Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 18
Eu te amo.




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O domingo seguiu chuvoso, porém, excelente para as duas. Durante a tarde, ficaram o tempo todo conversando com Pedro e Maria distraidamente. Julia praticamente deitada no sofá e abraçando Lilian que estava entre suas pernas. Quando anoiteceu, Pedro praticamente arrastou Maria de volta para casa, a mulher realmente estava gostando da conversa com as garotas. Os dois foram as pressas para casa, afinal de contas, ainda chovia...As duas resolveram ir para o quarto...Deitadas na cama logo trocaram um beijo repleto de paixão. As mãos de Julia passeavam carinhosamente pelo corpo de Lilian, aos poucos o beijo foi ficando cada vez mais quente, exigente...Afastavam-se somente para respirar rapidamente ou então, dar leves mordidas no lábio da outra. A morena, resolveu ousar um pouco e desceu a boca para o pescoço da garota que suspirou... As mãos resolveram se aventurar por debaixo da blusa de Lilian que de inicio nem se importou mas quando sentiu as mãos de Julia em seu soutien afastou-se um pouco e sussurrou:
— Pára...
— Que foi? Te machuquei? — perguntou rapidamente, assustada.
— Não, é que... — suspirou — Julia, não é o melhor momento, entende?
— Não. — respondeu sinceramente – Não vejo melhor momento. Mas, se você acha que não é, vou respeitar...
— É que...É que tá tudo muito novo pra mim. Eu...Bom, eu ainda...
— Shiiiu! — pôs o dedo indicador nos lábios da garota — Não precisa falar nada. Eu vou respeitar e esperar o tempo que você precisar...Contando que eu tenha você do meu lado. Eu te amo.

Lilian sentiu o coração bater feito um louco no peito. Esqueceu completamente o que ia dizer, Julia disse que a amava! Maravilhosa noticia. Nunca imaginou que aquelas palavras pudessem faze-la sentir tanta coisa. O sorriso involuntário, que Lilian não soube dizer quando se formou se transformou um riso, um tanto nervoso e surpreso e abraçou Julia fortemente. A morena, surpresa, deixou-se ser abraçada. Quando afastou-se, deixou a garota bem próxima e passou a acariciar os cabelos de Lilian, sem nada dizer. Aos poucos Lilian foi relaxando, sono não tinha, mas estava tão confortável ali que mantinha até os olhos fechados. Sentiu que Julia tinha parado de lhe acariciar os cabelos e ligou a televisão. Virou-se para a morena e ficou a observar a morena, que estava na sua árdua tarefa de procurar algo interessante na televisão.

Julia, achando que Lilian já estava dormindo, resolveu assistir algo para se distrair. De fato não entendia o porque de Lilian agir daquela forma. Pelo o que pode perceber era insegurança ainda que logo se resolveria...Amava Lilian demais e esperaria sem problema algum. Finalmente achou algo que a interessava, ajeitou-se na cama e quando olhou para o lado percebeu que Lilian a olhava apaixonadamente, franziu o cenho um pouco surpresa e perguntou:
— Ué, não tava dormindo?
— Na verdade não. — respondeu com meio sorriso.
— Pensei que...
— Tava aqui relaxando com seus carinhos, mas você parou. — e fez uma carinha de decepção.
— Aaah, é que eu pensei que você tivesse dormindo. — justificou com meio sorriso.
— Então vem cá.

Lilian puxou o braço de Julia e o fez de apoio...Um “travesseiro”. Julia se ajeitou e voltou sua atenção a televisão. Lilian se aconchegou no corpo de Julia, mas nem prestou atenção no filme. Seus pensamentos se voltaram para os acontecimentos do fim de semana, que foram excelentes por sinal, pena que no dia seguinte teria que ir embora, se dependesse de Lilian, ficariam ali por um bom tempo...Mas a realidade as chamava, principalmente por Lilian...

