Quidditch escrita por Lady Anna


Capítulo 1
Rivals to Lovers


Notas iniciais do capítulo

Oi!!! Minha primeira fic no junho scorose, que honra! É muito bom estar participando desse projeto e enaltecendo o meu confort shipp♥ agradecimentos a Ari e a Tahii por isso haha vocês foram geniais criando o projeto!
Espero que vocês gostem dessa quase farofada desses dois hehe uma fic bem leve e engraçadinha para descontrairmos!
Nos vemos nas notas finais!



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Scorpius acordou, recobrando lentamente os sentidos. O ar frio do fim de maio causava arrepios em sua pele exposta, o que o fez se aconchegar involuntariamente no corpo ao seu lado. Assim que sentiu braços finos rodeando sua cintura de volta, um sorriso surgiu em seu rosto. Gostava de beijar e transar com Rose, mas com certeza amava acordar ao lado dela de manhã. Aqueles momentos em que os cérebros ainda estavam lentos demais para encontrar uma justificativa para fugir eram os melhores para o sonserino. Obviamente, não falava para a ruiva, era bem provável de Rose rir e chamá-lo de emocionado se contasse. O que tinham era só sexo e ninguém sabia, a não ser Albus.

Já fazia um tempo que Scorpius sabia sentir por Rose mais do que uma forte atração e um desejo incontrolável. Sabia gostar de fazê-la rir apenas para ver aquele sorriso incrível e não se importava de ouvir sobre objetos trouxas que não conhecia somente para ver aqueles incríveis olhos azuis brilhando. Tinha certeza que estava apaixonado por ela, mas não tinha nenhuma intenção de compartilhar aquela constatação com a garota em seus braços. Era melhor ter Rose somente dessa forma do que não tê-la de forma nenhuma, o que provavelmente aconteceria se revelasse seus sentimentos. Assim, aproveitaria o que tinham enquanto durasse.

Com esse pensamento, acariciou levemente as costas nuas de Rose e abriu os olhos. Ela ainda dormia, soltando baixos e curtos roncos no sono pesado, o que fez Scorpius sorrir. A ruiva nunca aceitava que roncava, mesmo que baixinho, mas ele não se importava com isso, afinal achava encantadora a forma como a boca dela se abria em um suspiro entre um som e outro. Na verdade, atualmente achava qualquer coisa na Weasley encantadora, o que era muito patético. Se seus colegas de casa soubessem que estava apaixonado por uma grifinória nunca o deixariam em paz.

Scorpius ignorou aqueles pensamentos e aconchegou mais Rose em seus braços, sentindo-a esconder o rosto em seu pescoço, o que lhe dava uma bela visão de suas costas cheias de sardas. Às vezes, quando estavam somente conversando após uma noite particularmente animada, ele passava a ponta do dedo indicador pelas suas pequenas sardas, como se fossem estrelas ligadas em constelações. O Malfoy nem percebeu ao certo o momento que começou a ligá-las naquele instante, mas estava concentrado em algumas que, segundo sua imaginação, se pareciam com a constelação de escorpião quando ouviu a voz abafada e sonolenta de Rose:

— Isso faz cócegas, Malfoy.

Com um sorriso malicioso no rosto, ele colocou as duas mãos na cintura e nas costas dela, mexendo-as para fazer cócegas propositalmente. Quando Rose sentiu o primeiro movimento de suas mãos, soltou um gritinho agudo e tirou o rosto do pescoço dele, encarando-o com os olhos azuis divertidos antes de fechá-los no momento em que uma crise de risos tomou seu corpo. A risada alta dela tomou conta do quarto e do próprio Scorpius, o qual tinha certeza que a olhava embasbacado.

Quando ele parou de fazer cócegas nela, Rose já estava com as bochechas deliciosamente rosadas e a respiração ofegante, o que o lembrava de alguns momentos muito interessantes. Com um sorriso e os olhos ainda apertados, a ruiva olhou diretamente para aquela imensidão cinzenta que era o olhar de Scorpius, percebendo a malícia enquanto ele a encarava. Ela colocou as mãos sobre o peito desnudo do loiro e aproximou seu rosto do dele, parando seus lábios a centímetros para sussurrar:

— Pronto para perder hoje, Malfoy?

