Filhos da Noite escrita por Scar Lynus


Capítulo 1
Capítulo 1 - Lilith


Notas iniciais do capítulo

Lilith é nossa primeira narradora

O capitulo ainda será revisado.



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Esse castelo é muito extenso pro meu gosto, literalmente colossal. No primeiro mês trancada nesse local, perdi as contas de quantas vezes havia me perdido e de quantos locais sem sentido haviam nele. – “Por que construir dessa forma?” – Eu pensava demais ao passar esse corredor todos os dias, ficávamos no mesmo andar e apenas a dezesseis portas de distância, mas, mesmo esse espaço era gigante.
   Meu mau humor cessou quando abri a porta de madeira pesada, observei o cômodo escuro, iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela, grossas e pesadas cortinas estavam predas por elos de metal e no centro daquele quarto estavam meus queridos, meus amores... Estendi os braços e tomando ambos.

— Boa noite meus queridos Adamas e Nefertari! – Eu sorria com os bebes no meu colo. – Estão entediados assim como eu? Vamos fazer algo interessante fora dessa prisão!

Eu tinha um passe livre completo com essas crianças, tudo me era permitido dentro do castelo e em seus arredores. Minha preciosa Nefertari, a mais linda das meninas, com seus cabelos dourados e ondulados, seu lindo sorriso toda vez que olhava pra mim. – “Ninguém resistiria a minha beleza destruidora, muito menos um bebe.” – E meu querido Adamas de olhinhos vermelhos e cabelos negros. Eu mataria por essas crianças sem pensar.

— Lady Lilith. – Um dos conselheiros de Katrien fez uma reverencia ao passar por mim. Era maravilhoso ter o meu cargo, só estou abaixo da rainha e não preciso encarar nenhuma reunião irritante e muito menos ver outros nobres velhos.

Segui com eles para o imenso jardim interno que mais se assemelhava a uma pequena floresta. Repleta de arvores escuras com suas folhas vermelhas ou roxas por toda a extensão, a grama repleta dessas folhas. Esse era o melhor local para deixar a pequena dupla brincar à vontade enquanto ainda fosse possível, logo Adamas não mais viria para cá e Nefertari teria de se acostumar ao ritmo do irmão mais velho.

— É tão injusto não haver duas de mim. – Falei levantando-a no ar, a pequenina apenas sorria e babava. – Nojenta. – Falei limpando sua boca. – Vamos dar uma voltinha! E você fique paradinho aí! – Ordenei para o pequeno que pareceu entender me encarando.

Em segundos eu já estava no ar com a pequenina princesa em meus braços, voar era maravilhoso, eu tenho tanta pena dos humanos e outras criaturas que não podem desfrutar desse prazer. Rodopiando entre as torres e manobrando ousadamente com a criança eu fazia minha própria festa, Nefertari apenas sorria e gritava empolgada. - “Sim querida eu sou incrível!” – Fiz minha ultima manobra entre dois galhos retorcidos antes de pousar, havia sido perfeito e uma pena que ninguém velho o suficiente para lembrar estivesse vendo.
Retornei ao chão vermelho encontrando um bebe emburrado e pronto para chorar.

— Nossa como você é ciumento! – Deixei-a no chão para carregar ele que já estendia os braços. – Precisa aprender a dividir as coisas com sua irmã, meu príncipe. – Comecei a explicar balançando-o. – Você é novo demais pra pensar que “Eu ou qualquer outro ser pertence a você”! – Ele não entendia nada obviamente, contudo, minha parte é educa-lo direito!

— Lady Lilith! – Uma criada me chamou com a voz tremula próxima ao portão.

— Sim? – Fiz meu rosto mais maligno possível em resposta, tenho apenas doze horas com meus bebes e ainda tem quem me interrompa?

— A rainha solicitou que você vá até a sala do trono. – A mulher continuava assustada. – Ela quer ver os filhos dela.

— Ouviram queridos! Não podemos deixar a Rainha esperando, certo?! – Ambos já estavam em meus braços enquanto eu caminhava, resolvi fazer uma pausa ao lado da criada. – Eu memorizaria bem o jardim se fosse você, já que agora tenho um motivo pra jantar mais tarde! – Não deixaria essa interrupção sair impune. O rosto dela de terror, a respiração se alterando era tudo que eu queria ver, a pele empalidecendo, as veias sendo ressaltadas... Até os bebes no meu colo sabiam que ela era o jantar.

