Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 9
E AQUELE aperto no peito




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Julia acordou com o telefone tocando insistentemente ao seu lado...A vontade que tinha era de jogar o aparelho no chão, lembrava que não tinha deixado ali...Pegou o telefone e atendeu:
— Alô? — atendeu toda sonolenta.
— Julia Almeida...Onde você se meteu? — perguntou uma voz irritada do outro lado da linha.
— Olha, nesse momento eu tô na minha cama... Tava dormindo e muito por sinal, que cê quer Mari?
— Caramba, eu te liguei a noite toda, e nada de tu aparecer...Não atendeu, não retornou...Acha que tá certa?
— Com quem eu tô falando? Mariane Ávila ou Marta Almeida?
— Julia, não tô afim de gracinha...Fiquei preocupada, cassete.
— Meu, tô em casa...Bem. Tava num lindo sono até você me interromper.
— Mas custava ter retornado minhas ligações?
— Eu não tava com o celular, animal!
— Pow Julia, eu fiquei super preocupada com você. Me liga toda estranha e depois não atende meus telefonemas...Some.
— Eu não sumi, tava por aí.
— Ai Julia, tá bom...Tá bom. — cortou Mari.
— Mari...
— Que foi?
— Eu tô ferrada, cara.
— Afinal de contas, onde você se meteu, cassete?
— Fui pra uma boate...
— Fazer?
— Seguir seu conselho.
— E aí? — perguntou curiosa.
— Consegui...Consegui me afundar mais.
— Não ficou com ninguém?
— Fiquei...Fiquei com uma menina que, sinceramente, era a Lilian todinha...E que pra melhorar o nome ainda era Vivian. Legal, né?
— Vivian...Lilian. Legal.
— Mari!
— Já penso cê pegou a irmã da Lilian?
— Mariane, agora não é o momento mais apropriado para piadas, fato.
— Tá bom, tá bom...Foi só pra tentar descontrair.
— Palhaça.
— Sério amiga, agora me conta como foi isso...
— Ah meu, foi...Péssimo. Porque eu num parei de pensar nela em momento algum enquanto ela tava lá com o namorado dela.
— Cê conheceu o namorado dela?
— Infelizmente sim...
— E aí Julia, ele é bonito? Gente boa?
— Ai Mari, se eu conversei com ele 15 minutos foi muita coisa. Ele já chego agarrando ela, na minha frente! Ou seja, não gostei.
— Huuum...
— Fiquei revoltada.
— Sem motivo, né Julia. Ele é namorado dela, normal beijar ela.
— Mari, eu gosto dela, entende...Não é agradável você ver a pessoa que você tá sentindo algo muito forte aos beijos com um cara.
— Namorado dela.
— Quem quer que seja!
— Ai meu Deus...
— Vai sair hoje? Vai encontrar a menina de novo?
— Eu não! Acho que vou é dormir mais...E quem sabe acordar já na segunda.
— Que nada Julia, não fala bobagem, a Edna ficou preocupada com você também, sabia?
— Não...Que horas são agora?
— Vinte pras seis.
— Porra! Tô aqui desde as oito.
— Viu...Dá as caras lá pela sala, assim ela vê que você tá legal.
— Vou sim, tô com fome.
— Julia...
— Oi?
— Sabe o que eu tava pensando?
— Não.
— Você contou pra Lilian?
— O que?
— Que cê é lésbica ué.
— Hum...Não. Por que?
— Se ela perguntar se você passou a noite com alguém, cê vai falar o que?
— Ela tem mesmo que saber?
— Se ela perguntar, num tô falando que ela vai.
— Bom, vou dizer que passei ué.
— Com uma mulher?

Julia não respondera, nunca havia pensado em contar para Lilian sobre sua orientação sexual, sorriu meio nervosa e respondeu:
— Tá, não sei.
— Acho que você devia contar pra ela. Principalmente agora, que vocês tem pouco tempo de amizade.
— Tem necessidade mesmo disso?
— Lógico que tem! Vai contar?
— Ahn...Talvez, eu vou pensar. Olha...Vou perturbar a Edna, tomar um banho e caçar o que fazer.
— Qualquer coisa cê me liga, ok?
— Pode deixar que eu ligo...Vai lá, Mah. Tchau.
— Tchau Julia. Beijo.
— Outro.

Após desligar o telefone, Julia resolveu levantar, ficou pensando nas palavras da amiga, será que realmente tinha necessidade de contar a Lilian que era lésbica? Colocou o telefone na base e foi até a cozinha, Edna lavava a louça despreocupadamente e nem precisou se virar para ver que Julia estava ali...


