Ainda Gosto Dela escrita por isabella_maries


Capítulo 1
A porta ainda está aberta


Notas iniciais do capítulo

Decidi entrar nesse desafio proposto pela One-Short, e apesar de TUDO, está sendo cumprido - e estou bastante feliz com isso.

Peço desculpas por qualquer erro, e espero que vocês gostem. E claro, as leiam as demais histórias das autoras que participaram da proposta.

Enfim, espero que vocês gostem.



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O som alto e irritante do despertador me acordou, fazendo um  suspiro  escapar ao notar que mais um dia tinha começado e a cama estava vazia, mais uma vez.  

Abracei o travesseiro notando que não havia mais nenhum cheiro de morango que há meses parecia não apenas existir, mas inundar a fronha.  

O alarme continuou tocando até ao ponto de não aguentar mais ouvi-lo. Desliguei sentando na cama. Prendi outro suspiro enquanto uma dor costumeira tomava meu peito ao ver a foto com a garota de lábios vermelhos, olhos castanhos brilhantes e cabelos escuros. Que não apenas sorria para foto, mas me abraçava  na sua festa de formatura. 

Como todas as manhãs, inúmeras memórias se desencadearam com aquela foto até vê-la fechar a porta do apartamento pela última vez. 

E mais uma vez, mais um dia, analisava tudo o que tinha acontecido naquele dia, desde o nosso café da manhã até o fatídico momento. 

O despertador tocou novamente tirando-me das minhas perguntas sem respostas. Suspirei. 

Talvez, eu nunca as teria— conclui, indo ao banheiro. 

Isabella – ou Bella como gostava de ser chamada – sempre foi uma garota mais reclusa. Sempre soube esconder muitas questões sobre si mesma, algo que sempre precisou,  já que ao contrário de mim, ela teve pais muitos rígidos e não falava do que pensava, ou sentia, para eles.  

Por isso, ela e minha irmã caçula, Alice, sempre faziam as coisas no máximo sigilo até que ela finalmente saiu de casa para ir a faculdade. 

Sempre tive olhos para a pequena amiga da minha irmã que vivia enfiada em livros, além de andar com um para todos os lados. Mas também sabia aproveitar uma boa festa. 

Era para estarmos indo em uma, quando tudo aconteceu. 

Encarei o celular onde havia diversas mensagens da empresas, de Alice e minha mãe, do qual ignorei todas tomando café.  Sem pressa, andei  para o quarto ouvindo o som de notificação de mensagem chegando, do qual tinha quase certeza  eram de Alice. Abri o closet para encarar boa parte dele vazio, sem estar amontoado de vestidos e camisas de flanelas  que ela usava aos domingos. 

Soltei um riso amargo, era impossível esquecê-la. Era algo que deseja quando acordava, mas ao longo do dia lutava contra. 

Tirei um conjunto de terno passado  e depois uma camisa junto com a gravata.  

Talvez, ela voltasse junto com o seu cheiro. E suas camisas puídas que adorava tirar. Mas o calendário não mentia, nem as minhas recordações. 

E talvez, ela nunca voltasse. 

Alice, em quase todos os dias, dizia-me para seguir com a minha vida. Para não esperar mais Isabella voltar, e acima de tudo, parar de deixar a porta aberta na esperança que ela fosse abri-la. 

Eu tinha tentado. 

Fui a  bares, conheci outras mulheres, mas ela ainda estava em minha mente. Com seus olhos castanhos, seu sorriso gentil que fazia meu coração acelerar e amá-la ainda mais. 

Parei o carro em uma das vagas livres do estacionamento e logo entrei no elevador, suspirei. Mais um dia, oficialmente, tinha começado.

 

••

A chuva caia em Miami de maneira forte enquanto dirigia para o bar onde minha irmã e o seu namorado iria anunciar finalmente o noivado. Algo que imaginei que Alice iria querer oficializar uma hora ou outra.  Devido ao tempo, o trânsito estava lento ao ponto de entrar quase correndo no lugar abafado, após achar um vaga para estacionar o carro. 

— Olha quem finalmente chegou! – disse Alice quase berrando ao me ver. Ao lado dela estava Jasper,  a irmã dele Rosalie que estava abraçada com Emmett, nosso irmão. Meus pais estavam sentados em outra mesa junto com a sogra e sogros de Alice.  Minha irmã me deu um abraço forte do qual devolvi antes de me sentar ao lado de Bella que estava ao lado de Emmett.  Ela sorriu para mim assim que sentei e me deu um selinho. 

