Tons do Amor escrita por Kah Nanda


Capítulo 6
Indigo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas, como estão? Espero que bem, saudáveis e seguras.
Prontas para ler o penúltimo capítulo da nossa short? Devo dizer que chorei enquanto escrevia? Não confirmarei, nem negarei nada agora, mas a questão está lançada.
No mais, espero que aproveitem muito e não se esqueçam de ler as notas finais, porque tem recado importante visando o fim da fanfic.
Apreciem Com Moderação...

Capítulo Postado Em: 10/06/21



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801524/chapter/6

Forks, Washington – 11 de fevereiro de 2022

Juro que ainda posso sentir o gosto dos lábios de Edward nos meus...

Mesmo já tendo passado mais de doze horas que nos beijamos.

Mas, afinal de contas, esse sempre foi o efeito de Edward Cullen sobre mim...

Não tenho ideia de quanto tempo passamos nos beijando, só sei que desejei muito que o mesmo parasse para que não precisássemos nos separar nunca mais.

Infelizmente o desejo não foi atendido, mas para minha surpresa e tranquilidade, quando nos separamos não protagonizamos nenhuma conversa constrangedora.

Primeiro ficamos um bom tempo calados, refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer, então acredito que de comum acordo compreendemos que o momento surgiu devido às lembranças levantadas e nos vimos compelidos a nos entregar ainda que tenha sido apenas por uma última vez.

Após o acordo mútuo feito em silêncio, Edward informou que ia embora e concordei. E tão pouco nossa despedida foi constrangedora.

Antes de sair, ele informou que teria aula no fim do período e também treino, mas que finalizaríamos a decoração mais tarde. Ficou combinado que ele iria para a escola logo cedo levando tudo que compramos e junto a outros funcionários, daria andamento em algumas partes, como eu também prometi ir mais cedo do que o horário do fim do treino para tratar de algumas revisões antes de nos reunirmos.

Só nos despedimos de fato, após esses ajustes. Edward me deu um beijo na bochecha e saiu. E como tem virado praxe, só fechei a porta quando o vi entrar no carro e dar a partida.

Ao ficar sozinha, tentei não deixar certos pensamentos me assolarem, ao invés disso, subi rapidamente para conferir as crianças, mas por conta da minha demora não planejada, acabei encontrando-os já adormecidos.

Quando deixei seus quartos entrando no meu, logo me deparei com os quadros posicionados com cuidado próximos a parede, passei um bom tempo admirando-os e lembrando-me das palavras de Edward. Não só sobre o que falou deles, mas também sobre tudo que disse com relação a minha arte desde que nos reencontramos...

E depois de refletir muito, tomada por um impulso, que espero que traga bons frutos, tomei uma decisão.

Aproveitei para aplicar a ideia não só em um sentido, mas arriscando em várias possibilidades. Caso nenhuma dê certo tudo bem, ao menos saberei que tentei ao máximo, porém uma parte não pôde evitar criar esperanças.

Depois que cuidei do novo planejamento, percebi que como na noite anterior, não seria acometida ao sono de maneira fácil e sentindo meu coração cheio de inspiração, decidi mexer nos novos materiais que comprei e arriscar pintar um novo quadro com intuito especial.

Nem preciso dizer que passei a madrugada pintando...

Dessa vez, nem me dei ao trabalho de tentar dormir quando finalizei o quadro, já que o fiz quase no horário de acordar as crianças para irem à escola e apesar de cansada, a última coisa que senti foi arrependimento por ter passado a noite acordada.

Utilizando o último resquício de energia que possuía, preparei um ótimo café da manhã aos meus sobrinhos, que dependendo do horário que Jasper e Alice cheguem amanhã, será o derradeiro mesmo. Depois fui acordá-las e ajudar a se preparar para ir à escola.

Eles elogiaram bastante tudo que preparei e fiquei contente em agradá-los. Com a finalização da refeição seguimos até a FHS, porém durante o trajeto, ambos me alertaram que por ser sexta-feira, é costume que após o horário de aula tenham permissão para brincar na casa dos amigos.

Assim prometi conversar com seus pais confirmando a informação e caso permitam, poderão aproveitar o restante da tarde como costumam fazer. O que de algum modo, também será bom para mim, já que pretendo usar meu tempo livre na finalização da organização do baile.

Ao deixá-los na escola, me despedi como de costume, prometendo encontrá-los mais tarde e também informá-los sobre a decisão de Jasper e Alice quanto à saída.

Infelizmente não vi sinal de Edward durante o período que estive na escola. E tão logo as crianças entraram, dei partida no carro retornando a casa.

