Analgésico escrita por badgalvivi


Capítulo 1
Remédio para cólicas


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera!

Essa ideia me veio naquele momento que a gente jura que vai desligar mas o cérebro faz questão de continuar matutando.
Espero que vocês gostem dessa onezinha e que possam dar uma risadinha nesses tempos.

Boa leitura!



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O dia estava fresco e completamente agradável. Apesar do céu ostentar um azul claríssimo e intenso, nuvens pairavam no ar, fechando o sol em pequenas sombras que se formavam no deck do navio. Luffy se espreguiçou e olhou sua tripulação, que estava descansando à toa naquele dia brilhante.

Nada parecia que iria ser preocupante, certo?

Errado.

O dia estava lindo, Usopp já tinha anunciado “terra à vista” em breve e tudo estava tranquilo. Mas algo incomodava intimamente Luffy, e esse algo, na verdade era alguém, sua navegadora.

Nami estava completamente reclusa nos últimos três dias, aparentando pouca energia e vontade de fazer algo fora do seu dormitório por muito tempo. O capitão chegou a perguntar para Chopper se ela tinha sido contaminada por algum micróbio esquisito, mas o médico se limitou a corar e dizer que eram coisas de mulheres.

Luffy se sentia estranho quanto às mulheres. Principalmente com as que navegavam com ele. Achava maravilhoso como Robin e Nami conseguiam ser inteligentes, ágeis e fortes com aqueles corpos leves e pequenos. Mas ao mesmo tempo achava muito esquisito toda a variação temperamental tããão rápida.

Luffy tinha notado que Robin e Nami sempre pareciam avessas durante o mês. Quando uma sentia fome de três marinheiros, a outra estava com pouca vontade de comer, enquanto uma estava calma e paciente, a outra parecia querer pisar na cabeça de qualquer um à sua frente (principalmente se essa fosse a vez da Nami).

E até mesmo naquele momento, enquanto a Robin estava lendo um de seus grossos livros, rindo de alguma brincadeira de Usopp e tomando sol, Nami estava totalmente taciturna com suas “coisas de mulher”.

Ele estava decidido que a navegadora ia virar parte do navio se continuasse tão eremita naquele quarto. Caminhou para a cozinha, a fim de obter mais informações sobre essas coisas de mulher. E era óbvio que quem daria a melhor resposta seria o Sanji.

— Oe, Sanji! 

— Teremos ensopado com ervas finas em breve. — o cozinheiro se limitou a continuar os movimentos em frente ao fogão.

— Nah… não vim falar de comida. — Luffy sentou-se à mesa e apoiou o rosto nas mãos.

— Não? — Sanji ergueu as sobrancelhas, desconfiado. — E veio falar de quê?

— De mulheres.

A frigideira na mão do loiro fez menção de cair e ele arregalou os olhos, enquanto tossia a fumaça do cigarro que o engasgou brevemente.

Como assim, de uma hora pra outra o seu capitão não queria saber do almoço, mas sim de mulheres?!

Sanji pigarreou e se recompôs, andando em direção ao companheiro de navio e tragando o cigarro.

— E o que você quer saber sobre mulheres? — disse em um tom luxurioso.

— Por que a Nami está parecendo uma toupeira fugindo da luz? 

— Não fale assim da Nami-swan, seu babaca! — ralhou o cozinheiro. — Ela é uma bela flor que está desabrochando, como uma fruta madura doce e cheia de mel-…

— Hein?! — Luffy bateu na mesa assustado. — A Nami está com doença de abelha?

— Quem está com doença de abelha? — a voz do espadachim se fez presente no local.

— A Nami. —Luffy falou rapidamente.

— Não! — Sanji gritou. Levou uma das mãos até a têmpora. — Estou tentando dizer que a Nami está naqueles dias.

Zoro bebeu um gole longo da garrafa que segurava e fez uma careta em seguida.

— Que dias? — Luffy insistiu. — Ei, Zoro! Você sabe que dias são esses? 

— Claro, seu idiota. — respondeu.

— Nesses dias, esses belos seres da natureza, passam por um processo de transformação- — Sanji continuou sua explicação.

— A Nami é uma lobisomem? — Luffy cortou, mais uma vez, assustado com a possibilidade. 

— Nada disso! — ralhou novamente o cozinheiro.

Zoro gargalhou diante da situação e saiu da cozinha, antes que sobrasse para si ter que explicar o funcionamento do corpo feminino.

Luffy levantou da mesa e saiu apressado. Precisava conferir se sua navegadora estava passando bem depois de ter se transformado em um bicho enorme e perigoso. E ainda, tomado picadas de abelhas!

