Confiança Inquebrável (Borusara) escrita por Linesahh


Capítulo 1
Borusara I One-Shot


Notas iniciais do capítulo

E olha quem voltou trazendo uma one-shot Borusara: eu mesma, pois simplesmente não podia deixar de enaltecer a confiança e parceria MAJESTOSA desses dois, especialmente depois do último ep do anime, onde nossa deusa nos presenteou com aquele chidori INSANO. Sasuke deve estar chorando até agora de puro orgulho ❤️❤️

Bem, essa é uma one bem leve e que ressalta a cumplicidade entre esses dois fofos; espero que gostem, pois achei maravilhosa de escrever ❤️

AVISO: Essa obra está LO-TA-DA de spoilers do mangá, então, não digam que eu não dei um aviso, hein?

Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802390/chapter/1

Confiança Inquebrável 

por Sahh

 

Os falatórios na Vila da Folha ainda eram incessantes, e Sarada tinha conhecimento de que eles não parariam tão cedo. Andando pelas ruas movimentadas da vila, a jovem Uchiha refletia sobre tudo estar acontecendo rápido demais, assim como, também, em todos aqueles eventos que sucederam-se, sem pausa alguma, num espaço tão curto de tempo…

Tudo parecia tão… Surreal. Antes, eles eram apenas ninjas cumprindo os treinamentos e missões periódicas, somente lidando com a maldade e corrupção que nunca deixariam de existir no mundo; no entanto, a Kara tinha se revelado uma ameaça que atingia o nível de um perigo gravíssimo para cada Nação, cidadão e shinobi existente, e era alarmante o fato de uma organização tão poderosa e sombria estar agindo nas sombras por todo aquele tempo.

Sua “estreia” não poderia ter sido mais meritória, e, agora, todos estavam cientes da ameaça que aquele mal trazia ao mundo. A maioria dos membros da Kara, àquela altura, tinham sido derrotados, mas isso não disfarçava a sensação de ter um poder crescente e perverso se preparando para agir a qualquer momento contra eles.

O desânimo de Sarada permanecia escondido, afinal, ela agora era a líder do time 7, tendo conquistado confiança suficiente dos outros três para ser eleita como tal. Tinha que mostrar foco; mostrar que poderiam lidar com a situação e que o treinamento era o principal caminho para se ganhar força e — mesmo tratando-se de uma conquista camuflada — segurança.

Sua mente estava mais cheia que o normal, ela sabia disso. Mesmo assim, não interrompeu os próprios pés quando eles passaram a encaminhá-la até o Laboratório de Ferramentas Ninjas da vila. Em razão de conhecerem tanto ela, quanto sua relação com o “paciente”, Sarada acessou, sem problema algum, a área restrita.

Como esperado, ela encontrou Kawaki e Sumire em uma das salas. Amado não estava ali no momento, mas imaginou que ele logo voltaria após perceber que a manutenção de rotina não havia acabado. A amiga arroxeada pareceu feliz e surpresa em lhe ver ali, todavia, Sarada logo elucidou que não ficaria muito tempo.

Virou-se para Kawaki.

— Ei, sabe onde o Boruto está?

Foi somente quando a indagação saiu de sua boca que ela descobriu o verdadeiro motivo de ter ido ali, e, felizmente, qualquer pensamento de auto-refutação foi impedido ao receber a resposta do garoto mais velho:

— Aquele idiota falou que daria um tempo no monte Hokage, mais cedo. — os olhos insondáveis e acinzentados do rapaz miravam a palma aberta, onde, anteriormente, estivera seu karma. A abria e fechava como um costume que adquirira recentemente.

Sarada não brecou os olhos treinados em também executarem uma breve avaliação sob a mão dele, e, em seguida, abanou a cabeça, agradecendo pela informação. Enquanto se retirava do laboratório, as feições calmas e inexpressivas do novo companheiro de time preencheram seus pensamentos. Kawaki parecia um tanto aéreo nos últimos tempos, e Sarada ainda não tinha tirado suas próprias conclusões sobre isso. Imaginou que somente tinham que ficar satisfeitos pelo mais velho ter parado de reclamar e começado a executar o treinamento ninja devidamente; Kawaki, aos poucos, ia percebendo que tinha pessoas com quem contar e confiar, especialmente no que dizia respeito à convivência com os Uzumaki, Sarada, Mitsuki e, também, Sumire — essa que, como assistente, auxiliava e amenizava o rancor do garoto em relação à Amado durante as manutenções no laboratório.

