Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 16
E essa saudade que não passa?




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Quatro dias depois...

Mari acordou cedo naquele sábado, tentou ficar na cama por mais um tempo, porém não conseguiu. Resolveu levantar e ir para sala, tomou uma xícara de café assistindo televisão, pouco tempo depois teve uma idéia que lhe fez sorrir involuntariamente. Pegou o celular e sorriu...Apertou algumas teclas e pronto. Minutos depois ouve-se uma voz deveras sonolenta e nada amigável do outro lado da linha:
— Alô?
— Bom dia menina da roça!
— Olha, eu espero que no minimo, no minimo, você tenha um excelente motivo pra me ligar a essa hora, sua tranqueira.
— Senti saudade, motivo melhor não há.
— Quem é o imbecil que vai sentir saudade as 7 da manhã de uma sábado, Mariane?! Puta que pariu, eu te liguei ontem!
— Justamente, você ligou ontem aí deu vontade de ouvir a sua voz de novo e eu resolvi ligar.
— Mari, te odeio, cara. São 7 da manhã! — bufou irritada.
— Poxa, eu pensei que com essa vida na roça você fosse acordar cedo, acordar com as galinhas, essas coisas...
— É, realmente, acordei com uma galinha. Tem até nome, sabia?
— Já disse que adoro o seu humor de manhã?
— Aaah Mari, vai caçar o que fazer, caralho.
— Você fica tão...Educada. Me impressiona.
— Cala essa boca. Velho, vou desligar.
— Você não faria isso com a sua amiga, faria?
— Quer tirar a prova? — perguntou irritada.
— Hey menina da roça, não precisa ficar assim...
— Mariane, eu fui dormir as quatro.
— Tava fazendo o que as quatro da manhã, Julia?
— Puta, cê é muito chata, Mari.
— Qual é Julia, só quero conversar.
— Me liga meio dia que a gente conversa.
— Ah não, meio dia ainda, sem contar que...Eu tenho um lance sério pra te falar.
— Sobre?
— A Lilian.
— Que tem ela?
— Já tem dois dias que ela me liga, atrás de você. Acho que ela percebeu tudo.
— Percebeu o que?
— Ai Julia, tudo bem que você é mal humorada de manhã. Agora burra?! Cê tá abusando da minha boa vontade já né, gata.
— Tá, tá...Mas que tanto que ela quer falar comigo, você sabe?
— Não. Me pergunta direto onde você tava e porque não atendia o celular, pediu um telefone...Mas nem dei.
— Não sei porque esse desespero todo dela pra falar comigo.
— Eu sei, ela tá com medo de você achar uma bonitona por aí e ela ficar pra trás. Como se tivesse alguma coisa aí além de mato.
— Mesmo se tivesse...Sabes que eu sou apaixonada por aquela garota.
— Mas ela não sabe disso, né Julia.
— Achas que devo falar?
— Não sei Julia, isso quem tem que ver é você. A Lilian tá confusa, tá meio pra baixo sentindo a sua falta, mas...Eu acho que se você chegar e se declarar pra ela, as coisas podem complicar um pouco na cabeça dela, ou não...Não sei.
— Como você sabe de tudo isso, Mariane?
— Ahn?
— Cê tá bem informada demais pro meu gosto...
— Oi?
— Mariane...
— O Augusto comentou.
— E agora a Lilian virou assunto de vocês?
— Ela é irmã dele, nada mais normal, não?
— E onde você entra nessa história?
— Ai Julia, falar com a parede é que o menino não vai. Precisa ter alguém pra conversar. Vejo que os ares daí não estão te fazendo bem.
— O problema na verdade é que me acordaram um tanto quanto cedo, sabe?
— Meu, cê ainda vai reclamar disso?
— Ai Mari, sério...Preciso dormir.
— Tá né, tô vendo que você não tá conseguindo nem pensar direito.
— Pensar eu tô pensando...Tô pensando num jeito de te matar, mas isso não vem ao caso. Tchau.
— Beijo menina da roça.
— Outro.

Mari desligou o telefone e foi atras de seu caderno, enquanto isso, Julia já estava de olhos fechados voltando a cair no sono....

