Good For You escrita por Aurora


Capítulo 1
Good For Me


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic era pra ter saído muito antes, mas eu tive alguns contratempos que dificultaram as coisas.

De qualquer maneira, essa é a minha segunda vez entrando no mundo de Scorose.

Escrevi uma há mais ou menos cinco anos e foi um experimento, então é uma fanfic sem realmente um grande plot por trás.

Senti a vontade de voltar nesse casal por causa do projeto e quando eu estava escutando a música da Olivia Rodrigo me veio essa inspiração de juntar a música com um dos maiores clichês do mundo literário... Fake Dating!

E o link para quem quiser checar minha primeira Scorose [https://fanfiction.com.br/historia/698864/Super_Freak/]

Enfim, aproveitem a leitura!



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GOOD FOR ME

 

Para Scorpius Malfoy parecia que ele havia passado as últimas duas semanas chorando no chão banheiro totalmente desolado enquanto sua ex-namorada estava arrumando outro relacionamento bem embaixo do seu nariz.

Em seus 16 anos de vida ele nunca havia se sentindo daquele jeito. É como se alguém tivesse enfiado a mão em seu peito e arrancado seu coração fora. A confusão. A decepção. Ele não sabia o que sentir. Só que o quer que fosse aquilo não fosse verdade.

Seus olhos só podiam estar o enganado.

Ele não podia acreditar. Ele simplesmente não podia acreditar.

— Eu tentei roubar a lição de Aritmância de Dominique e ela me bateu na cabeça com os pergaminhos! Dá pra acreditar? – ele escutou Albus chegando ao seu lado com alguns livros no braço. - E ainda se diz minha prima... – ele disse. – Aliás, Camden pediu para voltar comigo de novo e ele não entende que simplesmente não vai acontecer...

—Achei que estava pensando em volta com ele... – Scorpius conseguiu soltar.

—Isso foi semana passada, Scorpius. - ele disse. – E também... - Albus finalmente pareceu se dar conta do que seu melhor amigo olhava tão atentamente. – Aquela é a Gemma?

O Malfoy apenas tirou seu olhar do casal para mirar seu amigo ao seu lado. Quando seus olhos voltaram para frente ele teve a confirmação ao ver sua ex-namorada Gemma Chang ficando nas pontas dos pés para beijar Caecius Zabini nos lábios entre duas estantes de livros na parte mais distante da biblioteca.

Sua ex-namorada estava beijando seu colega de quarto apenas duas semanas depois de terminarem.

—Malfoy! – os dois amigos se viraram para a voz de Florence Nott e Scorpius soltou um grunhido de irritação e colocou de volta o livro que segurava na prateleira tampando a visão do casal. – Slughorn disse que vai decidir o capitão depois do nosso primeiro jogo. – ela passou na frente deles com um sorriso nos lábios. Ela jogou cabelo preto preso em tranças para trás e guardou um livro na estante atrás deles. – Preparado para perder? – ela riu e continuou andando.

Antes de o ano letivo começar Scorpius havia recebido uma carta de Slughorn avisando que o posto para capitão do time de quadribol da Sonserina só seria decidido após as aulas começarem, então até o momento Scorpius e Florence estavam sendo co-capitães durante os treinos. Imaginava que isso era porque Slughorn não tinha ideia de técnica e estratégia de quadribol para decidir.

—Merda. – Albus murmurou. – Você vai precisar se esforçar se quiser ser capitão. – ele disse.

O loiro soltou outro grunhido ainda vendo sua ex-namorada aos amassos com outras pessoas. Honestamente, as coisas não poderiam estar indo piores para Scorpius.

—Scorpius, você não está sendo sutil. – escutou o sussurro no seu ouvido, mas não deu atenção. Seus olhos estavam fuzilando Caecius Zabini que se trocava para dormir. – Você parece que quer matar ele, bem, na verdade você parece que quer foder...

—Foda-se, Albus. – ele ralhou.

Ele conhecia Caecius desde que nasceu. Seus pais eram amigos antigos e sempre iam jantar um na casa do outro, o mesmo com Florence Nott. Acabaram se afastando quando chegaram a Hogwarts, apesar de terem sido selecionados para a mesma casa. Scorpius se aproximou mais de Albus e Caecius e Florence se aproximaram mais ainda. Eles namoraram do terceiro ano até o quinto que foi quando terminaram de forma trágica no meio de uma partida de quadribol.

Caecius pareceu notar que era observado e sorriu para a dupla de amigos. Ele terminou de desabotoar sua blusa do uniforme e jogou na cama antes de andar até eles.

—Scorpius. – ele chamou. – Queria falar com você. – disse.

—Fique a vontade. – soltou Scorpius entredentes continuando sentado na beira da sua cama.

Ele deu uma olhada de canto para Albus quando ele não se mexeu.

—Eu não vou sair. – avisou o Potter se aconchegando na cama do melhor amigo com um livro no colo.

—Ok. – riu Caecius. – Só queria dizer que eu e Gemma estamos namorando. – ele disse.

—Eu notei. – respondeu rispidamente. Caecius o deu um olhar estranho.

—Imaginei que estaria tudo bem já que terminaram faz tempo.

—Não acho que duas semanas se encaixa em “faz tempo”. – Albus se intrometeu abaixando o livro que ele fingia ler da frente do rosto.

—Gemma disse que vocês terminaram no começo do verão... quatro meses atrás. – foi o que Caecius disse em um tom cuidadoso para Scorpius.

—O que? – Scorpius imaginava que seu rosto demonstrava toda sua incredulidade no momento. – Eu tive que ir para a França no verão com meus pais, mas nós... ela terminou comigo apenas no primeiro dia de aula... duas semanas atrás. – o silêncio no dormitório ficou ensurdecedor. Albus e Caecius pareciam estar esperando mais alguma reação de Scorpius que olhava para seus próprios pés tentando fazer sentindo do que estava acontecendo. – Eu... – ele voltou a olhar para cima e odiou o olhar de pesar que Caecius lhe dava. -... eu vou dar uma volta.

—Às 22 horas da noite? – perguntou Albus.

—Sim. – Scorpius se levantou ficando na mesma altura de Caecius. – Vou para a biblioteca.

A biblioteca?

Scorpius se encostou contra uma das estantes na biblioteca e desceu até que estivesse sentado no chão. O local estava escuro e quieto e se ele fosse pego lá com certeza ganharia uma detenção, mas sua cabeça estava a mil e ele não achava que conseguiria ficar no mesmo quarto que Caecius quando ele aparentemente passou as férias namorando a sua namorada – mesmo que ele não soubesse disso.

Ele pensou nas cartas em que escreveu a Gemma enquanto estava na França, nos versos em que escreveu sobre como sentia a falta dela e quanto não podia esperar para vê-la de novo. Ele guardou todas as cartas para entregá-la na plataforma porque a coruja dela se acidentou em uma ventania muito forte.

Scorpius e Gemma Chang começaram a namorar logo no início do quinto ano, após terem se encontrado algumas vezes no verão no Beco Diagonal. Ela tinha longos cabelos pretos e um sorriso gigante no qual o sonserino vivia se perdendo. Gostava de escutá-la falar sobre os livros trouxas que lia com o pai e de como ela ficava animada em ensinar ele algo do mundo trouxa. Eles namoraram por quase um ano e ele achou que iria durar muito mais, até que ela terminou com ele no corredor do Expresso de Hogwarts enquanto Albus ficava os escutando pela janela da cabine.

—Você não deveria estar aqui.

Rose Weasley estava no final do corredor, seu cabelo ruivo estava solto com os cachos caindo em cascata pelas costas. Ela ainda estava em seu uniforme – diferente de Scorpius que estava de pijamas - com a capa cobrindo seu corpo e o broche de monitora brilhando em seu peito.

—Você vai me dar uma detenção, Weasley? – ele perguntou pendendo a cabeça para o lado. Scorpius e Rose se conheciam muito bem - desde que ele virou melhor amigo de Albus e começou a visitar a casa dos Potter e até mesmo A’Toca dos Weasleys - para continuarem a se tratar pelo sobrenome, mas ao verem seus pais se tratando assim uma vez na plataforma 9 ¾, os dois também começaram a falar assim um com outro também.

