Encontro Marcado escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oiie, tudo bem?
Eu não ia participar do Junho Scorose esse ano, por diversos motivos, mas ano passado foi tão especial participar de tudo que não tive coragem de deixar passar essa oportunidade maravilhosa de trocar tantas histórias entre tantas pessoas. Scorpius e Rose juntam as fanfiqueira e dá muito orgulho acompanhar e participar disso!
Essa é uma pequena one. Minha breve contribuição a esse mês espetacular!

Muito obrigada as meninas do projeto, vocês são demais! E também a Winnie Cooper que betou, leu em primeira mão e sempre entra de cabeça nos projetos e tem ideias brilhantes. Obrigada!

Espero que gostem!
Boa leitura.



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De todas as coisas que ainda precisava aprender a principal delas era dizer não. Ou permanecer com o meu não, mesmo que meu melhor amigo insista em me arrastar para algo que nunca passou pela minha cabeça.

— De quem foi a ideia de fazer isso? – Questiono entre dentes enquanto nos esgueiramos em direção a uma das salas que os professores não usam.

— Disseram que foi das meninas do quinto ano. – Meu melhor amigo, também conhecido como Albus sussurra de volta.

— Nós já somos do sexto! Porque precisamos participar? E porque não pegou sua capa de invisibilidade pra não precisarmos passar por todo esse estresse?

— Scorpius Malfoy, alguém já te disse que você reclama como um senhor de 119 anos, ou até mais?

Reviro meus olhos. Sei que não reclamo tanto quanto deveria.

Um sinal é que entre todos, sou eu quem está apoiando mais uma ideia brilhante de Albus.

— Você sabe que não precisa disso para ficar perto da Alice né? É só chamar ela para jantar no refeitório.

— E onde fica o romantismo? – Meu melhor amigo certamente leu romances trouxas demais e acredita que pode ser um Dom Juan.

— Leve uma flor ao jantar. – Respondo, porque flores são ótimos presentes.

Meu amigo para de repente me fazendo trombar. Vira-se e me chacoalha.

— Viva o Romance!

Na porta da sala duas garotas ficam ajudando os alunos a entrarem e encontrarem a mesa certa. Não sei com quem terei que conversar, alguma amiga de Alice, presumo.

Na porta em um cartaz brilhante é possível ler.

“Primeiro Encontro às Escuras de Hogwarts”
Logo abaixo as instruções:
Aproveite a noite;
Seja gentil e educado;
Nomes somente do lado de fora da sala, se ambos concordarem em dizer;
Observação:

Assim que entrar sua voz é automaticamente modificada, não queremos estragar o mistério! Se concordam, desejamos um excelente encontro.

— Isso está mais para assustador do que romântico. – Digo enquanto passo pela porta e sou recebido pela escuridão.

Até meus olhos acostumarem tudo parece fora do lugar, vozes por toda parte. Escuto risadas e também cochichos.

A garota do quinto ano indica a mesa a qual estou destinado.

Achei que sentaria junto de Albus e Alice, mas pelo jeito me colocam o mais longe possível de meu amigo, junto com uma completa estranha.

Suspiro. E recebo um suspiro de volta.

— Hum... Oi... Eu acho.

— Oi... – Sua voz demonstra um tédio que é quase reconhecível.

Ficamos longos segundos em silêncio e descubro que odeio encontros às escuras.

— Certo. Eu nunca participei dessas coisas, o que devemos fazer? – Questiono a garota.

— Só porque sou uma garota acha que sei como isso funciona? – Ela parece irritada.

— Não eu...

— Que garotas vivem em encontros assim em busca de um amor? Que por ser garota sei as regras dessa besteira? Que vivo participando disso?

— Nossa... – Conheço esses rompantes de algum lugar. Mas seria impossível. – Eu não quis dizer nada disso.

— Porque veja bem... – Ela ri. – Na verdade, escute bem. Nessa escuridão não dá pra ver nada, quanto mais bem. Não participo dessas coisas.

— Nem eu. – Falo indignado. – Estava apenas apoiando um amigo.