Lilian já não aguentava mais aquela falta de notícias de Julia. Ligava no celular da morena e nada, ligava para Mari, que certamente sabia alguma coisa mas nada dizia. Tentou até convencer o irmão para falar com a namorada mas de nada adiantava. Acordou naquele sábado decidida a convencer Mari de que precisava falar com Julia seriamente. De fato, não precisava...Só queria ouvir a voz da morena, saber se estava tudo bem, onde estava, com quem estava...Suspirou achando graça da própria aflição. “ É Lilian, a quem você quer enganar...Tá apaixonada, criatura. E agora? Esperar ela voltar ou tentar ir atras dela? Não sei o que fazer, sei que tenho que fazer uma visitinha pra minha cunhada.” Como tinha acordado tarde naquele sábado, resolveu ficar mais um tempo estirada na cama tentando bolar um jeito de convencer Mari a contar o paradeiro de Julia.

Julia acordou um bom tempo depois, deu uma olhada no relógio, que indicavam 5 pra meio-dia. Sorriu satisfeita e levantou...Tomou um banho demorado e desceu. Assim que Pedro a viu comentou:
— Cada dia que passa essa menina tá mais preguiçosa.
— Bom dia, Pedro...Bom dia.
— Boa tarde, né moça.
— Dá no mesmo, rapaz.
— Vai comer alguma coisa, vai menina. Daqui a pouco a Maria vai atras de você.
— Vou lá, tô cheia de fome. — e sorriu.

Lilian entrou sorrateiramente no quarto do irmão e abriu as cortinas...Vendo que o irmão não acordava, resolveu chamar o rapaz...Não obteve sucesso. Na sua ultima tentativa optou por pular na cama do rapaz e o chacoalha-lo até acordar, coisa que não demorou muito. Augusto lançou um olhar nada contente e perguntou:
— Que foi, Lilian?
— Irmãozinho querido, o que você vai fazer hoje a tarde?
— Pelo amor de Deus Lilian, que horas são?
— Hora de acordar. — respondeu sorridente.
— O que cê quer?
— Saber o que você vai fazer hoje a tarde.
— Encontrar com a Mari, feliz?! Agora posso dormir?
— Levanta Augusto, tá tarde.
— Tá bom, tá bom. — respondeu sem nem se mover.
— Guh...
— Oi?
— Fala com a Mari pra...
— Não, não, não. Nem vem Lilian, não vou falar com a Mari DE NOVO.
— Mas...
— Eu não vou me meter, a Mari já falou pra você que não vai falar...
— Eu não quero saber onde a Julia tá, eu só quero falar com ela. Não aguento mais essa falta de noticias, Guh. Preciso ao menos ouvir a voz dela.

Augusto olhava a irmã, totalmente sério, depois deu um leve sorriso e disse:
— Vem comigo na casa da Mari hoje então?
— Sem nem pensar! — e sorriu.
— Agora deixa o seu irmãozinho dormir, deixa?
— Não. Vamo comer algo?! Eu tô com fome, vamo almoçar fora?
— A única coisa que eu quero fora é você do meu quarto.
— Vai Augusto, não seja chato.

O rapaz até iria responder, caso não fossem interrompidos pelo telefone. O rapaz virou para o outro lado e respondeu:
— É pra você. Saí daqui.
— Gente, meu irmão me ama. — comentou.
— Só depois do meio-dia, maninha.
— Engraçado. — respondeu e saiu.
                      Lilian correu até o telefone, esperançosa...Quem sabe não seria Julia?! Atendeu o telefone apressadamente:
— Alô?
— Oi meu amor!
— André...Tudo bem?
— Nossa, que desanimo, gatinha. Tá tudo bem com você?
— Tá, tá sim. E com você?
— Não, tô morrendo de saudades de você. Tá de folga, né?
— Tô.
— Almoça comigo?
— Hum...Só um almoço mesmo Dé, porque eu vou sair com o Guh depois.
— Vai pra onde?
— Vamos passar na Mari...
— Lilian, você vai deixar de ficar comigo pra bancar a vela, é isso?
— Eu preciso falar com a Mariane, André!
— E não pode esperar?
— André... — suspirou — Não, não pode.
— Caramba Lilian...Eu sinceramente não sei o que tá havendo com você. Não sei mesmo! Você tá me evitando.
— Eu acabei de aceitar um convite seu pra almoçar! Que deu em você? — perguntou irritadiça.
— Tô sentindo falta da minha mulher! Quer motivo melhor?
— Não vou discutir isso com você, não por telefone...De novo!
— Te pego que horas?
— Daqui uma hora, vou tomar um banho e me arrumar. — respondeu contrariada.
— Tá bom. Tchau, beijo.
— Outro.