Augusto e Mari trocavam um beijo quente no sofá da loirinha...O rapaz já estava sem a camiseta, com Mari sentada em seu colo até que sente o celular vibrar no bolso, de inicio, ignora o aparelho porém quando o mesmo começa a tocar, Mari se afasta do rapaz e olha pra ele meio irritada, Augusto um tanto sem graça sorri e Mari sai de cima do namorado. Quando Augusto olha o identificador de chamadas, suspira irritado. A loirinha, curiosa logo pergunta:
— Quem é?
— André. Já é a terceira vez que ele liga no meu celular só hoje.
— Ai, não atende então.
— Pelo o que eu conheço ele, vai ser pior...Ele é insistente demais.
— Então atende.

O rapaz dá de ombros e atende o telefone meio irritado:
— Alô?
— Atrapalho?
— Olha, um pouco...Tô na casa da minha namorada, véi.
— Ah cara, foi mal. Mas você tem noticia da sua irmã?
— Eu já te falei...Ela vem amanhã.
— Pow, ela não me avisou nada e...
— Eu sei, André eu sei. Você já falou, cara...Mas eu já falei, foi tudo muito rápido, ela foi de última hora.
— Mas custava ter me avisado?! Eu sou namorado dela, é o minimo que ela tem que fazer.
— Olha André, isso aí você resolve com ela...Não é comigo, não.
— Se ela atendesse o celular.
— Eu também já falei pra você que lá não pega.
— Augusto...
— Fala.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Mais uma? Faz ae...
— Tipo, eu preciso que você seja sincero, cara. Em nome da nossa amizade.
— Tá me deixando curioso.
— Promete que só fica entre a gente?
— Cara, pergunta logo de uma vez.
— Promete?
— Prometo.
— Juro que não vou fazer nada, mas preciso saber...
— O que? — perguntou totalmente irritado.
— Bom, como você e sua irmã são muito íntimos, caso isso acontecesse, certamente ela teria te contado...Sabe se a sua irmã conheceu alguém?
— Que?
— É cara, um amigo novo...Que ela venha falando muito ultimamente, que ela tenha conhecido no shopping, ou até mesmo através daquela Julia lá. Sinceramente, nunca confiei naquela mulher, eu acho que ela é um péssimo exemplo pra Lilian e tô achando que ela tem outro.
— André, como você vem me falar uma coisa dessas? Tá falando da minha irmã, porra! E quantas vezes a Lilian já mandou você parar de falar essas coisas da Julia?! Ela não gosta e eu muito menos! Mais respeito, ouviu bem?
— Tô te fazendo uma pergunta velho, numa boa. Sabe que eu vivo trabalhando, vejo pouco a sua irmã, preciso de alguém cuidando dela...
— Não achas que ela é grandinha demais pra isso? Pelo amor de Deus, André...Ela sabe perfeitamente o que faz e eu não admito que você fale assim da minha irmã.
— Augusto, sinceramente, não tô afim de discutir isso com você.
— É bom a gente parar por aqui mesmo. Tchau.
— Tchau moleque.

Augusto desligou o telefone vermelho, relaxou o corpo no sofá e cobriu o rosto com as duas mãos, suspirou irritado e disse:
— Ai Lilian, Lilian...Algo me diz que isso não vai prestar.

André, ainda com o telefone na mão disse pensativo:
— É André, pelo jeito você vai ter que descobrir sozinho. E ainda pensei que esse imbecil fosse meu amigo. Otário que sou, lógico que ele num ia falar nada! Parabéns André, além de corno é burro.

Levantou irado e deu o maior chute no sofá, tentando descontar toda sua raiva...

Lilian alternava sua atenção entre Julia e a televisão. A morena mostrava total atenção no filme, deixando Lilian encantada com sua feição toda concentrada. A garota resolveu levantar e só assim Julia voltou sua atenção a Lilian:
— Que foi?
— Vou fazer pipoca pra gente.
— Quer ajuda? — perguntou já sentando na cama.
— Pra fazer pipoca? Não, não...Cê tá prestando a maior atenção aí no filme. Já, já eu volto.
— Bom, então tá né...

Lilian seguiu até a porta e pouco antes de sair, perguntou:
— Refrigerante ou suco?
— Suco.
— Já volto.
— Ok.

Minutos depois Lilian volta trazendo uma bacia de pipoca, deixou próximo a Julia e voltou correndo para logo depois voltar equilibrando os dois copos:
— Pronto. — disse sorridente e entregou um dos copos a Julia.
— Brigada Lili.

