Time in Disguised - Lucius/Narcissa escrita por Queen of Sonora


Capítulo 1
Capítulo 1 - No one knows which way we're going




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Feche os olhos e o que você vê?
É um homem ou uma máquina mascarada?
É o mundo ao qual pertenço ou apenas uma sombra de luz?

Inspiro. Um... Dois... Três... Expiro. 

Repito por mais três, quatro, cinco… Tantas vezes que perco a conta. 

Mas o que mais eu posso fazer? Se não apenas buscar incessantemente por essa calma e estabilidade, que já não fazem mais parte da minha vida, mas que eu preciso seguir fingindo ter. 

Meus dedos correm pelo corrimão, como um apoio para que eu me lembre de seguir descendo a escada que parece sem fim. Pensar que houve um dia onde descer essas escadas era o ato mais feliz da minha vida. Um sorriso quase brinca em meus lábios ao lembrar, mesmo que tão vagamente, daquela noite há tantos outonos atrás. 

Pela primeira milagrosa vez em tempos consigo encontrar o salão principal vazio. Apenas as fotos sob a lareira me fazem companhia. Uma dolorosa companhia que exibe momentos dos quais temo nunca mais poder desfrutar. 

Involuntariamente paro em frente à foto do pequeno garoto de cabelos loiros, meticulosamente penteados para trás, como ele sempre gostara. Quando ele ainda dançava pelo meu ventre, as pessoas costumavam me dizer que ele sairia ao pai, que era comum entre os garotos, principalmente tratando-se de um Malfoy. Um sorriso finalmente se apossa dos meus lábios, como não sorrir ao conceber que esse pequeno garoto desde antes mesmo de nascer já era tudo o que eu mais amava e queria. 

Meus olhos vagam até a fotografia do meu jardim preferido, um pequeno ao norte de Paris. Mais simples do que eu gostaria de admitir, com suas rosas colorindo a minha decoração. É quase como se eu pudesse fechar os meus olhos e ser transportada para lá, com o perfume das rosas quase transpassando o que toda aquela agitação trouxa traz ao local, com seus braços firmes em volta do meu corpo, protetoramente evitado que qualquer anormalidade daquele mundo fora da nossa realidade consiga me atingir.

Seu braços em volta do meu corpo. Quando eu estava no quinto ano eu acreditava ter te desejado comigo da forma mais absurda e plena que se pode desejar alguém. Mas naquela época eu não sentia um terço da necessidade que sinto de você hoje. Até por naquela época eu não conhecer tão bem o quão quente o seu toque pode ser, o quão aconchegante e principalmente, o quão protetor. Você sempre foi perfeito em não permitir que nada me atingisse, e isso é tão torturante. Agora, aqui nesta sala, sem você é como se eu estivesse no meio de uma guerra sem nenhum abrigo à vista.

O que não deixa de ser verdade, não é mesmo? Eu estou no meio dessa guerra. E não existe nenhum abrigo à vista, já que você não está aqui. 

 Inspiro. Um... Dois... Três... Expiro. 

E busco forças para não modificar a máscara que meu rosto se tornou nos últimos meses. Mas a verdade é que eu adoraria quebrar todas essas fotografias e até mesmo toda essa sala inabitada. Eu botaria essa casa abaixo se eu ao menos pudesse expressar o que sinto. 

Você não tinha o direito de me deixar. Você não poderia ter nos aprisionado aos seus ideais a ponto de colocar o nosso menino em uma missão suicida. Como você pode? Como você pode me trair dessa forma? 

A verdade é que eu apenas fui uma tola, não é mesmo? Eu e a minha atração cega por você, como se eu não tivesse escolha sendo que o que não me faltou foram escolhas e alertas. Por Merlin! Eu quase posso ouvir a voz de Snape questionando incessantemente se eu de fato queria você para a minha vida. Se eu aceitaria estar ao lado de alguém com uma visão de mundo tão… Tão… 

Inspiro. Um... Dois... Três... Expiro.

Preciso morder meu lábio inferior e manter meus olhos fechados por quase um minuto para enfim retornar ao normal. Meu querido, eu realmente colocaria essa casa abaixo se eu pudesse ter o luxo de expressar tudo o que está explodindo em meu ser. 

Ajeito o quadro do meu jardim e reparo em uma leve sobressalência no mesmo. A folha ali escondida carrega a sua caligrafia. Você sabia, não é mesmo? Você sempre sabe. 

Enquanto todo o meu ser se esforça em não extravasar esse descontrole perante a situação, você sabe como se aproximar quando eu estou tão perto de simplesmente cair nesse precipício de emoções involuntárias. Você sempre soube. Assim como sempre foi capaz de apagar todas as cinzas que o fogo dos nossos erros acendiam. 

Por mais que a voz do Snape em minha mente ainda me lembra daquele estranho sexto ano quando eu precisei tomar a decisão que involuntariamente nos trouxe até aqui, até essa sala vazia, com essa carta nas minhas mãos e você tão longe. Mesmo sabendo que naquele sexto ano eu poderia ter garantido que a tranquilidade em meu rosto não fosse apenas uma máscara, mas sim a minha verdade, eu não tive de fato escolha. 