Lilian desligou o telefone de uma forma totalmente oposta a que atendera, desanimada. Foi em direção ao quarto do irmão e disse:
— Lembra do convite do almoço?! Esquece, vou almoçar com meu namorado.
— Ah não, que droga! Só porque eu acordei?
— Come alguma bobagem, mas fica aqui...Falei pro André que ia sair com você, então realmente era só almoço.
— Tá bom...
— Vou me arrumar.
— Lili, por que você já não resolve sua situação com o André?
— Ahn...Agora não.
— Por que Lilian?
— Preciso ter certeza de algumas coisas, sem contar que não quero...
— Pode parando por aí, esse negocio de magoar tá por fora já Lilian, eu sinceramente acho que tem medo de ficar sozinha.
— Tenho mesmo, se a Julia não quiser ficar comigo, vou fazer o que? Sozinha é que não vou ficar, mas não vou meeesmo!
— Me surpreende a minha irmã mais velha falar isso. Batalha por ela, deixa de ser lesa! Apesar de que... — e parou de falar subitamente.
— Apesar de que?
— Nada, você não ia se arrumar?
— Não, termina.
— Ai Lilian, nada.

A irmã mais velha lançou um olhar inquisidor ao rapaz e seguiu para o banheiro, Augusto assim que viu a irmã sair do quarto, completou baixinho:
— ...Apesar de que ela te ama e só você não percebeu. — virou pro outro lado e fechou os olhos.

Uma hora depois, pontualmente, André passa na casa da namorada. Os dois vão no mais absoluto silêncio, no carro de Lilian, até o restaurante, chegando lá o rapaz disse:
— Se eu pedir desculpa, pelo surto no telefone, você aceita?
— Olha André, pedir desculpa nos últimos tempos é só o que você tem feito...
— Eu sei, eu sei... — pegou na mão da namorada — Mas eu te amo tanto Lilian, tanto.
— Não tens demonstrado isso André.
— Eu sei, mas se você deixasse, talvez eu conseguisse.

Lilian suspirou exasperada e voltou sua atenção ao cardápio. André, irritado, bateu na mesa, com o punho, chamando a atenção de alguns clientes. Lilian surpresa, olhou para o rapaz com o cenho franzido, enquanto o rapaz dizia franzia o cenho:
— Porra Lilian! — exclamou um tanto quanto alto — será que você não percebe? Você tá me tratando como um coleguinha de trabalho, e eu não admito isso, tá me entendendo? Sou seu namorado, exijo...
— Quê? Exige? André...Eu definitivamente não sei o que tá acontecendo com você, mas quando você tiver mais calmo, a gente senta pra conversar.

Lilian levantou calmamente e André, apressado, pegou em seu braço de uma forma um tanto quanto brusca...Puxou Lilian e disse vermelho:
— Eu que não sei o que tá acontecendo com você! Você anda distante, fria e...
— E você um grosso de marca maior. Passar bem. — soltou-se irritada e saiu.

Na saída do restaurante, Lilian já estava vermelha de raiva, seguiu para o estacionamento em passos largos, entrou no carro e saiu...Pouco antes de atravessar a saída, viu André correndo e acenando freneticamente para ela. Arqueou uma das sobrancelhas e pôs o pé no acelerador. Minutos depois parou no shopping, comprou um lanche para ela e para o irmão e seguiu para casa...Na portaria, pediu para que caso André passasse por ali, avisasse que Lilian não estava. Subiu e assim que entrou viu o irmão deitado no sofá, sorrindo, brincou:
— Do sofá, pra cama, da cama, pro sofá...Esse menino tem futuro.
— Que cê tá fazendo a essa hora? Era um almoço ou um lanche?
— Não foi nenhum dos dois, nem cheguei a comer...Trouxe algo pra gente.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou sentando no sofá.
— Não... — disse indo em direção a cozinha.
— Lilian... — levantou — volta aqui. — seguiu para a cozinha.

