E se fosse a gente? — Final Alternativo escrita por João Marcelo Santos


Capítulo 1
Epílogo: Arthur


Notas iniciais do capítulo

Este é um final alternativo do livro porque eu O D E I O o final original. Tá bom pra vocês? ♥



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EPÍLOGO

"E se for você, e se for eu?"

Quinze meses depois
Middletown, Connecticut.

Assim que leio a mensagem de Ben, bem no meio da festa universitária que o Mikey resolveu dar - que se resume, basicamente, em pessoas do grupo à capela sentadas na cama dele bebendo, assim como grande parte das festas da Wesleyan são -, eu escapo dali o mais rápido possível, me sentando a dois corredores do dormitório do Mikey, me encolhendo na parede. Eu tento mandar uma mensagem para o Ethan: "Você está bem, cara?", e espero cinco minutos. Nada. Nem mesmo algo que indique que quer escrever. Isso é ruim, e me sinto preocupado ao perceber que meu amigo realmente está muito mal.

Ben me mandou uma mensagem dizendo para conferir o instagram do Ethan, e quando fui ver seus storys, vi ele cantando "I'll cover you" de Rent, choranndo, estirando um músculo enquanto se encolhe de nervoso. Ben disse que eu deveria ligar para ele para ver se ele está bem, e é esse o motivo de eu estar ligando para ele repetidas vezes agora - e todas elas caem na caixa postal.

Eu suspiro, decidindo fazer uma chamada de vídeo com Ben, que atende na mesma hora, com um sorrisinho fofo no rosto, o mesmo sorriso que ele me dá todos os dias quando nos vemos através da tela de nosso celular.

—Ei, você deveria estar na festa. - Ben para pra analisar o meu rosto, franzindo o lábio - Mas está tentando ligar pro Ethan.

—Estou. - Engulo em seco - Ele não me atende e nem lê minhas mensagens, Ben. Isso é ruim. Já tentou ligar pra ele?

—Tentei, mas só cai na caixa postal. Talvez esteja ocupado.

—Ou talvez esteja mal, encolhido no canto, chorando. - Digo, pensando nele. Quando Jessie me contou sobre o término dos dois, no dia anterior, fez parecer que a decisão havia sido mútua, e nas duas vezes que falei com ela após o término, ela parecia bem...triste, mas bem.

—Pensei que tivesse dito que ele estava bem. - Ben diz, como se estivesse lendo os meus pensamentos. Ele está sentado na cama dele, escorado no travesseiro.

—Eu pensei que ele estivesse! - Digo, mandando outra mensagem para Ethan - Droga, isso não deveria estar acontecendo...

—Arthur, você está bem? - Ele pergunta, franzindo o cenho - Parece que isso te abalou bastante.

Eu dou de ombros.

—Claro que me abala. Eles são o primeiro casal de nós três a terminarem o namoro, Ben. Há pouco menos de um ano e meio todos nós estivemos na casa do tio Milton, e estávamos todos felizes! E agora eles terminam, isso mexe comigo...

—Eu queria estar aí pra poder te confortar. - Ele trás o celular mais para perto do rosto, aonde posso ver suas sardas mais bem definidas. Ele sorri pra mim, e não posso evitar de sorrir também.

—Pode vir aqui? Talvez possamos visitá-lo na faculdade da Virgínia, e talvez possamos consolá-lo. - Sugiro, esperançoso.

—Mas isso não seria escolher um lado? - Ele pergunta, incerto - Talvez eu possa visitar a Jessie, e você possa visitar o Ethan. Aí os dois recebem apoio pós término.

—É, mas não sei se a Jessie precisa mesmo de apoio agora. Ela parece estar lidando bem com isso. - Estico as pernas, me preparando para ficar conversando com Ben por muito tempo, como acontece quando conversamos todas as noites - Sinto sua falta.

—Você diz isso todo dia. - Ele não pode evitar de sorrir, e muito menos eu.

—É verdade.

