Desejos Piratas escrita por Jodivise


Capítulo 21
Capítulo 20 Maldição


Notas iniciais do capítulo

Lara está cada vez mais desesperada preso num cativeiro sem saber porquê. Mal sabe que ela é a peça fundamental para quebrar uma maldição.



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Capítulo 20: Maldição

A luz do sol começava a extinguir-se, deixando a húmida cela ainda mais escura. Para piorar, uma gota de água decidiu pingar e isso estava a pôr Lara maluca. Estava num estado lamentável. Tinha se encostado à parede e sentia o frio invadir cada um dos seus ossos. Tinha parado de chorar. Provavelmente as gotas tinham esgotado.

Olhou de novo para a pequena janela. Levantou-se e colocou o velho colchão alinhado de maneira a ficar mais alta. Agarrou-se às pedras e tentou subir para poder respirar o ar puro. Mas desequilibrou-se e arranhou a parede. Sentiu uma dor aguda e sentiu algo pegajoso escorregar para a sua mão. Tinha arrancado uma unha.

- Merda! – Exclamou enquanto a dor aumentava. O ranger da porta tirou a atenção sobre a ferida. Viu alguém entrar e encostou-se de novo à parede. Mas um sorriso rasgou o seu rosto quando viu Thomas à sua frente. Este estava sereno e trazia um embrulho nas mãos.

- Thomas! – Gritou abraçando-se a este em seguida. – Nem sabes o quanto estou feliz por te ver! Temos de sair daqui…

Lara parou de falar ao olhar para a expressão deste. Thomas estava sem expressão. O seu rosto parecia de cera e não demonstrava qualquer reacção. O seu olhar impenetrável não a incluía, estando fixo num vazio.

- O que é que se passa Thomas? – Lara largou este. Por alguma razão, o seu interior gritava que algo estava mal mas recusava-se a acreditar.

- Éris mandou que vestisse isto. – Thomas esticou o embrulho sempre olhando o vazio.

Lara não compreendeu. Os seus braços esticaram-se e pegaram o embrulho pesado.

- Quem é Éris? O que se passa Thomas? – Lara sentiu as lágrimas brotarem de novo. – O que é que te fizeram? Ela raptou-nos. Porque ages dessa maneira?

- Quando a noite cair deverá estar pronta. – Thomas virou costas e caminhou até à porta.

- Thomas, sou eu a Lara. – Lara agarrou o braço deste e obrigou-o a voltar-se. Mais uma vez este não lhe dirigiu o olhar. – Pelo amor de Deus, nós somos amigos não me conheces mais?

Thomas nada disse e fechou a porta. Lara sentiu o ar fugir dos seus pulmões.

- TIRA-ME DAQUI THOMAS, POR FAVOR! – Lara bateu forte na porta e gritou a plenos pulmões. Thomas estava vivo e não parecia ferido, mas não parecia ele. Era como se fosse um robot manipulado sem olhar e sem sentimentos.

Olhou o embrulho. Estava enrolado em papel sujo e uma corda atava-o a toda a volta. Rasgou um bocado da sua camisola e enrolou no dedo ferido. Depois desembrulhou o presente a contragosto. Não fosse a ocasião e Lara diria que aquele era o vestido mais bonito que já vira. Era branco como a neve. De alças largas e grande decote, era decorado com brilhantes que polvilhavam o branco imaculado. Chorou de novo. Dava um bonito vestido de casamento. Imaginou por segundos o que seria casar-se com Jack. Não o estava a ver dentro de um terno, mas um sorriso tímido apareceu quando vislumbrou a hipótese. Sentiu uma dor na barriga e colocou a mão sobre esta instintivamente.

- Calma bebé. – Disse suavemente. – Nós vamos sair daqui. Mais tarde ou mais cedo o teu pai virá nos salvar. – Pela primeira vez sentiu um orgulho imenso em carregar aquele ou aquela que seria o herdeiro do pirata mais famoso dos sete mares.


Thomas desceu as escadas em caracol que davam para uma sala enorme. Uma estranha luz azulada iluminava a sala escura, sem nenhuma janela.

- Entreguei o que pediu. – Thomas disse com a voz firme.

- Óptimo querido! – Éris surgiu de um dos cantos e passou a mão pelo rosto deste. – Traga-a para cá quando der ordem.

- Sim, grande Éris. – Thomas fez uma vénia e retirou-se.

Um sorriso triunfante rasgava o belo rosto da deusa enquanto passava a mão pelo altar de pedra que se encontrava no centro da sala. Ao fundo, num pedestal de pedra mármore perfeitamente talhada, uma taça de ouro do tamanho de uma garrafa enchia de luz o ambiente.

- Pensando na eternidade que "ela" pode oferecer? – Uma voz de timbre suave ecoou pela sala fazendo Éris voltar a cabeça.

- Vejo que voltou ao seu verdadeiro aspecto! – Disse com voz melosa enquanto Edward se aproximava. – A eternidade não me diz nada. Afinal já nasci com ela dentro de mim. O poder que a Fonte dará, esse sim, faz com que a minha pele linda se arrepie.

- Sempre se elogiando a si própria! – Edward pegou num manto cor de rubi e cobriu a mesa de pedra no centro da mesa. – Daqui a pouco estará na hora.

Edward olhou a bússola do tempo.

- Há duas coisas que desejo ver nesta vida! A cara de Jack Sparrow quando me vir e sua cara quando o mandar desta para melhor! – Edward sorriu cinicamente.