No entanto, diferentemente do dia anterior, que prossegui com afazeres por toda manhã, por conta da noite não dormida, aproveitei a tranquilidade e silêncio para enfim colocar o sono em dia...

 

Acordei desorientada sendo retirada do meu sono pelo barulho do celular.

Tateei a cama procurando pelo aparelho transmissor do barulho ensurdecedor e ao encontrá-lo, atendi.

— Alô.

— Bella?

— Alice?

— Você estava dormindo?

— Sim?

— E por que estava dormindo a essa hora?

— Porque passei a madrugada acordada.

— E por que passou a madrugada acordada?

— Alice, você ligou para me interrogar ou falar comigo?

— Tudo bem. Já vi que está no modo mau-humor pós-sono.

— Desculpe. É que a ligação realmente me despertou.

— Eu é que peço desculpas, se soubesse que estava dormindo não teria ligado. Mas como estava mandando mensagem e não obtinha resposta, decidi telefonar.

— Não, está tudo bem, já está na hora de levantar mesmo. Mas aconteceu alguma coisa?

— Não. Só queria falar com você. Saber como as coisas estão e informar que acabamos de atravessar a divisa da Carolina do Norte com Montana.

— Isso é ótimo Alice. Nesse ritmo vocês estarão aqui amanhã bem cedo.

— Sim. Jasper e eu ainda estamos pensando se vamos parar para descansar a noite ou seguir direto.

— Tomem cuidado e façam a melhor escolha, pois não me importo de ficar mais algumas horas aqui em Forks.

— Imagino que não. Ainda mais se algumas dessas horas forem passada ao lado do Edward...

— Alice! – A contestei apenas para ouvir sua risada musical. – Bree tem bem a quem puxar.

— Eu sei que sim, mas o que minha adorada filha aprontou?

Contei que após nossa ida para Port Angeles convidei Edward para jantar conosco e que no recesso, Bree nos bombardeou com perguntas pessoais por conta do filme que estávamos assistindo.

E após rir muito, ela apenas comentou.

— Minha filha é maravilhosa.

— Eu sei que é, mas também muito intrometida como a mãe.

— Ela não é intrometida, apenas quer o bem da tia, assim como eu. – Bufei. – Mas me conta, depois disso o que rolou?

Apesar de Alice sempre ter sido minha confidente, preferi guardar meu momento especial com Edward.

— Nada. Ela pareceu se conformar com nossas respostas e terminamos de assistir ao filme, depois Edward foi embora enquanto as crianças foram dormir.

— E por que mesmo você não dormiu?

— Porque passei a madrugada ocupada. – Respondi simplesmente, porém sabendo que ela não deixará a resposta sair barata, mudei o rumo do assunto. – Alice, por que você tinha materiais de pintura guardados?

— Você os encontrou?

— Sim. Antes de ontem tive que mexer no armário e os encontrei em uma caixa.

— Então, quando papai e mamãe mudaram, acabamos guardando algumas de suas coisas conosco durante o processo, mas quando eles se organizaram, acabei não devolvendo os materiais, não estavam incomodando e achei que não tinha mal.

— E não teve mesmo. Só fiquei em dúvida, mas imaginei que fosse algo assim.

— Entendo, mas você vai querer levá-los para Nova York? Apesar do tempo, imagino que ainda tenham coisas que sirvam.

— E tinham. Mas não os levarei, pois usei tudo que dava...

Comentei como quem não quer nada.

— Mas como? Espera um pouco. Você está dizendo que voltou a pintar?

— Algo assim...

— Bella isso é incrível!

Tive que afastar o celular do ouvido devido sua animação, porém ainda consegui ouvi-la pedindo desculpa a Jasper por conta do grito.

Que notícia maravilhosa irmã.

— É sim.

— Mas por que não falou antes? Eu quero ver o quadro que pintou.

— Na verdade foram quadros...

— Quadros? No plural? Bella, mal posso acreditar. Manda foto deles, quero ver essas obras agora.

— Você vai reclamar comigo, mas manterei sua curiosidade até amanhã, quero que os veja pessoalmente.

— Não. Você vai me torturar desse jeito, sabe que não pode me deixar curiosa. Não se deve deixar uma mulher grávida curiosa.

— Você está grávida?!

Praticamente gritei em choque, assim como ouvi o freio do carro sendo acionado com força e o grito de Jasper também do outro lado.

— Calma pessoal, como vocês são estressados. Eu não estou grávida, mas se estivesse, Bella não poderia me deixar na curiosidade, além do que, já estive grávida duas vezes, isso devia contar para algo.

