Tão Simples como Amar escrita por Daan_
— Alô?
— Bom dia menina da roça!
— Olha, eu espero que no minimo, no minimo, você tenha um excelente motivo pra me ligar a essa hora, sua tranqueira.
— Senti saudade, motivo melhor não há.
— Quem é o imbecil que vai sentir saudade as 7 da manhã de uma sábado, Mariane?! Puta que pariu, eu te liguei ontem!
— Justamente, você ligou ontem aí deu vontade de ouvir a sua voz de novo e eu resolvi ligar.
— Mari, te odeio, cara. São 7 da manhã! — bufou irritada.
— Poxa, eu pensei que com essa vida na roça você fosse acordar cedo, acordar com as galinhas, essas coisas...
— É, realmente, acordei com uma galinha. Tem até nome, sabia?
— Já disse que adoro o seu humor de manhã?
— Aaah Mari, vai caçar o que fazer, caralho.
— Você fica tão...Educada. Me impressiona.
— Cala essa boca. Velho, vou desligar.
— Você não faria isso com a sua amiga, faria?
— Quer tirar a prova? — perguntou irritada.
— Hey menina da roça, não precisa ficar assim...
— Mariane, eu fui dormir as quatro.
— Tava fazendo o que as quatro da manhã, Julia?
— Puta, cê é muito chata, Mari.
— Qual é Julia, só quero conversar.
— Me liga meio dia que a gente conversa.
— Ah não, meio dia ainda, sem contar que...Eu tenho um lance sério pra te falar.
— Sobre?
— A Lilian.
— Que tem ela?
— Já tem dois dias que ela me liga, atrás de você. Acho que ela percebeu tudo.
— Percebeu o que?
— Ai Julia, tudo bem que você é mal humorada de manhã. Agora burra?! Cê tá abusando da minha boa vontade já né, gata.
— Tá, tá...Mas que tanto que ela quer falar comigo, você sabe?
— Não. Me pergunta direto onde você tava e porque não atendia o celular, pediu um telefone...Mas nem dei.
— Não sei porque esse desespero todo dela pra falar comigo.
— Eu sei, ela tá com medo de você achar uma bonitona por aí e ela ficar pra trás. Como se tivesse alguma coisa aí além de mato.
— Mesmo se tivesse...Sabes que eu sou apaixonada por aquela garota.
— Mas ela não sabe disso, né Julia.
— Achas que devo falar?
— Não sei Julia, isso quem tem que ver é você. A Lilian tá confusa, tá meio pra baixo sentindo a sua falta, mas...Eu acho que se você chegar e se declarar pra ela, as coisas podem complicar um pouco na cabeça dela, ou não...Não sei.
— Como você sabe de tudo isso, Mariane?
— Ahn?
— Cê tá bem informada demais pro meu gosto...
— Oi?
— Mariane...
— O Augusto comentou.
— E agora a Lilian virou assunto de vocês?
— Ela é irmã dele, nada mais normal, não?
— E onde você entra nessa história?
— Ai Julia, falar com a parede é que o menino não vai. Precisa ter alguém pra conversar. Vejo que os ares daí não estão te fazendo bem.
— O problema na verdade é que me acordaram um tanto quanto cedo, sabe?
— Meu, cê ainda vai reclamar disso?
— Ai Mari, sério...Preciso dormir.
— Tá né, tô vendo que você não tá conseguindo nem pensar direito.
— Pensar eu tô pensando...Tô pensando num jeito de te matar, mas isso não vem ao caso. Tchau.
— Beijo menina da roça.
— Outro.
— Cada dia que passa essa menina tá mais preguiçosa.
— Bom dia, Pedro...Bom dia.
— Boa tarde, né moça.
— Dá no mesmo, rapaz.
— Vai comer alguma coisa, vai menina. Daqui a pouco a Maria vai atras de você.
— Vou lá, tô cheia de fome. — e sorriu.
— Que foi, Lilian?
— Irmãozinho querido, o que você vai fazer hoje a tarde?
— Pelo amor de Deus Lilian, que horas são?
— Hora de acordar. — respondeu sorridente.
— O que cê quer?
— Saber o que você vai fazer hoje a tarde.
— Encontrar com a Mari, feliz?! Agora posso dormir?
— Levanta Augusto, tá tarde.
— Tá bom, tá bom. — respondeu sem nem se mover.
— Guh...
— Oi?
— Fala com a Mari pra...
— Não, não, não. Nem vem Lilian, não vou falar com a Mari DE NOVO.
— Mas...
— Eu não vou me meter, a Mari já falou pra você que não vai falar...
— Eu não quero saber onde a Julia tá, eu só quero falar com ela. Não aguento mais essa falta de noticias, Guh. Preciso ao menos ouvir a voz dela.
— Vem comigo na casa da Mari hoje então?
— Sem nem pensar! — e sorriu.
— Agora deixa o seu irmãozinho dormir, deixa?
— Não. Vamo comer algo?! Eu tô com fome, vamo almoçar fora?
— A única coisa que eu quero fora é você do meu quarto.
— Vai Augusto, não seja chato.
— É pra você. Saí daqui.
— Gente, meu irmão me ama. — comentou.
— Só depois do meio-dia, maninha.
— Engraçado. — respondeu e saiu.