—Talvez, Malfoy. – ela se sentou ao lado dele. – Se você tiver uma desculpa boa.

—Não tenho. – o sonserino respondeu. Ele colocou a mão no bolso do pijama. – Só que eu tenho um Sapo de Chocolate. – ele estendeu para ela, mas puxou o braço antes que ela pegasse. – Mas sem detenções, sim?

—Fechado. – Rose riu pegando o chocolate. – O que você está fazendo aqui, Scorpius? – ela perguntou. – É por causa da Chang?

—É tão óbvio assim? – ele sussurrou mais para si mesmo do que para grifinória que o mirava atentamente.

—Bem, eu vejo você olhando para ela nas aulas e... eu vi hoje mais cedo ela e Zabini se beijando no a biblioteca na sessão de magizoologia. – ela comentou.

—Você tem me observado, Rose Weasley? – ele provocou com um sorrisinho. Se não tivesse não escuro na biblioteca e a única vela acesa não estive longe na mesa que Rose estava usando talvez Scorpius teria visto as maças do rosto dela coradas.

—Não. – ela respondeu rapidamente. – Talvez você só seja tão óbvio assim mesmo. – ela deu de ombros como se não fosse nada demais.

—E o que você está fazendo aqui? – ele perguntou olhando ela desembrulhar o chocolate.

—Estudando. – ela respondeu com um sorrisinho nos lábios porque sabia que ele ia rir. – É por causa da Taça Excelência em Poções – disse. – Venho ganhando no meu ano desde do primeiro ano. – ela disse com um brilho no olhar. - E então, ano passado, do nada, Chang ganhou com uma Amortentia. – bufou. – Deveríamos aprender sobre Amortentia esse ano! Argh, Slughorn ficou tão impressionado... – resmungou.

Scorpius ficou em silêncio. Ano passado Gemma reclamou de que sempre quis ganhar aquela Taça e nunca ganhava, então ele mandou uma carta para seu pai e conseguiu os ingredientes pra fazer a Amortentia, a poção do amor mais forte do mundo.

—Porque você não faz uma poção mais avançada esse ano?

—É isso o que eu vou fazer. – ela disse. – Quero fazer Veritaserum, mas é sempre mais difícil de conseguir ingredientes de poções tão avançadas.

—Sua mãe provavelmente conseguiria para você.

—Meus pais conseguiriam muitas coisas pra mim se eu pedisse, Malfoy. – ela disse um pouco ríspida. – Eu gosto de conseguir as coisas sozinha. – ela soltou um suspiro. Scorpius se lembrava no primeiro quando alguns alunos zoavam Rose quando os professores as davam pontos, sempre diziam que era por ela ser filha da Ministra da Magia. – Porque você realmente está aqui?

—Bem, você está certa. – disse Scorpius traçando os dedos pela ponta da capa dela que caiu sobre suas pernas. – Gemma está namorando Caecius e aparentemente ela disse para ele que nós terminamos no começo do verão quando na verdade ela terminou comigo no Expresso de Hogwarts. – ele escutou o barulho de choque que Rose soltou e sentiu a mão dela descer pelo seu braço até apertar a sua mão.

—E você está bravo. – ela deduziu.

—Eu não sei. – Scorpius respondeu. – Eu posso ficar bravo que alguém se... desapaixonou de mim? – ele mirou os olhos de Rose.

—Acho que não. – ela murmurou. – Mas eu não sei... nunca me apaixonei.

—Você namorou Anthony Thomas-Finnigan ano passado.

—Mas eu não estava apaixonada por ele e só durou dois meses. – ela deu de ombros. Scorpius notou que ela ainda segurava a sua mão.

—Você nunca se apaixonou? Mesmo? – ele quis saber. – Albus se apaixona toda semana.

—Albus é emocionado demais. – Rose riu, mas parou para pensar. – Teve uma vez no recesso de inverno do quinto ano que eu e minha família fomos para a Argentina e tinha essa garota, nos beijamos e eu pensei que estava apaixonada, trocamos algumas cartas depois que eu voltei, mas não demorou muito para eu notar que não daria certo.

—Eu não notei que eu e Gemma não daríamos certo. – Scorpius confessou. – Não notei nada, talvez por isso que eu estava tão bravo. – ele disse. – Que eu estou... sofrendo e ela não está... porque ela já sabia que não estava dando certo e eu não.

—Talvez você devesse conversar com ela. – Rose sugeriu terminando de comer seu chocolate. – Perguntar o que aconteceu para dar uma conclusão a isso e quem sabe assim você seguir em frente e não precisar fugir para biblioteca nos seus pijamas. – ela brincou soltando a mão dele para cutucar o tecido do pijama. Scorpius sentiu falta da palma quente dela contra a sua.

—Não sei se seria a melhor ideia. – ele disse tentando pensando em alguma forma de pegar na mão de Rose sem que seja esquisito. – Não nos falamos desde o término ou como Albus gosta de chamar O Trágico Evento do Corredor da Cabine Nº326.

—Fale para mim o que você falaria para ela se pudesse. – ela disse. Scorpius a olhou um pouco incerto. – Vamos lá, não deve ser tão ruim. – falou. – Tente.

—Ok... – ele suspirou e tentou visualizar sua ex-namorada na sua frente. - Bem, bom para você que esteja tão feliz. – Scorpius falou. – Eu não estou! Não que você se importou de perguntar! – passou a mão pelo cabelo agitado – Você claramente... – ele disse com ênfase exagerada. -... está se saindo muito bem sem mim como... como uma maldita sociopata. - ele mirou os olhos arregalados de Rose e sorriu amarelo. – Um pouco... demais?

—Sim, um pouco demais. – ela disse apertando a mão dele e Scorpius se deixou sorrir.

—Eu só queria superar ela logo desde que ela obviamente já me superou... – disse. – Ou pelo menos parecer que eu superei.

—Não acho que de para se forçar a superar alguém. – Rose comentou.

Os dois ficaram em silêncio, apenas escutando ocasionalmente o barulho da madeira das estantes e sentindo o calor da mão um do outro.

Scorpius pensou em como tudo seria mais fácil se ele pelo menos parece que superou Gemma. Talvez assim ela viesse conversar com ele porque algum sentimento que voltou a despertar, ela sempre teve um lado ciumento afinal. Porque com certeza ele não queria tomar o primeiro passo e tentar conversar com ela parecendo desesperado  – mesmo que realmente estivesse se sentindo assim.

—Nós deveríamos namorar! – Scorpius soltou se virando entusiasmado para Rose.

A grifinória sentiu o coração dar um pulo no peito e se virou para os olhos azuis que estavam vidrados em seu rosto.

—O que?

—Não de verdade... – ele disse como se fosse óbvio. – Nós deveríamos fingir... sabe, para parecer que eu superei.

Rose soltou a respiração que ela não sabia que estava segurando e soltou a mão de Scorpius lentamente.

—Não acho que seja uma boa ideia.

—Por favor, Rose. – ele disse voltando a segurar a mão dela, mas dessa vez puxando a outra também. – Se eu aparecer namorando assim como ela talvez ela venha falar comigo! Ou então, vai fazer parecer que eu superei... já escutei na aula de Feitiços alguns lufanos comentando sobre como ela me deu um pé na bunda... – falou. – Assim pelo menos não vai parecer que eu ainda gosto dela.

—Você quer me usar...

—E eu posso te arranjar todos os ingredientes para a Veritaserum. – ele disse rapidamente.

—E agora está me subornando? – ela riu.

—Assim você não precisa pedir para a tão respeitada Ministra da Magia... vai ter conseguido sozinha. – tentou. Ele podia ver nos olhos de Rose ela considerando o pedido dele. – Só por algumas semanas. – disse. – É como aqueles filmes trouxas que você e Albus sempre me fazem assistir...

—Nunca da certo. – Rose disse com um sorrisinho. – Eles sempre acabam notando que o motivo pelo acordo não era algo o suficiente para se lutar e que na verdade o que eles queriam estava bem ali na frente deles.