— Alice sua maluca! Você poderia ter matado seu marido do coração nesse momento.

— Não se preocupe, Jasper está bem, já até recuperou a cor, não é amor? — Não ouvi a resposta, mas logo ela focou novamente na ligação. – Mas vai me manter no escuro mesmo?

— Vou, ainda que você seja louca. Pois quero muito ver sua reação. Mas saiba que as crianças adoraram as obras.

— Tenho certeza. Eles sabem que a tia é a pessoa mais talentosa do mundo. — Sorri.

— Você e Edward sempre gostaram me iludir com esse tipo de elogio.

— Nunca a iludimos, apenas falamos a verdade. Mas espera um pouco, ele viu os quadros?

— Sim, mostrei aos três ontem a noite antes do jantar.

— E pelo visto ele também ficou encantado. — Fiquei quieta. – Não precisa responder. Eu sei que sim e não tenho dúvida que seu encantamento não se restringiu apenas aos quadros...

— Alice...

— Está bem, mas quero que leve apenas uma coisa em conta Bella.

— O que?

— Seu coração. Não tenho dúvida que algo despertou sua inspiração e independente do que seja, só espero que possa compreender o que é e que não a perca.

— Obrigada Alice. Vocês têm agradecido durante toda a semana, mas no fim, eu que tenho que agradecer pelas oportunidades que tive passando esses dias aqui.

— Não há que de irmãzinha. É como a mamãe sempre diz. Existe um só destino, mas vários caminhos para alcançá-lo...

Refletindo sobre sua fala, não pude deixar de concordar.

Depois passamos a falar sobre nossos pais e a viagem deles, mas também sobre como está sendo a viagem de carro dos dois.

Antes de encerrar a ligação, perguntei se posso deixar as crianças brincarem na casa dos amigos e ambos permitiram. Inclusive, Alice falou que entrará em contato com a mãe das crianças para que após o treino de hóquei, pegue os dois junto aos filhos, mas que me passará seu contato também.

Por fim, encerramos a ligação e já totalmente desperta e renovada, segui até o banheiro para fazer uma nova higiene matinal e também tomar banho.

Como as crianças irão para a casa dos amigos, decidi não mexer com almoço e a noite dependendo da hora que voltarem, prepararei algo rápido para o jantar.

Decidi enviar uma mensagem a Edward perguntando como está tudo no ginásio, ele informou que adiantou bastante coisa, porém como agora está em aula, só conseguirá voltar após o treino.

Sai da casa, ao constatar que já está na hora de ir à escola para cuidar de algumas partes sem sua presença adiantando o processo e quando ele ficar livre, apenas finalizaremos tudo.

Não demorei a chegar a FHS e após estacionar, sai com cuidado e prontamente me dirigi ao ginásio. Por ter passado os dias entretida no projeto, os funcionários da escola não se espantam mais a me ver, o que me fez seguir tranquilamente.

Ao entrar no ginásio, imediatamente me espantei, pois da última vez que estive aqui ele não estava do jeito que está agora, praticamente pronto para o baile de amanhã.

Toda a parte pesada que faltava Edward já colocou no lugar, restando agora praticamente pouca coisa a ser feita. Mais questões de decorações pontuais que começarei a providenciar, mas de todo modo, o ginásio está muito lindo e não tenho dúvida que Alice ficará orgulhosa de tudo que fizemos, assim como sei que os alunos também adorarão.

Após o momento de deslumbre, resolvi colocar a mão na massa e cuidar de alguns ajustes necessários. Fiquei entretida trabalhando sem pausas até ouvir o barulho do sinal indicando o fim das aulas, então deixei tudo como está indo atrás das crianças.

Nesse meio tempo, Alice me passou o contato da mãe dos amigos de Bree e Fred, e ao nos falarmos, ficou combinando que ela virá buscá-los após o treino de hóquei, levando-os de volta para casa ao fim do dia.

Com isso, ficarei encarregada de entreter as meninas durante esse tempo e já tenho ideia do que fazer, só espero que elas topem.

Por sorte, após sair do ginásio, não demorei a encontrar Bree.

— Oi lindinha.

— Oi tia Bella. Essa é a minha amiga Lis.

Apresentou a menina ao seu lado.

— Oi Lis. – Cumprimentei a garotinha.

— Olá. – Respondeu tímida.

— Então Bree, falei com seus pais e eles deixaram você e Fred irem para a casa dos seus amigos. – Assim que falei as pequenas comemoram. – Mas como os meninos têm treino, vocês duas terão que esperar comigo até o término, tudo bem?

