Cuidado com o que você usa como chaveiro escrita por Vanessa Sakata, Marimachan


Capítulo 5
Cuidado com as referências à Marvel, pois você pode ser processado




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— Oe — chamou adentrando o quarto, onde Mayah terminava de se aprontar para dormir, sentada diante da penteadeira. —, que história é essa de que você e a Kagura vão dar uma de cupido pra me juntar com a Tsukuyo?

A morena deu uma risadinha sapeca, terminando de pentear os longos cabelos e então se voltando para o marido, que trancava a porta para também ir se deitar.

— Apenas achei que deveria dar um empurrãozinho nesse processo. E não é você, é o seu outro eu — corrigiu enquanto despia o hobby usado por cima da curta camisola.

— Você não acha que isso é estranho demais até pra você? — questionou exasperado, se forçando a ignorar a quase semi-nudez da mulher. ­— Você está praticamente jogando seu marido pra cima de outra mulher!

— Ele não é meu marido — voltou a corrigir abandonando o hobby no cabideiro ao canto. — Meu marido é um velhote muito mais rabugento — ironizou, caminhando até o móvel que compartilhava com o esposo.

— Quem você está chamando de velhote rabugento, sua velha decrépita? — devolveu na mesma moeda, com a primeira veia saltando em sua testa.

— Você está querendo morrer, seu maldito de permanente? — Sorriu distorcidamente, embora sem alterar a voz; mas logo voltou ao tom despreocupado. — Não vejo o problema em querer fazer uma amiga feliz. — Voltou ao assunto, dando de ombros. — Até porque, no outro universo a Tsukuyo de lá já namora ele de qualquer forma.

— Exatamente! — Apontou com energia seu ponto de vista. — Se você nos considerar a mesma pessoa, vai estar jogando seu marido nos braços de outra! E se você nos considerar pessoas diferentes estará levando meu outro eu a cometer adultério!

Ela rolou os olhos, já sentada recostada na cama.

­— Não tente vir com questões filosóficas pra cima de mim agora, Gintoki. Não vou mudar de ideia. — Encarou o homem que agora também se ajeitava na cama. — Desde que você fique bem longe de outro par de seios que não sejam os meus, não me importo.

— Pelo menos eu não apanho quando aperto os seus — comentou em tom de resmungo, mas logo percebeu que não fora uma boa ideia.

— E de quem você andou apanhando, Sakata Gintoki? — Uma veia pulsava na testa da morena, o fazendo suar frio.

— Foi antes de te conhecer! — Apressou-se em explicar-se, agitando os braços. — Quando ainda morava em Edo! E foi sempre acidental!!

Ela o olhou desconfiada por alguns instantes, mas suavizou sua expressão, logo em seguida sorrindo sacana.

— Posso pensar no caso, se quiser passar a apanhar enquanto os aperta — ironizou.

— Com quem você acha que está falando? — fingiu-se de ofendido. — Não existem M’s nessa relação! — Apontou para ela e para si próprio, revezadamente.

Ela riu.

— De fato. — Sorriu maliciosa enquanto já subia no colo do marido. — Mas podemos pensar em outras formas de fazer isso. ­— Aumentou o sorriso antes de beijá-lo com voluptuosidade.

Gesto o qual ele aceitou prontamente. Até porque, ao contrário do que disse antes, de decrépita aquela senhora que o seduzira pelos últimos 24 anos não tinha nada.

(...)

Após os adultos se recolherem, os mais jovens decidiram ficar mais um tempo acordados conversando entre si na varanda que dava para o jardim frontal. Embora fosse um recém-chegado, Ginmaru se sentia um pouco mais à vontade no meio daqueles jovens, os quais o acolheram bem.

Era meio esquisito ver cinco filhos da contraparte de seu pai de outra dimensão, mas de alguma forma se sentia um pouco como se fosse irmão deles. Pensava que isso talvez fosse por carregarem uma mesma carga genética. Nos cinco havia, em maior ou menor grau, as características físicas de Gintoki — sendo elas mais fortes em Dango e Satoshi.

— Eu ainda continuo achando hilário como eles acharam que o papai estava se clonando — esse último comentou divertido. — Você nunca teve problemas com isso, Ginmaru?

— Claro que tenho! — O albino suspirou enquanto passava a mão pelo caótico cabelo prateado. — A Sacchan quando perde os óculos tenta me agarrar achando que sou o meu pai!

Eles riram com o constrangimento do jovem Yorozuya, que acabou rindo junto, para depois perguntar:

— Como é a vida de vocês aqui neste lugar? É bem diferente do Distrito Kabuki em que eu moro. Aqui parece ser tão pacato, diferente da loucura que é Edo.

— Aqui é relativamente tranquilo, comparado com Kabukicho. — Dango respondeu. — Não tem aquela loucura de aliens, naves espaciais e coisas do gênero, mas também é muito movimentado, por ser o centro comercial de Seikigahara. Ainda assim, aqui é muito seguro e...

