Havia um véu. Sirius Black o atravessara, partindo para algum lugar desconhecido. Algum lugar para o qual não poderia ser seguido. Tudo o que Remus Lupin pode fazer foi assistir, estático e estoico, enquanto seu coração se partia pela última vez. Enquanto Sirius partia pela última vez. A história dos dois havia sido escrita em linhas tortas e pontos finais que invariavelmente se transformavam em reticências. Desfechos convertidos em novos começos. Não mais. Aquela era a última página do livro. O show chegara ao fim sem direito à bis. A cortina fechara. Um ponto final era um ponto final. Sirius Black estava morto. 

De repente, Remus se sentiu como se tivesse 11 anos novamente, estatelado em degraus frios, em uma madrugada silenciosa, observando um garoto com nome de estrela correr para longe. Uma estrela cadente que, algo dentro de si, sempre soubera que nunca conseguiria alcançar.

Sirius parecia ter vindo ao mundo destinado a transformar o coração do Lupin em vidro. Aquele mosaico remendado em seu peito, no entanto, se esfarelou por completo naquele instante. Sem chance de reconstrução. E Remus soube que ficaria preso naquele instante enquanto vivesse. Assistindo Sirius partir de novo, de novo e de novo.