— Tudo bem tia Bella.

— Agora vamos ao ringue porque preciso informar seu irmão.

Comuniquei e elas assentiram passando a me seguir.

— Nós vamos assistir ao treino de novo tia Bella?

— Só se vocês quiserem. Caso não, podemos fazer outra coisa nesse meio tempo.

— Eu quero. – Lis falou.

— Eu também. – Bree completou.

— Sendo assim, assistiremos ao treino, mas teremos que ficar bem quietinhas para não atrapalhar.

As alertei e elas prometeram se comportar.

Quando entramos no ringue, indiquei para as duas procurarem um lugar para ficarmos, enquanto vou falar com Fred, mas é claro que antes de encontrar meu sobrinho, avistei Edward primeiro.

— Olá. – Me cumprimentou.

— Oi.

— Veio falar com Fred?

— Também, mas as meninas e eu pensamos em assistir ao treino, podemos?

— É claro. Será ótimo tê-las aqui.

— Obrigada. É que quando acabar, Fred e Bree vão para a casa dos amigos e a mãe deles só virá buscá-los depois do treino, enquanto isso, ficarei com as meninas.

— E você terá a tarde livre?

— Sim, serei toda sua. — Falei de repente, obviamente, totalmente sem pensar, então logo corrigi. – Digo, quer dizer, estarei disponível para finalizarmos a decoração do baile, no ginásio, aqui na escola.

Edward abriu seu lindo sorriso torto, me deixando ainda mais deslumbrada.

— Está tudo bem Bella, eu entendi. De todo modo, temos um encontro marcado para mais tarde. — Piscou.

— Tia Bella.

Fomos interceptados pela chegada de Fred.

— Oi querido, tudo bem?

— Tudo. Vai assistir meu treino?

— Vou sim. E seus pais deixaram vocês irem para a casa dos seus amigos, depois do treino a mãe deles virá pegá-los.

— Que legal, vou contar ao Bryan.

Indicou o amigo posicionado já no gelo e assentimos a sua saída.

— Vou sentar com as meninas. – Informei a Edward. – Bom treino.

— Obrigado.

Tentando colocar a cabeça no lugar, caminhei até as meninas e assim que sentei, Edward começou a coordenar os garotos dando início ao treino.

Como na terça-feira, foi ótimo acompanhar tudo e o tempo passou tão rápido que mal percebi, também não pude deixar de lamentar o fato de ir embora amanhã, sabendo que não terei mais oportunidade de desfrutar desses momentos...

Resignada, acompanhei as crianças ao fim do período em direção ao estacionamento para encontrar a mãe de seus amigos. E após as apresentações, reiteramos o combinado sobre a hora da volta e me despedi dos meus pequenos passando muitas recomendações, mas também desejando que se divirtam bastante.

Quando os vi sair do estacionamento, virei para voltar ao prédio da escola dando de cara com Edward atrás de mim.

— Te assustei? – Perguntou.

— Não. – Afirmei. – Você já está livre?

Questionei tendo em vista que quando sai do ringue, ele ainda estava conversando com alguns alunos.

— Estou, mas antes de seguirmos para o ginásio, que tal comermos alguma coisa? Pode ser na lanchonete aqui da escola mesmo. – Ofereceu.

— Por mim tudo bem. Não almocei antes de sair de casa, então estou só com o café da manhã no estômago.

— Eu também, mas vamos comer agora e daqui a pouco seguimos para o ginásio.

— Pode ser.

Após comprarmos os lanches, que Edward fez questão de pagar mesmo com meus protestos, assim como o almoço que compartilhamos com Emmett e Rose, o qual os irmãos Cullen encarregaram-se de pagar, seguimos para uma mesa.

Apesar de achar errado que ele pague a conta, ainda que Edward tenha informado que em ambas as ocasiões, foi ele quem convidou, porém refutei informando que em almoços de amigos não acho legal apenas uma das partes pagar, mas no fim nada mudou e deixei passar para não gerar um desconforto.

Optando por opções de lanches com suco, almoçamos tranquilamente e conduzi a conversa procurando saber mais sobre sua experiência como professor.

Ainda me parece estranho adequar a imagem de Edward a essa nova profissão, mas ao mesmo tempo, consigo entender cada vez mais como parece de algum modo ter nascido para isso.

Quando terminamos de comer seguimos ao ginásio, mas antes de entrarmos, falei.

— Se te pedir uma coisa, você promete não me achar uma boba?

— É claro que não Bella, pode falar.