Scorpius gargalhou, girando seu corpo e o de Rose para ficar sobre ela. Ele segurou as mãos da ruiva ao lado do corpo e se abaixou para falar na pele sensível e cheia de sardas do pescoço dela:

— Nem em seus melhores sonhos, Weasley. Até porque – ele se interrompeu para deixar um delicado beijo na clavícula dela. – em seus melhores sonhos eu estou fazendo coisas muito mais interessantes do que te ver ganhar a Taça das Casas.

Rose soltou uma risada debochada e Scorpius aproveitou para distribuir beijos por todo o pescoço da ruiva, mordiscando e chupando levemente em seguida. Logo a risada se transformou em suspiros e baixos gemidos conforme a boca de Scorpius descia mais e mais pelo corpo dela.

♦○♦

Antes de se sentar-se à mesa da Sonserina, Scorpius olhou rapidamente para a mesa da Grifinória, visualizando Rose sentada entre Lily Luna e Hugo. Porém, ele não foi tão rápido quanto gostaria, pois a Weasley percebeu o olhar dele e seus olhos se encontraram por alguns segundos. Ela apertou levemente os olhos, mordendo o lábio inferior para conter um sorriso, o que o fez passar a mão pelos cabelos loiros e abrir um sorriso de lado.

— Se você quiser que isso continue um segredo vocês deveriam ser mais óbvios. – Ironizou Albus Severus, batendo com o ombro no ombro de Scorpius. – Você nem está babando ainda, afinal.

Scorpius percebeu que estava com a boca levemente aberta, o que o fez fechá-la e desviar o olhar, constrangido. Albus soltou uma gargalhada alta diante da expressão do Malfoy, o que chamou a atenção de diversas pessoas nas quatro grandes mesas.

— Será que você não poderia chamar um pouco menos de atenção? – Reclamou Scorpius enquanto bebia um gole de seu suco de abóbora.

— Não. – Albus abriu um grande sorriso sarcástico para o Malfoy. – Albus Potter nasceu para ser o centro dos holofotes.

Scorpius revirou os olhos, mas um sorriso de lado surgiu diante da fala do amigo. Enquanto observava a quantidade absurda de comida que Albus colocava em seu prato, pensou como ele conseguia comer em um momento daqueles, afinal, apenas um gole de suco de abóbora fora o suficiente para fazer o estômago do Malfoy se revirar. É claro que por fora Scorpius era o próprio retrato da calma e autoconfiança, mas por dentro sentia o nervosismo e a ansiedade o consumindo. Talvez pelo fato de aquele ser o último jogo do ano ou talvez por ser contra a Grifinória, ele não sabia ao certo. A única coisa que tinha certeza era que Rose Weasley estar jogando no time adversário o fazia querer ganhar aquele jogo mais do que tudo, pois tirar aquele sorrisinho prepotente e superior do rosto dela seria quase tão satisfatório quanto consolá-la depois.

     Há alguns metros dali, Rose pensava a mesma coisa sobre o Malfoy. Nada a agradaria mais naquele dia do que ver o sorriso autoconfiante dele se desmanchar quando o apanhador da Grifinória o superasse e pegasse o pomo de ouro. Apenas, talvez, uma boa sessão de amassos com ele em algum canto escuro de Hogwarts. Se Scorpius tivesse olhado para a mesa vermelha naquele momento teria visto o olhar desejoso e um tanto quanto apaixonado da Weasley sobre ele, mas o loiro estava ocupado demais traçando estratégias de quadribol com seus companheiros de casa para se lembrar de olhar na direção da ruiva.

Algum tempo depois, o time da Sonserina se levantou da mesa, pronto para se dirigir ao vestiário.  Scorpius e Anthony Zabini iam à frente dos outros, ainda conversando sobre como protegeriam o Malfoy dos balaços potentes de Rose Weasley. A garota parecia ter um prazer quase perverso em atirar aquelas bolas rápidas contra ele e vê-lo se contorcer sobre a vassoura para desviar delas. Scorpius estava concentrado no que o capitão lhe dizia quanto parou repentinamente de andar, encontrando James Potter e o restante do time da Grifinória à sua frente, incluindo a ruiva por quem estava secretamente apaixonado.