De todo modo, não demorou a encaminhar-se até o monte onde situava-se os rostos dos Hokage, encontrando-se surpresa consigo mesma por não ter cogitado o local como a localização atual de Boruto. Tratando-se de amigos próximos, fora realmente uma gafe sua precisar da ajuda de Kawaki para encontrá-lo.

Após um tempo subindo e saltando pelas rochas esculpidas, parou sobre a região onde seria os cabelos espetados do rosto apedrejado do Sétimo Hokage; local onde, logicamente, encontrou o filho dele.

Ainda que tivesse sido discreta, sua presença foi o suficiente para alertar o garoto das mechas amareladas, que desviou os olhos da imagem magnífica da extensão da vila e pousou-os sobre a amiga. O braço estava apoiado sobre o joelho dobrado, e sua aura abstraída o fez parecer, de certa forma, bastante ingênuo.

— Ah, oi, Sarada! — como sempre, a Uchiha foi recebida por um saudoso e sincero sorriso, a cintilância contida nas orbes azuis dando a impressão de triplicar.

Sarada assentiu ao cumprimeito, aproximando-se e deixando-se acomodar ao lado do loiro, que acompanhou cada movimento seu antes de continuar a falar:

— Legal te ver por aqui. — ele voltou a olhar para frente, o timbre leve e humorado nunca o abandonando. — Ultimamente tenho vindo espairecer um pouco aqui em cima; Kawaki tem feito o mesmo. Vai entrar na roda?

A brincadeira não foi o suficiente para proporcionar um clima mais “casual” na garota; os olhos escuros e sérios pregaram-se no rosto de traços delicados que Boruto herdou da mãe.

— Você está bem hoje? — a pergunta soou relativamente simples, mas a ninja sabia que havia forçado o tom a sair dessa forma. Boruto, por sua vez, pareceu entender a posição da Uchiha em não querer adentrar em nenhuma conversa fiada, e somente ofertou uma generosa mordida na maçã que, só agora, Sarada notou ele ter em mãos.

— Normal. — foi o que respondeu.

Sem saber o que dizer, ela assentiu, participando da “apreciação à vista”, tal como o outro fazia. Por fora, Boruto certamente só conseguia ver a companheira de time em seu usual estado sério e remanso, mascarando os reais sentimentos que ela possuía por dentro.

É claro que ela estava preocupada, e por isso não impediu-se de fazer a pergunta anterior como uma forma de garantia, especialmente agora que sabia que Boruto havia começado a tomar aqueles remédios questionáveis de Amado.

Mais alguns poucos minutos se passaram, e os dois jovens continuaram mergulhados num silêncio confortável e, ao mesmo tempo, ansioso. Afinal, era palpável que ambos desejavam compartilhar muitos assuntos e opiniões que não sabiam muito bem como trazer à tona; Sarada, na verdade, não lembrava da última vez que pararam para conversar sobre as atuais circunstâncias.

Para sua sorte, foi Boruto o primeiro a tomar coragem:

— Sabe, eu… — o ninja desviou o olhar um tanto grave para a superfície esculpida da “cabeleira” do pai, a maçã sendo pressionada mais significativamente entre os dedos. — Ainda não me caiu a ficha essa situação do papai e do Sasuke-san…

Sarada encarou as feições abatidas de relance, adquirindo um fraco aspecto amofinado em suas próprias.

— Boruto, eu já disse que não precisa sentir nenhuma responsabilidade quanto ao olho do meu pai — censurou, e, sentindo um pesar amargurado no estômago, mirou o próprio colo, impedindo, com todas as forças, os lábios de se comprimir. — Não era você. E o Nanadaime… — não segurou o suspiro tristonho. — Ele vai conseguir dar um jeito.

Boruto acenou com a cabeça, mas parecia tão desanimado quanto, o que era péssimo. Nem mesmo Sarada acreditava cem por cento que a situação envolvendo os pais de ambos poderia ser melhorada, e, na verdade, andara evitando pensar nisso.

Entretanto, sobre a situação delicada e problemática do garoto ao seu lado…

Já era outra história.

