I Wanna be Your BAD Lover escrita por Mayara Silva


Capítulo 1
O início da vida para um Purple One




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Escola St. Paul de Minneapolis, Minnesota - 10:45 hrs

 

Minneapolis é uma cidade grande situada no Estado de Minnesota, um dos maiores Estados norte-americanos situados na região centro-oeste do país. Embora a cidade seja um grande ponto turístico e referencial, Prince Nelson, um jovem de 19 anos, morava em um bairro pacato onde era possível contar os carros que passeavam pelas ruas, o sininho do jornaleiro podia ser ouvido da cozinha e o carteiro era sempre cortês.

 

Os jovens do interior de Minneapolis estudavam, todos, na maior escola pública local, St. Paul. As aulas aconteciam apenas pela manhã, então era comum, à tarde, encontrar a rua cheia de garotos e garotas passeando e socializando. Entre esses jovens estava Prince, um rapaz adepto da androginia, de estilo próprio e postura observadora. Aspirante a músico, tinha seu próprio grupo e sempre andava equipado com o seu violão.

Prince era baixo, quieto e pouco intimidador, mas isso era intencional. O jovem era o líder de seu grupo, gostava de ser subestimado, pois era assim que ele humilhava os seus rivais. Era bom na banda da escola, era bom no basquete da escola, o seu único ponto fraco eram nas aulas de biologia, pois ela fazia parte de sua turma.

 

Luna Gingerhood era uma bela jovem de raízes africanas e olhos cor de cristal, uma característica rara, herança de seu pai. Ela tinha um lindo black que gostava de ostentar com uma belíssima boina cor de framboesa. Sua beleza exótica era a inspiração para diversas músicas de Prince, no qual ele fazia questão de deixar descarado o seu amor e sua grande obsessão por ela.

Porém, por azar seu, não era o único apaixonado por aquela garota. Luna atraía olhares por onde passava, mas, diferente da persistência de seus admiradores, ela era uma menina de pavio curto e pouco se importava com os sentimentos alheios.

 

Prince ficou a observando escolher um lugar para sentar. Ele sempre deixava uma cadeira disponível ao seu lado, mas ela sempre escolhia uma do outro lado da sala, e o seu amigo, André Cymone, sempre ocupava essa cadeira vaga.

 

— E aí...

 

Prince revirou os olhos e virou o rosto.

 

— O que é? Tava vago…

 

— Não era pra você.

 

— Você tá ligado que se eu não ocupasse, ninguém iria, não é?

 

Ele deu ombros e escolheu o silêncio. De longe, continuou observando a sua musa.

 

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Ruas de Minneapolis - 14:04 hrs

 

— Luna!

 

Samantha, uma ruiva linda e alta de belos olhos verdes, se aproximou de sua amiga e a cumprimentou. Ela estava acompanhada por Manuella, uma morena de cabelos lisos, a ex musa do Prince antes da chegada da garota.

 

— Você não foi seguida, não é?

 

Indagou a morena, pois já conhecia o modus operandi da figura.

 

— Não… eu acho. Por quê?

 

— Você ainda pergunta? Deixa eu te refrescar a memória... 

 

— Uma árvore de natal ambulante!

 

Exclamou Sam, tornando a gargalhar logo em seguida. A garota revirou os olhos.

 

— Que saco, vocês de novo com esse cara!

 

— Ele não fez mais nada pra chamar sua atenção, não? O que aconteceu depois daqueles bilhetinhos clichês no seu armário?

 

— Hum… Dedicar uma música para mim na rádio? Dedicar uma música pra mim no palco da escola? Dedicar uma música…

 

— E os cartazes colados no corredor da escola!

 

— Não tinha o nome dele, mas era tão extravagante quanto às roupas…

 

— O seu namorado não vai gostar nada disso.

 

Luna deu um riso de canto.

 

— Não vai gostar? Ele já não gosta… Ele tá rondando o bairro pra descobrir onde esse cara mora. E eu sinceramente não quero me meter nisso…

 

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Estúdio Ebony - 14:15 hrs

 

“Why you wanna treat me so bad”

“When you know I love you?”