— Com medo, Zabini? – James Sirius conservava um grande sorriso no rosto, como se já tivesse certeza da vitória. – Parece que você está instruindo o Malfoy para uma guerra e não para um simples jogo de quadribol.

— Sinceramente, Potter, com a Weasley de batedora aquele jogo seria facilmente confundido com uma guerra. – Zabini olhou na direção de Rose, fazendo uma careta.

— Eu só estou fazendo meu trabalho, Zabini. – Ela respondeu, olhando para Scorpius em seguida. – E muito bem, já que o Malfoy está com medo.

— De você, Weasley? Nunca. – Scorpius se pronunciou pela primeira vez, olhando com intensidade para a ruiva.

Com aquele pequeno diálogo, a temperatura do refeitório parecia insuportavelmente mais quente e todos seguravam a respiração, ansiosos para o desenrolar da cena. Scorpius, para ser sincero, não gostava daquelas provocações entre times, afinal, quase sempre resultavam em ânimos muito elevados e detenções nada divertidas. A única pessoa que ele gostava de provocar era Rose e, mesmo assim, preferia o fazer quando estavam apenas os dois. Entretanto, quando tudo a volta dele parecia um campo minado prestes a explodir, não havia muito a se fazer a não ser se defender da melhor maneira que podia.

— Você não deveria ter medo só dela, Malfoy. – Implicou Alice Longbottom. – Afinal, eu também posso lhe acertar um balaço.

 – Você está ameaçando o meu apanhador? – Perguntou Alex, um sonserino que jogava como artilheiro.

— Se ela estiver você vai fazer o quê? – Indagou James Sirius, olhando para o sonserino com uma expressão enraivecida.

Scorpius fechou os olhos e suspirou baixo, aquilo já estava saindo do controle. Quando os abriu, encontrou Rose o encarando com uma expressão curiosa. Ele estava tão focado em olhá-la que não soube o que Alex respondeu ao Potter, apenas que algo devia ter irritado muito o capitão da Grifinória, pois ele avançou dois passos para frente e apontou um dedo para o sonserino.

— Escuta aqui...

Para sorte deles, o professor Longbottom chegou, acompanhado da diretora McGonagall. No mesmo instante, James Sirius voltou para perto dos companheiros de casa, possivelmente não querendo receber uma detenção ou ficar fora do jogo de mais tarde.

— Espero que esteja tudo bem por aqui. – Disse McGonagall, em sua melhor voz ríspida. – Não quero ter que tirar nenhum de vocês do jogo de mais tarde.

Todos se calaram, não querendo atrair a atenção da diretora para si ao falarem. Porém, Rose, a sempre corajosa e orgulhosa Rose, disse:

— Não há nenhum problema aqui, diretora McGonagall. Apenas estamos desejando boa sorte para os nossos rivais.

McGonagall somente assentiu, ainda incerta sobre a intenção dos jogadores.

— Claramente um espírito esportivo invejável. – Respondeu o Malfoy, não aguentando não provocá-la.

Infelizmente, isso atraiu a atenção de todos, incluindo dos professores para si. Scorpius se amaldiçoou por isso, mas o olhar irritado e os lábios crispados de Rose tornaram tudo um pouco melhor.

— Certamente é, Sr. Malfoy. – Respondeu o professor Longbottom, olhando para os alunos com um olhar pacificador. – Vamos para o campo de quadribol?

Os jogadores de ambos os times murmuraram, concordando. Lentamente, todos se dirigiram a saída do refeitório sobre o olhar atento de McGonagall. Porém, escapou ao olhar da velha bruxa que Rose Weasley se esgueirou até Scorpius Malfoy, falando próximo ao ouvido dele:

— Má sorte, Malfoy.

Sentindo os pelos de seu pescoço se arrepiarem, Scorpius segurou o braço dela, o que a surpreendeu um pouco. Olhando ao redor para ver se alguém estava prestando atenção neles, ele se abaixou e beijou o canto dos lábios dela, antes de sussurrar:

— Igualmente, Weasley.