—Sim, mas são filmes... e eles são trouxas. – disse entusiasmado. – Acho que isso pode realmente funcionar e me fazer entender o que aconteceu entre eu e Gemma e se não der certo... então vai ser uma grande lição de vida como nos filmes também.

—Você é tolo. – Rose falou. Scorpius suspirou sentindo a derrota nos ombros. – Mas eu realmente preciso desses ingredientes.

O rosto de Scorpius se iluminou com um sorriso e recebeu um tão grande de volta de Rose.

—Weasley, você não vai se arrepender.

—Todo mundo está encarando. – Rose disse assim que pisou os pés no Salão Principal com o braço de Scorpius sobre o ombro dela.

—Eu sei. – ele riu no ouvido dela, se encurvando um pouco já que era mais alto que ela. – Me sinto naquele filme do cara que brilha e que só quer fazer sexo depois do casamento.

Twilight? – a ruiva riu guiando Scorpius para a mesa da Grifinória. Eles achavam que teria um impacto muito maior se ele que mudasse de mesa por Rose.

Havia passado uma semana desde o acordo na qual eles passaram alguns dias na bibliotecas juntos ou conversando durante os horários vagos pelos corredores. Rose disse que eles não podiam aparecer do nada juntos porque seria muito suspeito, então eles planejaram como o namoro deles começou.

—Você está muito bonita. – ele disse parando para colocar uma mecha de cabelo dela atrás da orelha. Ele deu um sorrisinho e a deu um beijo na bochecha antes de puxá-la para se sentar.

Não demorou nem um minuto para Albus aparecer na frente deles com uma expressão de choque.

O que é isso? — ele perguntou em um sussurro. – Eu não gosto, é esquisito.

—Bem, eu e Rose... estamos saindo. – disse Scorpius dando de ombro. Seu amigo o olhou horrorizado.

—O que? – ele perguntou em uma voz afinada. – Não faz muito tempo que você está quase socando Zabini por causa de Gemma.

Scorpius passou o braço que havia caído de volta para o ombro de Rose e deu o seu melhor sorriso para Albus. Ele podia ver de canto de olho que estava esperando para ver o que ele iria fazer.

—Isso foi semana passada, Albus. – disse. Ele sentiu Rose se mexer ao lado dele e a palma da mão dela tocou seu rosto com cuidado o virando para encará-la. Sentiu os lábios dela no canto da sua boca, seus pelos se arrepiaram e sua boca ficou seca por um momento.

—Pelo menos isso está sendo engraçado. – a escutou sussurrar em seu ouvido, mas parecia que seu coração estava batendo mais rápido por o som saiu abafado.

Albus parecia ainda mais petrificado se possível. Era como se ele estivesse presenciando um crime pela expressão horrorizada que ele carregava. Mas o melhor foi quando Scorpius olhou para a mesa da Lufa-Lufa e viu sua ex-namorada os mirando com a testa franzida.

Sentiu uma fatia de pão bater na sua bochecha e voltou-se para seu melhor amigo.

—Se vocês se beijarem na minha frente eu vou ser obrigado a vomitar.

—Nós precisamos fazer isso por quase dois meses? – indagou Rose. Ela parou de andar com tudo fazendo Scorpius bater com o peito nos ombros dela.

—Sim. – ele disse. – Albus me disse que Anthony Thomas-Finnigan contou para ele que ele ouviu Gemma e Orla Finch-Fletchley conversando sobre nós! – articulou animado. – Pode estar dando certo, Rosie.

—Rosie? – ela revirou os olhos e voltou a andar pelo corredor largo. – Dois meses é muito... achei que isso ia durar uma semana

—Dois meses é apenas uma estimativa. – ele deu de ombros desviando de segundanistas que corriam atrás de uma cadeira encantada. – A primeira partida de quadribol é no inicio de novembro se até lá eu não conseguir... parecer que superei ou quem sabe voltar com a Gemma acabamos nosso acordo.

—Porque se importa tanto com Gemma? – Rose perguntou e Scorpius podia ver as engrenagens trabalhando na cabeça dela. – Ela não te traiu?

—Não! Digo, não que eu saiba... – Scorpius franziu a testa puxando a mão da grifinória para que ela parasse de andar. – Talvez tudo seja um mal entendido! Só sei que eu gosto dela desde o terceiro ano e ano passado ela finalmente percebeu que eu existia e... eu quero ela.

Rose estava com a cabeça baixa, algumas mechas do seu cabelo ruivo estavam caídas sobre o rosto. Ela fitava a sua mão unida na dela.

—Está bem. – disse. Scorpius sorriu acariciando a mão dela com seu dedo. – Mas, Scorpius, você realmente deveria estar atrás de alguém que teve que... perceber que você existia? – comentou e apertou a mão do sonserino. – Algum outro evento que eu tenha que participar? – perguntou antes que ele pudesse responder.

—Festa de boas-vindas na Lufa-Lufa. – Scorpius disse. – Hoje é nosso primeiro dia oficialmente juntos, então precisamos fazer uma aparição. – falou tentando ignorar o peso que as palavras de Rose estavam o causando.  – E quero que venha me assistir na partida de quadribol.

—Claro que eu vou estar. – ela riu. – Você vai jogar contra a minha casa.

—Eu sei. – Scorpius deu de ombros. – Mas quero que vá para me ver.

—Feitiços em cinco minutos, Rose. – Alice Longbottom apareceu ao lado deles com os cabelos bagunçados como se tivesse acabado de descer de uma vassoura.

—Treino no meio do dia, Longbottom? – Scorpius quis saber. Ela era a mais nova capitã do time da Grifinória que ano passado tinha derrotado a Sonserina pela Taça de Quadribol.

—Tenho que me manter ativa para acabar com você mais uma vez, Malfoy. – ela deu um sorriso e se virou para Rose. – Vamos?

—Sim, claro. – Rose disse e se virou para seguir a amiga. Scorpius que ainda segurava a mão dela puxou-a de volta trazendo-a próxima ao seu peito e a beijou no canto dos lábios assim como ela tinha feito mais cedo e esperava que tivesse tido o mesmo efeito nela que ele teve.

—Até mais tarde. – ele sussurrou escutando os murmúrios dos alunos que passavam. A obsevou ir embora de braços dados com Longbottom que cochichava algo com risadinhas no ouvido da ruiva.

Scorpius sentiu seus lábios formigando levemente e imaginou se o que Rose disse sobre esse tipo de acordo sempre acabar com os envolvidos apaixonado era verdade. Porque o pensar em alguém que nunca teve que perceber que existia esse alguém era Rose Weasley com seus cabelos flamejantes que chamaram sua atenção logo na plataforma 9 ¾,  quando tinham 11 anos. Ela olhou-o desconfiada a viagem inteira durante o tempo em que Scorpius e Albus ficaram conversando e ela só realmente se deixou o conhecer quando Albus o levou para passar o Natal com ele já que seus pais ficaram presos em uma Conferência no Japão.

Lembrava-se dela sentando ao seu lado em frente à lareira acesa. Os dois usando suéteres com suas iniciais tricotadas no peito e ela o ofereceu um pedaço do doce de abóbora que comia e Scorpius sabia que a partir dali seriam amigos.

—Albus, você não gosta dele. – Scorpius disse. – Não precisa voltar com ele só porque ele ainda gosta de você. – deu de ombros. Albus ao seu lado soltou um muxoxo.

Os dois estavam embaixo da capa de invisibilidade que ele e seus irmãos haviam herdado de seu pai. Encontravam-se a caminho do Salão Comunal da Lufa-Lufa para a festa.

—Eu não sei. – murmurou Albus. – Camden... é legal.

—Você não tem que namorar ele só porque ele é legal, Al. – Scorpius garantiu. – Se deixe seguir em frente, sabe?

—Você da conselhos muito bons pra quem não segue nenhum deles, mas talvez você esteja certo... eu deveria seguir em frente. – seu amigo comentou tirando a capa de cima deles e escondendo em um dos barris que ficavam no corredor da cozinha. – Não deveríamos esperar sua namorada? – ele perguntou.

