A New Smile - A Nova Visão de uma História Antiga escrita por Jay Frances


Capítulo 3
The Hero Thing


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo na verdade costumava ser dois capítulos bem curtinhos que demorei acho que três semanas pra postar, e achei que era o cúmulo da demora, quem diria que agora eu levo pelo menos um ano pra finalizar uma história que antigamente eu levava metade do tempo.



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Pov. Jessica

"...Considere como outro último pedido de meu pai..."

       Charlie me observava esperando uma resposta, assenti confirmando o que ela tanto queria, era mais fácil descobrir mais sobre ela daquela maneira, mais seguro de impedi-la se ela tentasse agir como o pai, seu sorriso era de satisfação com o ato. - E você, Walker, tire os arquivos da IGH e esse tal Simpson da sua cabeça, está ficando insuportável - ela exclamou se virando pra Trish, a assustando, logo seu olhar voltou a mim. - Eu posso ter esquecido de mencionar, mas sim eu posso ler mentes, Jessica, normalmente eu escolho a pessoa, mas eu estou ferida, fraca - Uma risadinha de escárnio pôde ser ouvida por nós duas - Sem o controle dos meus próprios poderes...

     Trish terminou de enfaixar o braço dela e com um resmungo avisando que iria ver se eu tinha algo decente para que ela vestisse, Charlotte voltou para o meu quarto enquanto Walker me puxava para a cozinha

    -Ela é perigosa, Jess...- minha amiga sussurrou pra mim, ela estava assustada, assim como eu, admito, que também estava, ainda assim, a olhei nos olhos - eu sei, Trish...- Respondi e então a segurei pelos ombros. - Mas ela não é como o pai dela, eu acho que ela só está assustada, sozinha, eu também estava, você lembra.

     Antes que eu pudesse continuar, o som dos passos de Charlotte se aproximaram - Eu estava pensando...Que tal um experimento? - Ouvimos sua voz antes de ver seu rosto aparecer na porta da cozinha e logo pude testemunhar ela se direcionando a minha mesa, abrindo uma das gavetas - um dos grandes benefícios de ler mentes, eu posso absorver informações, como...- ela abriu a gaveta com dificuldade com a mão direita, uma careta de dor passando por seu rosto por um instante.

      –Charlie, você...

       –Só Deus sabe o quanto eu odeio esse nome, me chame de Kara, Charlie é um código...- Kara puxou uma das pastas pra fora da gaveta, jogando na mesa, o que fez com que alguns dos papéis ali dentro se espalharem pela mesa - O caso dos irmãos "desaparecidos", eles não estão desaparecidos e sim em Nova York, eles fugiram do pai 

     Me aproximei dela enquanto a mesma abria a pasta e pegava algumas das fotos, dos dois irmãos e algumas da família reunida. - Olhe aqui, o pai tem histórico de alcoolismo e a mulher o traiu, péssima ideia, está vendo os cortes na garota e na mãe - Assenti, me juntando na análise, as duas possuíam cortes que desciam de seus bíceps até o antebraço, a maioria pequenos e sutis, e também em seus pescoços e alguns mínimos no rosto. - O pai o fez, o garoto, Tom não é mesmo? - Dessa vez foi Trish que assentiu - ele foi defender uma delas e recebeu essa bela cicatriz no braço, eles fugiram por medo do pai, ou seja, o verdadeiro culpado está em casa tomando sua cervejinha a espera dos filhos, parasita...

      Estávamos paralisadas, olhando pra garota entre nós que continuava observando as fotos, parecendo pensar em algo mais, sendo puxada de volta a realidade somente quando o som de Malcolm entrando pôde ser ouvido.

     –Coloque na cozinha e traga - me um pouco d'água - Comandou se sentando com um suspiro, fechando os olhos, cansada, quando o copo d'água foi trazido, ela voltou a abrir os olhos, o verde neles um tanto opácos. - Vá arrumar suas coisas, Jessica

      Mesmo que detestasse a sensação, não havia muito o que fazer senão obedecer.