— E tem uns lugares perfeitos pra caso você sinta falta de Kabukicho. — Satoshi se aproximou do jovem faz-tudo, interrompendo a irmã; que rolou os olhos, já imaginando o que vinha a seguir. — Dá pra encontrar umas garotas muito interessantes por estas bandas, — Passou o braço por cima dos ombros do “irmão” mais novo. — e também dá pra tomar umas em uns bares divertidos! Não é tão diferente de Kabukicho ou Yoshiwara! Temos o nosso próprio Distrito da Luz Vermelha por aqui. — Sorriu sugestivo.

— Bom... — Ginmaru ficou meio constrangido. — Eu só tenho dezoito anos, então o máximo que fiz em Yoshiwara foi arrastar meu pai caindo de bêbado pra casa quando ele se empolgava numa farra.

— Não é muito diferente do papai. — Mayume comentou, rindo.

O olhar indagador e surpreso de Ginmaru foi a deixa para Soujirou explicar a afirmação da irmã.

— Às vezes ele exagera um pouco em algumas confraternizações mais familiares...

— Ele parece tão controlado...

— É porque você não viu quando anos atrás ele descobriu de quem sou filho. — Souichiro disse.

— Ele surtou igual ao meu pai?

— Pior... Bem pior — o jovem Okita respondeu com vontade de rir. — Ele queria matar o meu pai de qualquer jeito, por ter tirado a pureza da minha mãe. Mais um pouco e ele realmente o mataria.

Mais algumas risadas após os demais relembrarem a cena, até que Sayuri indagou ao jovem da outra dimensão, entrando em um assunto um pouco mais delicado.

— Pelo o que entendi sobre você, os últimos anos foram difíceis... Como foi lidar com o desaparecimento dele?

Uma leve sombra de tristeza perpassou o olhar do Sakata de Edo, pois seu crescimento fora realmente difícil. Ainda ficava um pouco triste ao se lembrar do desaparecimento de seu pai, mas isso mudara agora que Gintoki regressara após uma década. A diferença é que não doía mais tanto ao mencionar o assunto.

— Foi complicado realmente. — Começou ainda com o mesmo semblante. — Eu tinha só oito anos e por um bom tempo a imagem dele desaparecendo em meio a um monte de amantos o atacando demorou muito a sair da minha cabeça, sabe? Eu vi o momento exato em que ele desapareceu. Mas percebi que a família Sakata sempre teve mais do que um sobrenome. Vovó Otose me ensinou muito durante cinco anos, antes de partir. Shinpachi-sensei não foi só meu mestre no dojo, foi bem além disso. Gori-sensei... Digo, Kondou-sensei também me ensinou muita coisa, assim como tantos outros amigos do meu pai. Eles cuidaram de mim por dez anos e devo muito a eles parte do que sou. Foram verdadeiros pais e mães para mim.

— Acho que em várias coisas nós temos muito em comum ­— Dango comentou. — Nascemos por um descuido, crescemos por um bom tempo sendo cuidados pelo pessoal de Kabukicho... É muito parecido!

— Será que vocês não são uma mesma pessoa? — Souichiro coçou o queixo pensativo. — Ginmaru é a versão masculina da Dango, e a Dango a versão feminina do Ginmaru?

Os dois albinos se entreolharam por alguns segundos até concluírem ao mesmo tempo:

— Não mesmo.

Satoshi deu um leve pescotapa no jovem de cabelos cor de areia.

— Não viaja, ô retardado!

Mais uma vez, todos riram e o jovem faz-tudo olhou para o céu, onde as estrelas e a lua pareciam competir para saber quem brilhava mais. Era uma experiência bem interessante ver aquele céu sem a interferência de inúmeros anúncios luminosos e telões de alta definição. Realmente era tudo muito diferente, pensou.

— Ginmaru. — A voz do albino de cabelos longos o tirou de seus pensamentos. — Você parece ser bom com essa sua katana. As espadas são permitidas em Edo, na sua dimensão?

— As espadas continuam proibidas. A minha katana eu pedi pra forjar por conta das circunstâncias e, depois de afiar o corte, eu a guardaria em casa e passaria a andar com uma bokutou. Na escola eu era um dos melhores no kendou.

— Eu raramente pratico, embora goste de esgrima. Mas a Dango pratica todo dia. — Apontou para a irmã, que confirmou em um aceno com a cabeça. — O que acha da gente fazer um duelo amanhã? Acho que vai ser divertido. Pelo menos enquanto a Shinikayou estiver procurando o ladrão que vocês perseguiam.

— Eu topo! Só espero que aquele gerador de portal não cause ainda mais problemas.

— Fique tranquilo, Ginmaru. — Sayuri sorriu. — Nossos homens já estão atrás do cara que furtou vocês. Acredito que amanhã já teremos alguma pista do sujeito.

— Nossos homens? — Ele piscou tentando entender, pois ela dizia como se de alguma forma tivesse relação com a Shinikayou, comandada pelo alter ego de seu pai. — Como assim?

Ela sorriu mais uma vez, agora levantando a manga esquerda de seu kimono, expondo em seu pulso o símbolo da Tenshouin Shinikayou.

— Eu faço parte da organização. No momento, sou a Comandante Suplente ­— explicou já voltando com a manga ao lugar.

