Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 31
Entre pais e filhos




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P.O.V Narrador

Rose mal conseguiu dormir, pela ansiedade que sentia. Precisava sair da enfermaria o mais breve possível, mas foi impedida por uma Madame Pomfrey irritadiça. Ela não deixou a grifinória sair da cama enquanto não comesse uma sopa com vegetais, para revigorar a saúde. Mas, felizmente, Rose não precisou ficar muito tempo na ala da enfermaria. Pode voltar para as aulas, mas seu plano não era ver qualquer aula pela tarde e sim, encontrar Leon, onde quer que ele estivesse.

Ela entrou sorrateiramente no Salão Comunal da Grifinória. Para sua sorte, nenhum aluno a vista. Precisava apenas trocar de roupa e pegar sua mochila, para fingir que iria para as aulas.

Desceu as escadas do salão rapidamente, saindo pela porta do retrato da Mulher Gorda e seguiu diretamente para o Salão Principal, na intenção de seguir com sua rotina diária e tentar saber onde Leon poderia estar. Com certeza, os alunos deveriam estar falando sobre isso. Ela não se atreveria, é claro, ir até as Masmorras para procura-lo, afinal, ele poderia não estar lá. Devia estar detido em algum canto daquele castelo. Ou talvez, estivesse a caminho de Azkaban. O que seria muito bem feito. Ou estaria em julgamento no Ministério. Eram tantas possibilidades que Rose conjecturava que não percebeu que esbarrou em algo sólido.

— Wow, priminha, cuidado ai - Alvo a fitou com seus olhos verdes brincalhões, segurando-a pelos ombros.

Rose piscou algumas vezes, focando a visão.

— Alvo, preciso falar com você, urgente! - ela disse e olhou para os lados. Só havia um fluxo de alunos no térreo, indo para os jardins e passando por eles sem nota-los.

— Comigo? Mas, por quê? - ele franziu o cenho - Mas, que bom que achei você. Scorpius soube que você recebeu alta e estava te procurando...

— Não tenho tempo pra isso! - Rose interrompeu abruptamente, puxando Alvo pelo braço, para que saíssem do corredor para o gramado, do lado de fora - Escuta, eu preciso saber onde está o Leon?

— Que? Está louca? - Alvo exclamou, com um olhar exasperado.

Rose o fitou com um olhar repreensivo. Mas, já era tarde. Alguns alunos olhavam para eles de forma curiosa.

Rose puxou o primo pelo braço com força, guiando-o pelo jardim.

— Rose, para, espera aí! - Alvo tentou se desvencilhar das garras da prima, mas parecia que ela havia adquirido uma força excepcional - Para de me puxar e me escuta!

Ele a puxou para si, deixando-a frente a ele. Rose respirava profundamente, com as narinas dilatadas.

— Eu não posso esperar, Alvo. Eu preciso saber...preciso saber se o que Leon disse era verdade...que ele e Scorpius mataram uma trouxa.

Ela sentia-se desesperada, tentando negar a si mesma que aquilo poderia ser uma possibilidade.

— Se acalma ruivinha, ok? - Alvo pediu, delicadamente e puxou as mãos da prima, fazendo carinho - Eu tenho certeza que Scorpius não fez nada disso. Ele não faria tal coisa...

— Mas, por que Leon iria mentir sobre isso? - Rose insistiu, com o coração apertado.

— Para desestabilizar você. Olha como você está - ele gesticulou - Está quase chorando por causa de uma mentira.

— Por isso preciso falar com Leon. Quero confronta-lo, quero torcer seu pescoço...

— Ei, ei, calminha leoa - Alvo puxou as duas mãos dela, prendendo seus pulsos - Você vai ficar aqui comigo. Não vai se aproximar daquele garoto mais. Ele é doente, sabia? Vai te fazer mal. E se ele fizer isso, arranco as tripas dele.

Rose começou a rir, então. E fungou ao mesmo tempo, enquanto Alvo a fitava com um sorriso satisfeito.