Andou apressado para os dormitórios e sem pensar muitas vezes na regra proibitiva de não entrar no dormitório feminino, chutou a porta e adentrou o local.

Nami, que estava deitava confortavelmente em sua cama e lendo um livro sobre ventos, ergueu-se em um sobressalto.

— Luffy! — ela ralhou.

— Ei, Nami! — ele correu até a amiga e sentou ao seu lado na cama. — Você é você ou é um lobisomem?

— O que? — ela perguntou confusa. — Tá me chamando de aberração, seu babaca?!

— Foi o Sanji que me disse! — ele se defendeu. 

— Sanj… — ela sentiu as bochechas serem espremidas entre as mãos do capitão.

— E as abelhas? — ele analisou minuciosamente o rosto da amiga. — Nem tá tão inchado assim…

— Luffy! — Nami gritou, dando um tapa nas mãos do rapaz. — O que deu em você?

— Você que está doente depois de se transformar em lobisomem e comer uma colmeia, não é? — ele disse assertivo. — Chopper não pode te ajudar?

— Escuta aqui, seu idiota. — ela o segurou pelo ombro. — Eu não sou um lobisomem! Muito menos vi alguma abelha.

— Não? — ele perguntou confuso e viu ela negar com a cabeça. — E por que você está toda “borocoxô” faz três dias?

— Eu estou no meu ciclo, Luffy. — ela explicou em um tom óbvio. — Acontece todo mês.

— Todo mês? — ele se sentia cada vez mais confuso. — Ciclo de quê, mulher?

— O corpo das mulheres passa por uma coisa chamada ciclo menstrual. — Nami não acreditava que estava precisando explicar aquilo para o capitão. — Acontece quando não estamos grávidas. E acontece com todas as mulheres adultas.

— Todas?

— Todas.

— Com a Robin também?

— Também.

Luffy pareceu processar a informação. Certo. Ok. Acontece naturalmente com todas as mulheres do mundo, todos os meses. Coerente.

Mas uma coisa ainda não encaixava.

— E por que você tá parecendo um daqueles caranguejos eremitas? — ele perguntou.

— Porque às vezes o ciclo é incômodo. — ela explicou, desistindo da ideia de ler o resto do livro em breve. — Sentimos cólicas.

— Tipo quando a gente come muito e precisa ir urgente no banheiro? — ele questionou.

— Tipo isso. — disse Nami. — Só que não passa mesmo depois do banheiro.

Luffy fez uma cara de completo entendimento e empatia pela amiga.

— E como passa?

— Uma hora ela vai embora. — ela explicou, fazendo uma careta em seguida. — Só que às vezes demoram dias.

Luffy naquele momento, mais do que todas as vezes que se sentiu grato por estar vivo depois de levar porradas mortais, sentia-se eternamente grato por não ter ciclos.

Chopper entrou no quarto e assustou-se com a presença do capitão no local. Deixou uma infusão de ervas com a Nami, que lhe sorriu.

— Ei, Chopper! — chamou Luffy. — Você não pode curar a Nami?

— Não tem como, Luffy. — ele explicou. — Algumas ervas ajudam na dor.

Luffy assentiu e olhou para Nami. Ela parecia bem, pelo menos não era um lobisomem, mas seu semblante parecia cansado e às vezes ela enrugava o nariz em sinal de dor. Levantou e marchou para fora do quarto, estava obstinado a ajudar a amiga.

* * *

Logo quando chegaram à nova ilha, Luffy partiu em direção a cidade com Chopper, que iria abastecer seus insumos no boticário da vila. Mas ver o médico escolher alguns matinhos não era bem o que ele planejava para ajudar a navegadora dolorida.

Pensou em levar alguns quilos de carne para a navegadora, mas ela parecia não querer comer tanto. Depois, pensou em levar roupas novas, mas não parecia que iria ajudar muito. Cogitou até levar picolés de laranja, mas tinha certeza que iriam chegar derretidos e isso só iria estressar ainda mais a companheira.

Andou algumas horas pela vila, à procura de algo que pudesse ajudar a amiga a passar por aquele momento com mais conforto. Cansado de caminhar, sentou-se em uma carroça que vendia Udon e pediu dez pratos de uma vez.

Enquanto comia, uma cena chamou a atenção do rapaz. Uma mulher alta, de longos cabelos pretos, ninava uma criança nos braços, que por sua vez, chorava alto. O homem ao lado, parecia sem saber como agir naquela situação, e Luffy observou o semblante despreocupado da mãe.

— Está tudo bem, querida. — a mãe continuava, dando batidinhas nas costas da pequena criança. 

— O que houve? — o homem, a quem Luffy julgou ser o pai, perguntou aflito.

