Headle escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 9
Eu nasci preparada


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo de Headle. Desfrutem ♥



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A dor que Sara sentia era intensa, Heather gritava por ajuda enquanto a perita sangrava no chão. Com as mãos pressionava o abdômen no local da ferida. Greg foi o primeiro a chegar, o paramédico de dentro da ambulância em seguida se recompôs. O motorista da ambulância também desceu para atender. Enquanto acudiam Sara, a morena não soltava a mão de Heather.

— Você se jogou na frente, podia ter sido atingida. – Sara falou baixo e com dificuldade, devido a dor e o sangramento. 

— Eu tinha que tentar te salvar. – Os olhos da Heather ficaram mareados, Sara nunca havia visto ela chorar. – Me desculpa por não ter conseguido. – Sua voz era de culpa.

— Você está bem, isso que importa. 

— Você também vai ficar.

Sara perdeu a consciência em seguida. 

Às pressas a ambulância ia com Sara e Heather, que também estava fraca, para o hospital. O trajeto fora difícil, no meio do caminho, devido a fraqueza e aos maus tratos que havia sofrido em cativeiro, Heather também acabou perdendo a consciência.

Sentia-se zonza. Abriu os olhos com dificuldade, a visão estava meio turva. Logo logo tudo começou a ficar mais claro.

— Hey, olha. Ela acordou. – Era a voz de Greg.

— Bem vinda de volta. – Julie sorriu para ela.

— Que susto você nos deu. – Foi a vez de Nick.

Todos tinham face aliviada ao vê-la, ainda estava confusa e procurava um rosto que ainda não havia visto, uma voz que ainda não havia ouvido. Olhou para os lados e não encontrou. Greg então se aproximou.

— Ei Sarinha, como você está?

— Quanto tempo eu dormi? – Sua voz estava rouca e baixa.

— Uns dois anos. – Ele falou sério.

— Mas parece que o tiro foi há dois dias. – Ela riu e logo gemeu de dor, o movimento do diafragma a fez sentir dor.

— Eu disse que ela não cairia nessa. – Nick deu um tapinha na cabeça de Greg. – Você ficou apagada por uns três dias, passou por algumas situações, a bala pegou em alguns órgãos críticos e teve que ficar em coma induzido. As medicações foram tiradas hoje pela manhã. Viemos na expectativa de te ver acordada, e você já parece bem melhor.

— Pegaram quem fez isso?

— Sim, logo depois que você foi atingida, alguns policiais encontraram e renderam Smith.

— E Heather? Onde ela está?

Todos então se entreolharam. Isso fez o coração de Sara disparar e a pressão dela subir. Isso foi refletido nos aparelhos que controlavam seus parâmetros.

— Sara… – Julie se aproximou da sua amiga a pegando pela mão. – A Heather está bem na medida do possível, e está internada aqui no mesmo hospital. 

— O que aconteceu? – Ela disse rouca.

A última lembrança que tinha de Heather, era ela se jogando para cima de si, para tentar salvá-la do disparo. Ela estava fraca e machucada, mas não parecia tão grave, já devia estar recuperada.

— Nicolas Smith bateu muito em Heather e também a estava envenenando, ele claramente achou que não ia ser pego e que poderia matá-la lentamente. Quando ela se jogou em cima de você o baço dela que já estava comprometido se rompeu. Alguns minutos depois de você ser atingida ela caiu inconsciente.

— É muito grave? Eu preciso ver ela. – Ela tentou se levantar, mas a dor era muito forte, ela acabou caindo para trás na cama novamente.

— Sara, assim você não ajuda nem ela e nem você mesma. – Nick a repreendeu.

— O estado é crítico sim, ela ainda precisa de oxigênio para respirar, mas ela está consciente, pergunta de você o tempo todo, e está fazendo a vida das enfermeiras um verdadeiro inferno. – Julie riu. – Estamos nos revezando para cuidar de vocês. Morgan está com ela agora, e eu estava com você, Grissom tem nos ajudar a revezar os turnos também.

— Vocês estão cuidando da Kessy?

Sara perguntou surpresa. Estranhou. Ela sabia, ainda que aceitassem tranquilamente seu relacionamento com ela, que eles tinham uma visão própria sobre ela, e principalmente, que não gostavam dela.