E é verdade mesmo. Quando eu voltei para a Geórgia, eu e o Ben decidimos tentar um relacionamento a distância, e posso dizer, com orgulho, que temos feito isso funcionar bem desde então. Nos falamos todos os dias quando podemos, e geralmente passamos horas na chamada de vídeo. As vezes, nos fins de semana, Dylan e Samantha se juntam a ele na chamada para falar comigo, e antes de eu me mudar para Connecticut - apenas porquê tem uma faculdade boa, não simplesmente pelo fato de Connecticut ficar bem mais perto de Nova York do que a Geórgia, onde posso ficar mais perto do homem mais maravilhoso da minha vida -, Jessie e Ethan costumavam se reunir para nossas chamadas em grupo também. Temos um grupo chamado "Casais da casa do Tio Milton", aonde todos nós conversamos diariamente. Dylan nos manda mensagens com conotações sexuais diárias, perguntando como são os sexos virtuais que eu e Ben fazemos - e ele nunca vai saber, mas são ótimos -, Samantha ficou super feliz quando entrei para Wesleyan, e Jessie adora fazer perguntas para Ben sobre o andamento da história dele, que ele está postando no Wattpad, cuja capa quem fez foi a Samantha. Bom, o Ethan também fez uma pra ele, mas todos concordamos que a da Samantha ficou bem melhor. Em geral, temos o melhor relacionamento do mundo. Vez ou outra viajamos para ficar um com o outro, como fizemos no natal de 2018, nas férias de verão deste ano e em alguns finais de semana, quando conseguimos juntar dinheiro suficiente. Bem, na maioria das vezes sou eu quem viaja para visitá-lo, uma vez que o Ben não tem muito dinheiro. Mas está tudo bem. Só de saber que nos esforçamos ao máximo para fazer com que nosso relacionamento dê certo já é algo incrível.

—Eles podem ter terminado, mas não significa que a dinâmica do grupo deva mudar. - Digo, quebrando o silêncio que se seguiu quando começamos a nos encarar com sorrisos bobos - Certo?

—Eu não sei. Quando eu e Dylan terminamos com o Hudson e a Harriett, nunca mais voltamos a ter a mesma relação. Digo, nos damos bem e tudo mais, mas não conversamos e saímos mais todos os dias.

Hudson. Era um assunto que costumava despertar bastante ciúme dentro de mim, mas depois de ter dado alguns ataques de ciúmes ocasionais nesses dezesseis meses de namoro, eu aprendi a me controlar, e aceitar o fato de que se Ben está comigo ele está comigo porquê quer. Assim como estou com ele porquê eu quero, e não vou trocá-lo por qualquer gato da faculdade. E existem vários, por sinal. Wesleyan tem caras bem gatinhos, como o próprio Mikey, que tem cabelo descolorido e óculos de armação fina, mas nenhum deles jamais chegará aos pés de Ben. Eu nem ousaria, sequer em sonho, em trocar o meu namorado mais fofo do mundo por beijos rápidos com um deles.

Meu celular vibra com uma nova mensagem.Ei, aonde você foi?

—Que saco. - Eu reviro os olhos, impaciente.

—Eu sei, mas sabe, podemos tentar permanecer amigos deles apesar disso tudo...

—Não, eu estou falando do Mikey. Ele acabou de me mandar uma mensagem me perguntando aonde eu estou.

—Talvez ele tenha percebido que você saiu e está preocupado. - Sugere Ben, dando de ombros.

—Você sabe que esse cara me enche o saco. - Relembro a ele. Desde que cheguei na faculdade, o Mikey vive dando em cima de mim diversas vezes, e todas as vezes leva um fora. Eu só topei em ir para a festa dele porquê eu não tinha mais nada para fazer, e porque eu duvido que Lin Manuel Miranda ficava vendo vídeos no youtube, deixando a sua chance passar. E também porquê o Ben insistiu, dizendo que ia ser divertido.

—Está na bunda? - Pergunta Ben, com um sorriso malicioso.

—Na Butts. - Corrijo ele, revirando os olhos, sorrindo. Ele vive fazendo esse trocadilho idiota, uma vez que chamamos os dormitórios Butterfield de Butts, que significa bunda em inglês - Assim que recebi a sua mensagem, vim aqui para tentar falar com o Ethan.

—Você fugiu da festa do Mikey só por causa disso? Pode voltar pra lá, eu tento falar com ele.