O fato de Boruto estar sofrendo possessões de Momoshiki Otsutsuki era algo mais que surreal e inimaginável; toda aquela história de karma, receptáculo, sacrifício... Era absurdo e bizarro demais para a Uchiha acompanhar, e a impotência que varria tanto seu peito, como o de todos os envolvidos, era mais que transparente.

Ninguém sabia o que fazer para ajudá-lo, pois agora, mais do que tudo, só podiam apostar na sorte e em hipóteses. As manifestações possessivas mostraram-se ocorrer quando o chakra de Boruto esgotava-se ou quando ele estava à beira da morte, e era por causa dessas teorias que, por enquanto, o time 7 havia entrado em um hiato indefinido, pois o loiro fora dispensado das missões e, principalmente, proibido de deixar a vila. Mesmo agora, no Monte Hokage, Sarada tinha ciência de que eram vigiados de algum lugar.

O karma escondia muitos segredos e, por conta disso, Sarada pegou-se pensando que, desde as últimas manifestações do Otsutsuki no corpo do garoto, não conseguia parar de pensar que, enquanto estava na companhia de Boruto, eles já não estavam mais sozinhos.

Momoshiki estava residindo em algum lugar ali dentro. Não era exagero dizer que ele estava, naquele exato momento, bem ali entre os dois companheiros de time; acompanhando e observando a tudo. Considerar isso tirava, de certa forma, a individualidade de Boruto, e Sarada não sabia como se sentir sobre isso.

Assim como, também, não tinha certeza de como Boruto estava se sentindo. Ele mostrava-se bem e confiante, mas, querendo ou não, agora era o único vinculado ao problema maior. Com Jigen morto, Kawaki havia sido liberto, e o que antes era problema de duas pessoas, havia se tornado de uma; normalmente, a simples existência de alguém em situação semelhante a de outra pessoa causava conforto para ambas, e, por mais egoísta que fosse o pensamento, era preocupante e assustador ver-se sozinho. Por mínimo que fosse, seria exatamente assim que Sarada estaria se sentindo se estivesse na pele de Boruto; na verdade, imaginava que qualquer um se sentiria assim.

Todavia, Boruto não era qualquer um, e ela duvidava se, por algum momento, ele desejou que Kawaki permanecesse no mesmo barco que ele apenas para não se sentir “eremítico” naquele problemão.

Com todos aqueles pensamentos navegando pela mente um tanto conturbada da garota, Sarada começou, num lapso, a imaginar um cenário onde a consciência de Boruto era substituída pela do Otsutsuki naquele exato momento; bem ali ao seu lado. O que ela faria nessa situação? Certamente, o mais sensato seria alertar as patrulhas de Konoha, mas isso dependeria de ela conseguir chegar até uma delas.

Afinal, o poder de um Otsutsuki era incomparável, e, ainda que estivesse treinando duro, tal coisa causava, na garota, uma insegurança esmagadora.

As mãos, que mal percebeu ter fechado em punhos, começaram a tremular, e antes que Sarada se afogasse em estresse com todas aqueles lembranças, imagens, suposições e sentimentos conflitantes, as palavras repentinas de Boruto a resgataram como um bote salva-vidas:

— Escute, Sarada, eu não consegui comentar isso com você antes, mas… Em relação ao seu chidori, sabe? Aquele que você usou contra o Boro — ele sorria recordativo, os olhos brilhantes distraídos sobre a imagem da vila. — Foi espetacular. — confidenciou, totalmente sincero. — Você é tão incrível, Sarada… Às vezes, me acho um louco por competir com você.

Num lapso, ele pareceu repassar suas próprias palavras na mente, talvez percebendo que tinha soado mais admirado e aberto que o normal.

— Eh, quer dizer, só às vezes… — corrigiu-se, sem graça.

Um jato de leve surpresa foi aplicado nas íris negras da Uchiha. Escutar aquilo foi o suficiente para substituir seus pensamentos para um tópico mais leve e amplo perante a semelhança de sentimentos que ela e Boruto compartilhavam um pelo outro.

Sim, ele realmente a admirava, e, diferente de como ela própria fazia, demonstrava isso abertamente. Sarada sabia que um dos fatores que a impulsionava a treinar e dar o seu melhor era observar a perseverança e o crescimento de Boruto, e o contrário também acontecia; era incrível o quanto isso contribuía para o fortalecimento de suas convicções, e isso a fazia admitir que rivalidade era algo a ser abençoado.

