A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 40
Guerreiros guiados pelas estrelas realmente Existem




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  ― EI MENINA! ― gritava um mercador, enquanto perseguia um grupo de pré-adolescentes muito pobres. ― DEVOLVAM AS MINHAS FRUTAS OU PAGUEM POR ELAS! 

  Se aproximava do horário do almoço e a alameda estava aborrotada de moradres locais e turistas. O travesso grupo de orfãos corria entre eles como ratos e aproveitavam para tomar o que vissem de valor nas mãos e nos bolsos das pessoas mais distraídas.

   ― Hoje a coisa foi ótima, Nic! ― disse um garotinho de cabelos castanhos, olhos castanhos e nariz escorrendo. ― A mamãe vai brigar muito com a gente!

  ― Eu vou dar um jeito! ― disse a adolescente de cabelos caramelados, lisos e pontiagudos. Seus olhos eram claros como o céu e tinha um belo sorriso travesso estampado no rosto.

   A tal Nic era a maior do bando de orfãos que ja haviam conseguido do pequeno vilarejo de São Leo na Emíia Romana. Um vilarejo criado na ponta de uma rocha íngreme e intransitável e guardada por um castelo erguido em meados do século XI. Nic e seus amigos aproveitavam a dificuldade geográfica para se esconderem entre as fendas da rocha e pequenos arbustos.

  Alguns comerciantes os odiavam tanto que não tinham a menor pena de perseguí-los com porretes ou lâminas. As crianças já eram conhecidas em todo o vilarejo, como a pior raça de criaturas da região.

   ― EU JÁ DISSE QUE NÃO! ― vociferou a mulher quando abriu a porta e encarou os sorrisos cínicos de cada um deles. ― Eu já disse que não é assim que devemos resolver os nossos problemas! 

  Ela saiu da frente e o grupo de sete crianças mais a adolescente adentraram no pequeno casebre de madeira. A mulher bateu a porta atrás deles com tanta força que as crianças se assustaram. Normalmente a Mama ficava chateada, mas isso nunca que lhe arrancou o sorriso dessa forma.

   ― E se tivessem seguido vocês? Eu já lhe disse que não é para nos expôr dessa forma, Nikássia!

  ― E o que você queria que eu fizesse? Observasse todos morrerem de fome? Eu não sei porque você tem tanto medo que nos achem!

   A mulher mordicou o lábio e desviou o olhar para o lado. Seus cabelos azuis escuros cobriram a lágrima que percorreu o seu rosto. Ela segurava um telegrama na sua mão direita e o amassou com violência.

   ― Mama Miho! ― disse um dos menores, enquanto puxava a barra de sua saia. ― Não briga com a Nic. Ela só estava tentando ajudar a gente.

  ― Me desculpem! ― ela pousou a sua mão sobre as têmporas e forçou um sorriso cortês e gentil. ― Muito obrigada por lutarem pela nossa família. Vou fazer um jantar delicioso com o que conseguiram trazer.

   Ela pegou as sacolas e levou para a cozinha no outro cômodo, enquanto as crianças comemoravam alegremente a mudança de humor da mama. Nikássia a observou criteriosamente e resolveu ajudar a picar os nabos frescos que haviam conseguido roubar, assim como as castanhas e aspargos. Em cerca de quinze minutos, o sopão estava pronto e todos se alimentaram e foram encaminhados para os seus lugares de sono no chão do grande quarto.

   ― Está sem sono, filha? ― Nikássia já estava com seu pijama velho e rasgado, mas estava observando a mulher que a observava pelo reflexo do espelho em sua penteadeira. Ela escovava o cabelo azul que começava a apresentar alguns fios brancos por conta da idade. ― Quer que eu lhe conte uma história?

  ― O que havia nesse telegrama para que te mexeu tanto contigo? ― a mãe arregalou os olhos e baixou o seu olhar em seguida. ― E eu não vou cair numa histórinha qualquer.

  ― Não estamos mais seguros aqui, Nikassia.

  ― O quê? Mas eu disse que ninguém nos seguiu até aqui!

  ― Não me refiro aos comerciantes e as pessoas que nos odeiam nesse fim de mundo. Me refiro à um mundo que antes eu só acreditava existir em histórias e livros. ― a menina estava confusa. ― Eu acabei de descobrir por esse telegrama que seu pai faleceu.

   A garota se colocou de pé, rapidamente. Tremia dos pés a cabeça, porque sempre pensou que havia sido abandonada por um casal de turistas. Essa era a história que sempre ouviu. Apesar do sonho que tinha todas as noites.