—Não, eu sou amigo dele desde criança, eu acho que posso consolá-lo. - Suspiro, sorrindo - Desculpa não ser um namorado tão fanfarrão assim.

—Eu te amo de todo jeito. - Ele fica vermelho como sempre fica ao dizer essa frase, algo que faz meu coração acelerar.

—Eu também te amo.

De repente, a porta de alguém se abre, e sou cercado por garotas de cachecóis, luvas e gorros com pompom. Elas estão coradas, felizes e falando alto, provavelmente meio bêbadas. Troco um soquinho com uma delas.

—Eu não sei como você acha que conversar comigo seja mais divertido do que aproveitar uma festa de faculdade. - Diz Ben, me encarando.

—Tudo com você é mais divertido. - Respondo, fazendo um biquinho.

—Não faz esse biquinho, me dá vontade de te dar um beijo através da tela. - Pede, ele, e nós dois rimos.

—Queria que estivéssemos fazendo faculdade no mesmo lugar, então poderíamos nos ver com mais frequência. - Eu digo.

—Mas você veio me ver duas semanas atrás. - Ele balança a cabeça, ainda sorrindo - Agora que moramos mais perto um do outro, poderemos matar a saudade mais cedo. E desculpa não ter ido nesse último final de semana para aí, é que eu... - Ele para de falar, corando. Eu sei exatamente o porque dele não ter vindo, e rapidamente balanço a cabeça.

—Não, está tudo bem! Se não tem dinheiro, não precisa vir até aqui. Eu vou aí nesse final de semana, de qualquer jeito.

—Sabe que não precisa vir todos os finais de semana se não quiser. Pode sair para curtir com seus amigos. - Ele diz, mas não deixo de notar um animação em sua voz após eu ter dito que iria.

—Sabe que eu vou de todo jeito. - Dou de ombros - Arranjou um namorado grudento, Benjamin Alejo.

—E eu adoro ter esse namorado grudento perto de mim. Vou aproveitar e te levar no local aonde fomos no nosso primeiro encontro. - Diz ele, animado.

—Aquele com aquela garra? Meu Deus, você lembra daquele nosso primeiro encontro? Foi um desastre!

—Nem tanto. Até que você se saiu bem, eu é que ainda estava com a cabeça no Hudson.

Para falar a verdade, eu fico feliz por aquele nosso primeiro encontro ter dado errado. Era o universo nos dizendo que precisávamos tentar de novo, para dar errado de novo e assim podermos tentar de novo. O universo esteve planejando cada um de nossos encontros, cada um de nossos passos, mesmo que não nos déssemos conta. Ele planejou que me pedissem para pegar um café para o escritório, para que eu pudesse trombar com o Ben indo até a agência de correios despejar a caixa do Hudson, para que eu fosse atrás dele, para então ele deixar um papel com o nome do ex-namorado dele no chão, para então eu, Juliet e Namrata tentarmos ao máximo encontrá-lo. Então ele planejou a nossa união, cada um de nossos encontros que deu errado, cada momento em que nos conhecíamos cada vez mais, pois a cada momento estávamos nos tornando quem somos hoje. E hoje, apesar da distância, temos o melhor relacionamento do mundo, algo que eu não trocaria nunca por nada nesse mundo. Namorar Ben é como estar na maravilha-lândia pelo resto da vida, e Deus, espero poder ficar com ele até o nosso casamento. Estamos juntos há quase um ano e meio, e tivemos nossos altos e baixos, incluindo ciúmes quando ele começou a fazer novos amigos na aula de escrita criativa, ou quando eu não atendi algumas de suas ligações pois estava ocupado no cinema, e coisas do tipo. Mas no geral, apesar dos nossos problemas, nós sempre voltamos um para o outro de uma forma ainda mais intensa, de forma que fica difícil para nós ficarmos separados da próxima vez.

De uma forma ou de outra, o universo nos apresentou, e tem nos presenteado com o nosso relacionamento desde então, algo que só colore a minha vida todos os dias. E eu sou infinitamente grato a ele por ter encontrado o menino da caixa naquele dia estressante de verão.

 


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