— Ela é importante para você, não é? – Greg sorriu. – Cuidamos de você e de quem é importante para você também. 

— Obrigada.

Ela estava realmente agradecida. Saber que seus amigos não a deixaram sozinha, e que a acolheram, era muito importante para ela e a deixava muito mais aliviada.

— Tem um jeito de você nos agradecer. – Nick sorriu para ela. – Você se cuidando, e ficando tranquila. Prometo que assim que o médico liberar, a gente dá um jeito de vocês se verem. Logo vou lá avisar para ela que você já acordou, ela estava na expectativa. Talvez assim, agora ela se aquieta um pouco. – Nick rosnou. – Aliás, como vocês duas dão certo? Ambas mandonas e teimosas, vão acabar se matando.

Sara riu e logo sentiu a dor no local da ferida novamente.

— Não me faz rir. Isso dói.

Algumas semanas depois, Sara entrava em um quarto de hospital, abria a porta com delicadeza. Fechou a porta e constatou que Heather ainda dormia no leito. Como se sentisse a presença dela, a ruiva abriu os olhos verdes.

— Não queria te acordar. – Sara sorriu.

— Você sempre me acorda.

Heather fazia referência às diversas vezes que dormiam juntas, e que Sara sempre acordava antes. Heather, com sono leve, acordava assim que Sara se mexia na cama. Sara pegou a referência na hora, e riu contida. Rir ainda doía.

— Eu vim aqui dizer que ganhei a corrida. Estou de alta. Hoje à tarde eu já posso ir para casa. 

— Eu fico feliz que esteja bem. Espero que logo eu também possa sair daqui. 

— Me disseram que você não anda se comportando direito. Sem tomar as medicações e não auxiliar no seu tratamento, vai ficar nessa cama muito tempo. 

— Odeio estar presa. 

— Exatamente por isso deveria ser mais colaborativa, o poder de escolha ainda é seu. 

Heather sorriu. Sara havia aprendido direito, mas não deveria usar contra ela. Ah, quando ela estivesse boa, lhe castigaria toda malcriação que fazia. 

— Eu vou descansar um pouco, mas venho passar a noite aqui contigo.

— Fique em casa, descanse. 

Sara não discutiria com Heather naquele momento. Claro que voltaria, mas não diria a ela que não ia a obedecer, não agora.

— Bom, eu só vim aqui te dar um oi. – Ela pegou a mão de Heather entre as suas e deu um beijo. – Eu preciso ir organizar minhas coisas, e assinar os papéis da alta. 

— Baby... – Heather a chamou com tom rouco, sua voz ainda estava fraca.

— Sim. 

— Metade das suas roupas já estão lá em casa, sua escova de dentes também, por que você não se muda de vez lá pra casa. 

Isso pegou Sara de surpresa. Preferia conversar sobre isso quando ambas não estivessem tão sensibilizadas.

—  Heather eu não sei se…

— É um teste. Não estou te pedindo em casamento, ainda, apenas dizendo para darmos um passo. – Heather sorriu. – Mas se você não estiver preparada.

Pela cabeça de Sara, muitas coisas passavam em sua cabeça. O primeiro beijo no sofá, o modo brusco com que se afastou. Duas semanas sem saber o que fazer, tendo que admitir seus gostos e suas atrações, ignorando totalmente a Heather. Chegar na casa de Heather, admitir uma curiosidade, uma vontade, um prazer, não foi fácil, pelo contrário, foi difícil e doloroso. A culpa e o medo de se aceitar, de aceitar uma nova versão de si mesma. O sexo, quente, diferente, cheio de sensações que jamais havia experimentar. A paciência de Heather, o amor e o carinho ao longo desse processo de autoconhecimento. Quantas vezes havia fugido da casa dela com medo do novo? Quantas vezes havia se arrependido? Por quanto tempo ela escondeu seu relacionamento por medo e vergonha? E nesse tempo todo Heather estava ao lado, paciente. O quanto já haviam vivido juntas? Aprendido uma com a outra? Precisou quase perder ela para entender o quanto a amava, o quanto precisava dela, o quanto a queria para si. Ela sempre soube a resposta, ela só não queria enxergar. Mas agora ela enxergava e com muita clareza.

— Kessy, eu nasci preparada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥



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