Pov. Trish:

      Jess deixou o ambiente me deixando a sós com Kara, de quem eu estava com muito medo, mas ainda assim, um tanto fascinada. Ela agora estava com seu celular em mãos, como qualquer adolescente, como se fosse a coisa mais normal do mundo ela ser capaz de ler nossos pensamentos com tanta facilidade.

      –Você realmente se importa com o tal policial, o Simpson - ela quebrou o gelo, levantando seu olhar pra mim, de certa forma ela me lembrava de Jessica quando nos conhecemos. - Mas Jessica vem primeiro, ela sempre vem em primeiro não é? Eu queria ter esse benefício

     –Qual benefício? - Malcolm questionou adentrando o ambiente e se sentando no sofá, o mulato parecia receoso na companhia dela. - o de ter alguém, que eu coloque em primeiro lugar, éramos só meu pai e eu, agora...- Ela parou de falar, mordendo seu lábio inferior, que tremia, como se abordar tal assunto a matasse aos poucos. - doí, sabe? Eu sinto saudades dele...

      Ficamos em silêncio, mas não um silêncio amedrontador como antes, e sim de cumplicidade, todos ali sentiram a dor de uma perda, sempre perderíamos alguém, algo e até a nós mesmos, mas naquele momento parecia que mesmo que algo acontecesse compreenderíamos esta dor.

     –Vamos logo resolver esse assunto, você vai me ajudar Kara - Jessica exigiu ao entrar no escritório, algo que pareceu agradar a garota - Malcolm você terá que cuidar das coisas um pouco, se estiver tudo bem. - Claro - ele respondeu levantando do sofá. - vocês não vão levar as compras?

      –Eu mando alguém buscar - Charlie explicou puxando das costas da cadeira de Jess uma das jaquetas dela, logo vestindo, com certa dificuldade por conta do curativo em seu braço. - precisamos ir...

     Seguimos em silêncio pelo corredor ao sair do apartamento e descemos de elevador, que parecia um tipo de máquina de tortura devido ao silêncio, me despedi de Jessie e troquei um olhar e um sorriso compreensivos com a garotinha, a tempo de ouvi-la afirmar:

     –Está na hora de bancar a heroína...

†‡†

Pov. Kara:

         Depois de nos despedirmos de Trish, Jessica e eu ficamos esperando meu motorista Hank, não estava em condição de caminhar, ainda que o endereço que iríamos fosse a poucas quadras dali, ele não demorou a chegar num belíssimo Rolls Royce Classic 2015. - Rua Jefferson com a Divine, número 2421 - Indiquei o número assim que embarquei no veículo. - Agora.

       Hank pisou fundo no acelerador e me recostei no banco, entediada, coloquei meus fones em meus ouvidos e dei play em Heathens do Twenty One Pilots, eu só queria abafar tudo, ouvir os pensamentos de todos por quem o carro passava e o de Jessica também, estava acabando comigo e me dando uma terrível dor de cabeça.

      –15, eu tenho 15 anos, faça as contas - Disse, sabendo que foi repentino, e quando ela me olhou, seu olhar era assustado, o que se dissipou ao lembrar de minha habilidade, me despertando um riso baixo e leve. - todo mundo esquece disso, você não é a primeira e nem vai ser a última

      –Mas como? - Sua pergunta me pegou desprevenida por um momento, às vezes era fácil esquecer que muitas pessoas ganharam suas habilidades, enquanto eu nasci e cresci com elas. - Como você conseguiu esses poderes? - Verbalizou o que tinha em mente.

       –Minha mãe, ela tinha esses poderes, pelo que meu pai disse, nunca cheguei a conhecê - la - Expliquei, engolindo o bolo que queria se formar em minha garganta, no instante seguinte eu estava mandando uma mensagem para o meu "contato".

