Sun-flower escrita por Siaht


Capítulo 1
U: sun-flower


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!!
Tudo bem com vocês?
Bom, essa fic é um pequeno mimo para os leitores de Little Things, uma das histórias que escrevi durante o Junho Scorose do ano passado. Não é necessário tê-la lido, já que funciona como uma história isolada, mas quem leu certamente irá reconhecer as referências.
Mais uma vez, quero agradecer à Tahii e Miss A por esse projeto maravilhoso e que traz tantas histórias lindas para nossas vidas! ♥
Espero que gostem!



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{sun-flower}

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Nossa história se inicia em uma estação de trem lotada, numa manhã de primeiro de setembro, com um garotinho cinzento e de nome que inspirava pouca fé. Scorpius Malfoy tinha 11 anos no dia em que sua vida mudou para sempre. No dia em que conheceu a garota que vestia o arco-íris e era a personificação do sol. Rose Weasley estava do outro lado da Plataforma 9 ¾, se despedindo da família, e Scorpius não conseguia tirar os olhos dela. De seus cachos flamejantes, de seus movimentos caóticos, de suas roupas coloridas.

Até aquele momento, o menino estivera consumido pelo medo, apavorado pela perspectiva de se afastar dos pais e do único mundo que  conhecia. O mundo incolor do qual sempre fora o príncipe. Então, a garota caleidoscópio o notou e, contrariando todas as expectativas, sorriu para ele. Um sorriso que iluminou o dia do Malfoy. Coloriu sua vida inteira. Fez todo o medo desvanecer. Repartiu a vida de Scorpius em duas. Porque, a partir daquele momento, existia apenas o “antes” e o “depois” daquele sorriso. 

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Há quem pense em Hogwarts como um lar. Um ideal de perfeição. Um sonho. Bobagem. Tolice. Mentira. A Escola de Magia de Bruxaria Hogwarts era um pesadelo.  Uma miríade de decepções, ostracismo e ofensas gratuitas. As pessoas não gostavam de Scorpius. Ou melhor, não gostavam de Malfoy. Talvez houvessem gostado do menino, se tivessem dado si mesmas a chance de conhecê-lo. Se tivessem visto mais do que o sobrenome maldito. As feridas da Segunda Guerra Bruxa, no entanto, ainda eram recentes. Dezenove anos não era tempo suficiente para estancar o sangue, curar as dores e permitir que os cortes cicatrizassem de verdade. Scorpius entendia esse fato. Entender, entretanto, não tornava mais fácil precisar purgar os pecados de seu pai. Os pecados de sua família inteira. 

Tudo teria sido pior, não fosse por Albus Severus Potter e Rose Weasley. Os filhos de heróis que, por algum motivo, haviam resolvido se associar ao herdeiro de vilões. Albus era seu fiel escudeiro sonserino. Seu companheiro de humores sombrios, comentários sarcásticos e um tantinho de melodrama. Um pequeno ranzinza tão desajustado quanto o próprio Scorpius, mesmo que por motivos opostos,  mas também  o mais leal dos amigos. Rose, por sua vez, era um clarão de luz invadindo as masmorras de Salazar. Uma corvina curiosa, sociável, tagarela, excêntrica e que diariamente obrigava os dois amigos a brindarem com o copo meio cheio. Era a flor que desabrocharia mesmo em meio a um funeral. Era o calor que derretia o gelo dos Malfoy. Era pinceladas energéticas de cores quentes, colorindo o mundo preto e branco em que Scorpius sempre vivera. Rose era simplesmente Rose. E quando a menina passava por ele, em um corredor lotado, e abria aquece sorriso tão dela, todos os rostos hostis desvaneciam. O mundo inteiro desaparecia e nada restava além dos dois.  

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A parte mais difícil sobre ser um Malfoy era que você não podia deixar de ser um Malfoy. Para o bem ou para o mal, estava eternamente preso àqueles laços de sangue e a todas as suas complicações. Não fora fácil para Scorpius ver seu herói pessoal – seu pai – ser assassinado em frente aos seus olhos, para que em seu lugar nascesse um homem absurdamente comum e imperfeito. O menino, contudo, aprendera a lidar com isso. Draco era Draco e, mesmo que seu passado estivesse manchado de erros, ele era o único pai que o garoto teria. Acima disso, era o pai que o amava e que ele amava também. 

Draco Malfoy, por sua vez, vinha com sua própria bagagem paternal. O que incluía Lucius e Narcisa na equação. E quanto mais ele crescia, mais Scorpius achava os avós intragáveis. O fato de ficar bastante evidente que nenhum dos dois  gostava de Astoria, tornava tudo pior. Por que como ficar do lado de alguém que está sempre buscando novas formas de ofender a sua mãe? Não que Astoria fosse o tipo de mulher que aceitasse um insulto calada, é claro. E, por mais correta que ela estivesse em sua indignação, isso não ajudava a tornar os encontros familiares menos constrangedores. Pelo contrário. As reuniões da família Malfoy faziam Scorpius sentir saudades de Hogwarts. 

Sendo assim, e após mais um natal horroroso na casa dos avós, o garoto mal conseguia esperar para visitar Albus e Rose n’A Toca. A residência dos Weasley era um dos locais favoritos do garoto. Um dos poucos lugares em que realmente se sentia bem-vindo. Como de costume, o cheiro de biscoitos saídos do fogo, que o atingiu assim que passou pela porta, fez o pequeno Malfoy se sentir em casa. E, sem nem mesmo se dar conta do que estava fazendo, seus olhos cinzentos começaram a procurar por uma garota específica em meio aquele oceano de cabelos ruivos. 

