Vacina escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esta fanfic pertence ao projeto Maio Weasley.



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Hermione sabia que, tendo sido criada em uma família trouxa, teria dificuldade em se adaptar à sociedade bruxa. Isso podia ser uma dificuldade às vezes no seu casamento, ainda mais tendo um marido sem muitas papas na língua, mas considerava que estava se saindo bem.

E, para ser sincera, não tinha pensado na questão até sua mãe vir falar com ela, em uma das vezes que levou Rose e Hugo para visitarem os avós. Hugo ainda passava a maior parte do tempo engatinhando, mas Rose crescia a cada dia mais, articulando frases com uma maestria surpreendente para uma garotinha de 4 anos de idade.

— Está tendo uma crise de catapora nas crianças do bairro — Jean Granger comentou, enquanto estavam a sós na cozinha, cuidando das sobras do jantar — Não sei como funciona a imunidade bruxa, mas imagino que Rose e Hugo já tenham sido vacinados?

Ela sentiu a espinha gelar e foi como se tivesse voltado a ser criança, sentindo a bronca que viria a seguir com sua falta de resposta.

Droga, ela tinha se esquecido completamente disso!

— Hermione! — sua mãe exclamou, pasma.

Era inaceitável, não só como mãe, mas também como filha de profissionais da saúde e grande apoiadora da ciência, ter se esquecido de um preceito básico da criação dos filhos.

— Eu me esqueci completamente disso — ela cobriu a boca com uma mão.

Às vezes viver no mundo bruxo era como estar à parte da comunidade, mas logo Rose frequentaria a escola e, é claro, exigiriam a sua carteira de vacinação. Mesmo que ela depois fosse para Hogwarts... E se acabasse transmitindo catapora para os alunos? Seria cômico, se não fosse catastrófico.

— Não há motivo para tanto pânico. Quais vacinas...? — Jean parou de falar ao ver a sua expressão — Não deu nenhuma vacina a elas? Nem a BCG na hora do parto?

— Mãe, eu dei a luz em um hospital bruxo! — sentiu-se na obrigação de lembrá-la — Os bruxos não tomam vacina.

— Mas meus netos tomam! Onde já se viu uma coisa dessas? — ela expirou indignada — Precisam da BCG, hepatite B, pentavalente, pneumocócica, VIP, rotavírus, meningocócica, tríplice viral, hepatite A e tetra viral.

Não tentou interrompê-la, pois sabia que seria inútil. Só podia esperá-la terminar de falar.

— Tem toda a razão. Eu vou resolver isso — ela concordou rapidamente.

— Posso falar com algum pediatra que eu conheço e marcar um horário — sua mãe sugeriu.

A mania de controle era hereditária.

— É melhor me passar o número e então eu vejo — respondeu.

Olhou por cima do balcão, que separava a cozinha da sala de estar, onde seu pai e Rony estavam com as crianças.

— Preciso lembrá-la de tudo. Por Deus! — Jean negou com a cabeça, voltando a sua atenção para os pratos.

Precisava se preparar psicologicamente para falar com o marido sobre o assunto.

Não tocou no assunto durante toda a visita. Chegaram em casa e puseram as crianças adormecidas em suas camas. Como ainda eram pequenas, não tinham quartos separados, dormiam juntos no quarto ao lado do deles, à portas abertas e sob vigilância de alguns feitiços. Hermione tinha tentado pôr uma babá eletrônica, mas não durou muito tempo nas mãos de Rony.

— Precisamos conversar — ela disse, enquanto preparavam-se para dormir.

Era impressionante como Rony sempre agia como uma criança que foi pega quando ela falava aquelas palavras.

— O que foi? — ele perguntou.

— Estava conversando com a minha mãe e... — ela desviou o olhar, pensando como iria abordar aquele assunto — Nós, nascidos trouxas, somos criados de uma forma um pouco diferente. Não temos magia a nosso favor, nem poções de reconstrução de ossos...

— Acho que eu prefiro ficar meses com o braço numa tipóia do que beber aquela coisa — Rony resmungou, destampando a pasta de dente.

— O ponto é — ela continuou como se não tivesse sido interrompida — que nós temos a nossa forma de nos curar e nos prevenir de ficarmos doentes.

— Prevenir? — ele a olhou através do espelho do banheiro, intrigado — Tipo evitar ficar doente? Sério?

— Isso! — Hermione exclamou, ajeitando-se na ponta da cama — Nós chamamos de "vacina". É como se fosse uma poção que evita que fiquemos doentes e, se ficarmos, evita que possa nos matar. As crianças trouxas precisam tomar para frequentar o colégio, para evitar que fiquem doentes e passem a doença para outras crianças. Eu sei que Rose ainda não está na idade de frequentar a escola e que não falamos exatamente sobre isso — ela pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha —, mas seria muito importante para mim se ela e Hugo fossem vacinados. Mesmo que nós bruxos sejamos mais resistentes, eu me sentiria mais segura com a saúde deles assim.

