Surpresas do Destino escrita por Dreiakr


Capítulo 1
Capítulo único




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Ser pai solteiro definitivamente era uma coisa que eu jamais imaginei vivenciar. Primeiro, eu não queria ter filhos e segundo, eu esperava como qualquer pessoa, se fosse o caso, dividir uma paternidade com uma mãe obviamente.

            Mas aqui estou eu, com um bebê de 5 meses, que literalmente caiu no meu colo de uma hora pra outra. Sua mãe, uma garota que eu conheci numa conferência de economia no ano anterior, mas que nunca mais tinha visto, simplesmente apareceu uma semana antes de dar à luz, dizendo que estava grávida de mim. Obviamente duvidei, mas acompanhei o final de sua gestação para assim que o bebê nascesse fazer um exame de DNA. Para minha consternação, a mãe do meu bebê morreu no parto, o exame foi feito e de fato era meu filho.

            Fiquei simplesmente perdido, não conseguia naquele momento visualizar como inserir um bebê na minha vida corrida de CEO. Apesar disso, assim que vi Theo, eu soube que já amava aquele bebê e faria o melhor para mantê-lo seguro e feliz. 

Minha mãe foi de grande ajuda nos primeiros dias, me ajudou a aprender as principais coisas sobre o bebê, cuidou dele quando eu não estava em casa, me ajudou a montar seu quartinho, me ensinou a dar banho, fazer sua mamadeira, trocar sua fralda. Eu me sentia um super homem quando tinha meu pequenino nos braços, sentia a necessidade de protegê-lo de tudo, uma criaturinha tão pequena, parte de mim, merecia todo meu carinho e cuidado. Apesar da situação peculiar, a minha ideia anterior de nunca ter filhos se evaporou instantaneamente ao ver meus próprios traços naquele rostinho delicado, a cor do meu cabelo naquela cabecinha macia. Senti como um soco no estômago e um aperto no coração, ao saber que agora ele dependeria de mim para crescer saudável. E eu faria tudo que pudesse.

Foi assim que conheci a Dra. Isabella Swan, pediatra do Theo. Minha mãe havia me indicado, segundo ela, apesar de jovem, a doutora Swan era o que havia de melhor no ramo. Mamãe tinha seus contatos no hospital geral de Seattle, então, tive que confiar em sua opinião. Até porque eu não sabia nada sobre pediatras, e nem sequer de bebês.

Fiz questão de pessoalmente acompanhar todas as consultas, obviamente tive que explicar que não sabia da gravidez até uma semana antes dele nascer e que a mãe morreu no parto, eu fazia as perguntas mais idiotas, mas a Dra. Swan, sempre muito educada e carinhosa as respondia sem nenhum problema, sempre encantada com meu pequenininho.

Às vezes eu até abusava um pouco da boa vontade dela, que havia me dado seu número para qualquer problema que eu tivesse, contatá-la a qualquer hora. O que aconteceu algumas vezes. Theo teve sua primeira febre aos dois meses e eu quase morri do coração sem saber como cuidar dele. Liguei para a Dra. Swan, ou Bella, como ela já havia me dado autorização para chamá-la, era madrugada e Theo que sempre foi muito bonzinho a noite, só chorava, eu o sentia muito quente, mas não sabia o que podia dar pra ele.

“Bella, por favor, o que eu faço? meu filho vai entrar em combustão de tão quente” - disse desesperado no telefone.

“Calma Edward, não seja exagerado.” - deu uma leve risada. “Você irá dar um banho de morno para frio nele e em seguida dará 5 gotas de paracetamol, isso deverá resolver. Fique tranquilo, isso é normal, ele tomou uma vacina, geralmente as vacinas causam febre” - explicou calmamente

“Tá, ok, banho e paracetamol. ok, obrigado. Vou tentar, qualquer coisa te ligo” - me despedi e fui fazer o que ela disse, recitando mentalmente o que devia fazer para não esquecer.

            Algumas vezes eu nem parecia um CEO que lidava com quantias enormes de dinheiro diariamente, meu cérebro parecia gelatina quando estava preocupado com meu filho.