— Você pode fechar os olhos antes de entrarmos? Tem algo lá dentro que quero mostrar, mas queria que fosse surpresa.

— Tudo bem. Só não vá me deixar tropeçar ou cair. — Brincou.

— Jamais.

Assim que ele fechou os olhos, peguei suas mãos conduzindo-o para dentro do espaço.

Com cuidado, o virei posicionando de modo que quando abrir os olhos, a primeira coisa que veja seja a surpresa, depois me afastei um pouco para olhá-lo e presenciar sua reação.

— Pode abrir. – Indiquei.

Assim que ele abriu os olhos maravilhosamente verdes, sua visão como planejado, seguiu direto para o quadro posicionado a cima da entrada no ginásio.

Como no lado oposto está o painel de fotos, decidi colocar o quadro nessa posição. Assim, as pessoas terão dois atrativos visuais distintos e quando saírem do ginásio, vão se deparar com a obra levando-a como última lembrança do baile...

— Bella, o que...

— Você gostou?

— Se eu gostei? Eu amei.

— Sério?

— E tem outra emoção possível? Que quadro lindo. – Sorri em meio ao seu entusiasmo. – Por que não me mostrou ontem?

— Porque ainda não tinha pintado. Essa obra é nova.

Informei e ele tirou os olhos do quadro passando a me olhar.

— Você pintou esse quadro ontem à noite?

— Nessa madrugada, para ser mais específica. Após você sair à inspiração bateu e comecei a pintar, passei a madrugada toda trabalhando, só consegui cochilar depois que deixei as crianças aqui.

— Isso é surreal. Não consigo entender como alguém tão talentosa como você pode ainda não ter despontado para o mundo.

— É como você falou. Talvez ainda não tivesse chegado a hora. — Falei. – Mas também não pintava assim há tempos. A inspiração que tive essa semana e os quadros que fiz não se parecem em nada com o que vinha trabalhando nos últimos anos.

— Não quero duvidar do que diz, mas vendo esse quadro e sabendo como são os outros, fica quase impossível acreditar que em algum momento tenha pintado algo menos do que perfeito.

— Pois acredite. Eu sei que não estava trabalhando tão bem assim e por isso, fui me desestimulando de continuar. Passando a focar apenas no meu trabalho como curadora e deixando de lado meu lado artista, mas agora sinto que talvez tenha encontrado meu caminho de novo.

— Disso não tenho dúvida. – Falou convicto.

E por vários minutos me vi presa na intensidade do seu olhar, mas resolvi manter a conversa antes de perder totalmente o foco.

— Mas você acha que as outras pessoas vão gostar? Que está combinando com a decoração do baile?

— Todos vão amar Bella. E está ornando perfeitamente com tudo. As cores que usou e a mensagem por trás, deixam claro o tema do baile.

— Acho que tive sorte com a ideia escolhida por Alice. Cores do vento realmente foi um ótimo tema para a decoração em si e também como inspiração.

— Ela vai amar tudo que você fez.

Tudo que fizemos. — Pontuei.

— Pois é. E não é desdenhando dos talentos da sua irmã, mas sinceramente, não sei se comigo e Alice organizado o baile, ele ficaria tão incrível como ficará com a nossa parceira.

— Quero acreditar que a maneira dela, teria ficado muito especial também, mas concordo que nossa parceria deu muito certo mesmo.

— Sempre formamos uma boa dupla, não concorda? – Perguntou aproximando-se.

— Concordo. E foi bom passar por esse tipo de experiência de novo, ainda que seja pela última vez. – Lamentei.

— Mas será realmente que essa precisa ter sido a última vez que fizemos algo juntos?

Quando ficamos tão próximos, que por conta da diferença de altura, precisei erguer a cabeça. Enquanto Edward abaixou a sua para continuarmos nos olhando. Senti que novamente estamos entrando em um limiar intenso como na noite anterior, mas antes de qualquer ação, meu celular nos despertou do transe começando a tocar.

— Eu preciso atender. — Sussurrei.

— Tudo bem.

— Pode ser Alice e como eles estão na estrada...

— Pode atender Bella. – Indicou.

Assentindo, puxei o celular do bolso, mas me espantei quando vi o nome no visor.

— É a minha chefe. – Murmurei confusa.

— Vou te dar um minuto.

Imediatamente ele se afastou e colocando a cabeça de volta no lugar, atendi a chamada.

Apesar do impulso noturno, não imaginei que ela fosse retornar tão cedo, ainda mais efetuando uma ligação, já que me comuniquei originalmente por e-mail.