— Hey! Achei que não vinha mais. – sussurrou  entrelaçando nossas mãos, para depois empurrar uma garrafa de água. Fazendo-me perceber que ela estava deixando claro, que em nosso revezamento, era eu que voltaria dirigindo. Fiz uma careta. 

— Nada deixa o trânsito mais lento em Miami do carro de polícia ou chuva. – sussurrei de volta. 

—Definitivamente. – concordo antes de tomar um gole de chopp. Em suma, a ocasião aconteceu como esperado, altas gargalhadas devido as piadas de Emmett, conversas longas e aleatórias.  Até a saúva de palmas após o discurso de Jasper que fizera Alice chorar.  

— Ela vai nos deixar maluca como preparativos do casamento. -  comentou divertida, enquanto andávamos em direção do carro. Meio abraçados, devido a baixa temperatura que chuva tinha causado. 

— Oh, nem me fale. – falei risonho, já imaginando a eufórica sem fim da minha irmã.  

— Vou ter dó de Jasper, porque se ele não tomar cuidado vai virar um show esse casamento. – falou. Rimos até ela quase tropeçou, a olhei ao mesmo tempo em que ela para gargalhamos ao notar que tínhamos pensado a mesma coisa para no segundo depois, nos beijarmos. Afastei-me dela tocando o seu rosto, seus olhos castanhos brilhantes e seus lábios estavam entre abertos.  

— Amo você. 

Ela deu um sorriso genuíno, enfiando ainda mais seus dedos em meus cabelos. 

— Eu também.  

 

••

— Edward. – a voz brava de Alice me fez desviar os olhos do relatório que está em minhas mãos. Ângela, minha secretária, estava parada na porta encarando a mulher de um metro e meia parada a alguns passos da minha mesa, que usava um vestido que emoldurava a sua barriga. Seus olhos azuis deixavam claro sua raiva, quanto estava claro no rosto da minha secretária que Alice forçou a sua entrada ali.  Mais um vez. 

Olhei para Ângela, e acenei, deixando claro que tomaria partido dali em diante. Ela deu outro breve aceno antes de sair. Encarei a minha irmã que ainda me dava seu olhar intimidador. 

— O que devo a honra da sua visita? – questionei, ela jogou a sua bolsa na cadeira. 

— Se você tivesse visto as minhas mensagens que te mandei, saberia. – respondeu ríspida. – Aliás, se tivesse visto as da nossa mãe também, do qual devo lembrar que você não a vê a há um mês. 

—Ando muito ocupado. – disse a primeira desculpa que veio em mente.  Ela revirou os olhos. 

—Anda o caralho. – esbravejou. – Ou você acha que eu não sei que depois da empresa, você vai direto para seu apartamento esperar ela. 

— Alice... 

— Não me venha com “Alice”, ou “maninha”. Já passaram seis meses Edward, Bella não vai voltar. -  falou, aquilo me atingiu em cheio. -  Ela seguiu com vida dela, em outro apartamento, com outros planos e encontros. E você precisa parar de esperar e voltar a viver, seguir com a sua vida.  

—Não, eu não preciso. - rebati e fiquei de pé, olhando para a janela que me dava a vista da avenida movimentada e voltei o meu olhar para ela que tinha a mão na cintura. -  Ela é a mulher da minha vida Ali, só com ela que eu quis, quero e desejo estar. 

—Mas, ela não quis Edward. - replicou. A verdade ardeu em meu peito como fogo em pólvora. Ela suspirou sentando na cadeira de frente com a minha mesa. - Já fazem meses desde que ela decidiu sair do seu apartamento sem maiores explicações. E se ela te amasse, como você acredita que o ame, ela já teria voltado. - acrescentou num tom baixo, ergui meu olhar com as suas palavras queimando, estourando dentro de mim. - Nós estamos preocupados, inclusive a nossa mãe ainda mais depois de ser quase assaltado por ter deixado a porta do seu apartamento aberta. E piorou, ao saber por Emmett que você anda no piloto automático na empresa. 

Definitivamente iria socar a cara de Emmett assim que pudesse. Sua mão apertou a minha enquanto segurava o choro , ao mesmo tempo em que sentia meu coração pesado. Devolvi o aperto.   

Ficamos em silêncio apenas nos olhando, até que ela pegou o celular que havia tocado dentro da bolsa.  

—Vou precisar ir. - falou encarando o celular e depois me olhou. - Saiba que todos esperam a sua presença no chá de Sophie, no sábado.  

—Estarei lá. - garanti e a chamei ao colocar a bolsa no ombro. -  E ela? 

Sua fisionomia mudou, ficou mais séria. Havia perguntado poucas vezes sobre Isabella depois do aconteceu, apesar de me perguntar constantemente o que poderia estar fazendo, estar pensando.  Apesar do amor e das dúvidas, tinha receio em saber. 