            Agora, aos 5 meses, Theo é um bebezinho gordinho, sorridente, tem os cabelos e olhos idênticos aos meus, posso dizer que fiz um bom trabalho até agora. Contratei uma babá para cuidar dele quando eu estou no trabalho, após muita pesquisa e referências, é claro. Mamãe também tinha ótimas referências da senhora Cope, que é um doce de pessoa. Cuida do meu bebê como se fosse seu próprio neto, o que me deixa grato. À noite, faço questão de cuidar de todas as suas necessidades, passar um tempo conversando e brincando com ele, dar mamadeira, banho, trocar, contar uma história e fazê-lo dormir. 

            Além disso, me tornei “amigo” da pediatra do meu filho. Não conseguia explicar a conexão que tínhamos, mas ela sempre foi tão carinhosa conosco, sempre me ajudou nas dúvidas mais simples e bobas, sempre tratou meu filho com um brilho intenso nos olhos e um amor evidente. É claro que ela devia tratar todos os pais e bebês assim, mas ainda assim, me sentia livre para mostrar minhas inseguranças na frente dela, mostrar meus medos de não ser um bom pai, de estar fazendo tudo sozinho. Ela sempre tinha uma palavra de alento e apoio, me mostrando que eu estava fazendo tudo certo. E por isso, qualquer palavra que ela dizia era lei pra mim. Seguia à risca todas suas indicações. 

            O único “inconveniente” é que eu tenho uma pequena queda por ela, talvez pequena fosse eufemismo, eu tenho uma enorme queda por ela, Bella é uma morena de cabelos e olhos marrons chocolate, dona de um sorriso encantador e uma inteligência sem tamanho. Sua beleza me chamou a atenção desde o primeiro momento que a vi, mas é claro que no momento eu estava mais preocupado em fazer tudo certo pelo meu bebê. Além do mais, tinha acabado de entrar nessa situação por falta de controle da minha cabeça de baixo, então não era uma boa hora para me deixar levar pelos hormônios. Mas o tempo foi passando, essa conexão crescendo, nossa “amizade” também, e agora ansiava pelas consultas de Theo, para ter um vislumbre da médica do meu filho, por mais patético do que possa parecer.

— Boa tarde Sr. Cullen, por favor, não se esqueça da sua reunião com o responsável pelos insumos, hoje às 15:00h. - me lembrou Ângela, assim que entrei após o almoço.

— Nossa, eu havia me esquecido dessa reunião. Será que você poderia marcá-la para amanhã no primeiro horário? Meu filho tem uma consulta na pediatra hoje as 15:30h. - expliquei.

— Claro senhor, sem problemas, remarcarei a reunião. - deu um sorriso. - Theo está bem? - perguntou educadamente.

— Sim, é só rotina, graças a deus. - sorri aliviado.

              Fiquei mais uma hora e meia revendo contratos e assinando documentos e às 14:30h saí do escritório e fui buscar Theo em casa.

— Boa tarde, Sra. Cope, como está meu meninão? - perguntei entrando em casa e encontrando os dois na sala.

— Está bem, apesar que eu acho que ele está para ficar resfriado. Aproveite e diga para a dra. Swan que ele parece estar mais incomodado e ele deu algumas tossidas hoje. - explicou.

— Certo, vou pedir para que ela o examine, deve ser porque esfriou demais esses dias né. Hoje tem vacina também, não queremos unir uma gripe com a febre da vacina né meu amor? - fiz uma vozinha de bebê enquanto o pegava no colo e beijava sua bochecha.

Ele sorriu e tentou agarrar meu nariz, me fazendo rir e morder suas mãozinhas gordinhas.

— Pode ir por hoje se quiser, tirei o resto da tarde de folga. Vou ficar com esse garotão no pós vacina, espero que seja tranquilo dessa vez. - brinquei. Sempre que ele tinha febre eu me assustava.

— Tudo bem senhor, qualquer coisa pode me chamar que volto. Se ele ficar chatinho pela vacina eu venho ajudar. - sorriu e acariciou a cabecinha do bebê.

— Muito obrigado. 

Vesti o casaquinho de Theo, seu sapatinho fofo, coloquei uma touca para cobrir suas orelhas e luvinhas, que ele odiava. Seguimos para o estacionamento. 