—Decidimos se encontrar na festa para evitar sermos pegos por Filch. – disse. Curvou-se para dar batidas no ritmo do nome de Helga Hufflepuff no segundo barril de baixo para cima. O barril se abriu em passagem terrosa e íngreme.

A festa já havia começado na sala circular e baixa da Lufa-Lufa. A sala que era decorada com as cores preto e amarelo e os moveis de madeiro cor de mel estava afastados para as paredes para dar mais espaço para dançar.

Apesar de adorar as festas da Sonserina, as da Lufa-Lufa sempre chegavam muito perto. Não sabia se era porque deu seu primeiro beijo com Gemma em uma ou se era porque tudo naquele Salão Comunal era tão aconchegante.

—Olá, namorado. – a voz de Rose estava mais animada que o normal e o copo de hidromel na mão dela talvez fosse o culpado disso. – Está bonito, namorado. – ela disse cutucando a barriga dele. – James Sirius está sendo irritante e disse que vai enviar uma carta para tia Ginny contando sobre nós dois porque ele tem certeza que ela contaria para minha mãe que contaria para o meu pai e ele acha que a reação do meu pai seria simplesmente fantástica. – falou rápido. – E Dominique e Roxanne concordaram! – riu. – Eu tenho os piores primos em toda a Grã-Bretanha. – ela ficou nas pontas dos pés e deu um beijo na bochecha dele. Não tinha conversando se poderiam beijar um ao outro nesse acordo, então toda vez que ela o tocava mais intimamente Scorpius sentia diabretes na barriga com a ansiedade de não saber o que ela ia fazer. – Oh, não sabia que Albus e Camden tinham voltado. – riu bebendo um gole grande de hidromel. Scorpius virou-se para trás a tempo de ver Albus e Camden no meio da pista de dança se beijando.

—Estávamos falando agora mesmo sobre como isso não é uma boa ideia. – Scorpius franziu a testa.

—Bem, às vezes o coração quer o que o coração quer. – Rose disse passando os braços pela cintura dele. Scorpius já estava acostumado com isso porque todas as vezes que Rose bebia ela virava amiga de todos e contato físico virava sua maior forma de comunicação. – Mesmo que o cérebro não ache uma boa ideia. – ela riu. Scorpius sorriu abaixando a cabeça para vê-la melhor.

Rose tinha os cabelos cacheados presos em um rabo de cavalo alto, mas com algumas mechas soltas pelo seu rosto. Na luz mais escura da festa suas sardas nas maçãs do rosto ficavam quase invisíveis, mas se Scorpius prestasse atenção ele conseguia ver e contar cada uma delas.

—O que? – ele sussurrou quando abriu um sorriso pequeno.

—Você sempre me olha engraçado. – ela sussurrou de volta. – Desde quando estava com a Gemma... desde quando nos conhecemos pela primeira vez.

Scorpius sentia novamente aqueles diabretes na barriga. O que Rose queria dizer com “engraçado” ele não sabia dizer, mas o jeito que ela o olhava naquele momento não tinha espaço para questionamento.

—Você está indo muito bem. – ele engoliu um seco. – Gemma está olhando. – ele mentiu. O olhar de Rose se quebrou do dele e ela deu de ombros.

—Apenas fazendo meu trabalho por aqueles ingredientes. – ela murmurou.

—Rose, por favor, venha dançar comigo. – Longbottom chegou rindo alto. – Seu primo está tentando me mostrar os passos de dança dele e são terríveis.

—James Sirius sempre teve os dois pés esquerdos para dançar. – Rose riu. Scorpius sentiu falta quando ela soltou os braços que estavam em volta dele. – Quer dançar, namorado?

—Não, namorada. – ele disse. – Eu também tenho dois pés esquerdos. – falou. – Vai lá, se divirta. – falou e a beijou na bochecha.

Era extremamente fácil agir como se realmente gostasse de Rose, como se ela realmente fosse sua namorada. Completamente diferente de quando começou a namorar Gemma e não sabia como agir perto dela. Talvez fosse porque já eram amigos antes ou talvez porque estavam apenas fingindo. Mas com Rose tudo parecia mais fácil.

Encostou-se à parede segurando o copo de hidromel que era da grifinória. Bebeu um gole vendo Albus em um canto com Camden Macmillan e não muito distante deles estava Caecius e Florence conversando aos murmúrios. Desde que terminaram ano passado, Scorpius não tinha visto mais eles juntos. Ouviu uma risada alta e desviou a atenção para onde todos dançavam.

Rose dançava ao som de Come On Eileen, as músicas como sempre sendo de discos de algumas décadas atrás desde que nada tecnológico funcionava em Hogwarts. Ela soltou seus cabelos ruivos em um movimento rápido para poder balançar no meio da música, seu vestido vermelho rodopiou quando ela girou de mãos dadas com James Sirius. A ruiva se soltou do seu primo e seus olhos se prenderam no de Scorpius. Ele bebeu mais um gole de hidromel observando ela balançar os quadris no mesmo tempo em que tinha os olhos grudados nos deles.

—Rose Weasley? Sério?

Ele escutou aquela voz que foi a sua preferida por sete meses. A que ele tanto sonhava acordado pensando sobre. A que ele não escutava há quase três semanas.

Gemma Chang estava parada atrás dele de braços cruzados e uma sobrancelha arqueada. Suas unhas longas e pontudas estavam pintadas de azul escuro combinando com o vestido curto da mesma cor que usava. O cabelo preto e longo estava solto com as pontas levemente enroladas. Como sempre estava impecavelmente bonita.

—Caecius Zabini? – ele indagou tornando sua atenção para Rose novamente, mas ela já não o olhava mais.

—Está com ciúmes? – ela perguntou e Scorpius teve que se segurar para não mostrar alguma reação a ela. Ele tinha na ponta da língua a mesma pergunta que Rose o fez mais cedo, se Gemma tinha o traído naquele verão, mas quando a fitou não conseguiu arranjar coragem para fazê-lo, não o espantava que não fosse um grifinório.

—Você está? – Scorpius rebateu se forçando a olhar nos olhos dela. Gemma apertou os próprios lábios e revirou os olhos. – Você me superou e eu superei você... está tudo ótimo, certo?

—Você sempre olhou para ela engraçado. – ela comentou. Scorpius arregalou os olhos espantado que outra pessoa estivesse lhe dizendo o mesmo que Rose disse.

—Scorpius. – uma mão abraçou seu braço com carinho. – Acho que bebi um pouco demais, me acompanha até o meu dormitório? – pediu. – Sei que a festa começou faz pouco tempo, mas... – ela ficou na ponta dos pés e o beijou no pescoço. - ... oh, Chang, tudo bem?  - sorriu. Gemma apertou os lábios mais ainda e não disse nada antes de sair de perto deles.

Rose riu e puxou Scorpius para fora do Salão Comunal da Lufa-Lufa. Ele parou para pegar a capa de invisibilidade de Albus já que imaginava que seu amigo acabaria dormindo no dormitório da Lufa-Lufa mesmo.

—Fez aquilo de propósito? – perguntou. Rose mirou-o travessa.

—Parecia que ela ia te comer vivo. – riu baixinho para que os quadros não se assustassem com os dois. – Achei melhor te resgatar e fazer ela se morder de ciúmes.

—É e acho que está dando certo. – ele disse. – Vi Caecius conversando com a ex-namorada dele em meses e ela estava prestando mais atenção em nós dois do que nele.

—Ótimo. – suspirou Rose deixando Scorpius passar a capa de invisibilidade por cima deles. – Eu não estou realmente bêbada. – ela disse. – Quer ir olhar as estrelas na Torre de Astronomia?

Os dois caminharam em silêncio, subindo em todas as escadas certas para não demorarem mais. Passaram na ponta dos pés quando chegaram perto do quadro da Mulher Gorda e continuaram até chegar à torre mais alta de todo o castelo. Com sorte o Barão Cinzento não estava por lá grunhindo e reclamando como ele geralmente gostava de fazer.

—A futura monitora-chefe da Grifinória deveria estar na Torre de Astronomia que é fora dos limites exceto para aulas? – ele perguntou tirando a capa de cima deles. Rose revirou os olhos como sempre fazia quando ele provocava ela sobre ser uma monitora.