— Nossa filha deve ter cólicas. — disse simplesmente.

Luffy franziu o cenho. Até crianças meninas sofriam com cólicas, sem esperar a ingratidão da vida adulta de uma mulher.

— Não se preocupe, querido. — ela sorriu, virando a criança nos braços. — Eu sei o melhor remédio para qualquer dor, inclusive cólicas.

Luffy parou de levar o macarrão até a boca e observou a cena. A matriarca agiu e logo em seguida o choro infantil parou. Ele sorriu animado. Tinha achado a cura!

* * *

Luffy aproveitou o momento pós janta, onde Robin tinha ido fazer a guarda e caminhou feliz até o dormitório feminino. Bateu na porta fechada e mal esperou ouvir o consentimento para abri-lá.

— Oi, Luffy. — Nami cumprimentou, sentada à mesa e com vários mapas e cartas ao seu redor.

— Nami! — cumprimentou animado. — Eu achei a cura!

— Cura? — ela ergueu uma sobrancelha, visivelmente confusa.

— A cura para suas dores! — ele disse, animado.

— Jura? — ela ainda estava super desconfiada com a situação. 

Nunca havia ouvido falar de cura para cólicas menstruais, e ainda parecia mais estranho quando ouvia isso do seu capitão.

— Claro! — Luffy se aproximou da amiga. 

Ele sorriu e observou o rosto confuso da amiga. Tinha certeza que iria ser completamente eficaz, ouviu quando a mulher disse que era a cura para qualquer dor.

Aproximou-se lentamente da ruiva e espalmou a mão esquerda sobre a barriga da amiga, que se sobressaltou.

— Confie em mim, Nami. — falou. 

Ela o olhou feroz e ele deu leves batidinhas no local. Em seguida, aproximou o rosto da testa da amiga, e colou os lábios no local. 

Nami se sentia completamente travada com a atitude de Luffy e nem sabia mais o que estava acontecendo ali.

Ele, por sua vez, afastou os lábios e desceu, beijando em seguida a ponta do nariz feminino. O método materno terminava ali, mas ele pensou em como Nami era uma pessoa grande, totalmente diferente daquela criaturinha, e algo dentro do peito dele pareceu dizer que poderia acrescentar mais um passo à metodologia anti-cólicas, só para garantir maior eficácia.

Luffy, então, afastou-se mais uma vez e desceu o rosto, selando por fim, os lábios nos lábios de Nami. Ele percebeu que aquela parte do corpo da navegadora era macia, e pressionou mais forte seus lábios nos dela.

Tão breve como tudo começou, logo estavam afastados. Nami sentia o corpo quente, as bochechas estavam coradas e ela não sabia se socava o capitão até ele cair na próxima ilha ou se achava aquilo tudo coerente.

— Luffy… — limitou-se a chamar por ele.

— E então? — perguntou ansioso. — Deu certo?

E o mais irônico é que pareceu dar. Nami não sabia ao certo se por conta do método em si, ou porque em sua cabeça pareciam explodir tantas informações que ea parecia pensar em tudo, menos nas cólicas.

Ela assentiu e viu um sorriso largo se abrir imensamente no rosto de Luffy.

— Isso! — ele comemorou animado. — Espero que você nunca mais sinta dor!

— Não sei… — ela disse, recuperando-se da situação. — É meio improvável.

— Como assim?

— Um ciclo dura mais ou menos uns cinco dias. — confessou, ainda corada.

Ele assentiu, o corpo escorado na soleira da porta e com um semblante pensativo no rosto. Um silêncio breve perdurou no ambiente.

— Certo. — ele pronunciou. — Então eu posso fazer isso amanhã de novo!

Nami se perguntou se aquilo de alguma forma estranha era um flerte ou uma situação trivial para seu amigo.

— E você vai fazer a mesma coisa?

— Lógico, né, Nami?! — ele falou. — E nos outros meses também.

— E em todas as mulheres com cólicas? — ela perguntou.

Parte de si estava temerosa do amigo arrumar problemas por sair beijando todas as mulheres com dor, outra parte, parecia um monstrinho rugindo sobre não querer que ele o fizesse por bel prazer.

— Não. — ele sorriu largamente. — Só na minha navegadora.

Nami sentiu as bochechas esquentarem e assentiu. Luffy saiu em direção ao deck, com uma sensação boa no corpo de dever cumprido.

E uma certa expectativa de poder ajudar Nami mais vezes com suas coisas de mulher.


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Notas finais do capítulo

Um sonho de princesa um analgésico desses, bicho. Espero que tenham curtido ♥ Cheiro e até a próxima.



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