  Nikássia sempre teve o mesmo pesadelo. Dela pequena, com cerca de uns cinco anos, correndo atrás de um casal, onde a mulher usava um vestido branco bélissimo que ressaltava suas curvas e tinha um belo e cumprido cabelo roxeado. Ela andava de mãos dadas com um homem, menor que ela, com pele queimada de sol, assim como a da garota. O cabelo era liso e rebelde. Ele vestia um terno dourado que ofuscava a visão da própria menina, dificultando que ela os alcançasse.

   ― Mas... ― as lágrimas transbordavam o seu rosto. ― Mas porque está me contando isso agora? E dessa maneira?

  ― Por que você precisa voltar pra casa, Nikássia. ― novamente a menina assustou-se. ― Eu não posso mais garantir a sua segurança.

  ― Mas que merda é essa? ― ela até retesou vendo o olhar reprovador da mulher que a criou, mas ela sustentou a sua revolta. ― Por que eu preciso de segurança? Eu sou uma orfã suja que ninguém quer e odeiam. Por que depois de um pedaço de papel, eu tenho que abandonar você e meus irmãos.

  ― Por que seus pais precisam de você! 

  Miho saiu do cômodo e Nikássia foi atrás dela. A adolescente sabia o que a mulher iria fazer. Toda vez que se sentia perdida ou vazia, ela abria as janelas do casebre e observava o céu estrelado. Ela ensinou o nome de diversas constelações e contou história sobre homens e mulheres que eram protegidos por elas nas eras mitológicas.

   ― Lá está! ― ela apontou para uma constelação que Nikássia conhecia bem. ― Aquela foi a primeira constelação que protegeu o seu pai: Pégasus.

  ― Está é a sua melhor forma de me enrolar? Acha que eu vou acreditar que meu pai me abandonou porque ele era um super-herói e tinha medo de me fazerem algo comigo? Acha que eu sou alguma daquelas crianças inocentes deitadas naquele quarto?

   Miho pousou a sua mão em cima da cabeça da garota que crescera tão rápido. Ela via os olhos do pai dela nela e a doçura e disposição de ajudar da mãe.

   ― Amanhã, eu te direi adeus, Nic. Foi uma honra criá-la como minha própria filha.

  ― Você vai me abandonar também? ― o olhar da menina tintilou e ela afastou a mão da mulher que a criou com agressividade. ― Se for por causa dos roubos, eu deixo todo mundo morrer de fome. Não precisa se livrar de mim, assim... Eu só estava tentando ajudar... Eu sei que eu não sou a Celeris, mas eu também te considerava uma mãe pra mim.

   ― Não seja tola! ― ela levantou a cabeça e encontrou o sorriso da sua mãe, inundado de lágrimas. ― Mesmo você não tendo saído de mim, você foi a melhor coisa que me aconteceu. Sua irmã nunca suportou você por isso.

  ― C-celerís.... ― a garota quase se engasgou. ― Ela é minha irmã de verdade?

  ― Por parte de pai. ― a menina não parava de surpreender-se. ― Seu pai foi o grande amor da minha vida, mesmo que o coração dele pertencesse a outra pessoa, mas ele me deu vocês duas como meu maior presente.

   Nikássia abriu um sorriso travesso e imaginou que fosse uma pegadinha da mulher. Ela se aproximou da janela e encarou o céu estrelado com sua mãe de criação.

   ― Então, se eu sou realmente filha de um desses guerreiros mitológicos, eu preciso ter uma constelação protetora também, certo? Você consegue me dizer qual é?

  ― Sim! ― a menina surpreendeu-se com a resposta rápida e sincera.

   Miho levantou o braço e parecia procurar o centro da constelação protetora da herdeira, até que ela apontou. Nikássia seguiu o dedo e viu uma estrela brilhante que parecia comunicar-se com ela, irradiando um brilho intenso e verdadeiro. A menina não contou à sua mãe, mas ela sentiu algo queimando dentro de si.

   ― Está é a estela que brilhou com mais intensidade no dia que você veio ao mundo. Por ela, eu presumo qual será o seu destino, minha filha.

  ― E o que as estrelas dizem sobre mim? ― ela parecia mais curiosa, do que sarcástica.

  ― Que primeiramente, eu terei mais orgulho de você, do que já tenho. E segundo: Um dia, você não será apenas conhecida por Nikássia. E sim por Nikássia de Leão. Agora vamos descansar! Amanhã será um dia cheio. 


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