— Bom, eu também. – Sua voz suaviza.

— Aparentemente temos algo em comum. – Digo me obrigando a disfarçar a risada. – Somos bons amigos.

Sinto a tensão em sua voz se desfazer.

— Depois disso minha amiga me deve pelo menos dez barras de chocolate. Com caramelo salgado. – Ela suspira. – Os melhores.

Aquilo parecia uma pista muito suspeita. Mas conhecia a garota com o mesmo gosto peculiar e ela nunca estaria em um encontro as escuras. Ou estaria?

— Qual o seu preferido?

— O meu? – Penso a respeito – Não sou muito de doces, apesar de gostar particularmente daqueles com frutas vermelhas.

— Frutas não entram na categoria de doce. – Ela ri.

— Chocolate 70% conta? – Tento.

— Parece que estou falando com... – ela não termina a observação. – Nada com mais açúcar? Tipo pudim? Macarrons? Tortas?

— Hum, Torta de maçã! – Respondo empolgado.

— Fruta! – Ela volta a sorrir.

— Sou péssimo nisso! – Falo deitando sobre a mesa.

Mesmo no escuro é possível sentir seu olhar pensativo. É como se tudo em volta aos poucos perca o sentido tornando nossa mesa o único foco.

— Tudo bem, agora é sua vez de perguntar. – Ela diz mudando o assunto para que a conversa não acabe.

— Então é assim que funciona! – Minha voz sai um pouco alto demais. – Mas devo dizer que sou um tédio. Deveríamos falar sobre você.

— Tenho uma teoria. – Ela sussurra como se fosse um segredo. – Todos são interessantes, a não ser que sejam apaixonados por runas. Ninguém que gosta de runas pode ser interessante.

Então é exatamente ali que a desconfiança desaparece. Mesmo no escuro, eu tinha algumas certezas. O sorriso dela era espetacular e seus olhos brilhavam como minhas adoráveis estrelas. E eu conhecia a dona daquelas características tão bem quanto conhecia os ingredientes de algumas poções e a quantidade certa de água para um amor perfeito florescer. Como eu podia encontrar constelações no céu e nas sardas do seu rosto.

Sei que ela está argumentando sobre sua opinião em como a grade curricular de Hogwarts deveria sofrer mudanças, pois está atrasada em relação as necessidades dos alunos. Principalmente em questões sobre diversidade.

Eu conheço o discurso, já o escutei tantas vezes e nunca pareço me cansar. Então apenas descanso meu queixo na mão e aproveito todas as palavras que chegam a mim.

— Você não concorda? – Ela questiona.

Eu concordo. Mas estava ocupado concentrado em decorar os movimentos que sua boca fazia, no escuro, os dentes apareciam e desapareciam enquanto eu quase a podia enxergar. Afinal tinha seu rosto decorado na memória.

— Hei, está me ouvindo? – A garota fala agitada. – Sei que posso falar demais, as vezes. E era a sua vez de perguntar. Ok. Eu parei, prometo! Me pergunte algo. Tentarei não responder como se fosse Hogwarts, uma história.

Sua risada é música para meus ouvidos. Gosto particularmente da covinha que se forma do lado esquerdo de sua bochecha. Mesmo que não a veja no momento.

Uma vez questionei minha mãe sobre os motivos de ter escolhido Draco Malfoy. Perguntei como ela sabia que ele era seu amor verdadeiro, a pessoa certa para ela. Minha mãe musicista, apaixonada pelas melodias clássicas sorriu e me respondeu com palavras que jamais esquecerei.

Ela me perguntou:

— Quer saber como a gente sabe quando encontrou a pessoa certa?

— Por favor...

— É simples, é só sentar e ter uma conversa com ela. Tem gente que quando tentamos conversar é como tentar escutar música clássica em um rádio sem antena. Pode girar o botãozinho o quanto quiser, só vai ouvir chiados. Mas quando a pessoa combina com você, é a pessoa certa para você, ela te olha, começa a falar e você ouve uma belíssima sonata de Beethoven.

