Vínculo (KakaIru) escrita por Deby Costa


Capítulo 1
Conexão Espiritual


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic foi escrita como um presente para uma amiga muito especial e autora de primeira linha. Feliz Aniversário Milla Sousa, sei que não é o casal que vc queria, mas mesmo assim espero que goste do singelo mimo.

Ps: E finja que não viu os erros ao longo da leitura e fique apenas com a boa intenção da coleguinha que tanto te ama. rsrsrsr


A história não foi betada.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800943/chapter/1

Iruka deveria ter feito o que todo shifter normalmente faria numa situação como aquela. Entrar numa delegacia de polícia e registrar um boletim de ocorrência. Fazia mais sentido, afinal dois pivetes roubaram seu bentō, mas foi o que o futuro psicopedagogo fez? Não, não foi. O universitário decidiu que envolver-se com os Betas que levaram seu caprichado almoço seria algo bem melhor e, sabe por quê? Porque ele era filho dos saudosos Kohari e Ikkaku Umino, dois entusiastas da educação como agente transformador da sociedade.  Agora o estudante, que mal tinha chegado a maioridade Ômega, havia cabulado todas as aulas da segunda-feira e estava cara a cara com um homem lindo (apesar da horrenda cicatriz que percorria seu olho esquerdo) e numa situação extremamente embaraçosa, sem fazer a mínima ideia de como sairia dela...

— O que significa isso?  – A pergunta ecoou pelo interior da cozinha e fez Iruka estremecer dos pés à cabeça antes de virar-se lentamente para a porta de entrada, onde o homem que fez o questionamento, um Alpha de cabelo prata, espetado e intensos olhos escuros, estava à espera de uma explicação. 

O Ômega, que vestia um avental descartável e segurava com firmeza uma colher de pau, há um minuto estava imerso no preparo de um gostoso lamem, o alimento seria servido aos dois pestinhas sentados à mesa.  Sasuke, de seis anos, e Naruto, de sete.  No momento, ambos os garotos torciam seus narizes por causa da expressão desgostosa que surgiu em seu rosto, um efeito colateral causado pela intimidadora presença Alpha que dominou do espaço e o fez se encolher entre a geladeira e o pequeno fogão de duas bocas.  O ômega não esperava ser pego naquela situação complicada de se entender e, pior, de explicar. Olhou o relógio em seu pulso e assustou-se com o horário avançado. Pelos seus planos, àquela altura já deveria estar bem longe dali, mais precisamente em sua quitinete do outro lado da cidade.  Por que foi demorar tanto para preparar uma refeição tão simples?  

— Comida? – Receoso, devolveu a pergunta. Mesmo o outro homem não tendo usado a voz de comando, suas pernas tremiam feito gelatina devido ao nervosismo de estar diante de um cara enorme. Iruka era um homem frágil fisicamente, em grande parte por culpa da casta Ômega a qual pertencia, tinha consciência que jamais venceria um confronto mano a mano com o sujeito, caso ele estivesse disposto a enxotá-lo de sua residência a pontapés.  

— Eu sei o que é... – Uma expressão interrogativa surgiu no rosto do Alpha, que passou a encará-lo com certa estranheza e outro sentimento que Iruka não conseguiu identificar – Afinal, quem é você e o que está fazendo em minha cozinha?  

— É… eu… – A língua do Ômega travou. Inegavelmente, havia cometido um crime bem maior do que o cometido pelos meninos ao furtarem seu bentō.   Iruka, um homem adulto, invadiu a residência daquelas pessoas antes mesmo da hora do almoço e permaneceu ali por quase um dia inteiro. Jamais deveria ter seguido as duas crianças que, agora de banho tomado e roupa limpinha, esperavam comportados que ele terminasse de fazer o jantar.    

 – O nome dele é Iruka, ele é um sensei voluntário no centro comunitário de Konoha, Kakashi-nii.  Naruto roubou o bentō dele, por isso ele está fazendo nossa comida.

— Cale a boca, Teme! Não precisa me dedurar para nosso irmão, além do mais, você não é nenhum santo, me ajudou a roubá-lo.  

— Mas a ideia foi toda sua, Dobe! 

— Mal agradecido! A minha barriga ‘tava roncando de fome, aliás, a sua não ‘tava muito diferente. O que queria que eu fizesse, Sasuke? 

— E se ele levasse a gente para delegacia, como disse que faria quando nos alcançou? A gente ficaria bem ferrado! 

— O que estão dizendo? Vocês dois roubaram o bentō dele? –O tal Kakashi os interrompeu antes de voltar a atenção para Iruka, que em retribuição sorriu sem jeito. 

 Os dois meninos que há poucos segundos quase se engalfinharam no interior da pequena cozinha ficaram em silêncio e abaixaram suas cabeças. Tais atitudes acabaram por denunciar suas culpas. 

sentindo-se culpados, Sasuke e Naruto se entreolharam e o loiro começou baixinho: – A gente tentou te acordar, niichan… – O menino de grandes olhos azuis aparentava estar bastante envergonhado – Uma, duas, três vezes, mas você não acordou.