—Eu não sei. - respondeu, mas soube pela mexida em seus cabelos que ela estava mentindo. Apesar de tudo, elas eram melhoras amigas. Elas sempre foram desde o colegial. A olhei deixando claro que não havia acreditado, fazendo desviar o olhar para então se virar para a porta.  

—Alice, por favor. - supliquei, a fazendo parar. Seus olhos azuis, duros e cheio de dor, me olharam sobre o seu ombro. 

—Ela já tem outro alguém. 

 

 ••

Edward para. — pediu  Bella risonha, enquanto tentava mais uma vez jogá-la na piscina da casa dos meus pais. Como de costume, todos os outros que estavam ali aproveitando o dia de sol,  conversando e brincando, aproveitando o domingo o máximo que poderia.  

Bella estava espetacular, vestida comum maiô laranja que delineava as curvas do seu corpo e que havia me deixado duro só de pensar em tirá-lo, e o que faria depois  de ter me livrado dele. Algo que claramente ela tinha percebido naquela manhã enquanto se arrumava, ao ponto de me mandar tratar de evitar pensar antes que chegássemos em casa. Isso, e evitar de puxá-la para cama.  

Aquilo me fez rir enquanto ela se enfiou no closet para pegar um vestido e sair do quarto.  

—No que você está pensando? - perguntou ela se encostando na beirada da piscina do qual estava sentado, com os pés na água.  

—Em nós, mas especificamente no que foi falado hoje de manhã. -  respondi num tom baixo, dando um sorriso malicioso do qual devolveu.  

—Sobre evitar de pensar no assunto até chegarmos no quarto? - indagou, assenti entrando na água. Ela riu. - Acho que você não deveria estar pensando nisso Cullen. 

—Com você vestida com esse maiô, é impossível não pensar Swan. - sussurrei em seu ouvido, tendo o prazer em vê-la se arrepiar.  Seus olhos castanhos me fitaram deixando meu coração acelerado, com a boca seca e de pau duro. Aquela mulher com certeza iria me matar. 

—Então a culpa é do meu maiô? - zombou ficando de frente para mim e envolveu meu pescoço com seus braços. Para então sussurrar em meu ouvido: - E o que você estaria pensando se eu estivesse sem esse maiô? 

—Não estaria pensando. Ao contrário, estaria fazendo você enlouquecer. - devolvi no mesmo tom. O ar escapou pelos seus lábios e chocolate dos seus olhos, estavam mais derretidos que antes e submersos a luxúria que a mesma exalava. Beijei a curva entre o seu pescoço e ombro. - Nós poderíamos voltar mais cedo, se você quiser. 

Ela sorriu para mim. 

—Eu topo. 

 ••

E nós fomos mais cedo. Ignorando os olhares confusos e as piadinhas de Emmett. Do qual ambos foram completamente esquecidos quando passamos pela porta do apartamento aos beijos. Suas pernas envolveram a minha cintura aumentando o tesão entre nós, a falta de ar  e o calor.  

Seu maiô virou um mero enfeite no chão enquanto nos amávamos loucamente no colchão. Ainda podia me lembrar dos seus olhos brilhando pela luxuria, dos seus cabelos ainda meio molhados sobre o travesseiro enquanto a fodia, a beijava, a amava

Era apenas Isabella e eu, o mundo sequer parecia existir enquanto estávamos entrosados ao ponto de apenas suspirarmos em deleite, ofegávamos de prazer ou sorriamos de maneira maliciosa a cada mudança de posição que nos deixava mais loucos, afoitos e suados.  

Tudo entre nós parecia algo surreal desde a primeira vez em uma festa da faculdade, onde parecia que estávamos em outra dimensão.  De início achei que era por estar meio alterados, mas aos poucos percebi que toda vez que amava Isabella o mundo parecia parar. Ou até mesmo em alguns momentos quando estávamos juntos.  

Ali, ouvindo a chuva cair após um dia de sol, lembro-me de abraçá-la, de beijá-la enquanto ambos sorriamos por causa das nossas brincadeiras, para então dormirmos abraçados após trocarmos declarações. 

A água fria bateu no meu rosto sentindo a dor pesar em meu peito devido as lembranças que se passava pela minha e que refletia em meu corpo.  Aumentando o buraco em meu peito, aumentando as lágrimas e os soluços que escaparam desfreados pelos meus lábios.  

Eu preciso voltar ao trabalho, pensei. Mas não tinha forças, só lágrimas e a enorme saudade que ocupava em meu peito.  