— Você faria isso por mim? - ela perguntou.

— Sim, claro que sim. Você é parte da minha família, mesmo sendo muito louca - Então, recebeu um chute na canela - Aí, Rose, isso doí.

— Você que começou - ela acusou.

— Eu só estava brincando, sua chata - Alvo disse, fazendo beiço.

— Bom, quero que solte minhas mãos agora - ela tentou se desvencilhar.

— Está louca? Não vou deixar você sair por ai, explodindo tudo...

— Algum problema?

Rose virou a cabeça para trás e pode ver Scorpius, com as mãos dentro dos bolsos da calça social preta, com uma camisa branca e a gravata verde da casa da Sonserina. Ela engoliu a seco, não conseguindo controlar seus próprios sentimentos em relação a ele.

— Essa jovem está sendo contida - Alvo disse, em tom brincalhão - Parece que ela quer colocar as mãos em Leon, para surra-lo.

Rose o fitou com um olhar incrédulo e seu primo apenas anuiu com a cabeça. Ao que parecia, Alvo não queria causar mais transtornos com a revelação de Leon, o que parecia ótimo. Rose não queria ainda falar com Scorpius sobre isso. Custava a acreditar que era tudo verdade de Leon.

— Ah, sim? - Scorpius disse, em tom debochado - Eu adoraria fazer o mesmo, mas soube pela Minerva que ele foi levado para o Ministério. Vai ser interrogado.

Rose bufou, um pouco decepcionada. Queria questiona-lo antes que ele se fosse, mas talvez, precisasse fazer isso com Scorpius. Mas, de alguma forma, ela não tinha coragem de fazer isso. Era como se questiona-lo fosse a prova de que não confiava nele. E ela queria confiar.

— Bom, uma pena mesmo - Rose disse, tentando manter a voz calma - Agora quer me soltar, quatro olhos?

— Quatro olhos? - Alvo disse de forma estridente, sem solta-la - Quatro olhos? Como se atreve sua fedelha...

— Ei, ei, calma aí - Scorpius interveio, puxando Rose pela cintura. Ela tentou se soltar e Alvo, é claro queria revidar quanto à provocação da prima, tentando agarra-la novamente, mas Scorpius colocou Rose atrás de si e ela aproveitou a chance para ficar escondida atrás dele.

— Não adianta ficar defendendo essa peste - Alvo retrucou.

— Peste? Eu? Você que é - Rose replicou, mas rindo por dentro. Estava se sentindo estranhamente aliviada, apesar de toda a tensão. E se recostou as costas de Scorpius. Ele tinha temperatura tão quente e reconfortante. Ela sentia que poderia ficar assim o dia todo.

— Não chame sua prima de peste - Scorpius defendeu, mas parecia rir - Você dois precisam parar de ser duas crianças.

Rose se afastou dele, um pouco ofendida, mas não pode deixar de sorrir. Era verdade, ela e Alvo eram duas crianças.

— Ok, sou uma criança. E a criança aqui vai comer alguma coisa no Salão Principal. Tchau - Rose foi se afastando, voltando para o corredor, mas não foi muito longe, sentiu uma mão envolver sua cintura. Olhou para cima para ver Scorpius ao lado dela, com um sorriso enviesado - Não te convidei.

Passos ecoaram e Alvo se pôs do outro lado, com os braços cruzados e seguindo eles.

— Eu estou me convidado. E vou convidar você para tomar café na minha mesa, o que acha?

— Não quero ficar no ninho de cobras - ela rebatou.

Isso não pareceu desencoraja-lo.

— Então, eu vou até a mesa dos super corajosos e benevolentes - ele alfinetou.

Alvo gargalhou.

— Está mais para os heróis que acham que são os melhores.

— Vocês dois são insuportáveis - Rose resmungou.

— E por isso mesmo que vamos ficar com você hoje - Scorpius disse, sem solta a cintura dela - Vem, vamos comer alguma coisa.

