Grandpa escrita por Tahii


Capítulo 3
Fred




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Fred foi o primeiro neto de Arthur, e o primeiro capaz de despedaçar e restaurar seu coração com tanta frequência. Até o nascimento dele, Arthur estava ciente de que nada poderia trazer seu filho de volta, tampouco substituí-lo. Fred era único, tinha um espaço irrevogável no seu coração, na sua memória, na sua vida; mas quando se deparou com um pequeno embrulho ruivo de olhos castanhos vívidos, Arthur ficou estarrecido. Sentia-se como anos atrás, no dia em que pegou seus gêmeos no colo e comentou com Molly sobre a probabilidade de confundí-los. Daquela vez, não disse nada, guardou para si o temor de se perder entre tudo o que já tinha passado e o que ainda passaria todas as vezes que olhasse nos olhos do neto e quisesse, de alguma forma, encontrar seu filho. 

Os dois tinham semelhanças inegáveis: entravam em casa sujos de terra, ralavam o joelho com periodicidade, riam sem muito esforço e pareciam furacões depois de algumas varinhas de alcaçuz. Para a sorte de Arthur, porém, ambos eram vendavais que traziam vida para os dias mais melancólicos de sua existência. 

— Mas, pai, foi sem querer! — ele tentava, em vão, se defender após ter jogado pó de riso em Molly, que ria sem parar, embora as lágrimas escorressem pelo canto dos olhos. — Ela me deu um feijãozinho de vômito para comer!

— Porque era uma brincadeira! Desse um de pimenta para ela e não uma crise de riso — George chacoalhou a varinha em direção a sobrinha, cessando o efeito do pó. Arthur, chegando na cena do crime um tanto quanto perdido, foi atingido pela neta que buscava consolo e pelo olhar desolado do neto. 

— Mas o que é melhor, dar risada ou ter a boca pegando fogo?

— Não ia pegar fogo literalmente, Fred! Não é divertido dar risada sem parar o tempo todo, as pessoas podem passar mal. 

— Mas não é você que fala que é melhor morrer de rir do que de chorar? 

Com Molly no colo, Arthur teve que segurar a risada. Finalmente chegara o dia em que George tinha que enfrentar sua própria natureza em miniatura. E, além do mais, nem era para tanto; Fred já tinha feito coisas piores e Molly só estava querendo crucificar o primo por causa de um desentendimento que começou na noite anterior devido a um castelo de cartas. Nada muito grave. 

— Meu pai é chato — o ruivinho grunhiu, marchando de um lado para o outro enquanto tentava ter alguma ideia genial do que fazer para reverter a situação. — Ele disse que não vai deixar o tio Ron me levar na feira trouxa de cachorro quente no próximo sábado. Você acha que ele está triste comigo, vô?

— Talvez. 

— Ótimo. Então eu vou pedir desculpas e jogar pó de riso nele para ele ficar feliz e parar de ser chato! 

Arthur não teve nem condições de tentar compreender a lógica de Fred, já que ele saiu em disparada às escadas. Porém, logo mais o vendaval ruivo voltava na mesma velocidade e se jogava nos braços do avô para lhe dar um beijo estalado na ponta do nariz.

— As suas ideias são as melhores, vô! 


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Notas finais do capítulo

Fred muito espertinho já deixando a bomba com o Arthur caso tudo dê errado kakakaka ❤



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