Lilian correu até o telefone, esperançosa...Quem sabe não seria Julia?! Atendeu o telefone apressadamente:
— Alô?
— Oi meu amor!
— André...Tudo bem?
— Nossa, que desanimo, gatinha. Tá tudo bem com você?
— Tá, tá sim. E com você?
— Não, tô morrendo de saudades de você. Tá de folga, né?
— Tô.
— Almoça comigo?
— Hum...Só um almoço mesmo Dé, porque eu vou sair com o Guh depois.
— Vai pra onde?
— Vamos passar na Mari...
— Lilian, você vai deixar de ficar comigo pra bancar a vela, é isso?
— Eu preciso falar com a Mariane, André!
— E não pode esperar?
— André... — suspirou — Não, não pode.
— Caramba Lilian...Eu sinceramente não sei o que tá havendo com você. Não sei mesmo! Você tá me evitando.
— Eu acabei de aceitar um convite seu pra almoçar! Que deu em você? — perguntou irritadiça.
— Tô sentindo falta da minha mulher! Quer motivo melhor?
— Não vou discutir isso com você, não por telefone...De novo!
— Te pego que horas?
— Daqui uma hora, vou tomar um banho e me arrumar. — respondeu contrariada.
— Tá bom. Tchau, beijo.
— Outro.
— Lembra do convite do almoço?! Esquece, vou almoçar com meu namorado.
— Ah não, que droga! Só porque eu acordei?
— Come alguma bobagem, mas fica aqui...Falei pro André que ia sair com você, então realmente era só almoço.
— Tá bom...
— Vou me arrumar.
— Lili, por que você já não resolve sua situação com o André?
— Ahn...Agora não.
— Por que Lilian?
— Preciso ter certeza de algumas coisas, sem contar que não quero...
— Pode parando por aí, esse negocio de magoar tá por fora já Lilian, eu sinceramente acho que tem medo de ficar sozinha.
— Tenho mesmo, se a Julia não quiser ficar comigo, vou fazer o que? Sozinha é que não vou ficar, mas não vou meeesmo!
— Me surpreende a minha irmã mais velha falar isso. Batalha por ela, deixa de ser lesa! Apesar de que... — e parou de falar subitamente.
— Apesar de que?
— Nada, você não ia se arrumar?
— Não, termina.
— Ai Lilian, nada.
— ...Apesar de que ela te ama e só você não percebeu. — virou pro outro lado e fechou os olhos.
— Se eu pedir desculpa, pelo surto no telefone, você aceita?
— Olha André, pedir desculpa nos últimos tempos é só o que você tem feito...
— Eu sei, eu sei... — pegou na mão da namorada — Mas eu te amo tanto Lilian, tanto.
— Não tens demonstrado isso André.
— Eu sei, mas se você deixasse, talvez eu conseguisse.
— Porra Lilian! — exclamou um tanto quanto alto — será que você não percebe? Você tá me tratando como um coleguinha de trabalho, e eu não admito isso, tá me entendendo? Sou seu namorado, exijo...
— Quê? Exige? André...Eu definitivamente não sei o que tá acontecendo com você, mas quando você tiver mais calmo, a gente senta pra conversar.
— Eu que não sei o que tá acontecendo com você! Você anda distante, fria e...
— E você um grosso de marca maior. Passar bem. — soltou-se irritada e saiu.
— Do sofá, pra cama, da cama, pro sofá...Esse menino tem futuro.
— Que cê tá fazendo a essa hora? Era um almoço ou um lanche?
— Não foi nenhum dos dois, nem cheguei a comer...Trouxe algo pra gente.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou sentando no sofá.
— Não... — disse indo em direção a cozinha.
— Lilian... — levantou — volta aqui. — seguiu para a cozinha.
— O que foi que ele falou?
— Foi uma discussão boba, Guh. Coisa infundada.
— Se fosse realmente uma coisa boba, você estaria lá com ele e não aqui.
— Sabes que não venho tendo tanta vontade de encontrar com ele nos últimos tempos. Vamo comer logo? Vai esfriar.
— Vou tomar banho e a gente vai, ok?
— Tá. — e sorriu.
— Lá vem um toró.
— Tempo doido.
— E não?! Tava o maior sol e agora...
— O bom é que vai refrescar, essa noite te prepara que vai fazer um friozinho bom.
— Cara de quem tá amando, menina.
— Que é isso, rapaz. Cara de quem tá sofrendo por amor, isso sim. — disse voltando sua atenção a Pedro.
— Quer me contar?
— Quer ouvir?
— Tô aqui pra isso. — e deu um sorriso doce.
— Amor...Trouxe minha irmã aqui pra te pedir um negócio.
— Imagino o que seja...Olha Lilian, eu já falei pra você, a Julia pediu pra eu não falar...
— Não, não...Não é isso. Eu queria saber se você pode me dar algum número pra eu ligar pra ela...Eu...Eu só queria poder falar com ela.
— Olha Lilian, não vou mentir pra você...Ter, eu tenho. Mas...
— Por favor Mari! Eu...Queria muito falar com ela.
— Lilian! Vem cá um pouquinho, por favor...
— Ela vai me matar...Mas acho que esse telefonema é pra você, não pra mim.
— Falei sobre ela pro Pedro...
— Ela quem? — perguntou rapidamente sem conter a surpresa e o ciume.
— Lilian? — perguntou Julia completamente surpresa.
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