Nuvem e Vento escrita por Oul ZK


Capítulo 1
Cedo demais para serem sinceros


Notas iniciais do capítulo


Contexto: Baseado em um episódio do anime, quando Shikamaru busca Temari em sua pousada para levá-la até os portões. Antes da morte de Asuma e luta contra o Hidan.

Obs: É uma fic um pouco lenta, que vai tratar pouco a pouco a construção dos sentimentos e relacionamento deles, tenham paciência e não desistam dela haha



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POV TEMARI

— Tão cedo assim?

Temari escutou assim que saiu da pousada. Shikamaru estava de pé, com as mãos enfiadas no bolso da calça e a expressão de sono estampada na cara. Logo depois ele bocejou e seguiu em sua direção.

O dia estava claro, mas ainda frio pelas primeiras horas do dia provocando-lhe aquela sensação amena, que Temari tanto gostava. Mas ela sabia que Shikamaru não fazia questão de acordar tão cedo.

Na realidade, poucas coisas no mundo o faria acordar tão cedo.

— Ainda é hora de todos estarem dormindo. – O Nara continuou e o máximo que Temari conseguiu responder foi uma simples observação:

— Você.

Mesmo que demonstrasse surpresa, ela no fundo sabia porque ele estava ali.

Ontem à noite, após resolverem toda a burocracia com Chunnin Shiken, ela informou que seria sua última noite em Konoha. Então um raro silêncio incômodo instalou entre os dois.

Já estavam habituados àquela situação, mas sempre que o óbvio era dito – sua inevitável partida – os dois eram incapazes de falar. Nunca se despediam.

E por isso, Temari entendia a necessidade de Shikamaru estar ali. Eles simplesmente precisavam se ver.

— Não posso deixar a vila por muito tempo. Só estava pensando que, se acabasse logo, eu poderia voltar cedo para casa. – ela disse começando a andar. Ele acompanhava seu ritmo lento até a saída da vila.

Era engraçado como seus passos naturalmente ficavam mais curtos quando estavam juntos.

— Sem tomar café da manhã?

Por um milésimo de segundo ela pensou que Shikamaru a estava convidando para comer. Mas quando virou para vê-lo, ele continuava com sua eterna expressão de sono e desinteresse.

— Vou tomar um chá no meio do caminho.

POV SHIKAMARU

Como sempre a praticidade de Temari o cortava pelo meio. Ela raramente aceitava seus pedidos indiretos para comerem ou fazer coisa não relacionada ao trabalho.

— E você, o que está fazendo aqui?

Era uma boa pergunta. Estreitou os olhos e respondeu aquilo que seria óbvio, ou confortável, para os dois.

— É uma chatice, mas eu sou seu guia, é uma missão, não posso fazer nada.

Era engraçado como se sentia estranho falando isso. Shikamaru sabia que era mentira. E suspeitava que Temari também sabia. Quem seria estúpido o suficiente para acreditar nisso?

— Entendo... Talvez eu possa pedir para Tsunade-sama te dispensar desse serviço.

Temari o observava pelo quanto dos olhos. Os mesmo olhos verdes que brilhavam diante de alguma piada interna, combinando perfeitamente com o sorriso de canto. Quando se pegava observando esses detalhes sentia uma vontade louca de resmungar.

— Isso seria problemático, e é provável que ela me designasse para algo ainda mais chato.

POV TEMARI

Ela sorriu, entendendo o pretexto estúpido.

Eles eram cheios de pretextos estúpidos.

Por alguma razão se sentia feliz quando ele vinha com aqueles comentários. Era divertido perceber que alguém tão inteligente não conseguia inventar uma boa desculpa.

Shikamaru era incapaz de admitir que desejava simplesmente estar ali. Ela, pelo menos internamente, era ciente dos dois. Da existência de algo, que nenhum dos dois ousava admitir.

— Eu pensei que você aceitaria minha proposta, considerando que você tem essa tendência a desistir de tudo.

Shikamaru em resposta deixou escapar um tsc, ela sorriu com os olhos diante da reação previsível do Nara. Conheciam-se há quanto tempo? Talvez uns três anos?

— Eu já disse. Seria muito problemático mudar de posição.