♦○♦

Colocando as luvas de quadribol em suas mãos, Scorpius as testou, flexionando os dedos. Estava ansioso para o início da partida, principalmente devido à possível tempestade que se formava no horizonte. O tempo londrino sempre era volátil, contudo, parecia que jogos de quadribol tinham uma capacidade quase mágica de atrair fortes chuvas com intensos nevoeiros. Para um apanhador isso era duplamente horrível: ficava quase impossível encontrar o pomo e se desviar de balaços. Sua única escolha era confiar sua integridade física aos batedores da Sonserina enquanto se concentrava no pequeno objeto veloz.

— Você já parece ter sido acertado por um balaço, Malfoy. – Rose, de alguma forma, o encontrara naquele canto escondido no qual ele se preparava antes dos jogos. – Não devia ter tanto medo desse jogo assim. Eu poderia prometer pegar leve com você, mas isso seria uma mentira e Rose Weasley nunca mente.

— Nunca?

— Nunca.

— Garanto que você está mais temerosa com esse jogo do que eu. – Um sorriso malicioso surgiu no rosto dele. – E até mesmo ansiosa para que eu a console depois. Não precisa responder, Rose, já que você nunca mente.

— Você é muito convencido. – Rose bufou.

— Mais uma verdade. Sabe mais o que é verdade? – Scorpius se aproximou dela, deixando-a entre ele e um pilar do campo. Quando Rose negou, ele continuou: – Que eu quero meu beijo de boa sorte, Weasley.

Ela gargalhou, colocando as mãos nos ombros dele. Toda aquela proximidade poderia matá-lo se não fosse tão malditamente divertido provocá-la assim. Talvez fosse assim tão bom porque ambos sabiam que aquilo não levaria a uma briga real – como costumava acontecer entre grifinórios e sonserinos – ou talvez fosse a forte tensão sexual que sempre os embalava. Não importava, aquela era uma distração muito bem-vinda antes do jogo mais importante da temporada.

— Você não merece um beijo de boa sorte, Malfoy. – Ela respondeu, mas mesmo assim se aproximou mais dele. – Talvez mereça um beijo normal, mas ainda não tenho certeza.

— Não? – Ele deu um beijo no canto dos lábios dela, roçando seus lábios. – E agora?

— Acho que sim.

Rose suspirou quando Scorpius finalmente a beijou, uma das mãos presas firmemente entre os fios ruivos e a outra segurando sua cintura, trazendo-a ainda mais para perto de si. Ela ainda não havia colocado as luvas, então acariciava o torço dele com as mãos curiosas, arranhando-o enquanto sorria contra a boca dele, o que o fez soltar um gemido. Ele queria tirar aquelas luvas para conseguir tocar a pele dela sem nenhuma barreira, mas sabia que não teria tempo para fazer isso antes do jogo começar. Assim, aproveitou para beijá-la antes que o pandemônio da partida iniciasse.

♦○♦

Praguejando, Scorpius afastou as gotas de chuva do rosto e procurou a pequena bolinha dourada com olhos atentos. Poderia jurar que ela estava ali há dois segundos, mas, quando chegara ao local, somente encontrara folhas errantes trazidas pelo vento forte e alguns galhos. A tempestade de mais cedo realmente chegara, o que tornava a partida muito mais emocionante para os telespectadores animados que a assistiam, entretanto, para os jogadores, aquilo só tornava tudo mais difícil. Enxergar mais do que um metro a sua frente era quase impossível, e a chuva fria gelava até mesmo os ossos deles.

Um balaço já havia o acertado e agora os batedores da Sonserina estavam mais atentos a sua volta, como a estratégia de Zabini previra, o que os fazia serem os únicos jogadores no imenso campo que Scorpius conseguia ver naquele nevoeiro. Às vezes, conseguia ver alguns artilheiros passando por perto em alta velocidade e conseguia ouvir a contagem de pontos e os gritos animados mesmo com o rugido alto do vento. Pelas suas contas, a Sonserina estava alguns pontos à frente, no máximo trinta, mas não confiava muito nisso. Precisava encontrar aquele pomo de ouro o mais rápido possível.

