Autoridade escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
autoridade


Notas iniciais do capítulo

Eu amo Tombrax amorzinho como qualquer pessoa, mas de vez em quando me baixa a inspiração pra uma interação menos... amorzinho. Escrita p/ a Laura/eurus e insirada pelo fato de que oficiais do exército britânico tinham bengalas (swagger sticks) como parte do uniforme até 1939 (eu acho que alguns regimentos ainda carregam elas).



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O bruxo deslizou as mãos pelo cabo de metal da bengala, sentindo os relevos das feições da cobra sob as pontas dos dedos enquanto mantinha o olhar preso nas chamas da lareira.

“Eu nunca vou entender a razão de gente rica andar por aí com uma bengala quando não precisam de uma.”

“É um jeito de demonstrar autoridade, Tom,” disse Abraxas, pausando o movimento dos dedos sobre a bengala. Ele não podia dizer que estava relaxado naquela noite, mas a voz vinda de algum canto do seu escritório fez os músculos de seus ombros ficarem tensos.

“Engraçado.” Passos tranquilos que ele reconheceria em qualquer lugar do mundo se aproximaram de sua cadeira, momentos antes de dedos longos tocarem o seu pescoço e o fazerem fechar os olhos.

“Até os trouxas usam bengalas para isso,” o bruxo falou e se amaldiçoou ao notar que havia deixado a cabeça pender para trás, inclinando-se para dar mais espaço para as mãos que agora estavam espalmadas em seu pescoço. “Os oficiais do exército trouxa...”

Claro. Não vamos esquecer que nós ganhamos as duas últimas guerras dando bengaladas nos alemães.”

Uma das mãos subiu pelo seu rosto, acariciando se forma quase carinhosa e o fazendo sorrir quando notou os dedos se demorarem um pouco mais em sua mandíbula. Quando mais novos, Tom invejara o fato de Abraxas precisar fazer a barba todos os dias. Lembrar desse detalhe fez com que o bruxo tivesse que se conter para não erguer a mão e verificar se o rosto do outro continuava tão suave quanto quando eles eram jovens.

“Por onde você esteve?” perguntou Malfoy, antes de sentir um dedo ser pressionado contra os seus lábios.

“Irrelevante.” Abraxas franziu o cenho e ouviu uma risada leve atrás de si. “Ouvi falar que tem um sangue-ruim querendo ser Ministro.”

Malfoy grunhiu e abriu os olhos. A luz alaranjada da lareira fazia a cor dos olhos de Tom virarem uma incógnita e destacava o nariz quase delicado e os maxilares dele. Ele não estava sorrindo, mas também não parecia irritado. Abraxas, no entanto, convivia com aquele homem desde os onze anos e sabia que uma fachada tranquila nem sempre era sinônimo de um Tom Riddle tranquilo.

“Nobby Leach,” o loiro falou e revirou os olhos. O dedo de Tom não se moveu de seus lábios enquanto ele falava. “Um sangue-suga de merda que não sabe a hora de ficar quieto nas sessões das Casas.”

“E você acha que ele tem chance de chegar ao cargo de Ministro?”

Abraxas torceu o nariz. Ele nunca iria entender se Tom gostaria de ser Ministro da Magia um dia ou não. Talvez não, talvez ele quisesse ser mais do que Ministro.

“Não sei, Tom. A situação está... delicada, no momento.” Ele viu uma sobrancelha escura arquear e suspirou. “A maioria da Casa dos Nobres está cansada de guerra e de ter que ficar se preocupando com um novo conflito, afinal, você sabe muito bem que a guerra acabou, mas ela não foi embora.” Abraxas viu os lábios do outro homem crisparem. “Leach acha que não devemos baixar a guarda tão cedo e tem convencido cada vez mais gente da Casa dos Comuns disso. Você tinha que ter ouvido o discurso dele no último Dia da Lembrança.”

Malfoy observou o olhar do outro homem vagar pela sala. Leach e Riddle haviam passado por uma guerra diferente daquela que Abraxas havia conhecido: enquanto para os puro-sangues a última guerra era uma ameaça distante constantemente comentada no Profeta Diário, para Tom ela consistia em bombardeios, discursos inflamados do primeiro ministro trouxa e racionamento.