- Tanto ódio! – Éris sorriu como um gato. Ódio era o sentimento que mais amava. Voltou-se de novo para a Fonte e acariciou o pé da taça, revestida a diamantes.

- Ainda preocupada com a nuvem que paira sobre a rapariga? – Perguntou Edward.

- Isso intriga-me. Lara tem à sua volta uma névoa. Como se ocultasse algo. – Éris sentia que Lara tinha algo importante, mas por algum motivo não conseguia saber o quê. Desconfiava que Calipso estivesse protegendo Lara.

- Mas essa peixeira já não está sendo julgada pelo Olimpo?

- Sim. Mas Calipso tem bastante poder e bastantes aliados. – Éris olhou Edward. – Mas quando eu voltar e levar de novo a Fonte, eles pensaram que fui eu que a resgatei de Calipso. Além do mais é o sangue de Lara que vai quebrar a maldição.

- Esqueci! – Edward passou a mão pelos cabelos de Éris. – Afinal você tem alguém muito importante te ajudando!

Éris aproximou-se para beijar Edward mas uma presença na sala quebrou o momento.

- Fala idiota! – A deusa disse secamente para a figura que surgiu do escuro. Estava coberta por um manto negro não se distinguindo o rosto nem os contornos do corpo.

- Algo no horizonte se aproxima. – A figura de negro falou numa voz vinda das trevas.

- Óptimo. A acção vai começar! – Edward exclamou sorrindo para Éris.


Velásquez apontou para o contorno negro que começava a se distinguir no horizonte pintado pelo iminente crepúsculo. Jack consultou a bússola. A seta apontava na mesma direcção.

- Não tenho um bom pressentimento. – Barbossa olhou a ilha que se tornava cada vez mais próxima.

- Pressentimentos são coisas de mulheres. – Jack sorriu de canto. – Desde quando é que andas a sentir o mesmo que o sexo contrário.

Barbossa amaldiçoou tudo à sua volta por não ter armas para acabar de vez com Jack. Nem numa situação dessas ele perdia o seu jeito gozão.

Alicia estava apoiada no parapeito da pequena embarcação. Olhava fixamente a ilha até que sentiu os seus olhos ficarem enevoados.

- Alicia! – Num ápice Will estava apoiando esta antes que caísse desamparada.

- Ela está bem? – Elizabeth ajudou Alicia a se levantar.

- Estou um pouco tonta. – Alicia fechou os olhos como se esse simples gesto fizesse o sintoma passar.

- Não me diga que a menina também está… - Grace arregalou os olhos, mas ao ver Will arregalar também os olhos calou-se.

- Não. Eu estava olhando a ilha e tive uma sensação estranha. – Alicia suspirou. – A Lara está a sofrer. Eu senti isso.

Alicia encarou Jack que descia as escadas e viu uma ruga de preocupação assombrar o lindo rosto deste. Por mais que quisesse parecer normal e descontraído, Jack não enganava Alicia. Ele estava sofrendo. Só não sabia como demonstrá-lo.

- Se fizerem mal à minha menina… - Grace cerrou um punho. Fazia lembrar uma típica mulher rechonchuda e guerreira medieval.

- Tu não vais Grace. – Alicia recompôs-se.

- Ai isso é que vou!

- A Alicia tem razão. Pode ser demasiado perigoso. – Will assentiu com a cabeça.

- Mas o que é que eu fico aqui parada a fazer? – Grace perguntou.

- Esperas por nós. – Alicia olhou novamente para Jack e Barbossa.

- Não sabemos o que a ilha esconde. O mais provável é terem escondido Lara na fortaleza. – Disse Barbossa.

- E como qualquer fortaleza esta tem catacumbas e esconderijos por isso não será fácil. – Will acrescentou. – Além do mais não estou a ver Éris a facilitar o caminho.

- Porque raio é que essa escanzelada está ajudando o ranhoso do Edward? – Perguntou Alicia.

- Provavelmente porque não passa de uma sem carácter como ele! – Exclamou Elizabeth.

- Está começando a escurecer. – Jack olhou o céu. – É melhor nos preparar-mos.

Elizabeth retirou a sua pistola e um punhal e passou-os a Barbossa e Jack.

- Estarão melhor com vocês. – Disse com um sorriso amarelo.

A verdade era essa. Não tinham armas e não sabiam o que iriam enfrentar. Definitivamente a sorte não os favorecia.

- Estás bem? – Alicia assustou-se quando Will se encolheu e gemeu.

- Acho que foi só um arrepio que… - Will não concluiu a frase. Com um estrondo, algo rompeu as águas e colocou-se ao lado da pequena traineira, fazendo Velásquez benzer-se e gritar da cabine:

- Parece que o seu navio decidiu fazer-lhe uma visita, capitão! – Disse sorrindo.

O majestoso Holandês Voador ostentava um silêncio de morte, mas Alicia já não tinha medo. Aliás nunca teve. Era o navio do seu amor e isso fazia sorrir de imediato. Mas Will não estava tão contente.

- Armas de graça! – Jack já ia com um pé para o Holandês quando Will o puxou.

- Eu devo ir em primeiro lugar. Afinal eu sou o capitão. – Foi a frase perfeita para deixar Jack mal-humorado.

- Não vais a terra? – Alicia estranhou.

- É sobre isso que vou saber. – Will olhou tristemente para Alicia dando-lhe um beijo na testa, o que a deixou desconsolada.

Will subiu a bordo. O ambiente pesado do Holandês era como mil balas trespaçando o seu coração. A maldição que o acompanharia por toda a vida. Por toda a eternidade.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo. Obrigada pela review JaneR!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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