“How can you do this to me”

“When you know I care?”

“Why you wanna treat me so bad”

“When you know I love you?”

 

Prince finalizou a música com um surpreendente solo de guitarra, e foi acompanhado, no embalo, pelo seu amigo André, que ficava no baixo, e por Dez Dickerson, o guitarrista de sua banda. Eles precisavam finalizar logo, pois o estúdio seria cedido para que outra banda gravasse.

 

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Saída do estúdio Ebony - 14:32 hrs

 

— Puta solo do caralho!

 

— Pode crer…

 

— Seria um solo se vocês não me interrompessem…

 

Os três jovens com seus instrumentos na mão, com exceção de Prince que carregava sua guitarra nas costas, partiram em direção às suas casas. Como moravam relativamente próximos um do outro, seguiram juntos pelos bairros desertos de Minneapolis, onde a comunidade negra era mais forte.

 

— Eu detesto ter que lembrar os dias dos ensaios pra aqueles filhos da puta…

 

Comentou Dez. Prince chiou, mas não comentou nada. Os rapazes sabiam que isso não era bom sinal.

 

— Fala alguma coisa, porra... 

 

— E o que tem pra falar? Não vieram. Puxa o celular, eu vou mandar uma mensagem.

 

Dez puxou o seu celular, que era o melhor que havia ali, e cedeu ao Prince para que ele digitasse para o grupo da banda. Prince era antiquado e sequer tinha um telefone móvel, se garantia com os fixos mesmo, mas sempre que precisava se inteirar sobre o grupo, ligava para o seu amigo André e ficava por dentro de tudo.

Após uns instantes digitando, ele devolveu ao rapaz.

 

— Putz!

 

— Que foi?

 

Indagou André, que logo puxou o celular do amigo para ler o que Prince havia escrito.

 

— Cara… Quando você ia dizer isso pra gente??

 

— Meu pai tem uns contatos…

 

— Ae, porra!

 

Dez vibrou com a informação. André levou a mão ao ombro do amigo e o cumprimentou. Prince havia conseguido uma oportunidade excelente para sua banda iniciante, e também excelente para dar o primeiro passo ao estrelato e, quem sabe, conquistar o coração da sua musa.

 

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Bastidores - 20:51 hrs

 

Prince chamou o seu grupo para um canto do camarim. Faltavam 9 minutos para começar o espetáculo, tudo precisava ser perfeito e ele era “o cara do trabalho”, não se permitia errar, não naquele momento.

 

— Nem todos aqui vieram ao ensaio, mas não tem problema… Não tem problema, porque vocês terão uma segunda chance, e essa chance é agora, ao vivo, para toda Minneapolis assistir. Vocês podem fazer melhor do que fariam ensaiando, ou podem envergonhar os seus pais e sua próxima geração. E se hoje for uma merda, eu não quero ver a cara de ninguém amanhã. Façam o perfeito, por vocês mesmos. Hoje, agora.

 

Após esse discurso, os meninos se cumprimentaram e aqueceram mais uma vez. Era a primeira aparição televisiva da banda e tinha que ser a melhor.

 

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Cidade central de Minneapolis - 21:01 hrs

 

Luna estava caminhando pelas ruas movimentadas da cidade grande. O seu namorado era de uma quebrada longe do bairro onde ela morava, então ela sempre pegava um ônibus para ir vê-lo. Como ele havia arrumado confusão por lá, os policiais marcaram o seu rosto, então ele optou por não retornar com frequência.

A garota estava brigada com o rapaz havia alguns dias, eles tinham se desentendido muito por conta dos admiradores que ela possui. Ele é ciumento, mas ela é cabeça erguida, duas personalidades fortes que às vezes entravam em conflito.

Ela esperava consertar as coisas hoje.

 

— Veio fazer o quê aqui?

