Golden Years escrita por condekilmartin


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oieee, mais um capítulo para vocês aproveitarem e criarem teorias haha!



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Estava sufocando novamente.

Como pudera ser tão burra?

Cecília se sentia a pessoa mais idiota do mundo por ter um dia confiado em Rômulo Tibúrcio. Sabia que ele não tinha a melhor das famas quando o conheceu, sabia que a sociedade inteira o julgaria como inadequado para uma moça como ela, mas foi em frente mesmo assim.

Seus próprios pais, que tinham lá um pouquinho de indiferença com algumas normas sociais, haviam acolhido Rômulo em sua casa, acreditado que ele amara sua filha e ficaram sem entender nada quando Cecília apareceu apática e com uma dificuldade de se abrir ainda maior do que sua própria timidez característica.

Aquele rapaz, por quem ela se encantara, nunca iria partir seu coração por causa de boatos tão absurdos. A moça sempre teve sua curiosidade em saber o que de fato era real e o que era conversa do povo, mas nunca tivera a chance de perguntar, embora agora Rômulo tivesse revelado que sabia tanto quanto ela própria e o resto da cidade. Talvez o Almirante Tibúrcio guardasse aquele segredo a sete chaves e não confiasse o suficiente nem nos próprios filhos, para lhes contar alguma coisa.

Como ele fora tão facilmente persuadido a ir embora desse jeito? pensou. Tem que ter algo a mais.

Ela sabia que Rômulo a amava, ao menos naquela época. Sabia onde havia entrado e para onde estavam indo, mas talvez ele não tivesse contado toda história, apenas um pedaço. Nunca conhecera seu pai, não sabia como ele era, além dos boatos que corriam pela cidade, e o médico nunca lhe dera a chance de conhecê-lo.

Será que a queria longe do filho tanto assim?

Cecília chegou em casa e seguiu para o quarto. Havia conseguido controlar o corpo, mas era visível que não estava bem pois, além de sua expressão de raiva e desconfiança, seu corpo tremia e era possível sentir de longe que ela borbulhava consumida pela fúria.

— O que aconteceu com a sua irmã? — Ofélia, a matriarca dos Benedito, havia perguntado para Mariana, quando viu a filha de número quatro chegar em casa como um furacão.

— Com certeza deve ter sido alguma coisa com Rômulo Tibúrcio. — Lídia comentou com tanta naturalidade, esquecida de que a irmã havia pedido segredo sobre terem visto ele no café de dona Ágata.

— Que história é essa Lídia? — Mariana questionou a irmã mais nova, que se assustou e cobriu a boca com uma das mãos e deu uma batida na testa com a outra.

— O que Rômulo tem a ver com isso? — Perguntou a mãe.

— Não era para eu ter falado nada...

— Começou, agora termine. — Ofélia mandou.

— Ah, tudo bem. — Lídia deu de ombros e começou. —  Lembram que nós duas fomos ao café de dona Ágata ontem? Então, dona Ágata estava comentando com alguém que Rômulo estava voltando para a cidade. Não conseguimos nem tomar nosso café, já que Cecília parecia querer sair dali correndo. Na verdade, foi isso o que ela fez e acabou quase sendo atropelada por ele.

— Atropelada? — Ofélia e Mariana falaram em um coro, ambas chocadas.

— Como assim? — Mariana perguntou.

— Ah, eu não vi direito porque tive de ir buscar minhas luvas, que esqueci na mesa do café. — Lídia falava sobre a situação como se fosse a mais corriqueira possível e não percebia as expressões de choque com a novidade da mãe e da irmã. — Quando fui encontrá-la, Cecília estava tão assustada com a situação que só consegui pensar em trazê-la para casa.

— Então Rômulo Tibúrcio está de volta? — Ofélia perguntou para si mesma, mas alto o suficiente para que as filhas a escutassem. — Voltou para pedir a mão de Cecília em casamento, será?

— Mamãe! — Mariana a repreendeu. — Mesmo que fosse esse o caso, ele partiu o coração de Cecília, ela deve estar destruída ao saber que ele está de volta. Será que eles já se encontraram depois disso?

— Ele com certeza está arrependido, Mariana. — Ofélia disse para a filha. — Acha mesmo que iria desapegar de Cecília tão fácil assim, depois daquele amor todo? Você não era cega, minha filha, sabia que o que havia entre os dois era muito forte.

— Vou ver como Cecília está. — Mariana disse, tentando ignorar as palavras da mãe e deixando-a sozinha com Lídia.

Os Benedito haviam ficado magoados com Rômulo por ter terminado as coisas com Cecília sem mais nem menos, afinal, todos haviam presenciado o quanto eles se amavam. Elisabeta, antes mesmo de conhecer o marido, fazia questão, junto com as outras três, de lembrar cada sorriso bobo que a irmã mais nova deixava pelos cantos da casa e cada olhar apaixonado que Rômulo soltava quando falava sobre ela.