— Assim como foi quando desistiu do Chuunin Shiken contra mim. – não era uma pergunta. – Eu me senti muito ofendida de ter ganhado de uma pessoa tão preguiçosa. Na verdade aquilo nem deveria ser considerado vitória.

POV SHIKAMARU

— Eu pensei em mais de 500 maneiras de ganhar. Simplesmente não existia.

Ela deixou escapar um riso pelo nariz. Shikamaru provavelmente não entendeu o que existia de tão engraçado naquela verdade.

— Então você se esforçou... Eu gosto quando você se esforça por algo. Por exemplo, eu nunca mais o vi chorar depois daquela missão perdida, não é?

— Acho que nunca iremos esquecer isso. – ele comentou enquanto soltava um sorriso mínimo. Shikamaru já conhecia essas insinuações de Temari. Não que ela falasse de maneira gratuita ou maldosa, mas sempre tocava no assunto.

— Se serve de consolo, talvez eu deva reconhecer que hoje em dia você conseguiria matar aquela garota da flauta.

Shikamaru permaneceu em silêncio, mesmo concordando menalmente com ela. Ele, mesmo adquirindo novas técnicas e estratégias, sentia-se estagnado no tempo.

— Não sei se eu cresci tanto assim.

Temari suspirou daquele jeito e o Nara entendeu que o assunto tinha morrido. Eles já tinham conversado antes sobre o quão diferentes eles estavam, mesmo que ele próprio não percebesse tanta diferença assim.

"Você amadureceu, pelo menos está um pouco mais consciente do que é ser um ninja."

Temari falou após ele ser designado como um dos responsáveis pelo Chunnin Stiken. Entretanto, ainda hoje, enquanto ela insistia em dizer sobre o quão diferente ele estava, Shikamaru não era tão convicto. No íntimo ele não sabia o que era ser um ninja.

"Saco... e só um emprego que requer um pouco de reponsabilidade com seus amigos."

Eles pararam diante da entrada principal de Konoha. O olhar pendurou por um longo tempo até que enfim Temari declarou:

— Pode ser aqui.

POV TEMARI

Batia aquela estranha sensação de despedida. Outro momento, muito comum, que ela não entendia por que incomodava tanto. Talvez fosse culpa desse algo que pairava sobre os dois. Ela respirou um pouco mais profundamente e se arrependeu logo depois. Será que Shikamaru percebia sua insatisfação?

Antes de ir o olhou mais uma vez. A expressão cansada, os olhos castanhos sonolentos, e as mãos que raramente saiam daqueles bolsos.

Algo estava incompleto em Shikamaru. Algo que o impedia de fazer qualquer coisa, e que, inclusive, talvez explicasse aquela sensação incômoda e inexplicável entre eles. Shikamaru não conseguia se envolver verdadeiramente e intensamente com nada além da sua própria responsabilidade com os outros. E mesmo assim ele não entendia por que. Talvez evitasse situações problemáticas, como ser consciente de si mesmo.

— Vamos nos ver de novo no exame chunnin né?

— Sim

Assim que ele perguntou Temari soube: Shikamaru era apenas um garoto.

— Então vou indo.

Temari declarou no impulso e simplesmente começou a andar. Pensou que seria problemático demais fazer qualquer coisa para mudar a situação.

Era isso que ele fazia. Não agia. Parava e a deixava ir simplesmente.

Entretanto, assim que ela deu o segundo passo, Temari se deteve. Virou-se, a face séria, mas sem nenhum tom de autoridade:

POV SHIKAMARU

— Trate logo de se tornar jounin. Sem ficar falando chatice. Se seguir e cumprir as missões corretamente, não demora muito.

Disse e então sorriu. Da mesma maneira quando algo acabava e ele se sentia um moleque. O sorriso aberto, os olhos fechados e aquela curvinha que se formava no canto do nariz e sobrancelha. Exatamente o mesmo sorriso quando matou Tayuya e ele se deu conta do quão parecida era com sua mãe.

Talvez tenha sido ali. O exato momento em que ele começou a gostar dela.

Uma vergonha bateu, e então ele simplesmente ficou sem reação. Sem perceber levou as mãos até os cabelos enquanto sentia aquele incômodo tão grande.

Era tudo tão problemático.

— Saco. – deixou escapar enquanto a via ir embora.


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