Golden Years escrita por condekilmartin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Voltei com mais uma fanfic Rocília, esse casal tão amado e querido por mim! Ela se passa na década de 1950, com alguns intercalados entre passado e presente, com mocinhos que enfrentam a dor de um coração partido, a chance de um recomeço e desvendarão um segredo que mancha a reputação de uma família poderosa.
Espero que vocês gostem ♥



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BRASIL, DÉCADA DE 1950

Admitir que havia sentido falta do interior mais do que gostaria era algo que Rômulo Tibúrcio não suportaria dizer em voz alta.

A vida em São Paulo havia lhe permitido tantas regalias e, principalmente, o afastado dos rumores que rondavam a sua família, que era surpreendente que ele estivesse escolhido retornar à cidadezinha em que nasceu, sabendo que sua volta causaria um grande reboliço, visto que as novidades voavam mais rápido que um falcão.

Tinha recebido mensagens de seu pai regularmente nos últimos meses, o suficiente para entender por si mesmo que gostaria que o filho mais velho retornasse para casa, para tomar conta daquilo que lhe era de direito, planos que Rômulo não tinha o menor interesse de seguir, ao menos não naquele momento.

Era um médico com certo prestígio e, por mais que tivesse obtido seu diploma apenas para desafiar o pai, que queria que o filho se tornasse um advogado renomado ou um grande administrador, visto que o mundo empresarial no Brasil estava expandindo, ele havia se apaixonado pela profissão que escolhera e não pretendia fazer outra coisa de sua vida.

Mas ele sabia que o grande e verdadeiro motivo para que seu pai estivesse sondando sua volta era para abafar os rumores de que havia sido abandonado pelos dois filhos. Edmundo, irmão mais novo de Rômulo, estava passando uma temporada na Europa junto com a esposa, Fani, e o mais velho bem que gostaria de seguir seus passos, se não tivesse aquele pedacinho de intuição sussurrando em seu ouvido que seu lugar era ali.

As fofocas sobre o fim do casamento de seus pais sempre o assombrariam, o povo da cidade não o deixaria esquecer e a morte da sua mãe sempre permaneceria um mistério a ser desvendado.

A fofoca que rondava a pequena cidade era que Josephine Tibúrcio havia cometido o maior crime de todos: traição conjugal. Rômulo era pequeno demais para saber se a traição havia, de fato, acontecido, mas grande o suficiente para perceber que o relacionamento de seus pais não era saudável. Os dois viviam em um incansável pé de guerra, troca de farpas e comentários carregados de ironia e amargura.

Completando o boato de traição, a cidade inteira acreditava que o Almirante Tibúrcio, taciturno, rude e severo, com um bom ex-militar era, havia sido o responsável pela morte da esposa. A sociedade determinava que ele precisava reaver sua honra, destruir aqueles que haviam sido responsáveis por maculá-la, a lei estava ao seu lado, mas Rômulo não sabia se o pai era capaz de cometer tamanha atrocidade contra a própria esposa. Contra o amante? Talvez, era muito provável, mas o médico achava que seu pai amava sua mãe, ainda que de uma forma que ele jamais fosse compreender como podia ser chamada de amor.

A cidade havia começado a surgir no horizonte, fazendo com que seu coração desse uns saltos de saudade e pisasse um pouco mais forte no acelerador. Apesar da infância conturbada, ele havia vivido bons momentos ali e ainda mantinha as poucas amizades que tinha.

Será que Ernesto e Luccino ainda estão por aqui? Ou aqueles dois desgovernados haviam ido tentar a vida na capital sem me avisar? ele pensou. Seus amigos, italianos de nascença e irmãos de sua cunhada, sempre tinham desejado mais do que a cidade pequena. Ernesto queria conquistar o mundo, mas Luccino não tinha tanta ambição para ser facilmente persuadido pelo irmão.

Rômulo imaginava quem seria a primeira pessoa que encontraria, o que iria dizer e como explicaria o seu retorno, apesar de tudo. Só não sabia que a pessoa seria ela.

***

Cecília Benedito andava pelas ruas na companhia da irmã mais nova, Lídia, que funcionava como uma espécie de imã para atrair todos os olhares para si e expô-la a situações constrangedoras o suficiente para fazê-la querer nunca mais deixar o conforto de seu quarto.

Todos os homens da cidade eram atraídos para a espevitada da sua irmã, o que causava uma grande dor de cabeça aos seus pais, já que uma mulher não deveria agir daquela forma em situação alguma ou isso iria arruiná-la, mas Lídia não parecia ligar muito para o que a sociedade pensava dela, o que deixava Cecília um pouco incomodada, pois era reservada e precavida, o extremo oposto da irmã mais nova.

Era melhor quando passeava com Mariana, uma das suas irmãs mais velhas e talvez de quem ela tivesse mais proximidade, mas ela estava ocupada demais organizando os detalhes de seu casamento com o coronel Victor Brandão, que comandava o regimento habitado na cidade.

Cecília e Lídia estavam no café, passando a tarde longe da bagunça que estava a casa dos Benedito aquelas últimas semanas, com o casamento de Mariana tão próximo, quando ouviram a dona do estabelecimento, Ágata, contar as novidades mais recentes para algum outro cliente fiel que andava por ali:

— Sabe quem está voltando para a cidade? — Indagou. — Rômulo Tibúrcio.

Cecília sentiu o ar deixar seus pulmões e quase derrubou a xícara de café em cima de si mesma ao ouvir aquele nome. Não era possível...

Lídia a olhou, preocupada com a reação da irmã, mesmo sabendo que ela manteria a pose, fingindo que não ouvira uma palavra que saíra da boca de dona Ágata. Toda a família Benedito sabia o que havia acontecido entre os dois e não entendiam o motivo deles não terem seguido em frente com o compromisso. Sabiam que eles tinham sido feitos um para o outro, mas Cecília não deu abertura alguma para falarem sobre o assunto depois que Rômulo foi embora.

 — Cecília... — Disse a mais nova, preocupada.

— Vamos embora, Lídia, por favor. — A voz da moça saiu quase num sussurro.

Deixando o dinheiro da conta em cima da mesa, as duas saíram do café sem se importarem que não haviam comido ou bebido nada. Lídia precisou voltar para pegar o chapéu que havia esquecido, deixando Cecília sozinha por tempo o suficiente para que quase fosse atropelada por um dos carros mais bonitos que já havia visto na região, um charmoso Peerless Pontiac preto 1950, dirigido pela última pessoa que ela gostaria de ver por ali.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de deixar seus comentários e recomendações, caso gostem da história.
Se não gostarem, sejam gentis ou não precisam comentar, é só parar de ler, sem problemas.

Até o próximo capítulo ♥



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