Rose estava do outro lado da sala, usando botas amarelas, um cachecol rosa-choque e um suéter roxo. Gesticulava freneticamente, enquanto defendia uma de suas ideias absurdas para seu tio Percy. O pobre homem parecendo querer estar em qualquer outro lugar. Então, como se pressentindo a chegada do amigo, os olhos dela se voltaram para a porta. Ela viu Scorpius e sorriu. Um  sorriso tão completamente “Rose Weasley” que fez o coração do garoto saltar. Estavam no meio de dezembro, mas, de repente, era verão. E toda a tempestade familiar do dia anterior podia finalmente ser esquecida.

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Aos 15 anos, Scorpius Malfoy sabia muito sobre herbologia, música clássica, livros de romances e gel de cabelo. Aos 15 anos, Rose Weasley sabia muito sobre astrologia, adivinhação, a falência do sistema educacional de Hogwarts e onde adquirir os melhores doces de toda Hogsmeade. O garoto queria encontrar seu lugar no mundo, entender o que fazer com aquele legado sangrento que jazia em suas costas, se acertar com o pai e encontrar uma ou duas respostas que explicassem a vida, o universo e tudo mais. A garota queria encontrar roupas bonitas para seu corpo gordo, mandar para o inferno qualquer um que questionasse se tinha intenção de seguir a carreira política da mãe,  abraçar todos os mistérios da vida e toda dúvida sobre o que estavam fazendo naquele plano espiritual e, acima de qualquer coisa, beijar na boca. 

Movida por isso, e por sua personalidade um tanto impulsiva e dotada de pouco pudor, Rose Weasley aproveitou a solidão de um corredor escuro para perguntar a Scorpius Malfoy, seu melhor amigo e aquele a quem confiaria a própria vida sem hesitar, se ele gostaria de beijá-la. Como um experimento científico, é claro. Parecia uma oferta completamente plausível. Nenhum dos dois havia passado por aquela experiência tão típica da adolescência, afinal, e poderiam contar com a gentileza e confidencialidade um do outro. Scorpius atingira a cor de uma berinjela, gaguejara um pouco e, por fim, aceitara a proposta, se dando conta – pela primeira vez – de que beijar a menina era algo que ele gostaria muito de fazer. 

Rose o teria beijado naquele corredor, acabando de uma vez por todas com a sina de ser uma das únicas virgens de beijo de seu ciclo social. Scorpius, porém, não era tão pragmático. Algo que a Weasley atribuía a quantidade absurda de livros de romance que ele roubava das prateleiras da mãe. De uma forma ou de outra, o fato era que o Malfoy fizera a garota aguardar até a noite cair e, então, a arrastara até a Torre de Astronomia. O cenário definitivamente compensava a espera. 

Não tento nada além dos astros como testemunha, Scorpius se aproximou da melhor amiga. Os cabelos ruivos dela eram soprados pelo vento, se assemelhando a um cometa vermelho. A luz das estrelas iluminava as sardas, fazendo com que parecessem pequenas constelações. Constelações em um rosto de menina. Naquele momento, Rose Weasley era feita de brilho de estrelas e poeira cósmica. Naquele momento, Rose Weasley era a coisa mais linda que Scorpius Malfoy já vira em sua vida. O beijo fora desastrado, para dizer o mínimo. Ainda assim, após mais alguns tropeços, eles aprenderam a coreografia daquela dança nova e um tanto estranha. E o resultado fora glorioso. Como uma explosão de fogos de artificio. Ou o surgimento de um segundo sol.

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Foi em um jardim de girassóis, no princípio do verão de 2022, que Scorpius Malfoy e Rose Weasley aceitaram que estavam destinados a ser muito mais do que amigos. Ou melhores amigos. Ou amigos que se beijavam ocasionalmente. Eles estavam apaixonados um pelo outro e, por mais que isso fosse um pouco assustador, era também maravilhoso. Os dois tinham 16 anos, muitas dúvidas, alguns sonhos e um verão inteiro para não fazerem qualquer coisa que não fosse amar um ao outro.

Mais do que isso, tinham uma vida inteira para descobrirem juntos. Uma vida que nem sempre seria fácil ou boa, mas isso já não importava. Porque, pela primeira vez, Scorpius não sentia qualquer temor. Rose, afinal, era sua flor favorita e seu sol particular, sempre  colorindo e iluminando seu mundo. Era sua amiga, sua companheira de aventuras, sua maior constante. Sendo assim, desde que a garota estivesse ao seu lado, seus dias jamais poderiam ser tristes ou cinza. Rose Weasley sempre transformaria sua vida no mais belo verão.   


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Notas finais do capítulo

Ok, isso não ficou exatamente como eu queria ou havia imaginado, mas acho que o resultado foi até bonitinho. Little Things é uma fic muito especial para mim. Foi o que me fez voltar a escrever e o que trouxe luz e muito afeto para a minha vida em um momento muito ruim e sombrio. Então, queria trazer um pouquinho dessa energia para o Junho Scorose desse ano também. ♥
Espero que tenham gostado!
Beijinhos,
Thaís



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