The Revolution escrita por lipemorais


Capítulo 4
Capítulo 4




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SUHO

 

Não poderia ter pedido por um dia melhor para Baekhyun fazer graça na mesa no jantar, serviu para aliviar o clima, tirar a atenção da minha tensão e da conversa com Chanyeol.

Assim que ele e Kris chegaram eles vieram falar comigo sobre a ronda deles no labirinto e o que haviam achado depois que Baekhyun ajudou Lay a me curar. Mesmo cansado e sonolento eu os ouvi.

— Podemos deixar isso para depois se você quiser, você está bem cansado. – Kris ofereceu.

— Não, podem falar, - Disse me sentando com dificuldade na cama – acharam algo novo? – Acho que a esperança em minha voz está explicita, já que eles trocam um olhar demorado antes de me responder.

— Lembra que há algum tempo falamos que vimos uma saída, mas ela se fechou bem na nossa cara? – Chanyeol pergunta – Isso já faz um tempo, o Kai disse ter visto também mais ou menos justamente onde nós dissemos também? Hoje ela não se fechou e conseguimos atravessar.

Levo alguns segundos para entender o que acabei de ouvir e ainda assim acho que ouvi errado. – Vocês acharam uma saída? – O sorriso se estende pelo meu rosto.

— Então...sim e não. – Chanyeol responde.

Eu demoro mais alguns segundos o encarando antes de continuar a conversa. – Elabore.

— O que houve na verdade – Kris assume a explicação – é que nós achamos sim aquela brecha novamente e conseguimos sim passar por ela...só que não era de fato uma saída...era uma área nova do labirinto na verdade.

— Área nova?

— Isso, uma área que nunca havíamos visto antes, ela tem mais corredores e eles têm paredes estranhas. – Chanyeol continua.

— Como estranhas?

— Bem uma delas el...

— Opa, vocês estão ocupados? – Lay adentra a cabana.

— Não, não porquê? – Respondo antes que um dos dois fale algo.

— Vamos jantar, você principalmente, precisa comer. – Ele sai da cabana antes que eu responda.

— Nós vamos fazer isso, - digo me levantando da cama – vamos jantar e depois vocês vão para minha cabana para me explicar isso de nova área no labirinto. Era só o que me faltava, esses filhos da mãe estarem fazendo mais labirintos para nós. – Saio resmungando para minha cabana, me troco e vou para o jantar.

Chanyeol tentou falar comigo sobre o que eles haviam descoberto mais uma vez, mas eu o detive, não quero transparecer para ninguém que possa haver algum problema. Se ficarmos em pânico, isso só pioraria as coisas.

Agora ambos estão na minha cabana para contar o que viram lá.

— Porque você diz que as paredes são estranhas? – Pergunto para Chanyeol.

CHANYEOL

 

O cheiro de queimado ainda está forte no ar depois que Kris termina de queimar um C3 que não nos viu chegando. Seu corpinho curto e atarracado se retorce enquanto as pinças das patas dianteiras tentam desesperadamente pegar alguma coisa.

— C3 nunca foram problemas para nós. – Ele comenta apagando uma última chama de sua mão esquerda. De fato, pelo menos para nós dois, não está sendo mais desafio matar criaturas.

Depois de andar pelas rotas que conhecíamos, Kris e eu já estávamos prontos para ir embora mesmo estando cedo, foi então que aquele brilho branco chamou nossa atenção. Primeiro eu achei que fosse o pilar de luz de Baekhyun, mas não vinha do céu, vinha da minha esquerda, a mesma falha no labirinto que encontramos havia alguns dias. Seria nossa saída?

— Kris! – Chamo seu nome e saio correndo em direção à minha liberdade, a nossa liberdade. Eu vou dar um jeito de tirar todos daqui, mas preciso sair primeiro, quase gargalho quando vejo que dessa vez eu vou conseguir passar pela falha, dou um último passo e me jogo.

Eu consegui, estou fora.

Fico deitado no chão por alguns segundos sem saber o que me aguarda ao abrir os olhos e ver o que quer que seja que tenha para ver do lado de fora daquele labirinto desgraçado. Mas meu coração gela quando ouço Kris dizer – O que diabos é isso?

Abro os olhos depressa e também fico sem entender o que pode ser aquilo.

Mais labirinto.

— Você só pode estar de brincadeira com minha cara! – Explodo de raiva e arremesso alguns dardos de pena de fogo que se afundam na parede mais próxima. – Mais corredores?! Que porra é essa?

— Você acha que eu sei? – Kris retruca. – Então nossa milagrosa saída não passou de mais labirinto? É capaz que já tenhamos passado por aqui e nem nos lembremos. E ainda por cima é mais escuro que o resto dele. Inferno! – Kris também explode e lança uma bola de fogo pelo corredor à sua esquerda. – Para reconhecimento. – Ele explica quando olha para mim.