— Anda garotão, tá muito frio lá fora e o papai não quer ver você dodói. Hoje vamos ver a tia Bella. - sorri quando ele virou a cabecinha interessado. Ele amava Bella, só de ouvir seu nome ele já ficava elétrico. - Eu sei, ela é maravilhosa, papai também a quer. - ri sozinho enquanto o prendia na sua cadeirinha. - Será que ela não gostaria de vir tomar um chocolate quente com a gente essa noite hein? Por que você não a convida pro papai? - falei brincando com Theo, que sorria e batia os pezinhos, parecia concordar com minha proposta.

Seguimos para o consultório, e vi Theo tossir algumas vezes, uma tosse estranha, que ele nunca teve. Esse ar seco do frio devia estar afetando-o.

— Boa tarde, vim para uma consulta com a Dra. Swan. - cumprimentei a recepcionista da clínica que já me conhecia.

— Boa tarde Sr. Cullen, a Dra. Swan já irá atendê-lo. - sorriu para nós e fez algumas anotações no computador.

Me sentei na cadeira da recepção e tirei a touquinha de Theo, ele parecia um pouco sufocado com tanta roupa.

— Você sabe que a Bella ama você de touquinha, papai não se responsabiliza pela decepção dela. - disse baixinho dando de ombros e Theo riu, com aquela carinha de sapeca e seu primeiro dentinho despontando na gengiva. O que me fazia ter uma vontade constante de mordê-lo.

Esperamos mais alguns minutos, um casal saiu da sala e então Bella, linda como sempre, veio em direção à recepção com aquele sorriso radiante.

— Boa tarde pro meu menino favorito. Vamos lá? - perguntou sorrindo.

— Qual deles? - brinquei com uma piscadinha.

— Seria o meu pequenininho, mas o papai também pode vir. - brincou de volta.

Entramos em sua sala e sentei Theo na maca para que ela começasse os exames de rotina.

— Cadê aquela touquinha linda que só você sabe vestir? - brincou com ele fazendo cócegas e dando beijinhos nele. - Eu esperei ansiosamente por isso hoje. - suspirou fingindo estar chateada.

— Eu disse pra ele que não me responsabilizava por sua decepção. - dei de ombros e rimos.

— E então? Alguma novidade desde a última visita? - perguntou profissionalmente, mas com delicadeza, enquanto começava a tirar a roupinha dele para pesá-lo.

— Na verdade, a sra. Cope disse que ele parece estar começando a ficar resfriado e deu algumas tosses, e no carro também eu o vi tossindo, eram tosses meio secas, estranhas. - detalhei.

— Entendi. Alguém da família tem histórico de alergias respiratórias? - perguntou quando terminava de tirar a última peça e levantava meu bebê rechonchudo para sentá-lo na balança.

— Na minha, não que eu saiba, mas da mãe dele não saberia dizer. - disse timidamente.

— Certo. - anotou o peso dele e o sentou de novo na maca. - Vamos escutar esse pulmãozinho hein?- brincou com ele com uma voz fofa.

Fiquei olhando suas mãos capazes lidando com meu filho e me deixei levar pela fantasia dela cuidando dele todos os dias lá em casa.

— Hummm.. - resmungou. Fiquei em alerta.

— Algum problema? - perguntei ansioso.

— Talvez possa ser. - disse seriamente. - Eu ouço um pouco de chiado no pulmãozinho dele, algumas alergias respiratórias podem causar isso, mas como é a primeira vez, teremos que observar para chegar a um diagnóstico. - explicou.

— E isso é perigoso? - minha voz demonstrava a preocupação que eu sentia.

— Não vou mentir pra você Edward, qualquer problema respiratório é potencialmente perigoso. Mas é controlável e totalmente tratável. - disse seriamente e continuou com o exame, olhando as orelhas, os olhos, etc. 

Em seguida me pediu para segurá-lo e foi preparar a vacina. Meu homenzinho praticamente nem chorou com a agulha.

— E o que eu devo fazer? - continuei o assunto tentando me acalmar, eu faria o que ela dissesse.

— Primeiro quero que você compre um nebulizador para ter em casa. Como ele ainda não desenvolveu a crise, está só no começo, você fará uma inalação com remédios leves inicialmente. - explicou e finalizou de colocar a roupinha novamente nele.

— Ok, certo. - concordei imediatamente.

Peguei Theo dela e fomos nos sentar em frente à sua mesa.

