BakuVision escrita por Lenka Volkovesque


Capítulo 1
Luz no fim do túnel


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura.



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8 anos atrás. Torre dos Kyuseishu.

 

No dormitório de Bakugou, uma sintezoide de pele púrpura, cabelos verdes e peças de metal, silicone e fibra de vidro emergiu da parede.

— Caralho, R2! Para de atravessar as paredes. Vai matar alguém de susto.

Ele a chamava R2D2 para debochar da circunferência de seu rosto, e por ela ser, fisicamente, um robô.

— Bem, a porta estava entreaberta, então eu presumi que...

O feiticeiro estava enrolado em cobertores, na beirada da cama, assistindo ao live-action de Redsonja.

— Eu só achei que você precisava de um amigo - ela disse, flutuando até sentar ao lado dele.

— Não somos amigos. Eijiro era meu amigo. E eu não preciso da companhia de alguém com pena de mim. Eu me sentiria melhor se ele estivesse vivo e... - ela o olhava compassiva, sem uma gota de aborrecimento. - Desculpa - ele desviou o olhar, envergonhado - Eu não vou descontar em você. Você nem teve culpa.

— Não se desculpe. A raiva faz parte do luto. E para alguns indivíduos, amizade é construída com o tempo, em vez de oferecida, como eu tentei fazer.

Eles passaram alguns segundos num silêncio embaraçoso, olhando para a TV.

Ochako quebrou o silêncio:

— Ele era como um irmão pra você?

— Não sei - suspirou. - Eu nunca tive irmãos, então não sei se dá pra comparar. Mas ele era meu amigo mais próximo. A única pessoa que me restou.

Ela o ouvia com interesse.

— Éramos cinco. Denki. Hanta. Mina. Nós contra o mundo. Éramos livres. Nossa cidade foi atacada. A primeira bomba derrubou o teto sobre eles. Só restaram eu e Eijiro. Era pra termos morrido junto. A segunda bomba chegou bem perto da nossa fuça, mas era defeituosa. 

— Eu sinto muito. Mesmo.

— Você entende alguma coisa sobre relações humanas, R2? - apesar do tom sarcástico, típico de Katsuki, era uma pergunta genuína. 

— Só os conceitos que as definem - ela abaixou o olhar, retraindo-se.

    Ela teve sua ignição não havia uma semana. Uma android feita do metal mais indestrutível do planeta, programada a partir de uma inteligência artificial. Uma jóia mágica lhe deu o sopro da vida, ativado com o poder divino de raios. Ela sabia de tudo; e conhecia tão pouco.

— Não tenho muitas experiências com relações humanas. Eu preciso interagir com pessoas.

— Quem sabe conversando com mais gente você perca esse palavreado de locutor de GPS.

— Sabia que é possível? Quer dizer, para seres humanos... Neurolinguistas dizem que o cérebro humano tende a espelhar os padrões de fala e vícios de linguagem das pessoas que gostam--

— Eu só tô tirando uma com a sua cara, Uravision - disse, cutucando de leve com o cotovelo. Katsuki enfim sorria - Pode ser você mesma, não me incomodo.

— Então... estamos construindo uma amizade?

    Katsuki deu um sorriso seco. Eijiro iria querer isso. Que ele fosse gentil e fizesse novas amizades. Que seguisse em frente.

— Estamos, R2.

— Pode me chamar de Ochako. Por que você sempre me chama de R2?

    Katsuki pegou o controle remoto e retornou à biblioteca de filmes, procurando pelo primeiro Star Wars que aparecesse.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam conseguindo traçar os paralelos.
Qualquer dúvida, podem perguntar na sessão de comentários.



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