A chama voa livre pelo corredor mostrando duas entradas pela direita, uma pela esquerda e mais uma pela direita e entra a esquerda em uma bifurcação.

— E aí, acha que devemos avaliar essa área? Ainda está cedo. – Pergunto para ele.

— É o que devemos fazer, não é? É a única maneira de talvez acharmos uma saída daqui. – Ele retruca. – O que é aquilo? – Ele aponta para o final do corredor onde uma luz começa a crescer.

Não, crescer não. Começa a vir em nossa direção. É uma bola de fogo muito semelhante a que Kris lançou. – Se abaixa! – O puxo para baixo e a bola passa voando por cima de nossas cabeças. – O que diabos foi aquilo? – Exaspero me deitando no chão – Nunca soube de nenhuma criatura que pudesse revidar o que jogamos nela.

— Aquilo não foi nenhuma criatura que jogou, Chanyeol. – Ele responde ficando de pé. – Era a minha bola de fogo.

— Como é?

— Isso que você ouviu.

— Como aquela pode ser a mesma bola de fogo, Kris?

— Quando você produz alguma chama você a conhece, não? Como se tivesse um...um...

— Som diferente, sim. Mas como pode ser a sua?

— Eu já disse que não sei... – ele olha receoso para o corredor de onde a bola de fogo acabou de vir – mas só sei que preciso ir entender o que houve. Você vem?

— Lógico que sim, se tem alguma coisa refletindo lá na frente, você não vai conseguir dar conta sozinho.

— Me dá cobertura. – Ele diz começando a andar e eu vou atrás dele de costas para qualquer coisa que queira nos atacar pelas costas.

Colo minhas costas com as dele e acendo minha mão esquerda. Essa área do labirinto tem pouca luz o que dificulta observar com segurança, parece diferente do resto do labirinto na verdade. A pedra das paredes também parece mais grossa, mais rústica. Enquanto estou acostumado com paredes de pedra cinza lisa, essas são de uma pedra preta e grossa, o céu continua com o mesmo tom de roxo estranho, os corredores parecem mais estreitos e as paredes parecem mais baixas.

— Hey...hey...espera...espera...Kris, olha aquilo – aponto para o topo da parede – é impressão minha ou as paredes aqui são mais baixas?

Ele para por um segundo e analisa as paredes de cabeça inclinada – Quer arriscar? Da outra vez ficamos bastante mal.

Abro minhas asas de fênix e começo a flutuar até o topo da parede, mas paro antes de chegar ao topo, da última vez fiquei desacordado devido uma corrente elétrica.

— Tenta jogar uma chama...a rede elétrica deve impedir.

Boa ideia, jogo uma bola de fogo para cima e, como esperado, ela se espalha e desmancha em um clarão causado por raios. Ótimo, as paredes podem ser mais baixas, mas ainda assim não podemos ir ao topo delas. Volto ao chão e começo a andar de costas coladas com Kris.

Depois de alguns passos e passarmos pela primeira entrada eu começo a perceber que não me sinto desse jeito desde o dia que cheguei aqui. Eu havia me acostumado e aprendido tudo que eu tinha para aprender, já conhecia e havia matado todos os tipos de criaturas que haviam aqui, já havia até mesmo sido mordido por um C3 e visto ele estrebuchar enquanto o fogo entrava em seu corpo.

Eu e Kris somos imunes a mordidas, o fogo faz uma camada de proteção ao redor do nosso corpo sem que nós percebamos.

Mas agora estamos em uma área que não conheço...e o medo do desconhecido volta a pesar em meu estomago.

— Este foi o caminho que a bola de fogo pegou antes de sumir – Kris aponta para a esquerda – será que tem mais coisas para lá?

— Eu vou marcar a parede para sabermos por onde voltar. – Passo meu dedo pela pedra áspera esperando que fique uma linha preta como fica na outra parede quando eu a queimo, mas nada acontece. – Ótimo, não temos como marcar as paredes para saber o caminho.

— Mas precisamos saber o que aconteceu para minha bola de fogo voltar voando na nossa direção.

— Eu vou, - assumo a frente – faz um cordão de fogo comigo para eu poder achar o caminho de volta.

— Certo.

Nós apertamos nossas mãos e uma chama fina igual um fio se faz nelas as unindo por um segundo e então some, quando separo nossas mãos um cordão de fogo as une.

— Não acho que seja boa ideia nos separarmos. – Kris me adverte olhando apreensivo para o caminho a minha frente.

— Eu também não, mas é necessário.

Começo a andar o caminho que a bola de fogo fez enquanto a luz que Kris faz atrás de mim vai ficando cada vez mais fraca, até que a única luz vem do cordão que nos une e eu ascendo minha mão direita para iluminar o caminho. Depois da bifurcação eu me deparo com mais duas entradas a esquerda, três a direita e mais uma a esquerda até que chego ao final do corredor e posso ir para a esquerda ou direita.