— Então, Theo pode ter qualquer das alergias respiratórias, porém, o que me preocupa é que seja asma, pelo chiado do pulmão. É claro que é muito cedo para esse diagnóstico, mas como não queremos que esse garotão fique doente, vamos observar e trabalhar com todas as possibilidades antecipadamente. Como eu disse, quero que você entre com inalações em casa nele, vou passar os remédios e as instruções. Passe em uma farmácia e compre o nebulizador. Hoje, você irá chegar e dar essa inalação e irá observá-lo. - explicou seriamente, mas com calma. - Outra coisa, se o quarto dele tiver muitos tapetes, cortinas e afins, o ideal seria retirá-los, ou mandar fazer uma limpeza profunda diariamente. Essas alergias respiratórias, incluindo a asma, são desencadeadas por ácaros que ficam nesses locais, as vezes até mesmo em colchões e travesseiros, pessoas com alergias respiratórias precisam usar tudo hipoalergênico, outra coisa que pode acarretar essas crises, é justamente o tempo que estamos tendo esses dias, esse frio e umidade do ar. - detalhou.

— E se for asma, o que eu faço? ele vai ter que usar aquelas bombinhas? vai ficar com falta de ar? - perguntei ansioso.

— Bom, se de fato é asma, bombinhas só quando ele já estiver um pouco maior. E sim, algumas crises causam falta de ar. - disse com tom preocupado. - Por isso, peço que esteja atento a qualquer alteração em sua respiração, principalmente se continuar as crises de tosse. E qualquer coisa me ligue imediatamente. - pediu.

— Tudo bem. - respondi calmamente, mas por dentro estava uma pilha de nervos.

Bella percebeu meu nervosismo e esticou a mão para colocar sobre a minha na mesa. 

— Se acalme, sei que é um pouco assustador, mas tenho certeza que irá saber lidar com isso se for o caso. Pode parecer pior do que é, principalmente nas primeiras crises, qualquer alergia respiratória é assustadora. Mas com o tempo todos aprendem a lidar com elas e passa a ser parte da vida normal da pessoa. Você vai tirar de letra e eu estarei aqui para qualquer coisa que precisarem. - me acalmou.

— Certo, vou tentar me acalmar e vamos lidar com isso. - sorri mais relaxado. - Não me responsabilizo por aquelas ligações de madrugada. - provoquei.

— Para vocês eu abro uma exceção. - sorriu de lado.

Após sair com um Theo sonolento no colo, com sua chupeta e seu paninho de dormir e a receita das inalações, fui diretamente a uma farmácia comprar tudo que precisaria para cuidar do meu bebê.

Em seguida fui para casa para que ele não ficasse nessa friagem, que poderia piorar sua crise. Assim que chegamos o deixei em seu bercinho e peguei a babá eletrônica, agora iria monitorar sua respiração. Liguei no máximo do volume.

Tomei um banho rápido e voltei para seu quarto para vê-lo ainda dormindo calmamente.

Enquanto esquentava algo para comer, liguei para minha mãe.

"Oi mãe, levei o Theo hoje na dra. Swan” - disse após cumprimentá-la.

“E o que ela disse?” - perguntou.

"Como ele está com uma tosse estranha, ela examinou e disse que ele pode ter uma alergia respiratória, mas ficou preocupada que pudesse ser asma porque estava com o peito chiando um pouco” - expliquei.

"Ai meu filho, imagino como você está preocupado” - disse com tom também preocupado.

"Estou, mas ela me explicou tudo e vamos observar se isso irá evoluir, enquanto isso vou dar inalação nele e evitar as coisas que podem causar essa alergia” - disse suspirando.

"Eu sei que vai dar tudo certo meu amor, é algo preocupante é claro, mas nada que não possa ser controlado, se acalme e faça tudo que ela mandou” - falou calmamente.

            Após nossa conversa rápida, comi alguma coisa, fiz a mamadeira de Theo e fui até seu quarto. Quando cheguei ele estava começando a acordar e deu duas tosses. Fiquei alerta, mas não passou disso.

— Quem é o bebê mais lindo do papai? - brinquei com ele o pegando para trocar a fralda que com certeza devia estar cheia.

Ele riu um pouco, mas ao rir começou a tossir.

— Ai meu Deus, calma bebê, papai não faz mais você rir para não tossir. - disse nervoso. 

