Mulher-Maravilha: Guerra e Paz escrita por Max Lake
Chegar ao palácio da rainha foi mais fácil do que Diana esperava. Poucas guerreiras estavam por perto, sendo facilmente abatidas ou despistadas pela Mulher-Maravilha. Empurrou o imenso portão e adentrou, a espada e escudo posicionados em suas mãos, a mão pressionando com força o cabo da arma. Seu coração acelerava, imaginando-se com a cabeça arrancada de Circe em suas mãos. Ou o coração. Não, não precisava recorrer a uma solução tão bárbara. Podia ser uma bruxa vil, mas não cabia à princesa condená-la à morte.
Subindo a escadaria, Diana pensava onde sua mãe se encontrava. Ou se Lorde Hades já cumprira sua promessa, devolvendo a alma de Hipólita ao seu devido lugar para, juntas, reconquistarem o trono de Themyscira.
Chegou à sala do trono, mas sentiu algo diferente no ambiente. Tudo estava calmo demais. Por qual motivo não haveria amazonas dentro da sala do trono, o local que deveria ser o mais protegido da Ilha? Havia algo de errado.
—Circe! - gritou, a voz ecoando pelo lugar amplo. - Apareça!
—Não esperava que viesse tão cedo, Diana. - A voz de Circe vinha de todos os lugares da sala do trono. A Mulher-Maravilha ficou a postos para qualquer ataque. - Lorde Hades deve ter amolecido com o tempo. Antigamente ele exigiria mais do que uma aliança futura para libertar uma alma.
De forma repentina, uma rajada mágica foi disparada contra seu corpo. A amazona se protegeu com o escudo, mas a potência a fez soltá-lo e perdê-lo de vista, desaparecendo como uma nuvem ao tocar o chão.
Num piscar de olhos, a sala do trono se modificou, o cenário de uma Ilha Paraíso em chamas se formava. Gritos, mortes, tudo parecia real demais. Erguendo o olhar, tentando acreditar no que acontecia, notou, à esquerda, a silhueta roxa de Circe, aparecendo também à direita e à frente. Passou a entender o motivo de seu escudo desaparecer.
—O que foi princesa? - As três Circes falavam simultaneamente, as vozes se misturando em uníssono. - Não sabe decidir qual a verdadeira?
—Suas ilusões não me enganam.
—Tem certeza?
A voz veio de trás, uma quarta Circe brotou, disparando outra rajada mágica que jogou a Mulher-Maravilha contra a coluna grega no chão, partindo-a ao meio. As quatro Circes a cercaram, cada uma exibindo a vileza no sorriso.
Erguendo sua espada, Diana atacou duas bruxas, que se dissiparam em névoas assim que a espada tocou nelas. Sem se distrair, desferiu outro golpe contra a terceira - e mais próxima - ilusão da feiticeira, tendo o mesmo resultado. Mais distante, a última Circe gargalhava, suas mãos juntando energia roxa. Diana soltou a espada e puxou o Laço Mágico da Verdade, girou e esperou o momento certo para arremessá-lo.
No mesmo instante em que Circe soltou a poderosa rajada contra a princesa, o Laço acertou a face da bruxa como um soco dourado. Diana voou e bateu contra os restos do portão de entrada enquanto Circe caiu perto do trono destruído. Aos poucos o visual apocalíptico se esvaiu, voltando ao velho e conhecido cenário da sala do trono. No entanto, onde supostamente jazia o corpo desmaiado de Circe, era Antíope quem tomava seu lugar.
—O quê? - questionou-se Diana, confusa.
Correntes surgiram e se prenderam aos pulsos de Diana, que foi erguida para a porta. Das sombras, sob a própria gargalhada, Circe se revelava e tocava no rosto confuso da Mulher-Maravilha.
—Ainda tem certeza que é possível não se enganar com minhas ilusões, princesinha?
—Você vai perder! - vociferou entre os dentes rangidos de raiva.
—Vou? - Com uma expressão cínica no rosto, Circe iniciou uma contagem com os dedos. - Fui a Rainha por longos dias. Tive todas as amazonas sob meu domínio. Forcei elas a se confrontarem até a morte. Venci a realeza duas vezes em sua própria casa. - Circe se afastava enquanto continuava seu monólogo. - Mesmo que Hades cumpra o que prometeu e devolva a alma de Hipólita, eu já sou vitoriosa. Minha marca já está cravada em sua Ilha. E quer saber a parte mais engraçada? Eu só queria pedir sua ajuda. - Outra gargalhada cínica foi dada. - Mas fica para uma próxima oportunidade.
Com um estalar de dedos, as correntes liberaram Diana. O prazer de ter a princesa amazona ajoelhada aos seus pés foi sua última ação antes de uma nuvem roxa cobri-la de cima a baixo. Diana cravou os dedos no chão de mármore e juntou sujeira entre as unhas. A raiva era gigantesca, tentou alcançar Circe antes que sumisse, mas fracassou outra vez. O punho foi batido contra o chão, os batimentos cardíacos se aceleravam.
“Isso…” Ouvia uma voz lhe sussurrando. “É assim que começa. A raiva, a doença. Tornando a maior das guerreiras em minha marionete. Sinto a tentação crescendo em você, Diana.”
“Diana.”
—Não… - falou, fechando os olhos. Reconhecia o inconfundível sussurro de Ares, o deus da guerra. Tentava ignorá-lo.
“Diana.”
“Diana.”
—Diana. - Uma mão pousou no ombro da Mulher-Maravilha. A voz sussurrante cessou, sendo substituída pela voz meiga de Hipólita. - Acabou, filha. Vencemos. Você venceu.
—Mamãe. - Diana a abraçou com força, não segurando as lágrimas.
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Espero que tenham gostado! =)