Apesar de Ofélia ter essa esperança de que os dois pudessem se reconciliar e a filha, finalmente, viesse a se casar, depois de tantos desencontros, os Benedito não haviam recuperado totalmente a confiança em Rômulo e não sabiam se iriam permitir que Cecília entregasse o coração a ele mais uma vez, sem analisar tudo o que acontecesse dali em diante.

Mariana entrou no quarto da irmã e a encontrou encolhida na cama, o corpo mais calmo do que quando chegou. Ela não chorava. A mais velha se aproximou.

— Você está bem?

— Não. — A resposta honesta saiu tão fácil que surpreendeu Mariana. Aparentemente, Cecília havia desistido de esconder as coisas.

— Encontrou com Rômulo?

— Acredito que essa tenha sido a terceira vez desde que ele voltou e foi a pior de todas.

— O que aconteceu, de verdade, entre vocês dois, Cecília? — Mariana precisou perguntar. Por mais que estivesse há anos curiosa sobre isso, havia respeitado o tempo da irmã e não tocava no assunto, assim como toda a família fazia, com exceção, talvez, da matriarca, mas sentia que, dessa vez, Cecília estava pronta para, finalmente, se abrir.

— Lembra que eu contei que ele havia terminado as coisas comigo para ir à São Paulo estudar? Aparentemente, ele foi forçado, pelo pai, a terminar nosso namoro. — Cecília respondeu, virando-se para ficar de frente para a irmã. — Para não manchar a minha reputação com aquela história que ronda a família dele.

— O quê? — Mariana perguntou, incrédula. — Por causa de uma história que existe há tantos anos?

— Eu sei, Mariana, que não foi só isso. Não pode ter sido só isso.

Mariana achou que a irmã estivesse em estado de negação, mas podia ver que a cabeça de Cecília funcionava como se fosse um quebra-cabeça, unindo as peças para tentar fazer alguma coisa naquela história encaixar.

— O que você acha que foi? — Mariana perguntou.

— Ainda não sei. — Cecília tentava encontrar algo em suas memórias que explicasse algo, mas não tinha nada. — Rômulo nunca me apresentou ao pai, você sabe. Será que foi por isso? Que inventou essa história toda porque estava brincando comigo?

— Ele te amava, Cecília. — Contrariou a mais velha, categórica. — Era visível para todas as pessoas ou ele não teria proposto namoro a você, sabendo muito bem como nossa sociedade funciona.

A sociedade brasileira era ácida em seus comentários, especialmente sobre moças que firmavam um namoro e não mudavam o status para noiva e colocasse uma aliança em seu dedo logo cedo. Rômulo ter ido embora sem propor nada a Cecília, e com a fama de namorador que tinha antes de começarem a ter algo sério, servira um prato cheio de assunto para o povo daquela cidadezinha.

Cecília sobrevivera a eles e sabia que sua vida iria virar motivo de mais fofoca nos próximos dias, já que todos assistiriam os próximos passos do médico e, principalmente, os seus, mas não ligava. Tinha a sorte de ter uma família tão querida e que não se importava tanto assim com tais mexericos, mas, depois do que Rômulo lhe dissera mais cedo, achava que ele, sim, dava atenção ao que comentavam por aí.

— Falaram que eu fui abandonada. — Cecília lembrou dos comentários da cidade após a partida de Rômulo. — E fui mesmo, não é?

— Ele está de volta, minha irmã. Tem certeza de que não dará uma nova chance?

— Como eu posso fazer isso, Mariana? — A moça dos olhos cor de mel, entristecidos como ficavam só de pensar nesse assunto, levantou-os para a irmã mais velha. — Eu ainda sou apaixonada por ele. Sempre fui. Achei que esse sentimento tinha saído de dentro de mim, mas bastou um olhar para perceber que ainda existe. Mas não consigo perdoá-lo. Mesmo que ele tenha, finalmente, se aberto para mim, ou o que quer que tenha sido aquilo, não consigo não lembrar que ele partiu meu coração anos atrás e que eu nunca fui capaz de recuperá-lo totalmente.

— Está tudo muito recente. — Mariana disse e a mais nova assentiu. — Dê tempo ao tempo e abra seu coração para novas possibilidades, sejam elas quais forem, com Rômulo ou não.

— Acha mesmo que eu consigo?

— Tenho certeza, minha bonequinha. — Ela lhe deu um sorriso acolhedor e a abraçou.

As duas ficaram abraçadas por alguns minutos. Cecília havia sentido muita falta de se abrir com as irmãs, especialmente Mariana, e, agora que finalmente conseguira, parecia que um enorme peso havia saído de suas costas.

Ela ponderou um pouco sobre o que havia sido confessado ali.

Ainda o amava.

Ainda não conseguia perdoá-lo.

Tinha um mistério para resolver.

Será que daria conta de lidar com tudo aquilo?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
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Um xero ♥



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