As duas assistiram ao filme comendo pipoca, poucos comentários eram feitos, mas o clima era super agradável. Terminado o filme, Julia levou a bacia e os copos para a cozinha depois de uma certa insistência de Lilian para que a morena não levasse. Quando voltou foi até o banheiro, escovou os dentes e deitou na cama...
— Tá com sono?
— Na realidade não.
— Mais filme?
— Pode ser...Mas eu escolho dessa vez.
— Ah, qual é...O filme que a gente tava vendo era legal.
— Era...Mas, tem coisa melhor pra se assistir.
— Todo seu. — disse entregando o controle a Lilian.
— Obrigada. — e sorriu docemente.

Lilian depois de um bom tempo de busca, achou um filme que a interessava. Uma comédia romântica, bem suave adorava coisas assim...Riu da cara de Julia quando escolheu o filme, sabia que não era muito o estilo da morena mas ela sempre respeitava e assistia sem problemas...Assistiram ao filme abraçadas, Lilian dessa vez era quem prestava atenção...No meio do filme foi fazer um comentário com Julia e não obteve resposta...Estranhou e quando virou-se viu que a morena dormia. Sorriu apaixonada e voltou sua atenção a televisão...

Lilian foi abriu os olhos lentamente e percebeu que estava sozinha, novamente Julia acordada primeiro e logo sentiu falta do corpo da morena próximo ao seu. Levantou e foi até o banheiro...Minutos depois desceu e somente encontrou Maria na cozinha, cumprimentou a senhora e logo perguntou por Julia:
— Aaah, ela saiu com o Pedro e eu em sei onde os dois se meteram. Esses dois são um grude que só vendo. — respondeu Maria
— Será que ela vai demorar?
— Olha, provavelmente não...Mas eu não sei não.
— Espero que não demora...Queria me despedir dela.
— Mas vai agora? Tá cedo...
— Tenho que ir pra casa, Maria. Não devia nem tá aqui hoje.
— Podia ir embora no finzinho da tarde.
— Não, não...Só vou esperar a Julia, é melhor mesmo eu ir.
— Bom, você que sabe...Mas volta, né?
— Espero que sim. — respondeu sorrindo.
— É pra voltar...Julia adora sumir e não dar noticia, espero que você não faça o mesmo, viu?
— Pode deixar, Maria...Pode deixar.

Lilian tomou seu café e ficou por um tempo ali conversando com Maria e nada de Julia voltar, estranhou um pouco a demora da morena...Resolveu ir tomar um banho e nem se deu conta do tempo que ficou ali...Quando voltou para o quarto, a primeira coisa que viu foi uma rosa em cima da cama. Foi até a cama com um largo sorriso pegou a rosa vermelha...Momentos depois sentiu Julia a abraçando por trás e lhe dando um beijo no pescoço.
— Acordou faz tempo?
— Tem um tempinho já...Onde você se meteu? — perguntou virando-se.
— Fui ajudar o Pedro.
— Hum...Julia...
— Oi? — perguntou com a boca bem próxima a nuca de Lilian.
— Tô indo embora.
— Mas já? — perguntou surpresa.
— É...
— Por que? Eu pensei que você fosse a tarde e...
— Não, vou agora, acho melhor...
— Eu ia com você. — terminou baixinho.
— Vai? — perguntou com um largo sorriso.
— Vou...
— Pensei que...
— Não tenho mais motivo pra ficar aqui, eu só ia voltar amanhã ou talvez quarta...Mas prefiro voltar agora que...

Julia foi interrompida por um beijo apaixonado de Lilian. Afastaram-se um tempo depois e Julia perguntou:
— Espera eu arrumar minhas malas? Não demoro...
— Claro! Vai lá...

Pouco mais de vinte minutos depois Julia já estava com a mala pronta...Deixou-as próximo a escada e subiu para tomar banho. Lilian ficou esperando na sala, e quando Pedro passou, estranhou o fato das malas de Julia estarem ali, foi até Lilian e perguntou:
— Mas a Julia já vai?
— Uhum...
— Mas eu pensei que ela fosse amanhã... — comentou sem conseguir esconder a decepção.
— É, Pedro, eu também pensei...Mas ela resolveu voltar hoje.
— Hum...