       Depois de poucos minutos e com uma freada que sinceramente foi um tanto violenta, estacionamos em frente a casa do casal que contratou Jessica, os Graham. Desembarcamos do carro sem muitos problemas e subimos os poucos degraus que levavam até a porta de entrada, Jessica já estava erguendo sua mão para bater quando a olhei. - Espere mais cinco minutos - Comandei, a impedindo de cometer alguma besteira.

Pov. Jessica:

        Olhei pra ela sem realmente entender, mas obedeço sem protestar, com aquela simples frase ela havia me colocado sob seu controle, a espera é pontual, em cinco minutos, um rapaz cego, de cabelos castanhos e um terno preto se aproxima de nós com um sorriso no rosto.

     –Não vive sem mim, não é mesmo, Kara - Falou em um tom brincalhão, subindo os degraus rapidamente - Por quê viveria? - foi a resposta da morena, sorrindo quando seu olhar foi do rapaz para mim. - Jessica esse é Matt Murdock, um grande amigo meu, um ótimo advogado e Matt essa é Jessica Jones, a moça que eu te falei

      –É um prazer finalmente conhecer a mãe da Kara — ele disse me estendendo a mão, a apertei, um tanto espantada pelo fato de Kara ter me apresentado a ele como sua mãe, ele pareceu notar, pois sorriu compreensivamente enquanto a garota atrás dele levava a mão a ponta de seu nariz. - ei, é que ela fala de você como se fosse a mãe dela

      Charlie permanecia em silêncio, seu rosto pintado de vermelho pela vergonha, se recompondo logo que notou meu olhar, pigarreando para chamar a atenção do rapaz. - Trouxe o que pedi? - Questionou. - Claro, aqui está - ele mostrou um documento para ela.

      –Então, Jessica, sinta - se a vontade pra bater na porta - Obedeci, foram necessárias apenas algumas batidas para que a mulher que me contratou a abrisse, vestindo um avental sobre um vestido. - Saia da frente, senhora, queremos falar com seu marido. - Repentinamente, um tom frio havia tomado a voz de Kara, como acontecia com seu pai. A mulher obedeceu, assustada, e nos guiou até a sala, onde havia uma poltrona no centro da sala, na qual o senhor Graham estava sentado, enquanto bebia e gritava com a tv.

     -Sr. Graham, o senhor desligará a tv e virá até nós — Kara ordenou sem realmente parecer se importar - Jessie, bata nele

     Ela não precisava nem ter pedido.

Pov. Kara:

       Eu observava aquele homem sangrar, indiferente, os fones em meus ouvidos tocando uma nova música, da mesma banda, a cada soco, uma nova ferida se abria e ele ficava mais perto de ficar inconsciente, eu podia muito bem deixar que Jessica o matasse, mas não valeria de nada. - Já chega Jessie, Matt, por favor

       Matt levou alguns instantes, mas me passou o  papel e uma caneta - obrigada. - Murmurei e meu olhar foi até o traste que agora estava deitado no chão. - Agora, Sr. Graham, assine essa ordem de restrição, pegue suas coisas e deixe essa família em paz

    Ele se levantou com dificuldade e assinou a ordem de restrição, finalmente seguiu para o quarto onde provavelmente estavam suas coisas. Minha atenção se tornou totalmente da esposa. - A senhora está livre para contatar seus filhos! - Exclamei, ouvindo em sua mente, seu alívio por estar livre do marido. - Mas antes, é claro, peço que a senhora pague os outros 50% do que Jessica cobrou

         A loira pareceu mais do que feliz em pagar pelo serviço, e logo, Matt, Jessica e eu deixamos a casa, insisti em pagar um táxi para o meu amigo, e depois de muita insistência, quando o veículo chegou, me despedi dele e seguimos para o nosso transporte, onde Hank nos esperava, para finalmente nos levar pra casa.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto dessa história porque foi ela que me fez perceber o quanto eu amo escrever e me impulsionou a criar carreira nisso. Quem diria que quatro anos depois eu estaria a reescrevendo.
Beijos, JF.



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