— Bem que você tem cara de quem faria parte de uma organização dessas. Como meu pai diria, “ladrões de impostos”. — Rapidamente acrescentou. — Não que eu concorde com isso que ele diz, que fique bem claro!

Eles riram mais uma vez. No entanto, o assunto foi a deixa para a próxima pergunta de Ginmaru aos outros jovens.

— O que vocês fazem por aqui? — perguntou com curiosidade. — Quero dizer, estudam? Trabalham?

— A Sayuri, como ela mesma já disse, faz parte da Shinikayou, está se preparando para suceder o papai futuramente — Dango respondeu sorrindo. — Soujirou e Ikki-soo — Apontou para os jovens Sakata e Kondou, respectivamente, que pouco participavam da conversa, mas que observavam atentos os assuntos. — ainda estão estudando. Soujirou está no primeiro ano da faculdade de Ciências Biológicas e Ikki-soo está perto de entrar no Ensino Médio. Mayume e eu somos professoras. Eu de matemática, no Ensino Médio, e ela de Ensino Infantil.

— Espera aí, Soujirou... — Ginmaru perguntou ao mais novo com incredulidade. — Quantos anos você tem mesmo? Achei que tinha só dezesseis!

— E eu tenho — ele respondeu.

— Então você é um gênio, e todos vocês têm carreiras legais! Acho que eu sou o mais simples de todos. — O albino de cabelos curtos riu meio constrangido. ­— Terminei há mais ou menos um ano o ensino médio e agora sou o vice-presidente da Yorozuya Gin-chan, e... — Olhou para Satoshi enquanto coçava o queixo. — Você não disse o que faz. Também é um gênio com carreira promissora?

— Gênio eu sempre fui, carreira promissora talvez nem tanto. — Riu.

— Ele é um vagabundo que não quer nada com nada — Dango alfinetou sem peso na consciência.

— Hey! Meça suas palavras. — Apontou para a irmã, fingindo indignação. — Sou apenas um bom apreciador da vida — corrigiu solenemente.

— E um depreciador da estabilidade.

— Soujirou, você não tem o direito de opinar. Você é minha pior decepção. ­— Levou a mão ao coração, atuando bem uma profunda inconformidade enquanto negava com a cabeça. — Meu único irmão homem é um nerd. Ginmaru, por favor, vamos mudar isso.

O Sakata de outra dimensão ficou meio constrangido com o pedido de Satoshi e tentou pular fora.

— Então... Eu acho que não sou a pessoa mais indicada pra isso, sabe? Meio que sou o “cara certinho” da casa. Não chego ao nível do Shinpachi-sensei, mas acho que recebi bastante influência.

— Meu Deus! Estou cercado de tsukkomis! — O albino fez drama mais uma vez, inconsolado. — Só faltam os óculos!

— Relaxa, cara. A gente existe aqui pra isso — Misha finalmente se meteu na conversa, abraçando o amigo pelos ombros, acompanhado de Kari, que concordou.

— Vocês são minha salvação. — Devolveu o abraço, fazendo com que suas lágrimas fossem dignas de um Oscar.

Ginmaru, por sua vez, murmurou com uma gota escorrendo pela testa:

— E eu achava meu pai dramático...

(...)

Sem muita alternativa, Aoshi seguiu Takuma pelas ruas mais vazias da periferia de Aokigahara. Por mais que tivesse tentado argumentar que estava sendo confundido com outra pessoa, o batedor de carteira optou por segui-lo e aproveitar o tratamento diferenciado que o outro lhe dava. De uma rua, saíram em um beco mais escuro, que tinha o mínimo de iluminação possível.

À frente, os dois pararam onde o beco terminava. Takuma bateu em uma porta bem simples com uma pequena janela na qual era possível ver apenas os olhos de quem atendia. Após dizer a senha, o outro mostrou uma expressão confusa.

― Ué, mas Aoshi-aniki acabou de chegar!

― Como assim, Daigo? – Takuma questionou enquanto empurrava Aoshi para ser visto. – O chefe tá aqui, parecendo que tá com amnésia!

Daigo, cujos olhos visíveis eram castanhos, encarou Aoshi e olhou para dentro algumas vezes, buscando ter certeza de que não estava tendo alucinações. Sem muita alternativa e, como se ouvisse instruções, liberou a entrada.

Os dois recém-chegados entraram no local, que era uma espécie de sala simples onde aquele grupo se reunia. Estavam todos sentados num semicírculo, e cada um daqueles homens, pelo modo de vestir e de se comportar, parecia pertencer à Yakuza. E ao centro, estava sentado um homem cuja aparência deixou os outros dois sem reação.

O homem em questão era o chefe do grupo. Vestia um yukata preto, com finas listras azuis. Ao seu lado, estava uma katana embainhada e sua mão direita segurava um kiseru que naquele momento interrompera a trajetória até a boca. O homem de olhos pretos e cabelos da mesma cor presos em um mage propositalmente desarrumado estava surpreso com a presença daquele recém-chegado em particular.

Repentinamente, ele se levantou e apontou para Aoshi, que apontou para ele:

― QUEM DIABOS É VOCÊ?!


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