Garota ou Basquete? escrita por SS Saibot


Capítulo 7
Capítulo 6: Sonhando alto


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Estavam no terceiro episódio de Jane The Virgin — a nova série preferida da Swan — quando Edward resolveu tocar no assunto que tanto o incomodava.

Desde que encerrara a ligação com Laurent, sua mente estava dando voltas e mais voltas. Parte dele já se ressentia com o que poderia escutar como resposta. Pretendia contar de forma convincente e soltar a informação aos poucos, mas quando percebeu, já havia falado de uma só vez:

— Laurent me ligou hoje. — Viu Isabella desviar a atenção da televisão e continuou:  — Ele disse que um time da liga nacional quer me contratar. Eles estão dispostos a me comprar por um valor absurdo e pagar a dívida da quebra de contrato com o Hunter.

O silêncio perdurou na sala por um instante — o suficiente para que ele começasse a se sentir incomodado —, antes que Isabella desse uma pausa no seriado. A mulher virou-se no sofá e depois de encará-lo por um momento, subitamente afastou as mãos dele para que pudesse sentar sobre seu colo.

Imediatamente os braços de Edward rodearam a cintura dela.

— Parabéns! Isso é muito bom, amor! Eu sempre soube que o seu potencial te permitiria alcançar tudo que você sonha.

Ela passou os braços em torno do pescoço dele e o segurou apertado por um longo tempo, dando um beijo em seu queixo ao se afastar.

— Obrigado, amor — Ele respondeu com a voz emocionada.

De fato, Edward sempre havia sonhado com o dia em que entraria numa liga nacional. Sua inspiração em astros como o M. Jordan e outros tão espetaculares em quadra, fizeram-no sonhar alto.

Isabella havia sido espectadora de primeira fila ao ver o empenho que ele tinha colocado naquele sonho adolescente de quadra em Detroit.

Edward pôs uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha e lhe deu um beijo na testa. Isabella o olhou com aquela expressão que ela tinha quando sabia que havia mais a ser dito.

— Mas não acho que você tenha me contado apenas para que eu o felicitasse. Diga para mim, Cullen, o que foi?

Às vezes, ele tendia a esquecer que Isabella o conhecia tão bem.

— Eu quero você. — respondeu, acariciando a reentrância do quadril dela.

Ela inclinou a cabeça para trás e riu.

— Bom, isso é ótimo, porque eu também quero muito você. Mas, estou me referindo ao basquete e essa proposta que recebeu.

— É uma boa oportunidade, mas...

Ela pressionou o dedo sobre a boca dele, impedindo-o de continuar falando e em seguida substituiu pelos próprios lábios.

— Então, está decidido. — Deu de ombros. — Você vai, Edward.

— Mas, eu não quero ficar longe de você, Bella.

— Eu sei, amor — Os olhos dela estavam brilhantes à luz da TV. — Também não quero.

Edward aproveitou esse momento para dizer o que vinha rondando sua mente há algumas semanas. Ele queria fazer a proposta de outra maneira, no ambiente diferente do sofá de seu apartamento, mas recebera aquela ligação de Laurent que mudara tudo naquela tarde e embora aquele cenário não parecesse perfeito, tudo o mais o era: a mulher por quem estava apaixonado, o pedido e o tempo.

— Então, case comigo.

Ele acompanhou enquanto a ideia passava através dos filtros mentais dela e era compreendida. Os belos olhos se arregalaram quando ela processou suas palavras. Então, abriu a boca.

— Não.

Edward pressionou os lábios enquanto o choque da negativa o dominava. Sua voz estava rouca quando a encontrou novamente.

— Você não quer ser minha esposa?

Isabella parecia além de aturdida, mas piscou mediante o que ele havia dito e sua expressão foi substituída por uma de raiva quando falou:

— Não seja tolo, Edward Anthony Masen Cullen. É claro que quero me casar com você! — Ela distribuiu uma série de beijos carinhosos pelo rosto dele, enquanto continuava a falar. — Sonho em ser sua desde antes de pensar na possibilidade de você ser meu.

A confusão que o dominou deve ter sido óbvia, porque Isabella continuou:

— Quero muito ser sua esposa, mas não acho que estamos no momento mais propício para isso. Você vai entrar em um time nacional e terá que se adaptar a uma nova dinâmica e uma equipe nova!

Edward suspirou.