Scorpius inclinou a vassoura mais para cima a fim de conseguir uma visão melhor do campo abaixo de si, mesmo que isso significasse pouca coisa no momento. Achava que continuar com aqueles jogos em meio a chuvas tão fortes era uma grande irresponsabilidade dos professores, mas considerando tudo que, segundo as aulas de História da Magia, Harry Potter passara naquela escola, todos os perigos; um jogo de quadribol em condições duvidosas era algo bem mais simples e seguro. A pequena absorção em seus pensamentos cobrara seu preço quando ouviu o barulho de um balaço cortante sendo lançado contra ele, mais especificadamente contra o rabo de sua vassoura.

Em um movimento desajeitado, o Malfoy conseguiu se desviar por pouco, não conseguindo salvar a parte de baixo da traseira de sua vassoura do mesmo modo. Sentiu uma maior dificuldade em equilibrar-se, mas alguns segundos depois conseguiram voltar a estabilidade. Olhando para o lado, percebeu que Alice Longbottom lhe lançava um sorriso debochado, o taco de quadribol firmemente segurado na mão esquerda.

— Acho que precisa melhorar sua mira, Longbottom. Quem sabe da próxima vez consiga chegar perto de me acertar. – Debochou, procurando o pomo de ouro em volta deles.

— Minha mira está tão boa quando sempre esteve, Malfoy. Você já estaria no chão nesse momento se Rose não tivesse me pedido para maneirar com você. – Alice lançou lhe uma piscadinha sugestiva.

— O quê?

Esquecido de sua missão como apanhador, ele virou o rosto para ela, com os olhos arregalados. Se aquilo fosse realmente verdade, não queria se dar esperanças do que poderia significar. Talvez fosse apenas um senso esportivo muito estranho da Weasley, afinal com certeza aquilo não significava que Rose pudesse corresponder seus sentimentos. Não mesmo. Ainda assim, era algo que merecia grande parte de sua atenção no momento.

— Se você tivesse uma sensibilidade maior do que uma colher de sopa teria percebido.

— Percebido o que exatamente, Longbottom?

Alice apenas revirou os olhos, voltando para o jogo e ignorando-o. Aquela poderia ser uma ótima estratégia da grifinória, afinal, nesse momento não conseguia pensar em algo que não fosse conversar com Rose. Levando em conta seu enorme amor por quadribol desde que conseguira subir em uma vassoura, aquilo era realmente surpreendente. E patético. Scorpius Malfoy estava pateticamente apaixonada por Rose Weasley e fantasiando sobre ser correspondido no meio do jogo mais importante de toda temporada.

Ele balançou a cabeça para dissipar os pensamentos, dando algumas voltas para procurar o pomo de ouro. Com dificuldade conseguiu visualizar o apanhador da Grifinória do lado oposto do campo descendo em uma velocidade surpreendente. O melhor que poderia fazer no momento era segui-lo e torcer para que não estivesse sendo enganado e conseguir chegar antes dele naquela bolinha tão valiosa. Em segundos, estava ao lado do grifinório, disputando com alguns empurrões a dianteira atrás do pomo. Por algum tempo, o outro levou a melhor devido ao desequilíbrio constante de Scorpius em sua vassoura quebrada; porém, o garoto era bem mais magro que ele, o que fez com que os empurrões do Malfoy o desestabilizassem bastante.

Estavam há pouco metros do pomo, Scorpius podia visualizar as asas douradas batendo furiosamente. Um sorriso tomou conta de seu rosto quando percebeu que conseguiria se esticar mais do que o grifinório e que o jogo já estava quase ganho. Quase. Se a maldita bola extremamente valiosa não tivesse feito uma curva de 90 graus e subido em uma velocidade exorbitante que fez com que eles freassem o mais rápido possível. Após alguns segundos se equilibrando novamente em cima da vassoura, ambos seguiram atrás do pomo de ouro, sentindo a gravidade puxá-los enquanto subiam como se mais nada importasse.

E naquele momento Scorpius podia jurar que não importava. Queria mais do que tudo ganhar aquele jogo e dar a Taça das Casas para a Sonserina em seu último ano de Hogwarts. Se tivesse sorte algum olheiro estaria conseguindo enxergar algo naquela bagunça de folhas, galhos, gotas e névoa; se impressionaria com ele e o chamaria para jogar em algum bom time. Até mesmo queria o prazer de provocar a Weasley com um sorriso presunçoso no rosto, deixando-a irritada. Scorpius era um bom sonserino, seu objetivo estava claro a sua frente e nada poderia desviá-lo disso.