No entanto, ouvi tudo que ela disse e quase não acreditei ao tomar nota do que foi falado.

Nossa ligação não demorou muito, após ajustarmos os detalhes principais e conversar sobre o previamente necessário, desligamos com o combinado de nos encontrar em breve e ai sim discutir as questões finais.

Fiquei um tempo desnorteada ao encerrar a chamada, só quando visualizei Edward do outro lado do ginásio é que voltei a mim, então segui ao seu encontro.

— Trabalhando sem minha ajuda. – Brinquei.

— Só adiantando um pouco. – Murmurou. – E está tudo bem?

— Sim, está sim.

— Sua chefe lhe deu más notícias?

— Não. Na verdade foram ótimas notícias.

— Que bom. Mas seu rosto não está expressando a emoção de quem recebeu boas notícias, quanto mais ótimas. – Pontuou.

— É que ainda estou tentando absorver tudo que conversamos. – Esclareci.

— Se quiser contar o que foi. Sabe que sou um bom ouvinte.

— Você sempre foi o melhor. – Afirmei.

Ele apenas sorriu, mas não falou nada aguardando meu momento de assimilação, como não só o maravilhoso ouvinte, mas também a maravilhosa pessoa que é.

— Edward, ontem à noite depois que você saiu e antes de começar a pintar o novo quadro, fiz outra coisa também.

— E o que foi?

— Enviei fotos dos quadros que pintei durante esses dias ao meu trabalho. Fui sucinta, mas informei que eram criações novas e que estou me sentindo inspirada a criar novamente.

— Por isso sua chefe telefonou?

— Sim. Ela viu as fotos e preferiu entrar em contato direto para garantir que conseguiria uma resposta rápida.

— Imagino que ela tenha gostado dos quadros.

— Sim. Mas não só isso. Ela falou que quer expor minhas obras na galeria em que trabalho em Nova York.

— Meu Deus Bella. Isso é ótimo!

— Eu sei. Ela perguntou se consigo pintar mais obras, estabelecer um padrão e apresentar em uma amostra completa, com tema definido. Respondi que sim, que ao menos quero tentar. Então ela informou que se entregar um material completo seguindo esse padrão, é certeza que poderei expor uma coleção. Consegue acreditar?

— É claro que consigo. O que tenho falado para você todos esses dias? Que é extremamente talentosa e merece que o mundo saiba disso e também tenha o prazer de vislumbrar suas obras, como eu tenho.

— Mal estou conseguindo acreditar que meu sonho finalmente está prestes a se realizar. – Falei emocionada.

— Pois acredite. Você merece Bella.

— Obrigada.

Sem pensar direito, apenas me joguei em seus braços abraçando-o fortemente e para meu acalento, ele retribuiu o gracejo com a mesma emoção.

Ficamos conectados pelo abraço por um bom tempo e sinceramente não queria soltá-lo, mas sabendo que ainda temos os preparativos do baile para encerrar, acabamos quebrando o contato.

— Você ainda vai conquistar o mundo Bella. E eu estarei aqui, acompanhando seu sucesso cheio de orgulho.

Fiquei praticamente sem reação ao ouvir suas palavras e acabei expressando o sentimento.

— Não sei nem o que dizer...

— Não precisa dizer nada. Vamos terminar o que começamos e amanhã você voltará para Nova York, onde seu destino lhe espera.

Mesmo sem compreender muito bem tudo o que se passa na minha mente no momento, assenti e passei a seguir suas indicações.

Trabalhamos sem mais interrupções e após algumas horas, demos por encerrada toda a decoração.

— É isso. — Falei.

— Sim. Podemos dizer que o baile está pronto.

— Os fornecedores das comidas falaram com você? – Perguntei.

— Sim e meu contato para DJ também. Tudo está confirmado.

— Que bom. Será uma pena não ver tudo completo, mas pedirei que Alice tire muitas fotos.

— Vai ser uma pena mesmo que não esteja aqui, mais do que todos, você merecia desfrutar desse baile. – Falou e trocamos um olhar.

— Está tudo bem. No início da semana, não tinha ideia de que poderia passar por algo assim, então a jornada já valeu a pena. – Pontuei. – Além do que, já desfrutei de muitos bailes de Valentines Day da Forks High School. Agora está na vez de outras pessoas o desfrutarem...

— Pois é. E esse será o primeiro que compareço desde que me formei.

Ele falou de repente.

— Como assim? Você não disse que é professor há três anos?

— Sim, mas ano passado não teve. Por conta disso, esse é apenas o terceiro baile que presencio desde que me tornei professor. – Explicou.