— Finalmente saiu daquele quarto.
— Você compactuou com isso, né? — perguntou ameaçadora.
— O que? — e virou-se.
— Telefone...Eu lembro muito bem que ele não tava na cama, sua ingrata.
— Eu pensei que você num fosse sair dali hoje...
— Eu tava dormindo! — exclamou Julia.
— São quase seis horas Julia. A Mari tava preocupada...
— Mas não precisava me acordar.
— Mas Julia...
— Tá, tá, tá. — cortou irritadiça — Vou tomar um banho, faz um favor pra mim?
— Fala.
— Vai lá embaixo, no meu carro e procura o meu celular? Se eu não me engano tá no banco do carona, cê pega pra mim?
— Tá bom, vai lá tomar seu banho e depois eu faço algo pra você comer.
— Brigada Edna.

Julia foi para o quarto e assim que entrou na ducha, ouviu o telefone tocar, como Edna estava lá embaixo e Julia tinha acabado de entrar no banheiro, deixou tocar e nem se importou...


Um tempo depois saiu do quarto com uma roupa bem confortável, decidiu que não sairia de casa naquele sábado, chegando na sala logo avistou o celular na mesinha, pegou o aparelho e ficou surpresa com a quantidade de ligações perdidas “Mari tem problema...” e ao conferir os números, deu de cara não só com as ligações da amiga e sim de Lilian também. Ficou olhando os horários da ligações e pensando “Ela lembrou de mim.” Resolveu ligar para Lilian e saber o que tanto a garota queria lhe falar...
— Alô?
— Guh, é a Julia...Sua irmã tá ai?
— Tá no quarto, um segundo.

Julia esticou as pernas enquanto Augusto chamava a irmã. Logo ouviu uma voz conhecida e abriu um leve sorriso...
— Oi?
— Lilian?
— Julia! Finalmente... — aliviada.
Julia riu levemente e perguntou:
— Tudo bem?
— Tudo, tirando o fato deu ter ficado preocupada com você e ter te ligado o dia todinho.
— Fica tranquila, você não foi a única, Mari quase teve um treco também.
— Cê não tava com a Mari?
— Não.
— Onde cê foi? perguntou sem conter a curiosidade.
— Fui pra uma boate, oras, dançar um pouco.
— Queria ter ido com você...Se divertiu?
— Bastante. — mentiu.
— Realmente queria ter ido, não contava que o André viria. Desculpa.
— Tudo bem, tudo bem...Eu entendo.
— Fiquei preocupada com você. Liguei o dia todo...
— É, eu acordei tem pouco tempo...Melhor dizendo, fui acordada.
— Mari?
— Exatamente.
— Chegou tarde?
— De manhã pra ser mais exata.
— Uaau. — Lilian não gostou muito de saber que Julia passara a noite fora, sentiu uma pontada de irritação.
— Aí eu sem querer deixei o celular no carro, ficou lá o dia todo, pedi pra Edna pegar a pouco tempo pra mim.
— Liguei na sua casa há pouco tempo...
— Aaaah, então foi você! Eu não atendi porque tinha acabado de entrar no banho e a Edna tava indo buscar meu celular. Por isso ninguém atendeu...
— Julia...
— Oi?
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro.
— Pa-passastes a noite com alguém? — perguntou de uma forma completamente insegura.
— Passei... — respondeu se afundando no sofá.
— Huum...Legal, legal. Foi...Bom?
— Fo-foi, foi...Enfim, agora que já tá todo mundo sabendo onde eu tô, eu vo comer alguma coisa que fiquei o dia todinho sem comer nada.
— Aaah, espera ai.
— Que foi?
— Queria passar aí, posso?
— Hum...Claro, claro.
— Agora?
— A hora que cê quiser.
— Cê num vai sair...Encontrar com alguém? — perguntou meio insegura.
— Não Lili, pode vir.
— Ótimo! Vou me arrumar e já vou...
— Tudo bem, vou pedir pra Edna fazer algo pra gente comer mais tarde.
— Até daqui a pouco então.
— Até.

E desligou o telefone. Assim que pôs o telefone na base novamente, correu para a cozinha:
— Edna, amor da minha vida...Que cê tá fazendo ai?
— Um lanche rápido, já tô acabando.
— Depois cê faz algo pro jantar?
— Vou fazer daqui a pouco.
— Vem visita aqui em casa...
— Quer que eu faça algo especial?
— Não, algo bem gostoso e simples.
— Hum...Vou ver aqui. Pega, vai comer lá na sala enquanto eu faço algo pra vocês. - entregando uma bandeja a Julia – Agora sai da minha cozinha!

Depois de pouco mais de uma hora Julia ouve a campainha tocar. Levanta do sofá rapidamente e vai em direção a porta e abre dando de cara com Lilian que lhe sorria amplamente. Sorriu de volta e logo Lilian enlaçou seu pescoço num abraço apertado...Meio sem saber o que fazer, Julia pos os braços em torno da cintura da mulher mais nova retribuindo o abraço carinhosamente, chutou a porta com o pé direito fechando-a. Estranhou a atitude de Lilian mas não a coibiu. Afastaram-se um tempo depois e Julia lançou um olhar curioso a Lilian que respondeu:
— Senti sua falta, ué...Passei a noite com um aperto no peito, algo estranho...
— Tá tudo bem? — perguntou preocupada.
— Agora sim! — respondeu sorrindo.


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