Águas Passadas escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 33
capítulo trinta e três




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Já havia se passado quinze dias que não se via Tanya no Shirai Ryu e nos arredores. Isso preocupava Hanzo, pois sabia que podia estar tramando algo que pudesse ferir aquela que nunca deixara de ser a sua família. Por estar preocupado com a vida de sua esposa e filho, resolveu pedir a ela que voltasse ao Lin kuei até ter certeza do paradeiro da edeniana e assim Harumi o fez.

As suas visitas ao Lin kuei estavam mais frequentes, diferente de outrora. Brincava sempre com Satoshi, treinava- o no desenvolvimento da fala, fazia atividades com o intuito de ajuda-lo na parte cognitiva e estava se desenvolvendo bem. Hanzo também era um bom pedagogo e Satoshi um menino de sorte, por mais que as circunstâncias aparentavam estar ainda instáveis.

Enquanto isso, Sub zero e Kitana se preparavam para suas bodas. Preparavam seus corações e suas mentes para a nova fase que iniciariam juntos, tinham temores e expectativas. Desejavam uma festa e decoração simples com poucos convidados.

Mas algo começou a inquietar o coração de Kitana, que estava sentada em um banco feito de mármore frente a uma belíssima vista de algumas montanhas. Além da preocupação com Tanya ela se preocupava com outro fato que começou a perturbar sua mente desde o começo da semana. Sonya caminhava próximo, pisando na verde grama do jardim com suas pesadas botas que cobriam quase toda a canela, vestia seu uniforme das F.E., seus longos cabelos loiros trançados deixava-se ocultar pelo boné que sempre usava. Avistou cuidadosamente a princesa e correu-lhe ao encontro. Kitana estava tão distraída com seus pensamentos que nem percebeu a chegada da general, que notava um ar de inquietude em sua face tomou a palavra:

— O que lhe inquieta o coração, princesa? Acerto se disser que são suas bodas que estão cada vez mais perto.

— Se fosse só isso... Mas é algo que pode até parecer tolo para ti.

— Diga-me o que é. Juro que não vou zombar-te. Se for Tanya o motivo, nós começamos por buscas na Exoterra.

— Também não é isso.

— Assim me preocupas! O que pode lhe tirar o sono e o sossego?

— É Liu Kang. Desde que aceitei o pedido de casamento do grão-mestre tenho tido sonhos terríveis com ele.

— Há tempos que não ouço você falar dele. Percebi que o esqueceu por completo.

— O puro amor oferecido por Kuai não fez com que eu esquecesse a presença de Liu Kang da minha vida, mas o amor que eu sentia por ele simplesmente desapareceu. Temo que o espectro dele saiba de tal fato e queira vingança.

— Desde a queda de Shinnok não houve nenhuma rebelião vinda do submundo. O que sei é que o shaolin agora governa aquele horrendo lugar sozinho... Bem, desde que você deixou o posto de imperatriz.

— Não me arrependo nem um pouco de deixar tal posto. Aquilo havia me corroído de forma quase irreversível, mas Raiden tirou-me dali e conseguiu me devolver a vida. Isto que ele fizera fora tão louvável que estou conseguindo perdoá-lo por ele ter nos abandonado a própria sorte naquela tarde tão sombria para todos nós.

— Se me permite falar sobre essa sua apreensão... Acho que Sub zero se sentiria inseguro ao saber de tal desventura que seu coração e sua mente andam sofrendo.

— Posso lhe garantir que o que mais quero nesse momento é me unir a Sub zero e juntos formar uma linda família, meu coração pertence a ele.

— Então tente fazer algo que faça você se esquecer dessas preocupações tolas. Mandei trazer um estilista renomado que conheço para fazer seu vestido.

Kitana deixou escapar um sorriso de seus lábios e foi com Sonya.

***

Aquele fim de tarde estava quente e o céu estava com algumas nuvens em forma de flocos, o sol estava quase tocando as montanhas. Harumi estava sentada em um pequeno muro bordando uma toalha que daria de presente a Kitana, enquanto estava próxima do seu esposo e filho que se entretinham em uma brincadeira. Ora ela bordava, ora acompanhava-os com o olhar. Deixava escapar um sorriso para o marido, este retribuía com outro sorriso junto com uma piscadela. Hanzo achava incrível como sua esposa era charmosa com sua naturalidade, deixando algumas mechas de seus cabelos lisos e negros caírem sobre o rosto.

Harumi começou a sentir algo estranho em seu coração, um temor – o mesmo que sentira quando lhe sequestraram o filho. Deixou o bordado em cima da mureta e foi em direção a sua alcova para pegar alguma arma que estivesse de fácil acesso. Quando estava próxima a porta viu Rain encostado em uma pilastra próxima, Harumi se sentiu intimidada com sua presença, o hydromancer deixou escapar um sorriso maquiavélico de seus lábios e disse com voz faceira:

— Para onde vai, Harumi?

— Isso não é da sua conta.

— Tem alguém que precisa lhe ver.

— Isso não me importa nem um pouco, me deixe em paz.

Rain agarrou o braço da japonesa fazendo que ela desse um grito, mas que fora abafada pelas mãos do malfeitor. Formou-se um redemoinho de água ao redor dos dois e eles desapareceram.

Quando Hanzo não avistava mais a sua amada seu coração começou a se inquietar, chamou o filho que estava detrás de uma árvore, pegou-o no colo e foi em direção aos bordados de Harumi, olhou-os e carregou consigo em direção aos aposentos dela. Chegando próximo da porta do quarto viu uma poça de água e estranhou por não ter uma nuvem de chuva no céu. Colocou o menino no chão, deixou os bordados em cima de uma cadeira próxima e examinou a água da poça com as mãos: era incolor e sem odor. Takeda passava próximo e perguntou à Hasashi:

— O que está fazendo?

— Mande procurar Harumi por todo o clã. Ela desapareceu.

***

Harumi apenas se sentiu jogada em um cômodo escuro. O chão era de barro batido, não havia nada além de uma esteira feita de palha e um lampião que iluminava precariamente o ambiente. Foi em direção a esteira e sentou-se sobre ela. Olhava a luz incandescente do lampião e começou a lembrar de Hanzo e Satoshi. Pensou: “Será esse o meu fim? Não tenho direito de ser feliz plenamente com a minha família?”.

As lágrimas molhavam a maçã de seu rosto. Será que todo o esforço feito fora em vão? Aquele puro amor daqueles amantes seriam apagados pela maldade de uma serpente edeniana? Não queria acreditar em tais pessimismos que só faziam seu coração pesar de dor. Queria apenas fechar os olhos e lembrar-se dos momentos que estivera nos braços de seu amado esposo.

Ouviu-se um ruído estrondoso na porta fazendo a flor oriental se assustar de tal maneira que se encolheu num canto do cômodo. Cerrava os olhos com medo de ser surpreendida com a morte. A porta se abriu e uma figura familiar se fazia presente naquele local. Timidamente Harumi abriu os olhos e viu a figura de Tanya que sorria sarcasticamente.

— Boa noite, pequeno rouxinol do Shirai Ryu. 


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