— Entendo então você só não veio no primeiro.

— É. Você sabe que os professores não têm obrigação de comparecer, a não ser que sejam convocados. Por exemplo, virei amanhã porque ajudei na organização, mas se não fosse por esse motivo, talvez não comparecesse novamente.

— E por que não?

— Bella, é o baile de Valentines Day. Porque frequentaria um evento desses sem ter alguém para compartilhar comigo?

Pensando nisso, acabei concordando.

— Talvez você tenha razão, não tinha pensado por esse lado. – Ele assentiu fazendo menção de caminhar para longe, mas antes o questionei. – Isso quer dizer que não estava namorado na época do baile anterior? O que teve antes da pandemia?

— Não.

— Ok.

— Mas e você? Pelo que Bree falou, eles nunca conheceram um namorado seu durante as vezes que lhe visitaram.

— Aquela menina ainda me colocará em maus lençóis. — Murmurei. – Mas é verdade, não namoro já tem um bom tempo. É claro que tive envolvimentos nos últimos anos, mas nada tão sério a ponto de apresentar a minha família.

— Acho que vivemos situações semelhantes. Também não me envolvo com ninguém a sério há muito tempo.

De repente, morrendo de curiosidade e não querendo perder a oportunidade, perguntei.

— Edward, eu fui sua última namorada?

Porém pegando-me de surpresa, ele apenas rebateu.

— Eu fui seu último namorado?

— Sim.

Respondi a um fio de voz.

— Sim.

Informou em seguida.

Caramba!

Para que fui tocar nesse assunto?

Não aguentando continuar a olhá-lo, virei para mexer em um enfeite já arrumado sobre uma das mesas.

— Você lembra qual foi o tema do nosso último baile?

Edward perguntou poucos segundos depois.

The Last Chance... — Sussurrei.

— Propício, não acha?

— Na época ainda não sabíamos que estávamos fadados ao fim.

Virei para encará-lo, porém não percebi sua aproximação, então quando o fiz, acabamos ficando extremamente próximos.

— É verdade. Acho que naquela ocasião ainda alimentava esperanças que de algum modo pudéssemos ficar juntos ao fim do high school, mas logo o fim do ano letivo chegou e levou consigo qualquer esperança que quisesse manter. – Confessou.

— Acho que só perdi realmente as esperanças quando nos despedimos prestes a seguir para faculdades distintas no dia seguinte, pois até o último momento, acreditei que teria coragem de mudar de ideia e ir para a Universidade de Seattle com você.

— Eu não teria deixado. — Afirmou.

— Por quê?

— Porque não ia querer que abrisse mão da melhor oportunidade universitária que poderia ter por minha causa.

— Mas existem bons programas de artes em Seattle também. – Tentei contestar.

— Sim. Em Seattle existiam bons programas, mas em Chicago existia o melhor e foi o que sempre desejei a você, que desfrutasse do melhor...

— Ainda assim, foi muito difícil partir... – Desabafei.

— Eu sei, sei por que vivi na pele o mesmo que você. Acha que não pensei também na hipótese de desistir da bolsa e ir contigo?

— Você não podia abrir mão de uma bolsa espetacular como aquela, que já era sua desde que praticamente começou a jogar hóquei. – Rebati.

— Viu só? Você não teria me deixado desistir, assim como eu também não. Nós fizemos as escolhas certas Bella. Foi difícil tomar a decisão e bancá-la? Sim. Mas foi o correto.

— A vida às vezes é muito injusta...

Não resisti frente a nossa proximidade em esticar um braço para tocar seu rosto.

No início da semana quando voltei e vi Edward pela primeira vez, notei que ele estava com a barba despontando por fazer, mas logo em seguida parece ter se barbeado e agora ao tocá-lo, posso sentir a maciez do seu rosto como recordava em minhas lembranças...

— Se fosse de outro modo, não seria a vida. — Enfatizou. – Mas sabe o que me conforta em meio a tudo isso?

— O que?

— Saber que estamos vivendo exatamente o que foi destinado a nós.

— Como assim?

Questionei tentando entender sua linha de pensamento.

— Foi ótimo te reencontrar Bella. Conseguirmos conversar e entender que não havia motivo para deixarmos de nos falar. Eu estou bem, vivendo o sonho que a vida tinha para mim e agora você também começará a viver o seu. Mas nossos destinos continuam em polos opostos do país. Meu lugar é aqui em Forks, com meus alunos, minha equipe de hóquei. Enquanto o seu é em Nova York, revelando sua arte ao mundo.