— Não quero perder o tempo que poderíamos ter juntos com jogos internacionais, treinos muito mais pesados, viagens muito mais longas...

Ela riu suavemente, como se estivesse no caminho de convencer uma criança a fazer a coisa certa e parar de ser teimosa.

— Por isso mesmo. Eu não vou ficar aqui observando você abdicar e desperdiçar tudo isso por causa de mim. Além disso, não quero me casar às pressas. Quero uma lua de mel que dure pelo menos duas semanas e podemos esperar até o final da temporada, apressadinho. 

Ele suspirou, vendo que a certeza já brilhava nos olhos dela. Isabella Swan era impossível. Impossível.

— Se eu aceitasse, e eu disse se somente, pensei em te colocar na equipe auxiliar de lá. Você viajaria comigo e eu não precisaria me preocupar em sentir sua falta a cada segundo.

— Eu agradeço, amor, de verdade. Mas, não acho que seja apropriado. — Isabella balançou a cabeça. — Você já fez isso por mim uma vez e lembra como todo mundo da equipe ficava me olhando torto, achando que eu era uma vadia que você transava e que por isso tinha sido aceita para trabalhar com o time? Se repetíssemos isso agora, seria a mesma situação, só que teriam um pouco de razão, porque estamos mesmo namorando.

— Eu não me importo com o que pensam ou falam.

— Se importa sim — Ela riu de novo, beijando a ponta do nariz dele — Lembra daquela vez em que estávamos em Miami e Jasper ficou zombando porque você não conseguia me ganhar na disputa da cerveja e você quase entrou em coma alcóolico tentando me vencer?

Ele fez uma careta. Lembrava bem daquela ocasião e sempre que esquecia, tinha vídeos dele vomitando em roseiras e dançando de cueca no trampolim de uma piscina nas redes sociais para relembrá-lo. 

— Foi uma situação totalmente diferente.

— Que seja. — Isabella pontuou. — O que importa é que eu não me sentiria bem nessa situação. Detesto a ideia de ter um emprego privilegiado só porque meu namorado é um jogador famoso e muito quente da liga nacional. Além disso, gosto de trabalhar no Hunter e não quero viajar para fora do país com tanta frequência. Acabei de começar o doutorado e isso me deixará ocupada por algum tempo.

Edward a olhou por um minuto e ela não desviou o olhar, o verde escuro e intenso de suas pupilas, cavando um buraco de determinação nele. Céus, a mulher parecia mesmo decidida.

— Então, não vou aceitar a proposta deles — Ele afirmou. Tinham que colocar um fim àquela conversa para ele poder relaxar e se afundar no corpo dela.

Isabella estreitou os olhos para ele, comprimindo os lábios.

— Não seja bobo, Edward. Uma carreira profissional de sucesso só se constrói uma vez e você me terá para sempre. Eu posso lidar com um pouco de ausência se isso significar que você estará realizado consigo mesmo, mas não posso lidar com o fato de me relacionar com uma pessoa frustrada que não realizou todos os seus sonhos.

— Do jeito que você fala, torna tudo muito simples.

— E você torna tudo muito complicado. Não é assim que deve ser. Amar deve ser fácil como respirar.

— Isabella... — começou a falar, mas ela o interrompeu, pondo a mão em sua boca.

— Lembra quando você estava namorando a Kelsey e ela queria que você desacelerasse o ritmo e se estabelecesse no Oregon, porque ela precisava cuidar da fazenda do pai? — Era uma pergunta retórica, pois ela não deixou ele responder antes de continuar — Você ligou para mim no meio da madrugada dizendo que tinha terminado e perguntando se podia ir para o meu apartamento. Nós pedimos pizza, sentamos no carpete, e você falou que preferia dar um fim a qualquer relacionamento antes de largar o basquete.

Edward apertou os lábios, correndo os dedos pelos cabelos curtos, totalmente exasperado. Puta que pariu. Isabella sabia como frustrar um homem.

— Kelsey não era o amor da minha vida! — exclamou como se fosse óbvio. — Você é.

— Eu sei,  Edward. Mas, isso não muda o fato de que você não ficará mais feliz fazendo isso por mim agora do que estaria se tivesse feito isso por ela antes, entende?

Ele bufou.

— Está errada.

Ela bufou de volta.

— Não estou e você sabe disso.

As maçãs do rosto dela estavam avermelhadas e Edward quis levantar a mão e acariciar sua pele, mas continuou parado.