No alto da montanha

Nós iremos sempre enganar o tempo

Pois ele é todo nosso 

Quando eu estou com você

E por vez, 

Eu sou todo seu. 

É preciso apenas uma lágrima para que meus pés escorreguem pouco a pouco pelo precipício das emoções involuntárias. Tudo o que eu tenho é seu, foi o que você me disse naquele outono, com os membros mais importantes das sagradas vinte e oito famílias presentes. Quebrando os protocolos da cerimônia e garantindo que eu me perdesse ainda mais nesse amor que todo o meu ser parece sempre ter destinado apenas a você. Eu me aproximava de todos os limites por você, você sabe, não é? Tanto sabe que por isso estamos aqui. Enquanto eu preencho essa grande sala com os soluços que as minhas lágrimas causam, você aguarda a tantas milhas que o meu peito aperta só de pensar. 

Quando meu corpo se choca com a parede de mármore, tão fria que parece até me despertar do transe, minha mente vaga para outro lugar. A sensação fria é a mesma daquele inverno que antecedeu o outono de tantos anos atrás. Inverno aquele onde debaixo de todas as regras tão inflexíveis do meu pai, você ainda descobria formas de me tomar como sua, capturando meus lábios pelos esguios becos de Hogsmade. Eu já era sua a essa altura, por mais que eu tivesse tentando, eu verdadeiramente sempre fui sua. Como você, também sempre foi meu. 

— Narcisa? 

Inspiro. Um... Dois... Três... Expiro.

Por mais que a minha mente tente enganar o que resta de mim com lembranças tão fortes de você, eu preciso voltar à realidade antes que de fato o meu nome seja chamado, infelizmente por alguém que não é você. 

— Narcisa? 

Sua voz atinge todo o meu ser que parece impossibilitado de se mover. Os cabelos sempre tão bem penteados para trás agora quase tomam conta do seu rosto, que diferente do que eu jamais vi, está preenchido por uma rala barba. A minha mente parece cada vez mais preparada para me pregar peças. 

Eu seguiria e atravessaria essa ilusão que é você parado, quase camuflado pela escuridão da escadaria ao seu lado, se os seus olhos não tivessem alcançado os meus. Os seus nebulosos olhos cinzentos. Olhos esses que há tantos anos brincam de me contar tudo, enquanto poupam os seus lábios. 

As lágrimas chegam antes que o meu corpo alcance o aconchego dos seus braços. É tão real que eu aceito que mesmo se for o ápice da minha loucura, eu irei aproveitar e absorver por completo esse momento. O formato dos seus braços - seja real ou não - segue completando todo o vazio do meu ser. 

Eu ainda te observo sem conseguir esboçar uma reação linear. A aspereza do seu rosto que encontra as minhas mãos que circulam suas bochechas parece tão irreal quanto encontrar você aqui. 

— Se eu fechar os olhos você ainda vai estar aqui quando eu abrir? - Ouso perguntar tentando memorizar todos os seus traços. Caso a resposta seja não, eu ao menos terei como enganar a realidade com a sua lembrança. 

— Eu nunca mais vou sair de perto de você. - Sua voz embargada me preenche de realidade. 

Meus braços fizeram o costumeiro caminho envolta do seu pescoço e por um tempo que eu não ousei mensurar, tudo a nossa volta parou de existir para que eu pudesse aproximar mais o meu ser do precipício de emoções de emoções involuntárias que nesse momento gritavam por consumir tudo de você, desde o seu cheiro até os seus lábios e palavras. 

E então, presa em seus braços eu pude sonhar mesmo acordada com o alto da montanha e com o nosso tempo sem disfarces. 

 

TIME IN DISGUISED - KINGS OF LEON

Atração cega, reação em cadeia
O que você tem é meu
Hera persa espalhando-se amplamente
Cinzas deixadas para trás
Venha um pouco mais perto, venha um pouco
Mais perto agora da borda
Os ventos estão soprando, o fogo brilhando
Dançando na sua cabeça

Grande ocasião conversa
Ilumine a sala lotada
Ninguém sabe para que lado estamos indo
Mas chegaremos lá em breve
Corra da montanha, envenene a fonte
Só para ter paz de espírito
Atrás do beco, eles parecem se recompor
Todas as pessoas de sua espécie

Feche os olhos e o que você vê?
É um homem ou uma máquina mascarada?
É o mundo ao qual pertenço ou apenas uma sombra de luz?
É só hora disfarçada

Chegada tardia congregada apenas de passagem
Jardim da pradaria endurecido pelo frio
Esperando aqui por voce
Então chegue um pouco mais perto, chegue um pouco mais perto
Mais perto agora da borda
Distração ousada em ação
Indo onde você é conduzido

Feche os olhos e o que você vê?
É um homem ou uma máquina mascarada?
O mundo ao qual pertenço ou apenas uma sombra de luz?
É só hora disfarçada

Venha um pouco mais perto ... Venha um pouco mais perto
Mais perto agora da borda
Os ventos estão soprando, o fogo brilhando
Dançando na sua cabeça

Feche os olhos e o que você vê?
É um homem ou uma máquina mascarada?
O mundo ao qual pertenço ou apenas uma sombra de luz?
É só hora disfarçada

Venha um pouco mais perto, venha um pouco mais perto





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