O velho saiu um tanto cabisbaixo enquanto era observado por Lilian “É, realmente eles adoram ela aqui...” pensava Lilian...

Na volta cada uma foi em seu carro...Porém, Julia fez questão de acompanhar o carro de Lilian até em casa. Nem parou, somente buzinou e Lili fez o mesmo...Julia estava tão concentrada no transito, que nem viu que na entrada do prédio da garota mais nova, estava André, que tinha acabado de entrar...

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Lilian deixou o carro no estacionamento e seguiu para o elevador. Sozinha, naquele pequeno espaço não teve como não lembrar de Julia. Será que seria assim pra sempre?! A morena dominando seus pensamentos, sem Lilian ao menos perceber. A garota sorriu com o próprio pensamento e quando viu, já tinha chegado em seu andar. Quando saiu do elevador deu de cara com André, que tocava a campainha insistentemente sem se importar com a vizinhança...
— O que você pensa que tá fazendo?

O rapaz virou-se rapidamente e fingiu surpresa ao ver Lilian. Com um sorriso sarcástico nos lábios, comentou um tanto alto:
— Olha quem resolveu dar as caras...
— André, eu tenho vizinhos, será que dá pra você diminuir o tom?! — perguntou irritada.
— Olha pra minha de preocupado com a sua vizinhança...
— André...
— Eu quero que se foda! — gritou o rapaz.

Momentos depois a porta do apartamento do Lilian é aberta e Augusto aparece com cara de poucos amigos:
— O que tá acontecendo aqui?! Primeiro quase que me queimam a campainha, agora essa gritaria no corredor...Vocês não tem noção de onde estão?
— Pergunta pra sua irmãzinha o que tá acontecendo. — respondeu André cheio de sarcasmo.

Lilian nada disse, passou por André rapidamente, desviou do irmão e entrou no apartamento em passos largos. André tentou segui-la imediatamente, mas foi impedido por Augusto, que o segurou pela gola da camisa e disse:
— Vê bem o que você vai falar pra ela. — e soltou o rapaz.

André nem se importou, foi atras de Lilian que já estava em seu quarto. A garota quando viu o namorado ainda tentou fechar a porta mas o rapaz foi mais rápido e empurrou a mesma:
— Agora a gente vai conversar...
— Não quero André, tô cansada...
— Cansada do que?! Onde você se meteu o final de semana todinho?!
— E isso te importa?!
— SOU SEU NAMORADO!
— Depois da ceninha que você fez no restaurante?! Pelo amor de Deus, aquilo pra mim não é namorado...
— Olha... — respirou fundo tentando se acalmar — Eu sei que eu errei, não fui um lord, mas eu só queria entender o que tava acontecendo com você! — respondeu num tom mais calmo.
— Pois é, mas não deu muito certo, a única coisa que você conseguiu foi me surpreender, porque eu nunca esperava algo desse gênero vindo de você...
— Me desculpa? — pediu baixinho. — Lilian, eu ando muito stressado por causa do trabalho, é muita coisa, eu mal tenho conseguido te ver e...
— Não justifica.
— Eu sei que não! Mas, gata...Sou um otário de marca maior, eu sei disso mas eu não posso fazer nada se te amo e tenho medo de te perder. — disse num fio de voz.

Lilian, que até então estava irritada foi tomada por um mal-estar, peso na consciência, talvez...Sabia o quanto André a amava, mas não podia corresponder, não conseguia. Amava Julia, era em Julia que Lilian via seu porto-seguro, sua alegria...Mas ao mesmo tempo não queria decepcionar André, o rapaz estivera ao seu lado por tantos anos, justamente quando Lilian mais precisava, lá estava o rapaz, a apoiando, ouvindo... “Que inferno, por que eu não conheci a Julia antes?! Talvez seria mais fácil...” pensava Lilian enquanto era analisada atentamente por André. O rapaz, dando-se por satisfeito com a reação que causara em Lilian, fez uma cara de total desconsolo e disse:
— É, acho melhor eu ir embora...Espero que você não esteja pensando em fazer nenhuma bobagem. Isso é uma fase que nós vamos superar juntos, não é?!