— Vamos limpar o bumbum e tomar a mamadeira. Depois o papai já vai dar a inalação. 

Minha rotina era sempre essa, tudo eu falava para ele, passava horas tendo monólogos com meu bebê que ainda nem falava para me responder.

Após trocar e dar a mamadeira, o deixei no bercinho e fui preparar a inalação como ela me instruiu. Até que não foi difícil, no copinho da inalação tinha as marcações de quantidade, pinguei as gotinhas do remédio que ela mandou e liguei na tomada, trazendo para perto de mim o inalador.

— Vamos lá garotão, uma nova aventura pra você, tomar uma fumacinha pro dodói. - expliquei enquanto o pegava no colo e sentava no cadeirão.

Quando tentei colocar o inalador ele virou a cara, começou a se debater sem querer tomar a inalação.

— Anda filho, foi a tia Bella que mandou. - disse e rapidamente sua cabecinha se virou curioso. - Sim, a tia Bella quer o bem do bebê do papai, ela é boazinha e só pede coisas pro seu bem né meu amor. - assim que eu falava de Bella ele se acalmava, parecia até mágica, por isso passei o tempo todo falando sobre ela. 

— Imagina se a gente tivesse a Bella só pra nós, hein? ela estaria aqui agora me ajudando com a inalação, te dando carinho, beijos. Você dividiria ela com o papai? Ela pode me dar carinho e beijos também? Você é um bom menino, dividiria sim. - continuei meu monólogo.

E assim, ele tomou toda a inalação calmamente. Bella fazia milagres em nossa vida.

O dia seguinte começou tranquilo, expliquei para a Sra. Cope todas as instruções de Bella, deixei a indicação de como dar a inalação e fui trabalhar.

Na empresa as reuniões correram bem, apesar de ser um bobão com meu filho, no trabalho todos tinham medo de mim. O que era algo bom, nesse ramo não se pode ser bonzinho demais para não ser passado para trás. A única coisa que sempre prezei foi ser justo com as pessoas, então, mesmo sendo um chefe linha dura, jamais era injusto com ninguém, os melhores funcionários eram recompensados e pessoas que intoxicavam o ambiente eram demitidas. Por isso tinha alto grau de satisfação dos meus funcionários, todos se sentiam bem em seus postos de trabalho e eram muito bem pagos por isso.

Perto do fim do expediente a Sra. Cope me ligou, atendi preocupado.

    “Aconteceu alguma coisa?” - perguntei antes mesmo de cumprimentá-la.

    “Theo está tossindo muito, mesmo com a inalação da tarde não resolveu.” - disse tensa.

    “Estou indo pra casa.” - desliguei o telefone e saí praticamente correndo da empresa.

    No caminho liguei para Bella.

    “Alô Edward? aconteceu algo?” - atendeu preocupada.

    “A babá de Theo disse que ele está tossindo muito e mesmo com a inalação não melhorou, estou indo para casa agora” - disse ansioso.

    “Ok, ao chegar lá, me informe exatamente como ele está, caso esteja com evidente dificuldade para respirar, não espere e leve-o ao pronto socorro. Por coincidência, estou de plantão hoje. Caso tenha melhorado, mantenha a inalação. Mas me mantenha informada” - disse rapidamente.

    “Ok, obrigado” 

    Chegando em casa, corri para dentro para ver meu bebê.

— E então, como ele está? - cheguei na sala onde a sra. Cope estava com ele no colo.

— Agora ele se acalmou um pouco, mas acho melhor levá-lo ao hospital. Quando ele tem as crises de tosse, parece que ele fica tentando buscar o ar e não consegue. - disse preocupada.

— Ok, Bella está lá hoje. Vou levá-lo. - respirei fundo.

Vesti uma roupa mais quente nele e o coloquei na cadeirinha do carro.

Quando estávamos quase chegando Theo começou a tossir novamente, vi pelo retrovisor que diferentemente de ontem que as tosses eram calmas, essa tosse era forte e persistente, me assustei muito. Via que ele tentava sugar o ar com mais força.

            Entrei rapidamente pela emergência do pronto socorro e pedi para que me levassem até a Dra. Swan. Como viram a tosse forte que ele estava, rapidamente fomos encaminhados até uma sala de emergência e em menos de 1 minuto Bella estava conosco.