Pelo menos foi o que pensou até ouvir um grito apavorado perto de si. Virando um pouco o rosto sem se desviar de seu objetivo, viu os cabelos cor de fogo de Rose despencando em alta velocidade à sua direita enquanto um vulto tentava desesperadamente se agarrar em algo. Não conseguia ver o corpo dela, mas tinha certeza absoluta que aquela era Rose, afinal a grifinória era a única ruiva jogando naquele jogo. Ela estava caindo de uma altura enorme, rápido demais e Scorpius tinha poucos segundos para decidir o que fazer. Não queria perder aquele jogo e com certeza não queria que o apanhador idiota da Grifinória o superasse. Entretanto, se a Weasley se machucasse gravemente ou pior – que Merlin não permitisse – se ela morresse Scorpius nunca conseguiria se livrar da culpa e do coração partido. Para o inferno com o pomo de ouro!

Ele fez uma curva maior do que o necessário, batendo propositalmente a vassoura na do outro apanhador. Com sorte isso seria o suficiente para fazê-lo de desequilibrar por tempo suficiente para Scorpius pegar Rose e voltar. Com muita sorte. O mais rápido que conseguiu, o Malfoy fez sua vassoura descer próximo a Rose, visualizando a expressão aterrorizada com a possibilidade da queda. Fazendo um arco o melhor que conseguiu, Scorpius estendeu uma mão para ela, conseguindo segurá-la pelo braço e logo sentindo o aperto forte da mão dela, tão forte que as unhas dela o machucavam. Mas ele realmente não se importava com isso, pois um peso enorme saíra de seus ombros assim que sentiu a vassoura balançar enquanto ela tentava se acomodar atrás dele.

— Obrigada, Malfoy. – Ela disse em um suspiro aliviado.

— Você está bem?

— Sim.

— Certeza?

— Acho que você deveria estar preocupado com um pomo de ouro e não comigo.

Scorpius sorriu, tendo a certeza que ela estava realmente bem. Olhando para o apanhador da grifinória, viu que ele virava a cabeça de um lado para o outro, procurando desesperadamente o pomo de ouro. Ótimo. Satisfeito com a ainda existente oportunidade de ganhar o jogo, ele virou o rosto para perto de Rose, dizendo o mais alto que o vento cortante permitia:

— Tem razão, Weasley. Se segure.

Rápido, Scorpius impulsionou a vassoura, sentindo os braços dela o rodearem, apertando-o forte. Ele deu algumas voltas em torno do campo, sem sucesso na procura. Porém, em um canto próximo às árvores, onde as gotas de chuva confundiam a visão e os galhos atrapalhavam o voo, ele viu o pequeno pomo voando tranquilamente, esperando ser capturado. Como uma flecha, o Malfoy foi até lá, inclinando-se para frente o máximo possível. Percebeu que o apanhador da Grifinória estava apenas alguns centímetros atrás dele, a velocidade muito maior do que a sua.

Scorpius percebeu o exato momento em que soube que não conseguiria alcançar o pomo antes dele. Conseguia ver perfeitamente a imagem em sua cabeça: o peso extra em sua vassoura, além da calda quebrada, o atrasavam enquanto o grifinório estava ao seu lado e logo ele ficaria para trás, somente assistindo quando uma mão que não era sua se fechava em volta do objeto dourado. Porém, antes que tudo isso pudesse se concretizar, ouviu um sussurro próximo ao seu ouvido, baixo demais de modo que somente ele conseguisse escutar:

— Balaço à esquerda.

Assim que Rose acabou de pronunciar as palavras, Scorpius jogou a vassoura para baixo, desviando-se enquanto a pesada bola acertava a perna do grifinório, o desestabilizando por tempo suficiente para que o Malfoy se aproximasse do pomo e fechasse os dedos em volta dele. De longe, ouviu os gritos de comemoração da torcida verde e prateada, além da voz do narrador anunciando o fim da partida. Também ouviu os gritos animados dos companheiros de time, entretanto, o único som que conseguiu processar foi a voz de Rose dizendo:

— Espero que você seja realmente bom nesse negócio de consolar.