••

O telefone foi para o chão ao mesmo tempo em que Bella estava sentada na lateral da cama, com um olhar perdido e corpo paralisado. Seu corpo tenso me dava a certeza que algo havia acontecido, algo na conversa havia deixando daquele jeito.  

—Amor – a chamei num sussurrou, sentando-me ao seu lado. Ela me olhou com seus olhos castanhos transbordando dor e medo. -  Está tudo bem? 

Ela negou e as lágrimas desceram pelo seu rosto de maneira rápida, e desfreada.  A abracei fazendo agarrar a mim com força ao mesmo tempo soluços faziam seu pequeno corpo tremer. Não sei quanto tempo havia se passado, quantas perguntas sem respostas, quando ela dormiu abraçada e envolvida em meus braços.  

••

 

No dia seguinte, Isabella evitou de me contar sobre o que tinha ouvido no telefone.  Assim como os demais dias, até dizer que não se lembrava do que era. Algo do qual tinha quase certeza que ela estava mentido, mas por fim, deixei para lá. 

Joguei a minha maleta dentro do carro junto com meu blazer e o tranquei. Comecei a andar para fora do apartamento até a rua, virando em direção em qualquer deixando tudo para trás. Ergui as mangas da minha camisa e tentei prestar atenção na rua, ao contrário das memórias que iam e vinham na minha mente, e me faziam sentir mais perdido que antes. 

As palavras de Alice me atormentavam, queimavam-me, acentuando não apenas a dor, mas o buraco que existia desde que Isabella havia ido embora.  

Parei de andar e olhei para os lados tentando saber em que rua estava, quando meu olhar parou sobre um apartamento que alguém estava abrindo as portas da varanda. Meu coração disparou ao ver Isabella surgir com um vestido num tom verde claro e se escorar na sacada olhando o movimento da rua, algo que sempre gostava de fazer quando estava pensando.  

A luz do apartamento acendeu e passou um homem pela porta, com duas taças de vinho, e entregou para ela que deu um meio sorriso para ele.  

“Ela já tem alguém.” 

“Edward, entendo que você gosta dela. Mas para ela ter ido embora, ela não gostava tanto assim de você.” 

 

••

—Bella. - a chamei, os seus olhos pareciam brilhar em meio a escuridão. Toquei o seu rosto. - Eu te amo.  

Ela sorriu, fazendo carinho no meu.  

—Eu também. 

 

 

—Me lembre de não ir mais em nenhum casamento que Alice organizar. - murmurou retirando as sandálias. Sorri desmanchando o nó da gravata. 

—Então não irá no nosso próprio casamento. - disse divertido, isso a fez parar e me olhar. 

—Como? - indagou séria. Andei em sua direção. 

—Oras, você acha que ela não vai querer organizar todo nosso casamento? - falei, e acrescentei:- Qualquer coisa podemos casar somente no cartório. 

—Você deseja mesmo casar? - questionou, a olhei sem entender a pergunta.  

—E porque não casaria? Você é a mulher da minha vida Bella, e meu desejo é que além do meu amor, você tenha meu sobrenome. -  respondi tocando o seu rosto e beijando seus lábios. Ela ainda me olhava de maneira indecifrável. - Mas porque a pergunta? 

Ela dei um meio sorriso.  

—Para saber o quanto estava disposto, antes de ser morto por ela e pela sua mãe.

••

Com meus pés na areia e aos sons das ondas se quebrando, sentia cada parte de mim doer.  Uma dor muito maior do que havia sentido em qualquer dia, durante aqueles últimos meses. Mais do que havia sentido naquela tarde, mais até do dia que ela partiu.  

As lágrimas caiam de maneira constante, mesmo que tentasse freá-las. Elas continuavam embaçando a minha visão. Mas não me libertando, limpando a minha mente de memórias das quais não queria lembrar.   

A ferida latejou ao lembrar de quando dançávamos aos risos na praia durante um lual, onde terminando cheios de areia após cairmos abraçados. E naquele único momento, ao contrário de todos os outros, nós não precisamos dizer nada. Por tudo o que sentíamos parecia estar evidente em nossos olhos. 

 ••

—Bella?— a chamei vendo puxar duas malas grandes do quarto. A olhei sem entender nada, já que ela não tinha nenhuma viagem marcada, e nem eu. - De quem são essas malas? 

Seus olhos castanhos me encaram. Não havia calor, havia apenas frieza. 

—São minhas. - respondi e logo acrescentou:- Estou indo embora  Edward. 

Suas palavras me atingiram como um soco e por um momento me senti sem ar, para então meu coração bater acelerado ao notar a veracidade em suas palavras. 