Lilian manteve-se em silêncio, se sentindo a pessoa mais sem caráter da face da terra, odiava ter que mentir ou omitir os fatos, mas naquele momento, não tinha outra saída...Esperaria tudo se acalmar para poder resolver sua situação com André, e precisava que tudo se acalmasse rapidamente...
— É melhor eu ir embora mesmo, tchau Lilian. E não esquece que eu te amo...

André saiu em passos lentos com uma expressão digna de prêmios por melhor ator, sua mudança de planos repentina, de fato deu certo...Lilian, sentindo uma dor de cabeça infernal ao ouvir a porta bater seguiu para o banheiro. Se perdeu totalmente em seus pensamentos e também a noção da hora. Vestiu-se e quando estava terminando de se trocar, ouve leves batidas na porta do quarto...
— Entra...
— Atrapalho? — perguntou com meio sorriso, entrando no quarto.
— Jamais. — respondeu docemente.
— Nem deu pra te cumprimentar direito. Desculpa Lili. — disse se aproximando da irmã e dando um beijo carinhoso em sua testa.
— Tudo bem, Guh. Também, quase impossível alguém se cumprimentar naquela situação.
— Mas e aí, como você tá?! Como foi lá?!
— Lá foi melhor impossível...Mas eu tô me sentindo tão mal. — respondeu sentando na cama.
— Você podia ter resolvido essa situação agora, né. — comentou imitando o gesto da irmã.
— Não, não posso resolver isso quando todo mundo tá de cabeça quente. Ele me ama e não quero magoar ele...
— Ele não é mais o mesmo, o André mudou muito de uns tempos pra cá. Nem eu mesmo o reconheço mais! Lilian, eu sei que você não quero magoar ele e tudo mais...Mas toma cuidado, viu?! Eu...Eu não sei o que tá acontecendo entre vocês, mas algo me diz que...Isso não vai terminar bem. E pra mim, antes ele sair magoado do que você.
— Eu vou me cuidar, Guh, eu vou...Quero resolver isso o quanto antes, por que...Ela me ama. — disse com um sorriso apaixonado nos lábios.
— Me conta tudo! Quero saber tudo detalhadamente...Pelo jeito vocês se acertaram de uma vez, né?!
— Deixa de ser curioso, rapaz!
— Ah, qual é Lili, eu tenho o direito de saber. — respondeu sorrindo.
— Você tem o direito de ficar quietinha e fazer algo pra sua irmã comer, isso sim.
— Meu Deus...Quem é você e o que fez com a minha irmã?!
— Vai lá...Sério Guh, tô com maior fome.
— Eu também, não comi nada ainda...Me ajuda pelo menos?!
— Já, já eu vou indo lá.
— Tá bom, né. — levantou-se — Mas depois eu quero detalhes, ouviu?!
— Augusto, tchau. — e acenou para o rapaz.

Augusto deixou o quarto da irmã rindo enquanto Lilian voltava a se arrumar...

Julia assim que chegou em casa, largou as malas num canto qualquer e foi tomar água. Estava com a maior sede devido ao clima quente que se fazia naquele dia. Terminado de tomar um copo de agua foi até seu quarto e deu de cara com Edna que arrumava sua cama e nem percebera sua presença:
— Eeeeeeeedna!!

A velha tomou o maior susto, virou-se rapidamente para a morena, com a mão no peito e uma expressão de total surpresa...
— Quer me matar, menina?! Eu tô velha! — exclamou irritada.
— Eu também senti sua falta. — respondeu abraçando a senhora.

Edna deu um beliscão na morena antes de retribuir seu abraço. A morena afastou-se e perguntou:
— O que cê tá fazendo aqui hoje?! Era pra eu voltar amanhã...
— Justamente, deixei tudo arrumadinho pra quando você voltar num tá nada bagunçado ou sujo.
— E já fez algo pra comer?! Tô morrendo de fome.
— Fiz sim...Vai tomar um banho enquanto eu ajeito tudo pra você, ok?!
— Perfeito.