Então eu poderia escutar a garota do outro lado da mesa por um tempo indeterminado. Mas questiono a ela, sobre sua aula preferida.

— Tecnicamente tenho algumas. – Ela pensa um pouco. –

Cada uma delas por motivos específicos. Adivinhação, porque é muito divertido assistir o rosto da minha mãe se retorcendo quando falo sobre a questão. Estudo dos Trouxas, porque gosto de pensar que unir os dois mundos é a única maneira de evitar preconceitos bestas. Astronomia, porque gosto de assistir as pessoas concentradas naquilo que amam, e particularmente uma pessoa. – Ela começa a rir.

— O que foi?

— Prometi que não seria uma “Hogwarts, uma história” mas aqui estou eu, falando sobre todas as matérias e os motivos de gostar delas. Não tenho controle. – Seu suspiro é profundo. – Qual a sua preferida?

É minha vez de sorrir.

— Também tenho algumas.

— Tentarei não julgá-lo ou interromper. – Ela aproxima sua mão da minha e a toca.

— Herbologia, gosto de conhecer as plantas e o professor sempre tenta fazer o melhor. – E aparentemente não me julga por ser um Malfoy. – Poções, porque sou muito bom nisso e enxergo como uma extensão de Herbologia. Afinal, precisamos conhecer bem os ingredientes para as Poções certas.

— Você fala como... – A garota não termina a conclusão. – Enfim, mais alguma?

— Astronomia, porque o universo é grande demais. E desvendar suas estrelas parece espetacular. – Respiro fundo. – Ontem eu vi uma estrela cadente, você já viu uma? Nunca? Meu Merlim, é incrível! Não é só um risquinho no céu, é literalmente uma pedra que entra dentro da atmosfera pega fogo, deixa um rastro enorme de fumaça e some... some bem na sua frente. De repente cai a ficha. A gente ta no meio do universo, flutuando no espaço. Você nunca viu? É uma das coisas mais incríveis que eu já vi.

Quando termino de falar eu sei que ela sabe. Sabe quem está do outro lado da mesa. Ela sabe com quem está tendo um encontro às escuras. Assim como eu soube.

— Qual o seu ano? – mas ela ainda não acredita.

— Sexto. E o seu?

— Sexto! – Sinto seu corpo projetando em minha direção. – Casa?

— Tem certeza?

— Absoluta. – A garota parece se aproximar. Está debruçada na mesa, segurando minha mão.

— Sonserina. E a sua? – Questiono mesmo sabendo muito bem qual é.

— Corvinal!

— Eu sei. – Falo também me debruçando na mesa. Nossos rostos bem pertinho. Mesmo no escuro consigo sentir a respiração quente contra minha pele. – Quem mais falaria tão mal de Runas

Antigas e da falta de comprometimento de Hogwarts no investimento a diversidade?

— Scorpius, o que está fazendo aqui? – Ela questiona. Mas permanecemos ambos proximos.

— Eu deveria fazer essa pergunta. Rose Weasley em um encontro às escuras. – Sussurro as últimas palavras.

— Você não me contou nada. – Ela se afasta. Sinto o frio por sua respiração não preencher mais o espaço entre nós dois. – Por que não me contou?

— Albus me obrigou a vir. Ele fez todo aquele drama. – Também volto para o meu lugar. – Você também não contou que viria. Ficou reclamando dessa cilada a semana toda... Não sabia que estava procurando...

— Não estou! Albus me disse que Alice não queria vir sem nenhuma amiga. Ele fez um drama! – Rose diz.

Começamos a rir juntos.

— Já que estamos aqui, podemos continuar conversando. – Faço a sugestão.

— Nós nos conhecemos bem demais, Scorpius.

Dessa vez eu que me debruço.

— Conhecemos? – Pergunto. Sei que conhecemos, mas existe tanta coisa que fica escondida embaixo de camadas de risadas.

— Sim... – Ela também volta a se debruçar. – Ou quer me contar algo novo?

Eu poderia contar. Falar sobre a sonata de Beethoven. Dizer que era ela. Rose Weasley é a minha sonata preferida.