— Você ficou com saudades da tia Bella tão rápido assim meu amor? Hein? não era pra ter essa visita hoje. - disse carinhosamente com ele, tentando acalmar sua crise de tosse enquanto ouvia seu pulmão. - Me parece muito uma crise de asma, vou entrar com broncodilatadores e ele deve melhorar em pouco tempo. Fique tranquilo Edward. - disse e preparou a medicação.

— Bella? ele pode ficar sem ar de vez nessas crises? - perguntei o obvio, mas precisava saber.

— Sim Edward, você saberá que uma crise é grave se ele ficar com os lábios arroxeados, suar muito e obviamente não estiver conseguindo respirar. Mas não vamos deixar isso acontecer com esse bebezão não é? - agradou ele um pouquinho enquanto inseria uma agulha em seu bracinho após me pedir para segurá-lo.

Me pediu para sentar com ele e dar uma inalação também. Após o remédio, a tosse passou e ele estava exausto, nem reclamou da inalação.

— Ele é tão pequenininho Bella, porque tem que passar por essas coisas? - perguntei perdido, com a voz embargada.

— Eu sei, nenhum bebezinho deveria passar por doença nenhuma. - concordou. - Mas ele é saudável e forte, tenho certeza que iremos encontrar um meio termo que irá mantê-lo longe das crises, não se preocupe. - me acalmou.

Bella foi finalizar alguns atendimentos enquanto eu fiquei com Theo terminando a inalação e aguardando o tempo de observação que ela pediu que fizéssemos.

Após duas horas Bella apareceu com um sorriso.

— Pelo que vejo a crise passou totalmente. - ouviu seu pulmãozinho. - Bom, já melhorou bastante. Foi uma crise leve papai. - sorriu.

— Se isso foi leve e eu quase perdi meus cabelos, deus nos livre de uma crise grave. - suspirei.

— Vejo todos seus cabelos aí. - piscou pra mim. - Seria uma lástima perder esses cabelos. - disse baixinho enquanto assinava a ficha de Theo.

— O que disse? - perguntei apenas para provocá-la.

— Que eu já vou dar alta para vocês. - mentiu e seu rosto atingiu um tom de vermelho vivo.

— E vai ficar de plantão até que horas? - perguntei cortesmente.

— Na verdade meu turno acabou de acabar. - brincou.

— É mesmo? e nós estamos prendendo você aqui. - disse preocupado.

— Não se preocupe, vim dar a alta e já vou embora pegar um táxi para casa. - explicou.

— Imagina! Eu posso te dar uma carona, é o mínimo que podemos fazer por sua ajuda. - disse animado pela ideia de levá-la.

— Não sei, realmente não quero tirar você do seu caminho Edward, deve estar cansado, nem conseguiu relaxar após o trabalho e já veio correndo pra cá. - mordeu os lábios.

— Não há nada a discutir, iremos te dar uma carona para casa. - declarei contente.

— Tudo bem então, aceitarei dessa vez. - sorriu levemente.

Theo dormia tranquilamente no meu colo. Saímos para o estacionamento onde parei o carro de qualquer jeito.

— Nossa qualquer um diria que não sei estacionar. - brinquei.

— Aqui ninguém julga isso, porque as pessoas sempre chegam com muita pressa. - respondeu rindo.

Coloquei Theo preso na cadeirinha e dei a volta no carro para abrir a porta para Bella.

— Obrigada, que gentil. - sorriu.

— Já ouviu o ditado que temos que abrir a porta para a pessoa entrar sempre? - perguntei.

— No carro? Nunca ouvi isso! - me olhou em dúvida.

— Bom, eu inventei agora, então por favor. - sorri de lado.

Bella riu e entrou no carro balançando a cabeça.

— Onde você mora?- perguntei seu endereço para programar no gps.

Ela explicou onde morava e eu sorri contente.

— Ora ora, somos praticamente vizinhos. - ri. Bella morava no prédio em frente ao meu.

— Não brinca? - me olhou curiosa.

— Sim, moro no prédio em frente ao seu. - confirmei.

— Esse mundo é mesmo pequeno. - riu alto.

— Agora ao invés de te ligar, vou lá bater na sua porta. - provoquei.

— Ou ao invés de te instruir por telefone eu vou até a sua casa ver meu menininho preferido. - provocou de volta.