Rose os acompanhou e como prometido, os dois ficaram na mesa da Grifinória. Lily e Hugo já estavam lá, e fizeram muitas perguntas a Rose, quanto a sua saúde. Rose se sentiu em paz e bem com sua família. E ainda mais por Scorpius não deixar de ficar ao lado dela. Ela só desejava ficar em paz, mas em seu intimo, sentia algo ruim estava prestes a acontecer.

*

No Ministério da Magia

Harry olhava para o rapaz que recusava a colaborar em suas respostas. Leon Willow, de dezessete anos, aluno de Hogwarts, era filho de um redator do profeta diário, John Willow. A mãe do garoto havia falecido dois anos atrás, devido a causas naturais. Nada indicava que o rapaz poderia ser capaz de fazer certas coisas. Mas, ele parecia estar aliado a Adrian e aos Dragões. Harry não pode deixar de sentir pena do garoto. Algo devia ter acontecido para ele ser seduzido pelas artes das trevas, mas Harry não deixaria isso ofuscar seu julgamento. Aquele rapaz teria que responder por seus atos. E segundo Draco Malfoy, Leon e seu filho, Scorpius, estavam envolvidos no ritual e na execução de um trouxa.

— Conseguiu alguma coisa com o garoto? - Hermione perguntou, ao ver Harry deixar a sala de interrogatório.

— Nada. Ele simplesmente se recusa a falar. E o incidente na escola, quanto a afogamento de Rose. Ele diz que não causou nada, que foi um acidente, mas eu duvido disso. Malfoy disse que apenas deixou que a culpa sobre o assassinato recaísse sobre ele, para proteger seu filho, mas que viu Leon e Adrien naquela noite em questão.

Hermione anuiu com a cabeça, pensativa e com a expressão preocupada.

— Teremos que chamar Scorpius para depor, Harry. E isso esta me deixando nervosa.

— Eu sei - Harry assentiu, passando a mão pelo rosto, com a barba por fazer - Mas, vamos descobrir a verdade. Também, não desejo condenar um jovem com Leon Willow a Azkaban. Algo deve ter acontecido. Sabe se o pai dele está vindo para o Ministério?

— Sim, ele está a caminho. Vai interroga-lo? - Hermione perguntou.

— Eu preciso. Quero compreender as motivações de Leon para o que fez e nada melhor do que conhecer o pai dele. A família Willow não tem nenhuma relação com Voldemort e com a segunda guerra bruxa, mas preciso entender porque aquele garoto fez o que fez, para ajudar Adrien.

Hermione assentiu, ainda mergulhada em seus próprios pensamentos.

— Confio em você para isso, Harry. Você sempre teve uma boa intuição.

— Apenas espero estar certo dessa vez. Eu não quero condenar um garoto a Azkaban.

Hermione concordava com essa atitude e por isso teve uma ideia.

— E se ele for culpado, Harry? - Ele retesou o maxilar, parecendo tenso - Sei que há essa possibilidade, mas podemos ajuda-lo. Ajudar garotos como ele que devem ter sido envolvidos por Adrien. E se ao invés de colocarmos esses jovens em Azkaban, não colocarmos eles em um local de recuperação? É claro que terá aurores vigiando o lugar. E terá aulas sobre como lidar com a própria magia e aulas de ética. Podemos recuperar esses jovens, Harry.

— Você está tentando copiar o modelo de reformatório trouxa? - Harry indagou e sorriu - Você é brilhante, Hermione.

Ela corou, sorrindo sem jeito.

— Bom, parece que então você concorda com a minha ideia.

— É claro que sim. E podemos tentar o mesmo por todos que estão sendo enganados por Adrien. Podemos ajudar a todos eles. Até mesmo Adrien.

Hermione o fitou descrente.