 

Indagou o jovem. Luna deu uma boa olhada no local, estava pouco iluminado, mas haviam algumas lojas funcionando. Junto de seu namorado, havia um grupo de outros meliantes metidos a bad boys. Ela sabia que muitos deles de fato haviam ido pra cadeia, que de fato estavam armados naquele exato momento. Ela se considerava muito doida por namorar um cara daqueles, mas não conseguia ir contra seu desejo adolescente.

 

— Ainda tá puto comigo?

 

Luna se aproximou do rapaz e marcou os seus lábios com um beijo apaixonante, sem nem se importar com a plateia ali. Não houve outro toque além daquele, nem mesmo um abraço, mas ela sabia que ele cederia aos seus encantos.

Assim que se afastou, gradativamente, percebeu os olhos negros de seu amado semicerrarem, como se estivesse avaliando a situação.

 

— Vão embora.

 

E a plateia se dissipou. Assim que ficaram sozinhos, ele devolveu o beijo dela, segurou-a pela cintura e discretamente acariciou suas ancas.

 

— Seu pervertido…

 

Ela sussurrou, sorrindo.

Deram as mãos e começaram a caminhar pelas ruas. Entre bares, strip clubs, prostitutas e artistas de rua, havia um ou outro entretenimento que podiam fazer a dois. Ele a levou para tomar um coquetel doce e com pouco álcool, enquanto optou apenas por um energético simples.

 

— Você sabe por que eu sou assim, Moon… Não sabe?

 

— Hum… Por que você não confia em mim?

 

O rapaz revirou os olhos.

 

— Esses caras parecem que não entendem que você tem dono. Tem algum motivo pra você não contar?

 

— Eu não tenho dono, eu não sou cachorra.

 

— Você tem dono e o dono sou eu.

 

Luna bufou, mas não questionou, sabia que, se o fizesse, eles iriam discutir novamente.

 

— Ah, esquece esse assunto, por favor…

 

O jovem ficou em silêncio, ele também não estava muito a fim de discutir.

Eles ficaram curtindo a calmaria relaxante do bar quando o barman resolveu ligar a TV em um canal de música.

E Prince estava lá.

 

Logo, repentinamente, o comportamento de Luna começou a mudar. Ela parecia ainda mais nervosa e seu namorado percebeu imediatamente.

 

— O que é?

 

“Senhoras e senhores, com vocês… Prince!”

 

“Essa é para Moon.”

 

“Why you wanna treat me so bad”

“When you know I love you?”


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Notas finais do capítulo

Curiosidades:

— Prince realmente nasceu em Minneapolis, Minnesota, em um bairro pobre.
— St. Paul na verdade é a capital do Estado.
— A estória não tem época definida. É um pouco anos 80 e um pouco anos 2000 por conta dos celulares que já estavam populares.
— A aparência do Prince foi inspirada em sua aparência de 1979. Nessa época, Prince mentia sua idade, que era 21, para 19 anos quando se apresentava.
— No início, Luna está usando uma boina cor de framboesa. Isso foi inspirado na música do Prince, "Raspberry Beret", no qual ele fala sobre estar apaixonado por uma garota que usava o mesmo chapéu.
— Prince realmente tinha uma grande amizade com André Cymone (inclusive, Cymone é o seu nome artístico. Seu nome biológico é Anderson).
— Manuella, a antiga musa do Prince na estória, foi inspirada na sua ex esposa, Manuela Testolini.
— Ebony na verdade é o nome de uma revista norte-americana dedicada ao público afrodescendente, no qual artistas como Prince e Michael Jackson já estamparam as capas.
— As músicas falam. "Why you wanna treat me so bad?" fala de um rapaz que é apaixonado por uma garota, embora ela o trate mal, o que retrata um pouco a estória.
— Acho que isso tá óbvio, mas vou falar mesmo assim. Luna é "lua" em italiano, e eles estão nos E.U.A, por isso o apelido dela é "Moon", que é "lua" em inglês.

Espero que gostem dos próximos capítulos!



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