—O que? - consegui formular, sem acreditar. Ela somente me olhava.  

—Estou indo embora Edward. - repetiu com calma e o olhou pelo apartamento. -  Já levei mais cedo todas as minhas coisas, então não vai precisar me entregar ou levar nada para mim. 

Continuei a olhar para ela, em choque.  

—Por que? Eu fiz algo? Aconteceu alguma coisa? - indaguei desesperado por respostas, após a mesma passar por mim. Naquela manhã, estávamos bem, nós... 

—Aconteceu que acordei e percebi que você não era o amor da minha vida, Edward. O que sentia por você era paixão, e essa paixão não existe mais. - explicou, destroçando-me por dentro. O ar pareceu sumir meus pulmões, seu olhar continuava frio, bem como, sua face permanecia inexpressiva. - Realmente sinto muito por tudo isso... 

—Sentir demais por isso, não vai mudar a situação Bella. - a interrompi ríspido. - Se você não tinha certeza que me amava, que era o amor da sua vida, por que se mudou? 

Ela deu de ombros e colocou as malas no corredor.  

—Eu não sei. Talvez, por causa do calor da emoção, da paixão. - respondeu com seus olhos cintilantes, que por um momento achei que eram lágrimas.  Ela me encarou. - Edward, eu realmente sinto muito por ter ficado aqui, pelo o que estou fazendo agora. 

—Não, você não sente porra nenhuma. - esbravejei, a olhei em fúria. - Se você sentisse alguma coisa, teria ido embora antes. Não ter me esperado chegar, para levar as suas malas. 

—Pelo ao contrário Cullen, pelo o fato que sinto que eu estou aqui. Ao contrário de deixar uma simples carta para trás. - rebateu firme. Minhas lágrimas caíram enquanto a dor dilacerava meu peito.  

—Bella... 

—Adeus. 

Segurei seu pulso.  

—Por favor, fique. - supliquei - Nós podemos conversar sobre isso. Só, por favor, fique. - disse enquanto ela seguia parada com a sua outra mão na maçaneta da porta. Seus olhos fitaram os meus por cima do seu ombro, ao mesmo tempo em que sua outra mão entrelaçava a minha.  

—Adeus Edward. - sussurrou e soltou a sua mão da minha. A sensação de perda inundou a minha alma enquanto a via fechar a porta pela última vez. 

••

 

Meus olhos ardiam de tantos chorar quando entrei no apartamento o vendo escuro e vazio.  Acendi a luz e encarei a porta aberta atrás de mim, respirei fundo e a fechei, trancando-a.  Joguei o molho de chaves na mesa de centro e andei em direção para aparador onde tinha uma garrafa de uísque, enchi um copo que logo foi esvaziado.  

Ela não iria voltar.  

Ela não iria trazer a sua luz e nem seu cheiro de morangos.  

Em passos rápidos, andei para o quarto e abri o closet olhando para o espaço vazio onde havia suas roupas e que logo foram ocupados pelos inúmeros cabides que tinham as minhas roupas e ternos.  

Peguei uma caixa vazia no fundo dele e joguei a foto nossa que estava no criado mudo, o retrato que estava na sala, sua pulseira que havia esquecido embaixo da cama, seu travesseiro e deixei ao lado do lixo, para ser descartado no dia seguinte.  

Tomei um banho sentindo a dor amortecida dentro de mim, para depois dele jogar as coisas que ela havia esquecido de tirar da prateleira no lixo.  

Suspirei deitando na cama olhando o vazio do meu lado, para então encarar o teto, e enfim fechar os olhos.  

E pela primeira vez em meses, desejei parar de amar Isabella Swan. 

 

 

 

 

O som do celular tocando alto me acordou, deixando-me desnorteado por um momento antes de pegar o mesmo sobre o criado mudo. Sem ver direito que horas eram, e nem quem me ligava. 

—Alô? 

—Eu sinto sua falta.  

A voz doce e baixa, e acima de tudo conhecida, fez dispersar o sono e me paralisar enquanto meu coração batia forte contra meu peito. Quanto tempo havia se passado desde que havia decidido não a esperar mais? De não deixar mais a porta aberta? Dois meses? Três?  

Naquele momento, não sabia. Parecia uma ilusão, um sonho, mas o choque que ainda percorria em minhas veias e me deixava inerte sobre a cama, me dava a certeza muito mais que aquilo era real. Em meio a turbulência de emoções dentro de mim, só pude sussurrar antes de desligar: 

—Eu também. 


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Notas finais do capítulo

Lado B(Outro lado - Continuação) : https://fanfiction.com.br/historia/803259/Exile/