençoo-te a ti e à tua filha". Será que a Lara vai ter mesmo uma filha?

Obrigada pelas reviews JaneR e RedVondy!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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