Caminhei pelos corredores mais uma vez e agradeci pela mente superior que projetou um castelo com elevadores. Nunca foi um segredo que odeio escadas e andar com bebes não me permitia voar sem rumo a todo momento.
    O elevador era uma construção enorme de metal, uma sala redonda com uns de distância entre as paredes.

— O que será que a mamãe quer hein? – Perguntei retoricamente a Nefertari. – Nem ideia? Eu também... E você boca aberta? – Adamas girava a cabeça tentando olhar em volta com sua boquinha aberta, era tão fofo que dava vontade de morder.

O elevador parou praticamente na sala do trono, quase o ultimo andar da torre. A esquerda havia a entrada da sala de guerra de Katrien, enquanto a direita ficava a sala do trono, ali as pedras eram mais leves e as janelas ainda maiores, a luz da lua era grandiosa lá dentro. Mais uma das grandes salas do castelo, um tapete grená que ia da porta ao pé da escadaria do trono, doze degraus esculpidos em mármore negro, um trono enorme, adornado com ouro, a cor predominante era vermelho no couro e os apoios de mão que se pareciam com dragões, a palavra linda mal fazia jus a perfeição da peça.
  Sentada no trono estava ela, Rainha Katrien com seu maravilhoso vestido cor de sangue que combinava com suas unhas, ouro enfeitava seus dedos e seu pescoço, joias com pedras preciosas, o cabelo escuro preso em um penteado estonteante, ela era de tirar o folego, assim como eu.

— Minha Rainha. – Fiz a melhor reverencia possível com ambas as crianças. – Queria vê-los?

— É claro! – Ela vinha ansiosa ao nosso encontro, pude ver que ela estava descalça novamente. Nossa rainha detestava usar sapatos. – Minhas preciosidades. – Ela estendeu os braços e eu instintivamente entreguei Nefertari.

— Chega de velhos babões e discussões? – Perguntei caçoando do seu pequeno conselho.

— Quem dera eles não fossem voltar tão cedo. – Ela suspirou. – Quer trocar de lugar?

— Nunca. – Falei convicta. – Meu lugar é com meus bebes! – Falei e ela fez careta. – Não me olhe assim, eles me amam!

— Claro, eles te veem mais que todos! – Ela me respondeu, claramente estava zombando.

— Foi você quem me pediu pra cuidar deles. – Me defendi. – É um efeito colateral se apaixonar por mim!

— Deve funcionar nele. – Ela apontou Adamas. – Afinal ele é homem. – Rimos juntas.

— Ele será decente! – Defendi meu pequeno alisando seus cabelos. – Eles são o futuro! – falei orgulhosa levantando-o para a luz da lua.

— Entendi... Me deixa carregar meu filho antes que ele esqueça o rosto da mãe. – A rainha o tomou dos meus braços, segurando-o junto a irmã. Não demorou mais que dez segundos para que ele começasse a chorar.

— Ora ora... – Falei segurando o riso. – Parece que meu pequeno dragão tem uma mãe favorita!

— Você os guarda na barriga por meses, ele vem ao mundo através de você... E ele te troca pela primeira mulher que toca os seios... – Ela fingindo desapontamento o devolveu a mim. – Homens são todos iguais.

— E você continuará sem passar frio pela eternidade. – Falei para ela.

— Porque sempre estou coberta de razão! – Vangloriou-se. – Mas essa aqui sabe, não é? – Falou beijando a bochecha gorda de sua filhinha sorridente. – Mamãe ama tanto vocês dois.

— Disso ninguém pode duvidar. – Falei beijando a testa de Katrien. – Eles têm uma família disfuncional. – Admiti.

— Mas não sem amor! – Ela completou. – Afinal se ter uma mãe é bom... Duas é ganhar um belo presente do universo.

— Ainda mais nós duas! – Eu sei meu valor e o de minha “irmã”. – Não tem nada no mundo para comparar!

Passamos horas de nossa noite juntas, nos duas e nosso casal de filhos na sala do trono, apreciando a lua, mimando e brincando com essas duas criaturinhas perfeitas. Eles seriam tão mimados que na adolescência seriam um belo problema, mas, eu não seria quem sou se não soubesse contornar indisciplina.
   Faltando três horas para o amanhecer eu pedi para ela ficar com eles por um tempo. Me lancei da janela, abrindo minhas asas e planei graciosamente até o jardim onde dois ghouls lacaios montavam guarda para a criada humana não fugir.