— Você sabe, somos dois antissociais que não recebemos visitas há tempos, talvez você encontre alguma bagunça por lá. - dei de ombros.

— Eu não me importo. - riu de leve.

— Posso te contar um segredo de homens? - perguntei com ar conspiratório.

— O quê? - me olhou com os olhos brilhando de curiosidade.

— Ontem mesmo estava discutindo com Theo se ele te convidaria para tomar um chocolate quente com a gente lá em casa. - dei de ombros.

— Oh é mesmo? E o que ele respondeu? - perguntou cruzando os braços.

— Ele não respondeu em palavras, você sabe. Mas ele definitivamente parecia interessado nesses planos. - brinquei.

— Quem sabe o dia que ele convidar eu aceite. - mordeu os lábios.

— É mesmo? Farei questão que ele saiba disso então. - pisquei pra ela.

Rimos e conversamos enquanto o trânsito nos mantinha parados.

— Você se importa se eu parar em um Drive Thru no caminho? Não tenho nada pronto em casa e não vou ter cabeça para cozinhar hoje. - perguntei suspirando.

— Tenho uma ideia melhor, já que moramos tão próximos, que tal se sua vizinha te oferecer um jantar? Antes que você pense que vou ter trabalho, minha mãe estoca comidas congeladas na minha geladeira. Pois é, tenho muita comida em casa. Posso te oferecer algo melhor que fast food. - disse entre brincando e ansiosa pela minha resposta.

— Tem certeza? Podemos virar visitantes frequentes. - provoquei.

— Tenho certeza. Além do mais posso dar uma olhada nele durante esse tempo. - sorriu.

— Então aceitamos. Theo ficará muito contente em saber que estará mais tempo em sua companhia. Mesmo dormindo. - ri feito bobo.

— Só o Theo? - perguntou ironicamente.

— Talvez o papai também fique bastante satisfeito de passar um tempo com uma pessoa adulta fora do ambiente profissional ou hospitalar. - brinquei.

— Ótimo. - riu.

            Chegamos ao seu prédio, que realmente era em frente ao meu. Estacionei em sua vaga e peguei a cadeirinha de Theo. 

            Subimos em um silêncio confortável.

— Por favor, fique à vontade, pode colocar Theo dormindo na minha cama se quiser. - disse me olhando ansiosa.

— Não se preocupe, ele dorme bem na cadeirinha, e também agora está aprendendo a se mexer mais e tenho medo que caia da cama se ficar sozinho. – expliquei.

— Certo. Pode colocá-lo onde não caia caso acorde e se mexa muito. - Apontou para a sala.

Deixei Theo na sala e fui atrás dela na cozinha.

— Com licença. - Pedi timidamente.

— Ah, fique à vontade. Vou descongelar uma lasanha pode ser? - perguntou animada.

— Claro, amo massa. Sua mãe não pode estocar comida pros vizinhos também? - perguntei brincando.

— Não dê ideias que ela realmente faria. Mamãe é uma cozinheira aposentada. Cozinhar é terapia pra ela. - explicou.

— Uau, então aposto que a comida é maravilhosa. Bendita hora que fui ser vizinho da melhor pediatra da cidade com uma mãe cozinheira. - disse admirado.

— Você é muito engraçado Edward. Aposto que Theo puxará seu senso de humor, ele é tão risonho e fofo. - disse rindo e colocando a lasanha no micro-ondas.

— Acho que sim, ele é um bebê muito sorridente. - Sorri também pensando em meu filho. - Espero que a gente consiga lidar com essas crises dele, que não tire seu bom humor. - suspirei.

— Não se preocupe, vou ajudá-los. - Me acalmou.

— Conto com isso. - Sorri.

Comemos tranquilamente na sala vendo TV, enquanto Theo ainda dormia ao meu lado. Foi uma noite muito agradável, se eu já achava Bella encantadora, agora eu tinha certeza. Além de bonita, inteligente, educada, também era brincalhona, sabia falar sobre diversos assuntos, curtia economia e até mesmo futebol.

— Obrigado Bella, por me ajudar com Theo e por esse jantar maravilhoso. Por favor agradeça a sua mãe também. - disse sinceramente.