— Você nem imagina o quanto. – Respondeu, descendo a vassoura até o chão.

♦○♦

— Você é um idiota.

Scorpius virou-se para a porta do vestiário da Sonserina, franzindo o cenho. Quando encontrasse Rose após a partida, ele esperava escutar um “obrigada, Scorpius. Você salvou a minha vida”, ou talvez, “boa pegada, Malfoy. Valeu!”, até mesmo poderia imaginar “você é maravilhosamente perfeito, Scorpius. O melhor apanhador de Hogwarts em anos!” se fosse otimista. Entretanto, ouvir “você é um idiota” logo após salvar a vida de Rose Weasley não estava nos seus planos. Definitivamente não.

— Qual é o seu problema? – Perguntou, juntando suas coisas em uma pequena bolsa.

Já havia virado uma tradição eles se encontrarem logo depois dos jogos. No vestiário da Sonserina ou da Grifinória tanto fazia, o que importava era provocar o outro após a derrota. Geralmente, era Scorpius quem ia até Rose, mas ele não podia negar que essa noite havia esperado que a ruiva viesse. Não ligava de estar perdendo a comemoração do time no salão comunal da Sonserina – já fora em centenas iguais aquela – afinal, a noite com Rose lhe parecia muito mais interessante. Não mais, aparentemente.

— Qual é o meu problema? – Ela se aproximou, as bochechas vermelhas. – Qual é o seu problema? Você percebe que poderia ter jogado fora a sua chance de ser um apanhador profissional se não tivesse conseguido pegar aquele maldito pomo?

— E você esperava que eu fizesse o quê, exatamente? Te deixasse morrer? – Ele arqueou uma sobrancelha. – Convenhamos, eu fui incrível hoje. Provavelmente vou poder nadar em meio as cartas de todos os clubes que irão querer me contratar.

— Não seja tão arrogante, Malfoy, não te cai bem.

— Então não seja chata, Weasley. Se bem que isso cai perfeitamente bem em você.

Rose soltou um gritinho agudo, a respiração descompassada. Scorpius podia perceber que a provocação a irritara de verdade, porém não se importava. Queria estar a provocando de outra forma, mas, obviamente, Rose Weasley era muito complicada para isso. Por Merlin, ele não fizera nada de errado!

— Eu estava preocupada com o seu futuro, babaca.

— E eu estava preocupado com você! Com a sua vida, Rose! Você nem estaria discutindo comigo nesse momento se eu não tivesse escolhido te ajudar!

— A McGonagall não permitia que eu me espatifasse no chão, Malfoy. Ela com certeza interviria antes.

— Com aquela neblina que eu não conseguia ver um metro a minha frente você realmente acredita nisso? – Ele passou a mão pelos cabelos, soltando um riso debochado. – No que mais você acredita? Que fadas são fofas e irão realizar seus desejos?

Eles se encararam por alguns segundos, a tensão entre eles era palpável. Talvez Scorpius quisesse retirar algumas coisas que havia dito, mas era tarde demais para isso. Por fim, Rose soltou uma risada nasalada, movendo a cabeça em claro sinal de negação.

— Eu não vou ficar aqui discutindo com você, Scorpius. Parabéns pela vitória e eu realmente espero que você nade em cartas de clubes para a próxima temporada. Eu não desejaria que você perdesse isso de jeito nenhum.

Rose virou-se rápido, saindo do cômodo como se sua vida dependesse disso. Como se não suportasse mais ficar no mesmo espaço que Scorpius. Isso o deixou incomodado, o que o fez dizer:

— Espera! – Ela se virou, uma sobrancelha perfeitamente arqueada. – Por que você pediu para a Alice pegar mais leve comigo? Por que você se importa, afinal?

Ela o observou por alguns segundos e um sorriso autodepreciativo surgiu em seu rosto.

— Ela te disse isso? Na verdade, não importa. Você nunca perceberia, não é?

— Que porra, Rose! Não perceberia o quê? – Scorpius se aproximou mais, fitando-a nos olhos. – Eu sinceramente não estou te entendendo hoje!

— Deixa para lá, Scorpius! Por que você não vai comemorar a vitória com os seus colegas?