— Não é uma questão de me comparar com o valor que outra mulher teve para você, Cullen. É pensar sobre o valor que o basquete tem na sua vida. Eu sei que me ama tanto quanto eu te amo e que o nosso amor é forte, pois está em construção desde sempre, mas está abrindo mão de coisas que sempre sonhou ser parte. Sei como isso funciona.

— Não diga...

— Você está certo do que quer agora, quando estamos bem e não há um momento em que tenhamos vontade de esfolar a cara um do outro no asfalto, mas em nossa primeira briga, não duvido nada que se arrependa de não ter aceitado.

— Você está me subestimando. — Edward constatou, franzindo as sobrancelhas.  

— Eu nunca faria isso. Só estou dizendo que nem tudo na vida é como em um filme ou um livro com um enredo louco, onde precisamos escolher entre uma coisa ou outra. Na vida real, você pode ter os dois, Edward. Não vai me perder se escolher o basquete. Além do mais, sua carreira só vai durar até que você esteja velho o suficiente para chutarem sua bunda.

Ela beijou os lábios dele.

— Mas eu, Cullen? Eu sempre serei a sua garota. Nunca vou chutar esse seu belo traseiro,  não importa o quão velho ele esteja. E eu nunca me sentiria bem sendo o tipo de mulher que faz você escolher entre a garota ou o basquete quando sei que ama o que faz.

Ela parecia tão linda! Ele se recusava a passar qualquer espaço de tempo longe dela. Ainda mais depois de experimentar como eram doces os beijos dela, como era a sensação de dormir tendo-a nos braços e acordar quase caindo da cama, porque Isabella era muito espaçosa.

Era a melhor sensação do mundo ligar para o seu celular durante alguma tarde livre e simplesmente chamá-la para ir ao cinema ou jantar e se pegarem nas fileiras de trás como adolescentes.

Amava a sensação de tê-la o abraçando por trás enquanto fazia o café e já se acostumara a fazer carícias no seu cabelo quando ela ficava até tarde da noite lendo seus livros de fisioterapia. Sentia-se o homem mais feliz do mundo quando faziam amor no chuveiro ou quando tiravam um tempo para fazerem o almoço juntos; vez ou outra, ela lia algumas partes em voz alta para ele, embora Edward não entendesse quase nada do assunto.

E, céus, ele realmente era incapaz de descrever a satisfação que o dominava quando ele se voluntariava para ser um de seus experimentos em massagem tântrica. Como poderia sobreviver dias sem aquela miríade de sensações e sentimentos?

Sentia como se estivessem voltando anos antes, quando após o término do ensino médio, ela queria ir para a Universidade e Edward queria ir atrás dela.

Isabella havia insistido para que ele ficasse e entrasse para o time que o estava convidando. Ele lembrava do que ela havia dito — que se ele não realizasse seu sonho, a culparia mais tarde. Por esse motivo, haviam se separado antes e, por esse motivo, a situação se repetia e Edward sabia que independente do tempo, sua melhor amiga — agora namorada —, nunca permitiria que ele fizesse uma escolha diferente daquela que tinha feito anos antes.

Ele suspirou, vencido.

— Promete, Swan? — Ele perguntou em voz baixa, desistindo de argumentar.

Ela sabia o que ele estava perguntando: promete que não vai deixar de me amar?

— Alguma vez eu já menti para você, Cullen?

— Já, no segundo ano do ensino médio, quando disse que suas batatas fritas tinham acabado só para comer tudo sozinha escondida no banheiro.

— Tá — bufou —, mas essa mentira foi por comida e não conta.

Isabella buscou os olhos dele, que naquele momento estavam um pouco embaçados de lágrimas como os dela.

Ela envolveu as mãos em seu maxilar, usando os polegares para limpar o líquido que ele nem havia percebido ter vazado de suas órbitas. Isabella se aproximou e lhe deu um beijo carinhoso e demorado nos lábios, sem se importar com o líquido salgado, embora Edward soubesse que em algum momento dos próximos cinco anos, ela zombaria dele por aquilo. Afinal, era Isabella Swan, sua melhor amiga e a mulher de sua vida. Ele sabia que havia versões dela bastante compreensivas e outras bem malvadas. Era uma sorte que ele se desse bem com todas.