— Sempre temos algo novo a dizer. – Respondo.

— É verdade. – Rose se levanta. – Hei, alguém ajuda a gente a sair?

As garotas da entrada se aproximam e nos encaminham para fora da sala. A luz do corredor apesar de não ser uma das mais fortes, parece me cegar depois de tanto tempo no escuro. Quando me acostumo, vejo Rose ao meu lado.

— Você veio com essa roupa?

— Era um encontro as escuras, ninguém ia se importar com minha roupa. – Rose se defende cruzando os braços. – Eu planejava sair cinco minutos depois...

— Eu atrapalhei seus planos? Que honra.

— Engraçadinho. Também não esta usando seu melhor traje. – Ela aponta para a camiseta cinza e o moletom.

— Também planejava sair o mais rápido possível. Mas pijama Rose? Pijama?

— É confortável. E bonito! – Ela gira.

Fico sorrindo. E ela parece perceber porque sua bochechas ganham um novo vermelho.

— Vamos sair daqui. – Ela me puxa.

Sei que não estamos indo para o lado do salão comunal de Lufa-Lufa, e sim para a cozinha. São boas opções de qualquer maneira.

Rose é amiga dos Elfos. Em menos de cinco minutos estamos sentados no chão comendo sanduíches.

— Sabe, por isso foi tão fácil conversar. – Ela diz deitando a cabeça em meu ombro. – Porque desde o começo era você.

— O que isso quer dizer?

— Que quando é você as palavras voam ainda mais rápido do que o normal. – Ela respira fundo.

— Como escutar uma sonata? – Questiono.

— Não gosto muito de sonatas. – Ela sorri. – É mais como ler um livro muito bom. Quando ficamos dizendo, só mais um capítulo e quando vemos foi o livro todo.

— E isso é bom?

— É o melhor tipo de leitura. – Seu cabelo faz cosquinha em meu rosto. – Mas, para quem gosta dos clássicos. É como escutar uma sonata.

Sinto meu corpo desmanchando e virando uma poça de Scorpius. Mas sei que estou ali, respirando rápido. Escutando todas as sonatas juntas. É como um show de rock.

— Deveríamos fazer isso mais vezes...

— Ficar comendo sanduíche sentados no chão de um corredor de pijama? – Eu falo.

— Não. Irmos a encontros às escuras. – Rose me empurra para longe. – Claro, que é conversar. Nós dois. Não necessariamente no corredor de pijama. Mas com certeza não encontro às escuras.

— Também gosto mais de poder enxergar todas essas suas expressões desagradáveis. – Falo tocando em seu rosto. – Todas essas sardas.

Ela sorri e volta a encostar a cabeça em meu ombro. Terminamos os sanduíches em silêncio.

— Então, vamos fazer isso mais vezes? – Ela questiona enquanto balança pra frente e pra trás com os pés.

— Encontro Marcado. – Falo enquanto também me balanço.

Sei que a noite foi incomum. Mas enquanto recebo o beijo na bochecha esquerda penso que foi a melhor noite de todas.

Quando volto para o quarto vejo que Albus dorme tranquilamente. Jogo alguns travesseiros nele e o acordo.

— Humm, como foi o encontro? – Ele pergunta.

— Como assim?

— Com Rose. Se declarou? Podemos sair em casal? Eu e Alice e você e Rose? Não vou precisar olhar para seu rosto de peixe morto sempre que ela está com a gente? Desembucha!

Reviro meus olhos entendendo finalmente todo o plano dele. Mas me recuso a responder.

— Vai me deixar curioso? Sério? Scorpius?

Ainda não me declarei. Mas não sei se precisamos de declarações. Talvez apenas mais algumas páginas de livros e sonatas.

Por enquanto, fecho meus olhos e digo com a voz baixa:

— Obrigado.


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Notas finais do capítulo

É isso mimha gente, até a próxima!Quem sabe junho de 2022 a gente vá novamente a um Encontro com Rose e Scorpius...
Obrigada!
❤❤



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