—Você fala demais, Malfoy. – ela disse se sentando no perto do parapeito da torre onde tinham uma visão perfeita do céu estrelado.

—Mas você gosta de mim mesmo assim Weasley. – ele continuou provocando. Sentou-se ao lado dela e a deu um empurrãozinho com seu ombro.

—Você não deveria me irritar tanto. – ela disse semicerrando os olhos de brincadeira. – Eu sei muitos jeitos de torturar um homem emocionalmente. – riu. Ela tirou do bolso da jaqueta um baseado de salvia e acendeu com a ponta da varinha. Tragou devagar e passou para Scorpius que a imitou.

—Você fica muito linda com o cabelo para cima. – ele comentou colocando a mão na bochecha dela e subindo devagar até a nunca onde puxou o cabelo dela com cuidado para cima como se estivesse prendendo. – Gosto da sua nuca... tem sardas. – riu e soltou o cabelo dela. Rose o olhava pela cortina de fumaça que o baseado estava fazendo entre eles, ela tinha a boca meio aberta e o baseado preso entre seus dedos.

—Porque você não me beija? – disse. Scorpius abriu a boca sem saber o que responder. – Digo, na frente dos outros.

—Eu posso? – ele murmurou aceitando o baseado de volta.

—Se você quiser. – a ruiva deu de ombros. – Afinal para todos somos namorados de verdade, não é? E está claramente funcionando se Gemma ficou ciúmes e meus primos acharam que é algo sério o suficiente para ver a reação do meu pai.

—Não seria estranho?

—Acha estranha a ideia de me beijar?

—Não! – ele corrigiu rapidamente. – Quero dizer se não vai ser constrangedor nos beijarmos na frente de todo mundo...

—Deveríamos treinar, então? – ela riu pegando o baseado de volta que Scorpius não percebeu que ele não tragava já fazia um tempo. Ele a olhou pelos cílios sem saber se ela estava brincando ou não. – Estou falando sério. – deu de ombros. – Podemos treinar agora quando ninguém estiver olhando e quando fizermos na frente dos outros vai ser natural. - seus olhos desceram para a boca de Rose envolta do baseado e tentou pensar em motivos pelo qual não seria uma boa ideia a beijar ali com ninguém em volta. Pensou na cara de Gemma quando visse beijando Rose, mas ao estar ali em frente aos lábios avermelhados da ruiva não achava que importava a reação da sua ex-namorada. – Só faça o que faria se fosse o meu namorado de verdade.

—Se eu fosse seu namorado de verdade... – começou passando a mão da bochecha dela até a nunca a puxando para perto. -... eu faria assim... – ele começou a beijando no canto dos lábios e foi indo lentamente até que sua boca estivesse cobrindo a dela.

Os lábios de Rose eram tão macios quanto imaginava. Beijou-a sem pressa nenhuma até usar língua para fazê-la abrir os lábios. A fumaça do baseado saiu da boca de Rose se misturando com a dele e subiu no ar enquanto suas línguas se tocavam pela primeira vez. Aprofundaram-se no beijo e foi de um jeito tão carinhoso que Scorpius sentiu que precisa de ar. Seus lábios pairaram sobre os dela apenas por alguns segundos porque logo um segundo beijo muito mais ansioso veio em seguida. Cada vez que seus lábios se tocavam seu coração batia mais rápido.

A mão de Rose fez uma carícia em seu pescoço se agarrando a ele da mesma forma que ele estava agarrado a ela. Não sabia quanto tempo já fazia que se beijavam, se havia passado 15 segundos ou 15 minutos, mas quando se separaram Scorpius soltou um suspiro tão forte que era como se tivesse ficado todo esse tempo sem respirar.

—Acho... – ele respirou profundamente. Sua mão ainda na nuca de Rose, segurando os cabelos dela com cuidado, mas com força. - ...acho que vamos nos sair bem nisso.

Rose abriu um sorriso grande em seus lábios agora ainda mais avermelhados.

—Também acho.

Ser o namorado de Rose foi uma das coisas mais fáceis que Scorpius já fez.

Andavam de mãos dadas pelos corredores e sempre se encontravam nos horários vagos. Sentavam-se um com o outro em quase todas as refeições tanto que Scorpius se acostumou a comer com uma mão só por gostar de deixar uma de suas mãos um pouco acima do joelho de Rose. Ele fazia a mesma coisa quando estudavam juntos na biblioteca para aperfeiçoar o conhecimento da grifinória sobre Veritaserum. Seu pai havia respondido sua carta e os ingredientes de Rose chegariam em novembro.

E eles flertavam muito e o tempo todo e Scorpius já não sabia mais diferenciar se era apenas ela fingindo ou se era de verdade. Os beijos que eles davam na frente dos outros não ajudavam nem um pouco na sua confusão mental.

O acordo entre eles já durava mais de quatro semanas e já estavam em outubro. Scorpius já até conseguia saber que Rose estava chegando pelo cheiro de rosas que ela tinha. Sabia que ela gostava que ele segurasse o pescoço dela enquanto se beijavam e se que arrepiava quando ele agarrava seu cabelo.

Estavam passando tanto tempo juntos que seus amigos estavam se mesclando. Sabia que Alice Longbottom estava preocupada porque sua mãe estava grávida pela terceira vez e os medibruxos alertaram dos riscos que teriam por ela já ser mais velha. Que Dominique e Roxanne tinham brigado e não se falavam tinha uma semana. E que James Sirius gostava de Alice, mas como ela era ex-namorada de Fred Weasley isso complicava as coisas, mas também sabia que Rose achava isso a maior besteira já que Alice e Fred namoraram quando ela estava no quarto ano e duraram quatro meses. Até mesmo se ofereceu para ajudar Lara Wood em DCAT quando ela contou em uma conversa que estava com medo de ir mal nos testes.

—Honestamente, Camden parece ser um tédio. – Rose disse enquanto se servia. Albus soltou um resmungo qualquer também se servindo para o jantar.

—Camden não é tão ruim assim. – Scorpius disse. - Ele só faz Albus se sentir como se eles fossem um casal de 90 anos de tão tedioso que ele consegue ser. – provocou. Rose e Alice gargalharam alto.

—Oras, cale a boca, Scorpius. – Albus reclamou com um sorrisinho. – Se eu não me engano era você que passava todas as tarde de sábado com Gemma e as amigas dela na Madame Puddifoot. – disse. – Fazendo absolutamente nada.

—Ainda bem que ele está com Rose agora. – disse Alice com um olhar travesso. – Porque agora ele passado todas as tarde de sábado na biblioteca.

Alice e Albus riram alto desviando do garfo que Rose tentava usar contra eles de brincadeira.

—Talvez biblioteca seja apenas um pretexto para dar uns amassos. – Scorpius falou com um sorrisinho de lado. – Sem vocês interrompendo a cada segundo.

—Argh, nojento! – Albus falou alto jogando um pedaço de pão na cara de Scorpius que riu comendo o pão que caiu na mesa.

Depois do jantar, Scorpius foi caminhar com Rose até o Salão Comunal da Grifinória como sempre fazia. Isso começou porque Gemma sempre pedia para ele a levar até o dela, mas agora gostava de caminhar até o último andar segurando a mão de Rose e a escutando contar sobre qual era a nova fofoca que ela escutou no banheiro feminino. 

—Minha mãe me mandou uma carta... – Rose contou. – Sobre você.

Scorpius a olhou curioso.

—Sério?

—Sim. – suspirou. – Nós tivemos uma briga antes de eu voltar para Hogwars sobre o que eu quero fazer no futuro... ela gostaria que eu siga os passos dela e eu não tenho certeza ainda. – confessou. – Então, nós brigamos na plataforma e ela acha que eu estou com você para mostrar ela que não pode me controlar.

—E você está? – ele quis saber. Rose balançou a cabeça.

—Não. – disse. – E também não é só por causa da Veritaserum. – disse baixinho, mas já continuou para que Scorpius não pudesse falar nada. – Nunca falo disso com ninguém nem com Hugo ou Alice... porque minha mãe é a melhor mãe do mundo, sabe? Mas... ela tem expectativas e eu não se eu posso ou se quero exceder elas... não sei ainda o quero fazer com minha vida. – deu de ombros.