— Já teve tempo de memorizar o local! Estou te dando mais dois minutos para correr. – Falei assim que pousei ao lado dela.

— Por favor senhora. – A mulher já chorava, lagrimas incessantes desciam de seus olhos junto a nojenta secreção nasal. – Eu não quero morrer.

— Você veio para o castelo na esperança de ser uma criada e então se tornar vampira! – Lembrei-a. – Por um infortúnio do destino você vai virar jantar! Agora CORRA DE MIM!!! – Gritei com ela assim que meus olhos brilharam, emanando minha aura esverdeada.

A criada disparou, correndo entre as arvores, pisando de forma pesada, nem lembrava de se esconder, apenas fugia, correndo aleatoriamente pelo espaço.
  Comecei a voar, passando sobre as arvores, eu sabia onde ela estava obviamente, mas, quanto mais medo ela sentia, mais interessante esse jogo de gato e rato ficava. Desci em um rasante no meio das arvores, galhos foram quebrados e folhas foram tiradas do chão devido a deslocação do ar.
   A respiração pesada dela era forte, o desespero dela me atraia assim como o sangue atrai um tubarão em alto mar. Me aproximei devagar, sem realizar sons, voando cada vez mais baixo e parando em um dos galhos, observando-a de cima, aguardei minutos ali, esperando até que a tranquilidade alcançasse seu corpo e então, ela suspirou.
Foi nessa hora que a mordi, um voo rápido demais para sentir ou ouvir sendo humana. Rapidamente estávamos no ar enquanto eu bebia de seu pescoço, o medo voltara pra ela, fosse por mim ou pela altura... Eu não me importava, o sangue dela era doce e quente, tudo que eu precisava estava em suas veias, das quais eu estava tirando tudo. Chegamos quase à torre mais alta quando terminei minha refeição, a lua estava ajudando a formar o fundo perfeito atrás de nossa silhueta no ar. – “Seria uma linda pintura”. – Pensei antes de soltar o corpo dela ali do alto.

— Bons sonhos querida. – Falei observando a queda. – Que pena... Tão bonita.

Retornei a sala do trono, entrando pela mesma janela que havia usado para sair. Mas, Nem Katrien ou os bebes estavam ali. Segui o cheiro, ainda estava muito forte e com isso a favor comecei a voar pelo castelo, desviando de candelabros e outras gárgulas, eu estava em uma velocidade que seria perigosa para qualquer individuo que surgisse no meu caminho.
   Corredores escuros infinitos. – “Por que tantos corredores iguais?”— A rainha e eu teríamos uma conversa assim que meu temor acabasse. Acabei na porta do quarto deles, a qual quase derrubei ao abrir e felizmente pude ver Katrien lá dentro ao lado do berço da dupla, essa visão me aliviou.

— Não precisa derrubar a porta. Tem uma maçaneta. – Ela me lembrou enquanto eu estava pousando ao seu lado.

— Você sumiu levando meus tesouros! Como achou que eu iria reagir? – Perguntei olhando as criaturinhas preciosas do berço, ainda acordados.

— Eu só queria lembrar de como é ver eles aqui, deitados, seguros... – Ela falou com pesar. Não era justo que ela tivesse de passar por tudo isso, pressão, expectativas, gerenciamento... A lacuna que Dracula havia deixado no mundo vampírico era gigantesca e agora ela tinha de arcar com todos os problemas sozinha. Por isso eu estou aqui, por isso eu sou a responsável pelos filhos dela e por isso eu jamais irei abandona-la.

— Oh Katrien... – Abracei-a. – Vai passar, você logo poderá visita-los todas as noites e passará longos períodos com eles. – Tentei reconforta-la.

— Malditos Belmont! – Proferiu ela ao se lembrar de Edgar Belmont o responsável pela morte de Dracula. Edgar foi morto poucas horas depois do antigo Rei dos Vampiros, porém, ele havia concluído seu trabalho de uma forma exemplar. Até o momento ninguém em nosso mundo tinha ideia de como trazer nosso Rei de volta, mas, tínhamos uma certeza, uma certeza que jamais iria mudar.

— Iremos expurgar todos eles do mundo querida. – Falei com fé. Fé plena de que eu, Katrien e nossas crianças iriamos fazer com que aquela família sofresse, não importava o tempo, nós estaríamos lá para garantir que os Belmont nunca mais vissem o amanhecer.


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Notas finais do capítulo

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