Lilian mostrava o maior interesse na geladeira até que Augusto fechou a geladeira e perguntou sério:
— O que foi que ele falou?
— Foi uma discussão boba, Guh. Coisa infundada.
— Se fosse realmente uma coisa boba, você estaria lá com ele e não aqui.
— Sabes que não venho tendo tanta vontade de encontrar com ele nos últimos tempos. Vamo comer logo? Vai esfriar.

Augusto deu-se por vencido e deu de ombros, num “tanto faz”. Os dois comeram em silêncio e assim que terminaram Augusto disse:
— Vou tomar banho e a gente vai, ok?
— Tá. — e sorriu.

Julia se admirou com a mudança repentina do tempo, quando acordou, o sol estava escaldante, e agora com o início da tarde o sol sumira e o tempo estava fechando. Conversava com seu Pedro na porta de casa, estirada numa rede enquanto Pedro estava sentado num banco próximo tomando seu café. Julia olhou para o céu e comentou:
— Lá vem um toró.
— Tempo doido.
— E não?! Tava o maior sol e agora...
— O bom é que vai refrescar, essa noite te prepara que vai fazer um friozinho bom.

Julia sorriu em resposta e logo seus pensamentos foram até Lilian...Aah, que saudade ”O que será que a garota estaria fazendo agora?! Provavelmente com o namorado mala dela” pensou Julia sem conter o suspiro derrotado. Ah como queria que ela estivesse ali, a idéia de se afastar da garota só a fez ter uma certeza...Amava Lilian demais, fato. Fechou os olhos e lembrou-se do episódio que acontecera na casa dela, não pode conter o meio sorriso, que logo se desfez ao lembrar-se da garota pedindo-lhe um tempo. Julia não percebera, mas estava sendo observada atentamente por Pedro, que sorriu e comentou:
— Cara de quem tá amando, menina.
— Que é isso, rapaz. Cara de quem tá sofrendo por amor, isso sim. — disse voltando sua atenção a Pedro.
— Quer me contar?
— Quer ouvir?
— Tô aqui pra isso. — e deu um sorriso doce.

Julia sorriu para o homem a sua frente e ajeitou-se na rede. Pedro sabia da orientação sexual de Julia e sempre dera o maior apoio a morena...Conhecia boa parte das namoradas de Julia e sempre soube de tudo, Julia nunca escondia nada de Pedro e não seria agora que faria isso...

Lilian e Augusto foram recebidos por Mari animadamente. A loirinha já estava de saco cheio de ficar sozinha, eram nesses momentos que Julia mais fazia falta. Dei um beijo saudoso no namorado e um abraço em Lilian. Sentaram-se no sofá e logo Augusto foi falando:
— Amor...Trouxe minha irmã aqui pra te pedir um negócio.
— Imagino o que seja...Olha Lilian, eu já falei pra você, a Julia pediu pra eu não falar...
— Não, não...Não é isso. Eu queria saber se você pode me dar algum número pra eu ligar pra ela...Eu...Eu só queria poder falar com ela.
— Olha Lilian, não vou mentir pra você...Ter, eu tenho. Mas...
— Por favor Mari! Eu...Queria muito falar com ela.

Mari olhou para o namorado, pedindo ajuda, o rapaz a tranquilizou com um sorriso e balançou a cabeça afirmativamente. Os três ficaram em silêncio por um tempo...Porém, logo ouviu-se o som do celular de Mari tocando no quarto, a loirinha levantou-se, pediu licença e foi em passos largos em direção ao quarto. Pegou o aparelho e não pode esconder a surpresa que teve ao ver o nome de Julia no identificador, ponderou por poucos segundos e resolveu chamar Lilian:
— Lilian! Vem cá um pouquinho, por favor...

Lilian ao ouvir Mari chamar, levantou rapidamente e foi em direção ao quarto. Chegando lá, viu Mari com o aparelho nas mãos. Estranhou a atitude da loirinha, mas logo entendeu quando Mari entregou o aparelho a Lilian e disse:
— Ela vai me matar...Mas acho que esse telefonema é pra você, não pra mim.

Lilian sorriu agradecida enquanto Mari saía do quarto...Não esperou nem mais um segundo e atendeu, não teve tempo de dizer nada, Julia logo disparou:
— Falei sobre ela pro Pedro...
— Ela quem? — perguntou rapidamente sem conter a surpresa e o ciume.
— Lilian? — perguntou Julia completamente surpresa.


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