—Só porque ela tinha tudo planejado na cabeça dela não quer dizer que você tenha que ter. – Scorpius disse apertando a mão dela com segurança. – Mas se você quer saber eu acho que você seria uma incrível Ministra da Magia ou vice-chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia ou então zeladora do St. Mungus se é isso que quer fazer.

Rose gargalhou e apoiou a bochecha no ombro do sonserino. Ele riu também, porém mais porque o som da risada dela sempre o fazia sorrir.

—Meu pai também tem grandes expectativas para mim. – confessou. – Ele quer que eu trabalhe no Ministério e conquiste o meu espaço em um cargo importante como chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia. – disse revirando os olhos. – Basicamente, ele quer me usar para a família Malfoy reconquistar o respeito do povo bruxo... ele sempre diz “Scorpius, meu filho, precisamos tirar o nosso nome da lama, mas de forma certa e respeitável, sem magia das trevas”— disse imitando a voz do seu pai.

Rose riu novamente.

—Para pais que tem expectativas altas demais. – ela falou fingindo que estava brindando com Scorpius. Os dois riram mais um pouco e continuaram subindo as escadas. - 11 dias.

—O que?

—11 dias até a primeira partida de quadribol. – Rose disse enquanto Scorpius acariciava a mão dela com o dedão como gostava de fazer quando ficavam de mãos dadas. – Temos feito isso por 36 dias. – contou. Ela quis dizer 11 dias até o término que programaram.

—Você está contando? – riu. Os olhos castanhos dela se voltaram para ele. Pararam em frente ao quadro da Mulher Gorda atrás de alguns terceiranistas que entravam no Salão.

—É mais fácil. – murmurou ela segurando o quadro para que não se fechasse. – Se eu contar me faz lembrar que não é de verdade.

Antes que ela entrasse Scorpius a puxou pela mão. Rose o mirou pelos cílios parecendo curiosa. Uma de suas mãos a agarrou pela cintura e a outra em seu rosto. Acariciou-a no lábio inferior com o dedão. Todas essas semanas ficava imaginando o que ela diria se ele a beijasse sem ninguém por perto.

—Rose...

Engoliu em seco e cerrou a distancia entre eles. Quando seus lábios se tocaram teve a mesma sensação de quando se beijaram pela primeira vez sem ninguém por perto. O frio na barriga o dava mais vontade ainda de aprofundar o beijo. O jeito que Rose o agarra de volta apertando em seus punhos a camisa de Scorpius.

O beijo foi aos poucos ficando mais calmo até que se separaram lentamente com as respirações ofegantes. Os lábios de Rose sempre tinham gosto do gloss de cereja que ela usava todo dia. Ele sorriu tocando o lábio dela novamente e a puxou para um selinho demorado.

—Talvez não precise ser só mais 11 dias. – sussurrou Rose.

Ela sorriu e entrou deixando o quadro de fechar atrás dela. Como sempre Rose parecia ter um talento em deixar Scorpius sem saber o que falar, com diabretes na barriga e a mente confusa. Ele desceu as escadas para as Masmorras reprimindo a vontade de invadir o dormitório dela e exigir explicações.

Conheciam-se desde que tinham 11 anos. Passaram Natais e aniversários juntos. Ele estava lá quando ela foi aceita no Acampamento de Verão para Bruxos e Feiticeiros Excepcionais na Espanha. E ela estava lá quando ele estava chorando sozinho no banheiro da Murta Que Geme porque uma mestiça o disse que seus avôs haviam morrido por culpa de pessoas como o pai dele. Ele sempre cresceu entendendo que seu pai e sua família ficaram do lado errado da guerra, mas nunca tinha entendido tanto quanto naquele momento.

Scorpius segurou a mão de Rose quando ela apareceu aos prantos na lareira dos Potter com Hugo dois anos atrás porque seus pais estavam brigando tanto que ela achou que eles iam se separar. E Rose estava lá no funeral quando seu avô morreu mesmo que os pais dela tivessem sido contra ela ir.

Nunca tinha notado o quão bem se conheciam e o quanto já estiveram lá um pelo outro.

—Scorpius.

Gemma estava parada ao lado da entrada do Salão Comunal da Sonserina. Ela estava com um cardigã preto e se apertava dentro dele com frio já que as masmorras eram sempre a parte mais gelada do castelo.

—Gemma. – ele disse surpreso. – O que está fazendo aqui? Quer que eu chame Caecius?

—Já falei com ele... estou de saída. - murmurou. - E na verdade, agora estava esperando por você. – ela disse e Scorpius não pode deixar de notar que o coração dele não pulou no peito como fazia antes. – Você e a Rose estão sérios? – quis saber. – Achei que ia durar só uma semana.

Estava acontecendo. O que Scorpius tanto queria quando fez o acordo com Rose. Ele deu a entender que tudo isso era muito mais para que ele parecesse que havia superado, mas sempre foi muito mais para quem sabe os dois voltarem.

—Porque você se importa? – murmurou cruzando os braços. Gemma desviou o olhar. – Você tem Caecius.

—Não somos tão sérios assim. – confessou. – De vez em quando acho que ele ainda gosta da Nott. – disse. Scorpius gostava de Gemma que gostava de Caecius que ainda gostava da sua ex-namorada da infância. Ele riu sobre como irônico era tudo aquilo. – Talvez eu não devesse ter terminado com você, afinal.

Naquele momento ele realmente olhou Gemma.

Tentou se lembrar do porque gostava tanto dela. Lembrava-se que dividiam sempre uma torrada de geleia de morango nos cafés da manhã. De como ela era inteligente e tinha um humor ácido que sempre o fazia rir. E que adorava fazê-la rir porque quando ela ria de mais fazia um barulho de ronco com a risada que Scorpius achava a coisa mais adorável do mundo.

—Você realmente está falando sério?

—Meu pai enviou uma carta convidando você para passar o Natal com a gente. – contou Rose quando Scorpius a encontrou perto do Salão Principal em frente a estatua de ouro do arquiteto de Hogwarts.

—O que?

—Bem, ele meio que exigiu. – disse Rose acenando e rindo para Roxanne e Fred Weasley que passaram pelos dois fazendo barulho de beijos. – Você acha que pode vir?

Scorpius reparou que Rose estava falando sobre planos para o Natal em dezembro. O acordo entre eles acabava na primeira de semana de novembro em 10 dias.

—Você... quer renovar o contrato? – ele perguntou com um sorriso nervoso.

Rose ergueu a sobrancelha confusa.

—Como assim?

—Se você quiser estender o acordo até dezembro... não sei se vai dar. – ele murmurou desviando o olhar para os próprios pés. – Acho... acho que as coisas podem estar dando certo com Gemma. – admitiu.

—O que? Você... você está terminando comigo? – ela gaguejou. Ele ergueu o olhar sentindo um aperto no coração.

—Não. – disse. – Só que... – ele desviou o olhar novamente. - ...os dias está acabando. 10 dias, certo?

Scorpius se sentiu arrasado ao ver a expressão de Rose se tornar entristecida. Mas como que ele poderia dizer para ela que estava se sentindo diferente do que 36 dias atrás e que talvez ele já venha se sentindo dessa forma nos 6 anos em que se conheciam. Viram-se tantas vezes e conversaram tantas vezes em todos esses anos e só agora que ele entendia que o sentimento que sempre sentiu por ela não era só de uma amizade conquistada?

Como poderia explicar que achava que nunca tinha se sentindo assim antes, nem por Gemma, nem por ninguém, porém que em apenas 36 dias ele conseguiu sentir por ela tudo o que descreviam nos livros sobre amor. Que se sentia enfeitiçado por uma poção do amor quando a escutava rir. Como explicar qualquer coisa disso se antes tinha certeza que amava Gemma e queria ela de volta.

Rose deveria ser unicamente sua amiga para a vida toda que até mesmo fingiria ser sua namorada para te ajudar.