E foi carregando esse pensamento que, finalmente, permitiu-se abrir um sorriso.

— Você também está evoluindo muito. — deixou de encará-lo, a situação invertendo-se quando sentiu as íris azuis e curiosas pousarem em si. Sarada deixou sair, pelos lábios, o ar que outrora sufocava seu peito. — Todos nós estamos. E, bem — o repuxar lateral e provocativo de seu sorriso não passou despercebido. — É claro que vou continuar te fazendo comer poeira, fique tranquilo.

Os protestos zombeteiros do loiro não foram mais longos que as gargalhadas compartilhadas com a amiga logo em seguida, e, por um segundo, o clima de “velhos-tempos” pareceu abatê-los prazerosamente.

— É uma pena, mas tenho que voltar logo. — ele ergueu-se após se recuperar, e foi o simples ato do ninja em dar um passo para longe que seu pulso foi envolvido pelo aperto firme e impulsivo da capitã do time.

Em virtude do semblante surpreso do amigo, Sarada ficou sem saber o que dizer, recriminando-se por tê-lo impedido de ir.

Hesitou.

— … Ei — buscou mascarar, o máximo possível, a insegurança na voz, seu timbre soando com cada vez mais firmeza. — Não fique com medo. Nós… Você tem muita gente te ajudando, e eu, acima de tudo, não descansarei até que você fique bem de novo. — ficou aliviada ao sentir os próprios lábios moldando-se num sorriso confiante, e respirou fundo. — Quando eu estiver recebendo o título de Hokage, você estará ali, logo ao lado, assistindo tudo. Depois, trabalharemos juntos, assim como você disse naquele dia. — encarou fixamente o rosto que não estava preparado para ouvir aquilo, atônito. — Tudo isso vai acabar, Boruto.

Sarada já tinha visto o loiro fazer expressões perplexas e abismadas antes, mas aquela fora a primeira que, de fato, viu, contido nos traços do garoto, um abalo e desnorteio acentuados.

Pois, acima de toda pena e preocupação direcionadas a sua situação, era Boruto o único a passar, na pele, todo o medo e aflição acerca da ideia de atacar os cidadãos, amigos e os próprios familiares.

A angústia arrebatadora de causar uma destruição e baixas irreversíveis em Konoha; seu querido lar.

O sorriso trêmulo formado em rosto só não foi mais trépido que os dedos vacilantes da garota quando abandonados pelo desenlace gentil. As orbes azuis mostraram o desejo de pronunciar mil palavras, mas a única realmente proferida foi aquela capaz de transpassar todos os sentimentos contidos naquele momento de pura confiança:

— Obrigado. — a gratidão estava explícita, e a expressão no rosto do loiro seria algo que acompanharia os pensamentos da Uchiha todas as vezes em que se deitasse para dormir e se levantasse para mais um dia naquele mundo que, mesmo ameaçado, jamais cessaria de demonstrar o lado leve e pleno originado por momentos como aquele, onde era compartilhado, entre dois jovens, convicções de respeito, amizade e, quem sabe, algo ainda mais profundo que seria florescido num futuro longínquo.

Sarada obrigou-se a respirar fundo mesmo após dez minutos desde a partida do garoto. Eles eram ninjas; sempre davam um jeito. O mais importante, dali para frente, seria ajudar o companheiro e amigo o máximo que conseguisse.

Agora, talvez, Sarada possuísse outro objetivo para caminhar ao lado do sonho de se tornar Hokage: a missão de, definitivamente, salvar aquele que lhe inspirava cada vez mais e que a ajudava a moldar seus julgamentos e ideais.

Porque, de fato, a confiança entre eles sempre seria algo inquebrável


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Poxa, é nesses momentos que eu lembro o porquê de gostar tanto desse casal; sério, gente, que companheirismo lindo!
Tipo, eu realmente não procurei focar no tópico romance, porque por mais que seja algo que deva ocorrer no futuro, a linha cronológica que essa one-shot se passa está naquele clima de amizade entre os dois ☺️

Espero que tenham gostado, amo MUITO Borusara ♥️♥️♥️



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Confiança Inquebrável (Borusara)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.