A Traição do Sacrifício escrita por Serena_Vieira


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Os personagens de Naruto são da autoria de Masashi Kishimoto.
Essa estória trata-se de um mini-fic sem fins lucrativos.



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Segunda parte

 

"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo."

Saramago

 

Sua doce konoha, ainda lhe impressionava como tudo era capaz de sumir ao andar por suas ruas que não mais guardava o sabor de sua infância, Hinata desejava ardentemente que tal se devesse pelo lugar lhe inspira-se esperança, por ali ainda haverem crianças que pouco conheciam do horror e que ao transitar pela cidade sentisse encher no seu peito a vontade de dar sua vida por aquele lugar. Porém não era nada disso, também não era como se nunca fosse assaltada por essas sensações, elas só não eram comuns a si quando estava em casa e ai residia à verdadeira causa.

 Na vila ela como tantos outros se permitia fingir estar o mais alheia possível à guerra, olhava o cemitério como se sua nova dimensão lhe assustasse, sorria sem grandes culpas, bebia, comia, dançava como se o amanhã fosse certo e o ontem nubloso. Muitos pensam que a palpabilidade da morte é melhor enfrentada quando se vive como se não houvesse amanhã, talvez até o fosse em curto prazo, mas disso duvidava. Agir como se não necessitasse de esperanças ou de lutar, como se fosse um daqueles inocentes que jamais sujaram as mãos, estes que eram cada vez menos... Apenas nesses momentos ela sentia ser Hyuga Hinata, somente dentro daqueles muros era capaz de reconhecer seu reflexo quando não mais via o irreconhecível ser desonrado e traiçoeiro que havia se tornado, ela poderia podar sua mão no fogo como os espelhos da vila estavam encantados, neles ela havia parado no tempo, ainda refletiam a pequena menina que acreditava um dia poder realizar os seus sonhos se por eles desse tudo de si.

Essa crença a abandonou à medida que seu mundo ruía a sua volta. Recordava-se o dia que chegou em casa para encontrar seu valente primo deitado em sua cama com Tenten prostrada  sobre esse num choro volumoso, ele havia perdido o olho esquerdo ao salvar-lhe a vida. Ela duvidara em matar um de seus atacantes, um pequeno garotinho de pouco menos de seis anos, esse estava tão frágil perante sua figura que as mão mal podia com o peso da kunai, aquela imagem que lhe suscitou a lembrança de sua pequena irmã quase a levou a morte quando na tentativa de consolar o infante por pouco não  teve a cabeça amputada. Sua amiga foi a primeira de sua geração ao entregar-se à amargura do mundo, não havia missão suja demais para ser rejeitada pelo Fio Dilacerador da Folha, anbu especializada em tortura e dizimação.

Rock Lee abandonou a chama da juventude ao não conseguir salvar seu maestro numa batalha onde seu oponente era um especialista em ataques a longa distância na qual seu Taijutsu pouco lhe valeu, um facilmente se enganava com o jeito otimista que Lee não havia abandonado, somente aqueles que o conheciam de longa data via o quão quebrado aquele espírito estava.

Por incrível que pareça o frio e antes pessimista Neji foi um dos que menos entregou os pontos, ela desconfiava que o fato deviasse ao seu triste passado.

Seu companheiro Kiba, sempre tão fiel aos seus, enfrentou um cruel dilema no qual deve decidir entre a lealdade a sua vila e o amor a sua mãe que se revelou um agente duplo, a última vez que o viu datava já longos anos, naquele dia a dor marcada em cada uma das feições do Inuzuka quando lhe foi exigido o assassinado da mulher que lhe deu a luz em prova da lealdade do seu clã ao Fogo gravou-se como a última imagem que teria dele, Hinata duvidava que um dia entendesse o porquê de ser tão essencial para seu amigo cumprir essa missão pessoalmente, desde então ele se asilou de todos à exceção de Akamaru, aceitou o emprego de guardião do imperador e nunca mais voltou a pisar na vila.

Shino, bom esse sempre lhe foi um enigma, contudo foi capaz de perceber como o zelo deste aos seus amigos aumentou após sua volta de um dos fatídicos enfrentamentos na fronteira durante a Brecha (como passou a ser conhecido as batalhas que sucederam nas fronteiras durante a subestimação inicial) do qual a vitória da aliança custou à vida da maioria dos presentes, ainda hoje não conseguia imaginar o terror que ali se deu e seu amigo nunca falou sobre o ocorrido.   

Sobre Shikamaru e Choji ela não saberia dizer se foram os mais sortudos ou uns dos mais azarados. O primeiro subiu rapidamente na elite burocrata (no sentido do primeiro do termo = que ficam atrás da mesa), passou a não mais, salvo raras ocasiões, participar nas batalhas de campo encarregando-se das estratégias dessas; por outro lado seu jeito sempre relaxado havia perecido frente a tamanho peso que residia a suas costas, um mínimo erro de sua parte levaria a inúmeras perdas no campo de guerra. Tinha na memória um episódio no qual ao ir a um dos infinitos funerais que assistiria na época o Nara foi agredido durante o enterro pela mãe do falecido que ele havia mandado numa missão suicida. A garota de longos cabelos azuis se impressionou a cima de tudo com a frieza demonstrada frente à acusação, para piorar a situação o homem não só assumiu o feito como disse em alto e bom som não se arrepender do que vez, só bem depois na calada da noite ao o ver bêbado no chão de um beco sujo chorando copiosamente enquanto era consolado por seu amigo de ossos grandes ela entendeu a magnitude de tudo aquilo, sentiu ali que por mais que já tivesse diversas vezes manchado suas mãos de sangue e virá a feia realidade que aquele garoto só poderia imaginar, não seria capaz de exercer a sua função.