— Será mesmo?

— Eu sei que sim. Mas isso não é um adeus, não vamos mais perder contato. Você voltará a frequentar Forks como uma verdadeira nativa, não vai? – Assenti. – Ótimo. E também me prometeu um tour por Nova York. Talvez não tenhamos que esperar por um futuro lançamento de livro, já que o mais provável é que compareça na sua exposição muito em breve. – Piscou. – Acredite. Tudo dará certo para nós, as coisas acontecerão da forma que têm que ser...

— Queria que houvesse uma maneira dos nossos sonhos se entrelaçarem aos nossos caminhos.

Confessei com a voz embargada a ponto de debulhar-me em lágrimas.

— Não. Não chore. Escute, eu também queria que as coisas pudessem ser assim, mas não sabemos o que o amanhã reserva então só nos resta viver... – Pontuou retribuindo o carinho em meu rosto. – Mas enquanto isso, podemos aproveitar um pouco mais o presente, o que acha?

Não o respondi, mas ele tão pouco fez questão de uma resposta, ao invés disso, se afastou retirando o celular do bolso e depois de mexer por alguns instante no aparelho, o posicionou em cima de uma das mesas.

E quando o ambiente enfeitado para o baile de Valentines Day foi preenchido por uma sinfonia musical, entendi seu ponto.

— Me concede essa dança?

Pediu esticando a mão e mais do que prontamente a peguei, assim ele me puxou para os seus braços, meu lugar favorito no mundo...

E dessa maneira, passamos a nos balançar seguindo o ritmo da música e ficamos um bom tempo sem falar nada.

Palavras não são necessárias...

Porém querendo aproveitar tudo ao máximo, desencostei o rosto de seu peito, erguendo-o em sua direção. E talvez captando meus sinais ou simplesmente querendo o mesmo, Edward abaixou seu rosto e assim unimos nossos lábios.

Diferente dos beijos que trocamos ontem, esse já começou urgente, forte, sagaz, pois sabemos a importância que tem frente à representação da falta iminente, da saudade ainda não sentida...

Envolta a briga gostosa entre nossas línguas, gemi em meio ao beijo, instigando Edward a me apertar ainda mais em seus braços.

Puxei seu lábio inferior e ele reagiu mordiscando o meu superior. Assumi o comando do beijo em determinado momento, mas logo me rendi deixando-o conduzir a sua forma também.

Porque no fim, não importa de onde venham os gracejos, desde que estejamos unidos...

Quando o ar se fez necessário, encerramos o beijo aproveitando ainda o resquício do hálito do outro com breves selinhos e abrimos os olhos.

— Não importa o tempo que passe ou o que venhamos a viver. Independente de tudo, só quero que saiba que para sempre você será meu amor. — Confessei.

— E você o meu Bella. Eu sempre vou te amar...

Não sei quem tomou a iniciativa dessa vez, mas também não importa, no momento que iniciamos um novo beijo, perdi todo o raciocínio focando apenas nas sensações despertadas por ele.

Podemos não ter ideia do que o futuro nos reserva, mas por essa noite mágica, temos a certeza que seremos ao menos mais uma vez um nós...

CONTINUA.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Ok. Estou abalada. Como vocês estão? Eu disse que poderia ter chorado e sendo franca, chorei enquanto escrevia...
Eu amei tanto esse capítulo e só posso desejar que tenha tocado vocês da mesma forma. Nossa menina teve um último dia muito especial. Mas agora precisa mesmo ir embora, já que seus sonhos estão prestes a se realizar. Porém por que tão longe? Por que os caminhos de Beward não podem voltar a se cruzar? Ai gente, não estou em mim...
De coração, espero que tenham gostado de tudo. De cada pensamento da Bella e palavra trocada entre ela e o Edward, como também da ligação com a Alice, que foi o momento divertido do capítulo haha. Mas o que desejo muito também é que comentem suas impressões, pois estou curiosíssima para saber o que sentiram.
E por conta do próximo capítulo ser o último, quero fazer um pedido especial. A última cor do arco-íris é roxo, porém em inglês existem dois nomes que podem ser usados para exemplificá-la. Assim, vocês escolherão o título. Ao deixarem a review, escolham entre as opções – Violet ou Purple.
É isso, não deixem de comentar e também informar a escolha de preferência. Estou ansiosa para ler os comentários e também para encerrar a jornada de Beward no próximo capítulo. Sigam-me no twitter: @KNRobsten, para acompanhar meus surtos com a escrita e mais mimos do fandom. Até sábado.
~Kiss K Nanda.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tons do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.