— Eu prometo, Cullen — frisou — Até sugeriria que fizéssemos juramento de sangue, igual aquele que fizemos na casa da árvore da Olívia Thompson, mas foi nojento e demorou um século para cicatrizar, lembra? Foi a última vez que dei ouvido às suas maluquices.

Ele não respondeu, só a beijou com volúpia e por muito tempo, até que ele estivesse ofegante e ela, gemendo baixinho. 

Isabella deslizou sua mão entre eles e começou a abrir o zíper de sua calça, distribuindo pequenas mordidas em seu lábio inferior, que fez Edward esquecer até seu sobrenome. Teve que fazer um esforço hercúleo para focar no que estavam discutindo, porque Isabella era absolutamente boa na tarefa de distrai-lo.

— Você sabe que vou ficar muito tempo fora de casa, não sabe? — indagou com os lábios colados aos dela. — Eu sei que você irá me ver em alguns jogos, mas não quero ficar longe de você, Isabella. Eu te amo tanto e nem sei se essa palavra tão pequena pode definir o que sinto por você.

— Eu sei, meu amor. Eu sei e, por isso, estarei te esperando todas às vezes que você voltar. Primeiro, com uma ou duas brincadeirinhas sexuais para matar a saudade — A mão dela abandonou sua calça e subiu para a camisa que ele usava, começando a desabotoá-la. — Depois, muito puta porque em algum momento, vou cismar que você me traiu com alguém, então vamos fazer as pazes transando na mesa de jantar. Talvez, posteriormente, eu esteja grávida e irritadiça, pois é assim que funcionam os relacionamentos. Não estou dizendo que a distância será fácil e, com certeza haverão brigas e desentendimentos, mas te amar, para mim, sempre será fácil como respirar e se você não desistir de nós, eu nunca desistirei de você.

— Você tem certeza disso?

— Eu sempre tenho certeza de tudo, Cullen. Além disso, será por pouco tempo e você deve se aposentar com o quê...trinta e cinco anos? Podemos nos matricular naquele curso de dança de salão que eu queria fazer, hum? Também quero ir para Aspen durante o inverno e ensinar você a patinar no gelo e quero passar um mês inteiro comendo com hashis só para te irritar porque você não sabe. Depois, a gente pode fazer alguma coisa bem maluca que você queira, como aprender coreano naquele site de traficantes chineses que você viu na internet.

É claro que ela tinha certeza.

— Não são traficantes e nem chineses, Isabella. É um site bem confiável, sabe? Eles dão certificado de proficiência e tudo.

— Eu ainda acho esquisito. Quem se dispõe a ensinar essa língua dos infernos por uma assinatura de dez dólares mensais?

Ele conseguia visualizar todo o futuro que ela estava pintando para eles. Edward podia assistir a si mesmo ajoelhado em um pier no Havaí, com as ondas batendo como som de fundo, pedindo a mão de sua garota em casamento; podia sentir o cheiro do perfume de sua esposa quando voltasse para casa após algum jogo e ela estivesse lhe esperando no aeroporto com o sorriso mais espetacular de todos; conseguia escutar Isabella gritando que não havia nascido para ficar descalça e grávida na beira do fogão, esperando o marido importante resolver voltar para casa; a viu segurando sua mão com força durante o parto do filho deles; quase sentiu a brisa de ambos em algum lugar no Caribe; ele envelhecendo ao lado da mulher que amava. Edward gostava do que estava sendo desenhado.

— Trinta e cinco? — questionou, mordendo levemente o queixo dela — Eu pensei em uns quarenta anos.

— Com quarenta anos, quero estar tomando banho de sol em alguma praia de nudismo, Cullen.

Ele suspirou profundamente. Faria com que desse certo. Isabella havia prometido que não desistiria dele e aquilo era só o que ele precisava para suportar tudo pelo relacionamento deles.

— Você é tão mais madura que eu. Acho que nunca saberei o que fiz para merecer você.

— É verdade que eu sou muita areia para o seu caminhão. — disse, convencida.

Ela tinha razão. De novo.

— Me recuso a discutir com você e o seu ego inflado, Swan.

— Ótimo, porque eu acho que meu ego não é a única coisa inflada aqui — ironizou, mexendo seu corpo sobre o de Edward e provocando um rosnado nele. — Agora, você vai tirar minha roupa ou terei que fazer isso sozinha, Cullen?

 


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Notas finais do capítulo

Amo um casal!
Espero que tenham gostado.



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