Julia seguiu para o banheiro e Edna para a cozinha...Em torno de quarenta minutos depois, Julia comia, sentada no sofá em frente a televisão, como de costume. Terminado de comer, foi até a cozinha, conversou com Edna e resolveu ligar para Mari. Pegou o telefone e discou os números tão conhecidos...Chamou por alguns momentos e a loirinha atendeu:
— Alô?!
— Demora do caramba pra atender o telefone.
— Olhaaa, a menina da roça resolveu dar sinal de vida.
— Fala direito comigo, hein.
— Se entendeu com a Lili?! Se não, eu juro que dou na sua cara.
— Deixa eu contar...
— Conta.
— Tô em casa, já.
— Ué, cê não ia voltar amanhã?!
— Jesus...Loiras. Eu disse que JÁ estou em casa.
— Motivo?
— Adivinha...
— Nem preciso. — e riu — Ficou brava comigo?!
— Demais! Por que sempre que eu peço algo pra você, tu vai lá e faz o contrario?!
— Porque eu sei o que é bom pra você...
— Mas custa fazer o que eu peço vez ou outra?
— Lógico que custa! Depois, quem fica aturando você toda stressadinha aí, sou eu.
— Faz parte amiga.
— Mas é sempre bom evitar, né?!
— Engraçada.
— Vai fazer o que hoje a tarde?! Encontrar com ela?
— Nada marcado...Acho que vou arrumar algumas coisas, sei lá.
— Não, você vem aqui em casa pra ficar comigo, aí depois a gente arruma algo pra fazer.
— Tá bom então...Tô saindo de casa agora.
— Perfeito!

Julia desligou o telefone e foi até a cozinha, despediu-se de Edna rapidamente, pegou as chaves do carro e saiu. Já que não tinha absolutamente nada pra fazer, pelo menos com Mari iria se distrair a tarde e o tempo não passaria tão devagar...

Lilian, depois de almoçar, contou seu fim de semana detalhadamente a Augusto, que insistira até a irmã contar. Os dois ficaram na sala, conversando distraidamente e assim Lilian conseguiu ocupar um pouco sua mente e não pensar em André...É, somente em André porque em Julia era inevitável, a vontade de ver a morena era grande, mas já tinham passado um fim de semana todo juntas, não queria bancar a pegajosa. Depois de um tempo na sala, resolveu ir pro quarto, descansar um pouco. Assim que deitou na cama, lembrou-se da conversa que tivera com André. Odiava-se por fazer aquilo com um rapaz tão bom (ou talvez não tão bom assim...) mas, o fato é que...Não o amava! O que mais podia fazer, se não era ele que fazia seu coração bater feito um louco...Ou então parar somente com um simples olhar. Absorta em seus pensamentos acabou por dormir ali...Acordou com o toque insistente do celular, totalmente perdida, tateou o chão a procura do aparelho e finalmente o encontrou:
— Alô?!
— Te acordei?
— Julia?!
— Acho que te acordei...
— Tudo bem — já sorrindo.
— Só liguei pra te dar boa noite...
— Que horas são?
— Nove e uns quebrados.
— Já?!
— Pois é...
— Eu tô dormindo desde umas cinco, seis...
— É, pelo o que eu vejo essa noite vai ter gente que não vai dormir.
— Não mesmo.
— Desculpa...
— Que é isso, nem se preocupa. Que cê fez hoje?!
— Fiquei na Mari...Seu irmão passou lá, pensei que você fosse com ele...
— Se eu soubesse que ele iria, e que você tava lá...Ia sem nem pensar.

Julia riu, um tanto sem graça e resolveu mudar o assunto:
— Então, o que cê vai fazer amanhã?
— Além de trabalhar?! Nada programado.
— Almoça comigo?
— Claro!
— Te busco no trabalho...Que horas?!
— Uma e meia?!
— Tudo bem...Quer almoçar por lá?!
— Fica por sua conta...Me surpreenda.
— Aaah mas dessa vez eu vou. — respondeu com meio sorriso nos lábios.
— Quero só ver! — disse rindo.
— Vais ver, vais ver...Bom, agora que já ouvi sua voz, posso dormir em paz.
— Boa noite.
— Boa noite...
— Julia...
— Oi?
— Eu te amo. — e desligou.


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