Nada aqui poderia ter feito a bola de fogo de Kris voltar. Se ele a jogou em linha reta ela entrou no lado esquerdo por puro acaso por ter quicado na bifurcação, mas ter entrado em qualquer outro corredor ou pegar um lado não faz sentido e...

Sou tirado de meus pensamentos por uma visão estranha.

A minha frente vejo uma sombra alta com o braço levantado e na ponta dele um brilho alaranjado. Paro onde estou e espero que ela faça alguma coisa e assumo posição defensiva. Segundos se passam, acho que um minuto inteiro, meu corpo está todo retesado e tenso só esperando o que fazer e qual ação tomar para me proteger.

Mas a figura a minha frente não faz nada, não se mexe mais, como se também estivesse me estudando. Espero mais alguns segundos e nada.

— Olá....olá....você...você está perdido? – Pergunto na esperança de ser apenas mais uma pessoa perdida aqui dentro, mas não obtenho resposta.

Resolvo lançar uma bola de fogo em direção ao chão para ver se ela se mexe e então acontece.

A bola de fogo voa e acerta o chão alguns metros a minha frente, mas ela não aterrissa onde deveria, ela vai além e entra na parede fazendo uma ondulação nela e a iluminando e então vejo que a figura era meu reflexo em uma parede estranha de um espelho maleável. De repente, no ponto onde a bola atravessou a parede, o espelho começa a brilhar e daquele mesmo lugar uma bola de fogo começa a voar em minha direção, ouço um ruído que a caracteriza como minha e eu tento controla-la para longe, mas não consigo e ela quase me acerta, passa por muito pouco perto de mim. Lanço outra e a acerto no ar para não acertar Kris.

Então foi isso que aconteceu...

 

SUHO

— Depois....o que houve?

— Eu falei para ele o que houve e corremos de volta pra cá. – Chanyeol responde e é perceptível que esse episódio o deixou com medo. Só de lembrar ele já ficou todo tenso e falando com pressa quase colando uma palavra na outra. Perto do fim da história ele quase estava gaguejando.

— Certo, certo... – apoio meus cotovelos nas coxas e o queixo nas mãos. – Isso não pode estar certo...uma área nova...não pode ser verdade...

— Eu estou te falando cara, - Kris interrompe – eu nunca vi aquilo antes nesse labirinto. Nada nunca lutou de volta contra nós. Só existem as criaturas e nenhuma delas consegue lançar nada...só nos mordem ou algo assim... – Ele esfrega a testa em sinal de tensão. – Eu não sei o que raios aconteceu ou como, mas tem uma área nova e ela parece ser pior que o resto do labirinto.

Mordo minha unha tentando pensar no que fazer e o que isso pode significar. – Eu não sei o que é pior...todo mundo já estava se desesperando porque não achava que existia uma saída daqui e agora...uma nova área que até mesmo reflete nossos ataques...

— E isso é só o que sabemos, Suho – Chanyeol agora seca o suor da testa – ele pode muito bem ter coisas piores lá.

— Piores que isso? – Kris pergunta gesticulando para toda a área.

— Quando foi que alguma coisa atacou de volta, Kris? Pode sim ter coisas bem mais pesadas e difíceis. – Chanyeol se apoia na janela e seu corpo começa a tremer – Eu não sei quanto tempo mais eu aguento disso. – Sua voz corta e ele prossegue com dificuldade de segurar o choro – Será que um dia eu vou poder dormir sem imaginar o que eu vou ter que enfrentar no dia seguinte?

O silêncio pesa entre nós.

Eu não quero fazer isso, mas me parece a única opção viável, todo mundo precisa se empenhar em tentar achar uma saída daqui. Se o labirinto normal já é o suficiente para nos matar, cansar e prender aqui por tanto tempo, o que uma nova porção pode fazer se ela até mesmo consegue lutar contra nós?

— A partir de amanhã vocês irão como uma equipe....ficará alguém aqui para proteger a área e ensinar Sehun...o resto irá com vocês para explorar a área nova ao máximo.

Eu não olho para eles, mas eu sei que eles estão me olhando de volta, o silêncio vira uma tensão tão pesada que pode ser tocada.

— Você tem certeza que isso é uma boa ideia? – Kris é o primeiro a perguntar.

— Não sei de nada ao certo, - fico de pé – mas essa é a minha opinião...eu, você e Kyungsoo damos as ordens aqui...o que você acha?

— O que eu acho? – Ele é pego de surpresa pela pergunta e olha em volta procurando uma resposta em algum canto do cômodo.

— Amanhã de manhã vocês falarão para todos o que vivenciaram hoje nessa nova área...e faremos uma votação, que tal? – Sugiro já imaginando no que isso vai dar.

— Acho que seja melhor assim. – Kris concorda.

— Chanyeol?

— Vocês nunca nos colocaram em perigo, - ele se vira para nós – eu concordo com o que for necessário para sair desse inferno.


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