O Akimichi havia sido um dos primeiros dos muitos a tornarem-se inservíveis à vida ninja, ele perdeu sua perna direita ainda no primeiro mês daquele inferno de modo a ser deslocado para a academia onde assumiu o cargo de professor. É bem verdade que um rapaz amável como ele tinha verdadeiro talento para ensinar e que por ter saído no começo era uma das poucas pessoas que conhecia a nunca ter matado ninguém, por outro lado essa mesma amabilidade levou-lhe a um maior sofrimento de ver como seus alunos cada vez em mais precoce idade eram retirados de sua guarda e mandados para o combate e desse muitas vezes ao fim prematuro de suas existências.

A vida, contudo, não era apenas desolação, se festejava as vitórias e a vida, cada dia um superava um novo desafio se amparando uns nos outros, por pior que fosse a desgraça, um nunca ficava realmente só, havia uma verdadeira fraternidade entre as pessoas em uma proporção que Hinata não achava anteriormente possível existir no mundo real. Não havia receios em chorar ou pedir ajuda dentro de uma comunidade, todos em maior ou menor medida conseguiam se compreenderem.

 Existia uma real beleza no relacionamento entre Neji e Tenten, quando os avistava sempre tinha certa inveja em como os olhos de um refletia a beleza guardada na alma do outro. Rock Lee era responsável por um time de genins e ao lado deles sempre tentava mostrar o melhor de si, sendo ainda um dos poucos a realizar a proeza de não ter perdido nenhum dos membros dentro da alta mortalidade da categoria (genin). Kiba havia lhe mandado uma minúscula nota que aquietou parcialmente seu coração na qual afirmava esperar um filho e a alegria que sentia com o fato, infelizmente só isso foi dito. Shino sucedeu seu pai como líder do clã na invalides desse, no momento fazia um trabalho admirável. Shikamaru e Choji pareciam suplantar o peso de seus trabalhos através da amizade que compartilhavam.

Das incontáveis histórias que a Hyuga acompanhou ainda hoje a surpreende que fosse logo a de Sai e Ino a que adquiriu maior dimensão em sua vida, estes que de sua geração eram com os quais compartiam os menores laços de amizade.

A vida mostrara-se especialmente ingrata com a Yamanaka que por seus talentos na área de espionagem e bonita figura tornou-se um dos membros chaves da equipe de disfarce responsável por monitorar a fidelidade dentro da aliança em busca de impedir um golpe pelas costas. Seu amplo sucesso chamou a atenção dos superiores sendo escalada para um grupo ainda mais seleto que deviam buscar a adesão de outros paises e caso tal não fosse realizável provocar conflitos internos. Ino não tinha nem um amor por seu trabalho mais também não o odiava, seu talento compensava sua pouca experiência na área o que a levou a conquistar seguidas vitórias significativas, seus chefes tinham real entusiasmo para com ela o que os levou a cometer uma imprudência na qual calcularam mal até que ponto sua habilidade suprimia o pouco tempo de serviço. Ela percebeu tarde de mais que a mandaram dar um passo maior que as pernas que a levou a sofrer um destino muitas vezes pior que a morte, tortura e abuso.

Hinata nunca conversou com a kunoichi sobre o acontecido, não era necessário, lembrava claramente quando Naruto entrara na aldeia com ela e muitos outros nos seus braços e de seus clones gritando por ajuda médica após ter realizado um de seus muitos milagres, a maioria das famílias já havia dado os seus por mortos e no meio de toda a euforia da chegada Ino era visivelmente entre todos a mais quebrada. Se ela não houvesse sido uma mulher tão forte não teria resistido a especial atenção que lhe deram em seus três meses de cativeiro não só pelo seu belo corpo como pela raiva do quão perto ela chegou de conseguir cumprir seu objetivo. O consenso, todavia, era que ela nunca se recuperaria psicologicamente.

Sai não aceito os diagnósticos e mesmo todos sabendo que ambos mantinham um relacionamento informal se surpreenderam com a sagacidade do rapaz sem sentimentos que não desistiu dela mesmo depois que todos o fizeram, pouco a pouco a menina voltava a sorrir e a levar uma vida o mais normal dentro do possível. Ela não voltou à vida ninja, entretanto construiu uma sólida carreira médica equiparando-se a Shishune. Continuava visível o trauma no jeito agora mais recatado da moça vestida sempre de roupas longas e que levava no rosto ao lado da enorme cicatriz diagonal um sorriso sempre tímido.

Enganam-se meus caros quem pensa que os atentados contra essa jovem terminaram ai, agora chega à hora em que sua história e de Hyuga Hinata, a quem até esse determinado instante as desgraças iam arrancando seu âmago aos poucos, de forma indireta; se cruzassem ao receberem juntas um golpe frontal.

 

"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas."

Saramago

Continua...


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Notas finais do capítulo

P.S.: Sei que os paragrafos estão um pouco desarticulados entre si, mas estou mostrando (tentando mostrar) as coisas do ponto de vista da Hinata no qual as lembranças vem de maneira solta. Sei também que ainda não coloquei NaruxHina, contudo o contexto é importante para entender as mudanças que se operarão nos personagens, em principal nesses dois



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