— Porque eu não quero ficar com eles! Eu quero ficar com você, Rose. – Ele viu a surpresa no rosto dela. – É tão difícil entender isso?

— Aparentemente tão difícil quanto você perceber que...

— O quê? – Diante do silêncio, Scorpius soltou uma risada. – Você mesma me disse que nunca mente e agora está-

— Eu não estou mentindo!

— Então está omitindo, o que é a mesma coisa!

— Não é não. – Ela o olhou irritada, prestes a explodir.

— Semântica, Weasley. – Ele debochou.

Isso, de alguma forma, foi a gota d’água para Rose. Ela não esperava e nem queria discutir com ele. Também não tinha vontade nenhuma de revelar seus sentimentos, afinal por mais que o Malfoy tivesse dito querer ficar com ela, naquele contexto, era algo passageiro e a ruiva tinha certeza que o que sentia por ele não passaria tão logo. Talvez nunca.

— Eu estou apaixonada por você! Pronto! Era isso que você queria escutar? – Ela fez uma pausa, encarando a expressão satisfeita dele, a qual irritou-a ainda mais. – Óbvio que era isso que você queria ouvir, afinal você é o Scorpius Egocêntrico Malfoy, por quem todos têm que ser irremediavelmente apaixonados!

— Então é isso: você é irremediavelmente apaixonada por mim? – Ele provocou.

— Deixa isso para lá. – Rose bufou. – Eu não deveria ter dito nada. Quer saber? Esqueça essa nossa conversa. Você deve me achar uma idiota por tudo que eu disse.

— Eu até poderia te achar uma idiota se eu também não fosse irremediavelmente apaixonado por você. – Ele se aproveitou da surpresa dela para se aproximar mais. – Não só irremediavelmente, eu diria. Inevitavelmente, surpreendentemente, inconsequentemente, maravilhosamente...

Rose o interrompeu com um beijo, o que fez Scorpius sorrir antes de correspondê-la. Seu corpo parecia ter entrado em combustão desde o momento em que ela admitira os sentimentos e, agora, com os braços dela em volta de seu pescoço e o corpo todo colado ao seu, a sensação era indescritível. Já tivera muitos beijos incríveis com ela, mas esse parecia, de alguma forma, diferente. Mais vivo, mais real, mais intenso. Mais Rose e Scorpius. Obviamente ele sempre iria querer mais e mais de Rose e, se dependesse dele, aquilo nunca acabaria.

Mas, aparentemente, eles ainda precisavam respirar, o que o fez se afastar apenas alguns centímetros dela, permanecendo com as mãos firmes em sua cintura. Olhou naqueles incríveis olhos verdes e sorriu malicioso, uma promessa que não precisava de palavras para se concretizar. Rose retribuiu o sorriso, porém, sua testa logo se franziu.

— O que nós somos agora?

— Como assim? – Perguntou, confuso.

— Bem, antes éramos rivais... quer dizer, eu não odiava você e você obviamente não me odiava. Não éramos inimigos, mas também não chegávamos a amigos. Tínhamos alguns... benefícios. É, talvez rivais com benefícios definisse bem. – Ele balançou a cabeça, concordando. – Mas, e agora? O que nós somos? Amigos? Mais que amigos? Amantes?

Ele sorriu. Rose pensava demais e nada poderia ser mais encantador do que isso no momento.

— Nós podemos ser o que você quiser, Rose. – Scorpius beijou o canto da boca dela. – Pra mim não importa. A única coisa que me importa é estar com você, como eu já deixei claro. Se você quiser definir isso com palavras, perfeito; mas senão, é só semântica.

Rose sorriu divertida e ele a beijou de novo. Aquele beijo foi intenso, como todos os jogos de quadribol, todas as brigas, todas as provocações e todos os amassos. Intenso como eles sempre foram e sempre seriam. Intenso como apenas um Malfoy e uma Weasley poderiam ser.


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Notas finais do capítulo

Eu amei escrever essa história! Acho que é a melhor Scorose que já escrevi! O quadribol envolvido com certeza ajudou, não é? Me contem o que vocês acharam e logo logo nos vemos de novo nesse mês porque eu ainda tenho mais duas fics: uma fofinha sozinha e uma fake dating em parceria com a Morgan.
Nos vemos nos comentários!
Beijooos