— Eu não sei Harry. Adrien faria de tudo para passar confiança, para repetir os mesmos crimes. Ele precisa ser contido, para o próprio bem da comunidade bruxa e para o mundo trouxa.

Harry suspirou.

— Tem razão...eu só...bom, queria que houvesse uma solução para ajudar a todos. Azkaban é um lugar horrível, mesmo sem dementadores.

— Se isso é uma indireta Harry quanto a prisão, estou tentando fazer muitas melhorias.

— E está fazendo um trabalho excelente - ele a parabenizou.

— Bom, você é um dos poucos que acredita em meu trabalho. Outros bruxos dentro do Ministério estão dizendo que eu irei afrouxar as leis de mundo bruxo, apenas para ajudar criminosos. Por Merlin, como eles podem ser tão maliciosos em seus julgamentos?

— Infelizmente, até Kingsley teve sua cota de sangue puros que querem ditar as regras e voltar a Idade Medieval. Bom, eu preciso estar preparado para quando o pai de Leon chegar. Vou ficar na minha sala.

— Sim, vá Harry. Até mais tarde.

Fora do Ministério, Draco Malfoy havia sido liberado das acusações depois de um julgamento e uso da veritasserum, por insistência de Harry. Ele poderia não gostar do auror, mas ao menos, tentou ajuda-lo da melhor maneira possível. Ele apenas esperava que seu filho pudesse ser ajudado. Tinha certeza de que ele era inocente, mas não estava lá para testemunhar isso, afinal, encontrou o trouxa morto no final do ritual macabro que Adrien fez, usando o sangue daquele inocente para recriar uma magia negra nefasta.

Apenas não conseguia compreender onde havia errado com seu filho. Talvez, ter sido super protetor e exigente tivesse feito o garoto se afastar dele. Esse era o problema, entre pais e filhos. Ele teve problemas com seu pai, Lucius, a vida toda. E como não teve uma boa figura paternal, provavelmente não deu uma boa educação para Scorpius.

Ao chegar à mansão Malfoy, foi recebido por Astória. Apesar de estarem em processo de divórcio, ela o ouviu e o ajudou no que pode.

— Não pode se culpar por isso, Draco - ela disse, servindo chá para ele, na sala de estar, com o uso da varinha - Nós fizemos o que pudemos para Scorpius. Tenho certeza que ele deve ter sido enganado pelos amigos e que no fim, não fez nada a ninguém. Ele não faria mal, nós o ensinamos a respeitar os trouxas.

— Eu sei - Draco disse, passando a mão pelos cabelos, exaurido. Parecia que ele ainda conseguia sentir o ar acre e úmido de Azkaban e se sentia sujo, como se a imundice daquela prisão tivesse se infiltrado em seus ossos - Mas, ele até negou estar envolvido com a morte daquele trouxa, mas Tory, ele estava revoltado, me acusando de ser hipócrita. Que no meu tempo, eu tinha feito coisas ruins e que o que ele fizesse, tinha a relação com ele e não conosco. Eu fiquei apavorado. E quando as acusações vieram a tona, devido a fato que me viram aos arredores daquele vilarejo, eu me entreguei. Eu não poderia deixar Scorpius ser levado para Azkaban.

Astória assentiu, com os olhos marejados.

— Você fez o certo. Tenho certeza que o julgamento do nosso filho será feito de forma correta. Você confia em Harry Potter para isso?

— Me custa falar que confio, mas sim, eu confio nele. Ele está tão preocupado quanto eu com a situação e gosta de Scorpius. Acredita nisso? Ele tem afeição pelo meu garoto. Quem diria que em algum dia, eu e Potter teríamos uma espécie de aliança.

Astoria sorriu para ele.

— Tudo vai correr bem, Draco. Você vai ver. Nós vamos passar por isso, como uma família.

Draco anuiu com a cabeça, comovido que sua ex-esposa ainda queria que eles fossem uma família. Mesmo os dois não desejando permanecerem casados, ainda havia a amizade que os unia. E era isso que importava.


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