—Está bem. – foi a única coisa que ela disse antes de se virar para entrar no Salão Principal.

—O que?

Scorpius segurou o braço de Rose.

—Está bem. – ela repetiu sem o olhar nos olhos. – Vou enviar uma carta para o meu pai dizendo que você aceitou, mas depois envio outra contando que terminamos, não se preocupe. – ela se virou novamente para ir embora, mas Scorpius a interceptou pela segunda vez.

—Você está zangada? – perguntou.

Rose respirou fundo, os lábios comprimidos.

—Porque você me beijou, Scorpius? Ontem à noite. – ela indagou. – Quando não tinha ninguém por perto. – disse se soltando do aperto dele. – Logo depois de eu dizer que não queria que fosse apenas mais 11 ou 10 dias. – ela cutucou o peito dele. – E depois de eu especificamente dizer que não estou fazendo... – Rose apontou para ele e então para ela. -... apenas pela Veritaserum...porque?

—Não sei. – conseguiu murmurar. – Podemos esquecer isso? – pediu. Era uma quarta-feira. Quem brigava na manhã de uma quarta-feira logo antes da lição de Herbologia? – Eu não estou terminando com você...

—Você apenas está deixando claro que em alguns dias nós vamos terminar. – Rose revirou os olhos. – O que eu já sabia, mas então ontem à noite... – ela respirou fundo, fechando os olhos com força. - Eu gosto de você, droga. – reclamou abrindo os olhos. – Se não está óbvio o suficiente. – abriu os braços. – E você... é um tolo se não consegue ver isso. – disse. – Talvez como é um tolo que não percebe a enorme queda que Albus teve por você na maior parte da amizade de vocês ou o fato de que ele ainda sente ciúmes de você. – ela disse e então fechou a boca depressa.

Scorpius arregalou os olhos. Albus nunca falou nada sobre isso com ele, nem de perto. Desde que se conheceram no trem no 1º ano viraram confidentes um do outro e o Potter se tornou o melhor amigo que ele poderia ter.

—Weasley. – ele tentou segurar a mão dela, mas ela se afastou. – Rose, por favor, nunca quis dizer nada disso, somente que o que planejamos desde o começo está dando certo. – disse, passando a mão pelo cabelo nervosamente. – Tudo está saindo de acordo com o plano.

—O acordo não importa, Scorpius. – ela o interrompeu. - Eu estou aqui esses dias todos demonstrando que eu gosto de você e que eu quero você como Gemma Chang nunca quis! – ela disse um pouco alto. Scorpius notou Florence Nott saindo do Salão Principal os olhando, provavelmente tendo escutado a discussão. – E você me beijou e eu achei que isso significava alguma coisa, mas você é apenas um tolo.

—Rose me contou que vocês terminaram.

Scorpius não se virou para Albus que se sentou ao seu lado na arquibancada. A vassoura que Scorpius usava para treinar jogada ao lado deles.

—Sim. – respondeu fumando o baseado que Rose tinha dado para ele ontem de tarde. Assoprou a fumaça para cima. A lua brilhava encima deles.

—E que ela falou sobre eu. – Albus continuou aceitando o baseado de Scorpius.

—Sim.

—Eu superei. – Albus murmurou. – Prometo.

Scorpius tornou o rosto para Albus que o olhava temeroso como se a qualquer momento o loiro fosse pestanejar que nunca mais seria o seu amigo.

—Não ligo, Albus. – disse. – Me importo mais que você não se sentiu confortável de me contar. – prometeu. – Nunca pararia de ser amigo.

—É complicado. – disse Albus baixinho. – Você meio que foi meu “gay awakening”. – contou.

—Fui? – Scorpius sorriu. Albus assentiu passando o baseado de volta. – Legal.

—Então, esse tempo todo você e Rose estavam fingindo? – Albus mudou de assunto.

—Estávamos. – admitiu Scorpius.

—Você poderia ter me contado.

—É complicado. – Scorpius rebateu com um sorrisinho de lado. Albus sorriu de volta. – Realmente complicado, imensamente complicado.

—É complicado porque não tinha fingimento? – Albus ergueu as sobrancelhas. – Porque certamente não parecia fingimento para mim ou para qualquer pessoa em Hogwarts para ser mais exato. – disse. – E, meu amigo, você não é um bom ator, eu sempre sei quando é você que soltou um pum no dormitório só pela sua cara de culpado.

—Ela gosta de mim, de verdade, e Gemma ontem a noite praticamente disse que ela poderia terminar com Caecius num futuro próximo.

—E você está disposto a esperar a Gemma possivelmente terminar com Caecius num futuro próximo? – Albus quis saber. – Ou não importa porque você gosta da Rose de volta. – disse. – Não parece tão complicado para mim, Scorpius. Parece que você está com medo porque está sentindo algo que nunca sentiu antes. – acusou. Scorpius ficou calado porque Albus o conhecia bem até demais. – Sabe, você não precisa ser um grifinório para ser corajoso. – disse. - Um sonserino pode ser tão corajoso tanto.

A clássica partida entre Sonserina e Grifinória vai começar em instantes. — a voz de Hugo Weasley irradiou pelo campo e os vestiários de quadribol.

—Pronto, Sr. Chang?

Florence Nott sorriu para ele já usando o seu uniforme de quadribol.

—Mais respeito com seu futuro capitão, Nott. – ele disse fechando o armário. Dentro além de uma muda do uniforme também estava os ingredientes para a poção de Rose. Já estava com eles a dois dias, mas ainda não tinha ido entregar a ela.

—Nos seus sonhos. – ela riu.

—Scorpius. – um dos batedores do time o chamou perto da porta. – Chang quer falar com você.

—Oh, a namoradinha veio desejar boa sorte? – Florence gargalhou alto para chamar a atenção dos outros jogadores. – Sinceramente, Scorpius Weasley soa muito melhor se você quer saber. – provocou.

—Porque você não começa o discurso para motivar o time, Florence? Já que vai ser a sua única oportunidade. – rebateu indo para fora do vestiário.

Gemma o esperava encostada na parede. Ela usava um casaco preto e se aconchegava em um cachecol verde escuro.

—Scorpius. – ela sorriu.

—Porque você está aqui?

—Eu e Caecius estamos dando um tempo. – contou. – Achei que deveria saber.

Scorpius encarou finalmente notando o que estava acontecendo. Todo mundo estava com medo. Amor podia ser algo muito assustador quando acontecia tão intensamente e isso poderia assustar todo mundo, principalmente adolescentes com hormônios a flor da pele que surtam no café da manhã diariamente.

—Você terminou comigo e agora terminou com Caecius. – disse Scorpius. Ele deu uma risada. – Quando as pessoas gostam de você... você tem medo de gostar delas de volta, não é? – murmurou. – É o que me disse quando namorávamos que você tinha medo de se machucar e se decepcionar e por isso acabava se auto sabotando.

Gemma parecia chocada. Ela cruzou os braços como se para se proteger.

—Porque está falando isso?

—Porque você disse para Caecius que terminamos no começo do verão se foi apenas quando as aulas começaram?

A lufana piscou confusa.

—Você não recebeu minha carta? – perguntou. Scorpius balançou a cabeça. – Quando minha coruja se machucou foi quando eu enviei uma carta terminando com você, ela voltou machucada por causa da ventania, mas sem a carta então imaginei que você tivesse recebido.

—Não, nunca recebi. – disse. – Mas você tentou terminar comigo por carta?

—Bom, não é como se você usasse objetos trouxas para que eu pudesse ligar para você ou fazer uma chamada de vídeo. – ela se defendeu.

—Eu sei bastante sobre trouxas! Fiz Estudo dos Trouxas!

—Okay, o que é um Tik Tok?

—É uma música... sobre relógios. – ele chutou. Gemma riu balançando a cabeça.

—Quando você chegou à plataforma agindo como se fosse meu namorado achei que estivesse sendo aqueles caras chatos que não sabem levar um fora. – ela confessou. – Por isso terminei com você meio ríspida. 

Scorpius corou um pouco. De alguma forma ele sempre foi um pouco mais tímido e introvertido que Albus ou Rose. Não foi até que ficasse mais velho, entrado para o time que se sentiu mais confiante em si mesmo.