O loiro abriu os lábios por um segundo e se permitiu fechá-los ao redor da ponta do dedo de Riddle em uma tentativa de ter a atenção deste outra vez. Tom piscou e o olhou por um longo momento, antes de se afastar e voltar a aparecer no seu campo de visão, agora na sua frente, empurrando a cadeira para longe da mesa o suficiente para se posicionar apoiado nesta, uma perna de cada lado dos joelhos de Abraxas.

“País de Gales.”

“O que?”

“Eu estava no País de Gales,” Riddle explicou e esticou a mão para apanhar a bengala, que Malfoy soltou de prontidão. “Burke queria que eu fosse negociar com um cliente e eu aproveitei para conhecer algumas pessoas.” Abraxas manteve o olhar fixo nas mãos do outro homem enquanto este manipulava a bengala. “Eu fiz um bom trabalho nisso aqui, não é?”

“Você podia ser um artesão,” disse Malfoy, sentindo uma sensação de alívio ao ver um sorriso pequeno repuxar os cantos dos lábios do outro. “Você tem um olho para coisas bonitas.”

A verdade era que Tom era quase um pega-rabuda: ele via coisas brilhantes, coisas belas, e as queria para si. E sendo alguém que apreciava beleza, ele sabia criar coisas belas também, apesar de raramente se dar ao trabalho de fazer isso. Talvez fosse essa a razão de Abraxas estimar tanto aquela maldita bengala: ela era uma das poucas coisas belas que Tom Riddle se deu ao trabalho de fazer para outra pessoa.

“Falou quem vive escondido em uma mansão cheia de coisas caras e bonitas,” Riddle murmurou.

“Eu nunca disse que não tenho olho para coisas bonitas.”

Tom esticou o corpo para trás, apoiando-se mais contra a mesa e observando o outro homem por um longo tempo.

“Tom...”

Abraxas se sobressaltou com o barulho alto que o cabo da bengala fez ao descer com força contra o encosto da cadeira. Os olhos de Riddle continuavam firmes nele quando o homem puxou a cadeira agora presa à bengala, provavelmente com ajuda de magia, fazendo o loiro ficar perigosamente perto, preso entre os joelhos do outro.

“Você sentiu minha falta?” perguntou Tom e Malfoy não sabia se estava ouvindo desejo, esperança ou provocação na voz dele. Independente do que Riddle queria indicar com aquela pergunta, a resposta foi um aceno afirmativo por parte do loiro. “Por que não me mostra o quanto sentiu minha falta?”

Malfoy segurou o lábio inferior com os dentes para conter um sorriso e então se pôs a dar atenção às calças de Riddle.

Para alguém que começou a sua vida acadêmica como uma sombra quieta no canto da sala de aula, Tom era curiosamente sonoro em certos momentos e Abraxas sempre se orgulhou de ser uma das poucas (se não a única) pessoas que podiam ver esse lado do homem. Ele se orgulhava de saber que conseguia reduzir Tom Riddle à um homem de carne e osso que se desfazia em gemidos e arquejos quando o tinha em suas mãos.

Abraxas sorriu como pôde ao redor de Tom quando este o puxou para mais perto do seu quadril pelos cabelos ao mesmo tempo que o som que saía de sua boca era algo perdido entre um gemido e um grito. Quando os dedos em seus cabelos afrouxaram, ele se afastou o suficiente para poder respirar e virar o rosto para olhar a expressão ainda perdida do outro homem.

“É isso que acho engraçado,” Riddle arfou enquanto levava os dedos até os lábios de Malfoy, agora úmidos e provavelmente com gosto do próprio Tom Riddle.

“O que?”

“A bengala,” Tom continuou e indicou a bengala que jazia esquecida no chão. “Para demonstrar autoridade.” Ele deslizou para os joelhos de Abraxas, abrindo os botões de sua calça e arrancando um gemido quando o segurou. “Que autoridade você tem, Abraxas?”


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Notas finais do capítulo

Pega-rabuda: magpie, um corvídeo que adora catar coisinhas brilhantes. Tem muito deles no Reino Unido.



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