Theo agora estava acordado e brincando no colo de Bella, que beijava sua cabecinha e fazia carinho nele.

— Imagina, o prazer é meu. Não aguento ver essa coisinha fofa doentinho. E a comida tenho de sobra. Não dou conta de comer tudo sozinha.

Após mais alguns minutos, decidi que era melhor ir embora. Não queria impor minha presença mais tempo.

Peguei Theo e a cadeirinha e fomos até a porta. Antes de sair respirei fundo e me virei para Bella.

— Será que podemos considerar isso um primeiro encontro? - perguntei entre brincalhão e tenso.

— Não sei, acho que não é muito usual uma garota convidar um cara pra casa dela no primeiro encontro. - deu de ombros sorrindo.

— Então podemos corrigir isso. Posso te levar para jantar fora e depois no segundo eu volto aqui para jantar a comida da sua mãe e no terceiro você vai no meu apartamento jantar a minha comida. - brinquei.

— Feito! - concordou sorrindo.

— Sério? - perguntei contente.

— Claro. - mordeu os lábios.

— Ouviu isso filho? - brinquei com Theo. - Então está feito, vamos nos falando e assim que esse meninão estiver 100% eu o deixo com a babá e vamos jantar fora. - sorri.

— Tudo bem. - riu. - Foi ótimo ter vocês aqui. - disse timidamente.

— Digo o mesmo. - sorri e juntando a máxima coragem que eu tinha, me inclinei e dei um selinho em sua boca.

Bella me olhou de olhos arregalados, mas sorriu.

— Até mais. - saí sorrindo.

 

 Anos depois.

 

— Filho, você pegou tudo? Pegou sua bombinha? - perguntei para Theo enquanto finalizava de arrumar nossas coisas.

— Claro papai, peguei 3 bombinhas para não ficar sem durante a viagem caso ocorra algum imprevisto. - respondeu ele rindo.

— Bom garoto. - baguncei seu cabelo. - Agora vá lá chamar sua irmã que já estamos atrasados.

Theo agora tinha 7 anos e já estava totalmente adaptado à asma. É claro que ele odiava as crises, mas tinha crises cada vez mais espaçadas agora. Já sabia o que acarretava e sabia como tratá-las. 

Bella foi uma benção em nossas vidas, em todos os sentidos. Uma mãe amorosa para nossos filhos e uma médica competente que nos ajudou a aprender a lidar com sua doença.

— Amor, você está atrasada. - gritei do pé da escada.

— Já estou indo amorrrr. - gritou lá de cima.

Theo e Amber desceram brincando entre si. Nossa menininha nasceu dois anos depois de Theo. Quando Theo fez um ano, nos casamos e Bella o adotou oficialmente como seu filho. Logo Bella engravidou e veio Amber, nossa garotinha linda igual a mãe para iluminar mais ainda nossas vidas.

— Crianças, podem ir para o carro. Olhem de novo se não esqueceram nada nas mochilas.

Como pai metódico, estava sempre fazendo eles revisarem as coisas antes de sair de casa, principalmente Theo que não podia esquecer suas bombinhas.

— Prontinho amor, estou pronta. - disse Bella chegando ao meu lado.

— Não mulher, como você pensa que vai vestida desse jeito a viagem toda sem eu poder tirar uma casquinha? - perguntei cruzando os braços.

Bella riu bobamente e me deu um tapinha. Ela vestia um shortinho curto e uma blusinha justa, com uma sandália. Íamos para a praia levar as crianças a conhecer o mar.

— Vamos pra praia Edward, quer que vá de burca. Deixa de ser tarado e vamos logo. - riu e me mostrou a língua saindo correndo.

Corri atrás dela e a agarrei. Bella gritou rindo. A virei e dei um beijo de tirar o fôlego nela, nossas línguas se entrelaçando com amor e prazer.

— Gostosa, me aguarde na volta. - dei um tapinha em sua bunda.

Seguimos de mãos dadas até o carro sorrindo como bobos, a vida era mesmo maravilhosa.


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Notas finais do capítulo

ahhhh... eu amo um amorzinho fofo, não foi dessa vez que rolou um hot pesadao como eu gosto de fazer kkk mas tem dia que precisamos de umas fofurices hehe.

Espero que tenham gostado, aproveitem para ler as outras fics do projeto.

um beijo e até a próxima.