—E o que tinha na carta? – perguntou. Gemma o olhou timidamente.

—Que eu queria continuar nossa amizade porque você é o tipo de pessoa que eu gostaria de levar para vida depois Hogwarts, mas que era apenas isso que seriamos. – ela murmurou. Scorpius balançou a cabeça.

—E porque você terminou com Caecius? Foi porque você tem medo que ele ainda gosta de Florence?

—Possivelmente.

Lembrava-se muito bem do que o fez gostar tanto de Gemma um dia. O jeito dela se demonstrar forte em todos os momentos e às vezes passar como ríspida, porém na verdade ter um coração enorme. Ela passou a noite toda na Ala Hospitalar com ele quando foi atingido por um balaço no peito, mesmo que ela não precisasse fazer isso, mesmo que ele não tivesse nem pedido.

—Eu fiquei muito magoado... – admitiu. – Mas o que eu poderia fazer quando você se desapaixonou, certo? Fingir que estou afim de outra pessoa para causar ciúmes em você? – ele riu. Gemma riu também, não notando que era verdade.

—Acho que vou falar com Caecius. – ela disse. – Contar que estou insegura por causa da Nott, resolver as coisas. – ela abraçou Scorpius com força que retribuiu com o mesmo carinho. – Boa sorte na partida, Scorp.

Scorpius entrou no campo com a vassoura em punho e Florence a sua direita. O resto do time vinha logo atrás. Ele escutou a vibração da arquibancada verde e prata e as vaias da arquibancada vermelha e dourada. Como sempre a adrenalina de estar no campo encheu seu peito e erradio pelo seu corpo.

—Que o melhor vença. – Scorpius disse para Florence que assim como ele estava animada para a partida. Além de ganhar contra a Grifinória era muito mais importante ele se sair bem nesse jogo para conquistar a vaga de capitão. Ela piscou para ele e subiu na vassoura para alçar voo.

Estavam no ar esperando o apito do Professor McLaggen soar.

Scorpius procurou Albus na arquibancada e o encontrou logo na beirada com o rosto pintado metade de verde e metade de prata. Ele erguia um cartaz acima da cabeça com seu nome, o “S” sendo uma cobra e cantava o grito de guerra junto dos outros alunos. Não muito longe dele estava Caecius e Gemma conversando.

A arquibancada da Grifinória estava uma loucura tanto quanto a da Sonserina. Ele conseguiu enxergar cartazes com nome da Alice e outros com os dos primos Weasleys que estavam no time.

E bem no meio de alguma forma conseguindo se destacar no mar vermelho e dourado estava Rose com seus cabelos flamejantes preso em um rabo de cavalo alto. Ela tinha um leão desenhado na bochecha. Ela sorria. Como se há alguns dias atrás não tivessem terminado em frente ao Salão Principal o que os fez alvos de fofoca pela última semana. Ela sorria e Scorpius queria ser o motivo pelo qual ela sorria. Ele queria estar com ela e fazê-la e vê-la sorrir.

Não queria nunca mais ser a razão pela qual ela quase chorou no meio de um corredor.

Notou Professor McLaggen se preparando para apitar o inicio do jogo e se desesperou voando com tudo até a arquibancada da Grifinória. Escutou os gritos dos seus colegas de time e sabia muito bem que isso poderia custar sua vaga com capitão.

Mas não se importou.

—Rose Weasley. – berrou pairando sobre ela. Ignorou os gritos que vinham das duas arquibancadas e Florence prometendo matá-lo e enterrá-lo na Floresta Proibida.

—O que está fazendo? – Rose olhou para cima.

—Eu estava com medo. – ele confessou não deixando de notar que as torcidas começaram a se aquietar para tentar entender o que estava acontecendo. – Estava com medo porque você é muito! – disse. – E no verão passado eu achava que tinha chego ao nível mais alto do que era amar e ser amado, mas então você chegou e em apenas 36 dias mudou isso completamente e inteiramente e eu fiquei perdido e assustado. – e diferente das outras vezes ele que a deixou sem palavras. – E eu sou um tolo, eu sei disso porque... como eu poderia ficar assustado de amar você. - fechou os olhos com força quando percebeu o que disse, mas arrumou coragem e abriu os olhos para encará-la diretamente nos olhos. – Eu quero muito mais de 36 dias com você, Weasley.

O silêncio entre as torcidas era ensurdecedor. Até mesmo a arquibancada com os professores e pais que tinha vido para assistir o jogo estavam em silêncio.

—Beija ele! – escutou o grito de Albus do outros lado do campo, provavelmente usava um feitiço amplificador.

—Você é realmente um tolo, sabia disso? – disse Rose. Ela ergueu o braço puxando Scorpius pela capa do uniforme até que a distância entre eles tivesse se encerrado.

Os gritos e palmas vinham de todos os lados do campo, apesar disso Scorpius não conseguia escutar nada além do seu coração batendo forte em seu peito e a respiração de Rose em seu rosto.

—Me desculpe, Rose. – murmurou a beijando mais uma vez. – Por favor, me encontre na casa de barcos depois do jogo. – pediu.  Rose assentiu.

—Vá ganhar a partida, capitão.

A casa de barcos um porto em Hogwarts onde os barcos eram armazenados e ancorados depois de trazer os primeiros anos ao castelo. Para chegar pelo castelo até lá tinha que descer todas as escadas do pátio pavimentado. Geralmente tirando 1º setembro, o local ficava vazio.

Rose estava sentada em um dos barcos ancorados observando a água escura do Lago Negro. Ela estava se abraçando em um casaco vermelho escuro e tinha uma fumaça de frio saindo pela sua boca.

—Diga olá para o mais novo capitão do time de quadribol da Sonserina. – Scorpius anunciou chamando a atenção da ruiva.

—Sério? – se animou.

—Bem, Slughorn disse que eu e Florence somos excelentes jogadores e que fazemos uma ótima dupla, então ele simplesmente decidiu que nós deveríamos ser co-capitães até nos formamos. – disse se juntando a ela no pequeno barco. Sentou-se na frente dela.

—Parabéns. – ela sorriu.

—Você... você realmente quis me beijar mais cedo ou só estava me poupando de fazer papel de idiota na frente de todos os alunos e funcionários de Hogwarts.

—E alguns pais. – Rose acrescentou para provocá-lo.  – Você quase quebrou o meu coração, Scorpius. – ela murmurou.

Scorpius conseguia ver as sardas dela pela luz da lua que caia diretamente em cima deles. Ele a acariciou no rosto e foi com a mão até a nunca exposta dela.

—Então, quebre o meu, despedaça o meu. – murmurou. – Faça o que quiser porque ele é seu e eu não tenho mais medo, Weasley. – disse com confiança. – Porque todas as vezes que eu te beijei nesses últimos meses foi de verdade. – sorriu. – Não sei como ou quando começou a ser de verdade ou se eu sempre senti algo por favor desde que me ignorava quando tinhas 11 anos, mas agora eu só sei que... estou apaixonado por você. – confessou de peito aberto. – E que nesse momento estou miserável e me saindo ridiculamente mal sem você por perto. – disse relembrando de quando falou para ela sobre como Gemma parecia tão feliz e como ela parecia estar se saindo tão bem sem ele.

—Bom para você que eu também estou apaixonada por você. – a voz de Rose saiu baixinho junto de um beijo nos cantos do lábios dele. – Talvez desde que eu tinha 11 anos também.

Scorpius suspirou. Aquele foi o suspiro mais aliviado que ele já deu na vida dele. Ele a puxou para um beijo profundo. Sentiu gosto familiar de cereja.

—Bom para mim, Weasley. – sorriu. – Bom para mim.


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Notas finais do capítulo


Estou muito feliz que consegui postar a tempo do projeto! Foi a minha primeira vez participando e não me organizei direito, aí aconteceram alguns contratempos que quase que eu não consegui postar, mas felizmente deu tudo certo.

O resultado não saiu exatamente como eu queria por causa desses contratempos, então talvez eu faço algumas modificações futuramente.

Enfim, espero que tenham gostado!



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