— Daí acharam que seria interessante conseguir comida roubando-a de alguém? E se ele os entregasse às autoridades? O que eu faria? Vocês entendem que eu poderia ter sido preso e os dois teriam sidos mandados para um orfanato?  –   O Alpha cobriu o rosto com a mão direita e maneou a cabeça. Aparentava não crer no que ouvia, contudo parou de repente dando-se conta de algo que trouxe Iruka ao centro de sua atenção outra vez – Espera, mas... o que faz aqui após tudo que esses pestes te aprontaram? Por que ainda está preparando o jantar para esses dois ladrõezinhos de marmita? 

—Ele também arrumou toda a nossa casa, nos mandou tomar banho e colocar roupas limpas – Sasuke adiantou-se e respondeu pelo universitário.  

— Além de pentear nossos cabelos e nos dar o lanche da tarde – Naruto completou e abriu um sorrisão, ao que esticava para frente e acariciava a barriga.

— Por que fez tudo isso? – Outra pergunta do Alpha, quando a primeira mal tinha sido respondida.  Ele estava surpreso e grato ao mesmo tempo. Por tudo que ouviu até o momento seus irmãos adotivos haviam cometido uma infração grave contra aquele Ômega que mesmo assim cuidou dos dois até que ele acordasse.  Em mais de quatro anos do falecimento de  seu querido pai, Hatake Sakumo, quando Kakashi deixou a faculdade e tornou-se o responsável pelos irmãos mais novos, inclusive tendo que trabalhar em dois empregos para pagar a hipoteca da casa e sustentar os pentelhos, jamais encontrou alguém que fizesse tanto por eles sem querer nada em troca...   

Iruka se viu sob julgamento, com todos os olhares voltados para si. Até Naruto e Sasuke se atentaram à pergunta feita por Kakashi e passaram a encará-lo na expectativa de sua resposta. 

O estudante poderia dizer a verdade:  que após o furto seguiu no encalço dos dois meliantes pelas ruas da cidade e se condoeu com a complexidade da situação na qual os três irmãos estavam inseridos, quando chegou em sua moradia. Naruto e Sasuke estavam morrendo de fome por não saber cozinhar e Kakashi estava apagado no tatame da sala, exausto, após ter trabalhado quarenta e oito horas quase ininterruptamente, pois não queria deixar a hipoteca atrasar outra vez.

Foi o que os meninos lhe contaram. 

 No entanto... 

— Eu... – tentou, porém como explicaria aos shifters que sua verdade ia além do sentimento de empatia que motivaria outros Ômegas a fazer o que ele fez pelos três? Sem esquecer que talvez tal verdade não fosse a única que manteve ali até o presente instante. Ao pôr os pés naquela residência, deveras desorganizada, mas inacreditavelmente acolhedora, Iruka teve a sensação de ter achado o seu lugar no mundo. O lugar que sempre procurou e a qual sempre pertenceu. O lar do qual sentiu muita falta sem sequer conhecer. Iruka jamais teve uma casa só sua, atualmente, dividia uma quitinete com uma amiga, nos subúrbios de Konoha.  Desde que seus pais faleceram ele viveu de orfanato a orfanato até completar dezoito anos, idade em que os Ômegas poderiam, por lei, procurar um emprego e responsabilizar-se por si mesmo – Eu realmente não sei. 

Iruka abaixou a cabeça e encolheu os ombros. Um profundo silêncio se fez no espaço, nada angustiante, pelo contrário. Comovido diante da fragilidade que via no Ômega, Kakashi quis protegê-lo e finalmente recolheu sua esmagadora presença, aquela que deixava em evidência sua parte animal e que era controlada por seu Alpha.

 E assim, na calmaria, contrariando lógica e racionalidade, a magia aconteceu: Um delicioso cheiro de sândalo foi lentamente se expandindo e dominando o cômodo, uma essência discreta e igualmente marcante que atingiu Kakashi em cheio...

Respondendo a um chamado primitivo e puramente instintivo o Ômega levantou o rosto e encarou o Alpha.   Um sentimento de reconhecimento mútuo envolveu ambos e chegou até os pequenos, de maneira afável e fraternal.  Uma conexão espiritual. Um vínculo que vinha de outra vida, cuja qual o casal não mais recordava, mas que suas partes animais lembravam muito bem...

Kakashi sorriu, a princípio um riso tímido que foi ganhando intensidade à medida que se misturava aos sorrisos de Naruto e Sasuke que mesmo sem compreender a ligação entre almas gêmeas, estavam radiantes. Por último foi a vez de Iruka também sorrir contagiado por tamanha felicidade.   

Alpha, Ômega e Betas. Nenhum dos quatros shifters preocupou-se mais com os porquês que levaram Iruka até ali, pois compreenderam que tais porquês estavam além de suas compreensões e não tinha a menor importância àquela altura da noite, em que a comida que o Ômega havia preparado com tanto amor cheirava tão bem.  

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vínculo (KakaIru)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.