— Eu acho que não temos nenhuma poção que nos impeça de ficar doentes — Rony ainda estava surpreso — Caramba! Os trouxas são tão avançados com algumas coisas... Sem ofensas!

Ela revirou os olhos visivelmente, já estava acostumada com aquelas reações depois de 19 anos inserida no mundo bruxo.

— Por mim tudo bem — ele deu de ombros, enfiando a escova cheia de pasta de dente na boca.

Deveria contar a ele como as vacinas eram aplicadas?

Nah, era melhor deixar esse problema para a Hermione do futuro resolver.

— Então eu vou marcar com o pediatra que minha mãe me indicou — ela avisou — Pediatras são médicos que cuidam de crianças.

Se ele não estivesse escovando os dentes, provavelmente comentaria sobre a mania dos trouxas de ter uma especialidade para cada necessidade, quando os bruxos tinham apenas os medibruxos, sem nomes específicos.

Podia parecer cansativo, mas ela gostava. Amava cada defeito e qualidade do marido. Amava conversar sobre as diferenças entre os mundos trouxa e bruxo. Quando pensava que já sabia de tudo, Rony a surpreendia, e podia dizer que era recíproco.

No dia seguinte, pegou o telefone fixo e marcou uma consulta com o pediatra. Sempre que olhava para o telefone, a um canto da sala de estar, ria das vezes que Rony se assustava quando ele tocava. Agora, depois de 5 anos, ele estava mais acostumado, mas ainda era engraçado.

Estavam na sala de espera do consultório quando considerou prudente puxar assunto.

— Não se assuste — ela iniciou o assunto.

— Me assustar por quê? — ele não desviava os olhos da televisão, assim como Hugo, em seu colo.

— Nem todas as vacinas são dadas na boca, como se fosse poção — ela sussurrou, olhando na direção da recepcionista, que digitava sem parar no computador — Algumas são injetadas no braço, ou na coxa, no caso deles.

— Como injeta na coxa? — ele franziu o cenho, olhando para ela confuso.

— Com uma agulha.

A mudança de expressão dele foi rápida.

— Não!

— Não dói! — ela mentiu.

— Como não dói, Hermione? Vão espetar os nossos filhos! — ele exclamou.

Ela olhou na direção da recepcionista, então voltou-se para ele.

— É para o bem deles! — disse firme — Vai ser rápido. Sabe como criança é, caem da vassoura e se esquecem disso no instante seguinte!

Rony apoiou a nuca na parede atrás deles.

— Eu não sei como você me convence a fazer essas coisas — ele resmungou.

— Não precisa ficar, se não quiser — ela olhou para a frente, arrogante — Eu vacino Rose primeiro, então você fica com Hugo, e depois nós...

— Mione, eu fiquei na hora do parto. Não acho que tenha como algo ser pior do que aquilo.

Em defesa dele, ele não desmaiou.

Nem mesmo quando ela apertou a sua mão um pouco demais.

— Hermione e Ronald Weasley — a recepcionista chamou em um instante — O doutor está pronto para recebê-los.

— Já era hora! — Rony exclamou, levantando-se e recebendo uma cotovelada da esposa.

Se o pediatra estava pasmo com a carteira de vacinação inexistente, não demonstrou. Enquanto ele examinava Rose, Hermione pôde ver o móbile acima da maca infantil se mover sozinho. Arregalou os olhos na direção de Rony, que ficou com o rosto ligeiramente pálido.

Péssimo momento para ela dar os primeiros sinais de magia.

O médico não prestou atenção até erguer-se, terminando de examiná-la, então olhou na direção da janela e resmungou algo sobre friagem.

— Me desculpem, não sei como isso aconteceu.

Assim que ele fechou a janela, Hermione deu um olhar sério na direção de Rose, que gargalhava, e o móbile parou de se mexer.

— Certo, então vamos lá — ele guardou o estetoscópio no jaleco e indicou que Hermione se aproximasse para ajudá-lo.

Foi bem rápido. Rose estava distraída demais com a decoração da sala para se importar, mesmo depois que a agulha da vacina entrou. Já Hugo foi um pouco difícil, além de não parar quieto, ele chorou quando sentiu a agulha, e não foi fácil deixá-lo ser vacinado mais de uma vez.

— Como vocês são convencidos a passar por isso? — ele perguntou depois que saíram do consultório.

— Suborno — ela respondeu — Os pais costumam prometer sorvete depois da vacina. Até os meus pais.

Sendo dentistas, seus pais eram bem rigorosos em relação ao consumo de doces. Claro que depois que entrou em Hogwarts isso não fez a menor diferença, já que ela tinha autonomia para decidir o que comer.

— Vamos tomar sorvete? — Rose demonstrou interesse repentino na conversa.

— Não olhe pra mim, foi você quem disse — Rony sorriu para a esposa.

Ela suspirou, dramática.


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