Can't pull the sword from the stone escrita por tsaritta


Capítulo 1
but I can't pull the sword from the stone




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Por entre ruas desertas de uma cidade, um rapaz de cabelos brancos caminhava.

 

Durante um belo final de tarde nublado, Dante havia terminado a pouco tempo seu último pedido de trabalho do dia.

 

Sem intenções de voltar tão mais cedo do que esperava para o seu querido estabelecimento, Devil May Cry, o jovem resolveu aproveitar o silêncio e a paz, os quais somente uma rua desabitada poderia oferecer.

 

— Que belo tempo hein? – Murmurou enquanto observava o céu nublado enquanto caminhava. – Me faz lembrar daquele dia. – Ele sorriu, sem alcançar seus olhos.

 

Dia após dia, Dante tentava abandonar com todas as suas forças as lembranças de seu irmão.

 

As lembranças da última vez que ele o viu.

 

Afinal, já havia se passado um ano. No entanto, sua memória era como um disco arranhado, que insistia em sempre tocar a mesma melodia de um passado que não havia como consertar.

 

Uma melodia tempestuosa, acompanhada de raios que queimam a pele e de folhas amareladas que lentamente caem ao chão, fracas e sem forças para se manterem vivas. 

 

Um ano, e suas lembranças ainda o torturavam. Especialmente em dias nublados como estes.

 

— E eu ainda espero que você volte… – Mesmo sabendo que isso nunca iria acontecer.

 

Respirando fundo, Dante voltou a direcionar seu olhar para a rua à sua frente. Onde ele sempre deveria estar, não divagando.

 

Não divagando, não naufragando em pensamentos que o afundavam todo dia. Mesmo que nadar contra a correnteza de seus arrependimentos se tornava uma batalha cada vez mais difícil, ele não podia se permitir desistir.

 

Mas a chuva o imergia no passado.

 

A passos trêmulos, Dante se forçou a inspirar profundamente outra vez, – um grande nó na sua garganta dificultava sua respiração – para oferecer o oxigênio que seu não tão frágil coração precisava.

 

No entanto, não importa quantas vezes o rapaz tentava suprimir seus sentimentos, sua mente o culpava incessantemente. 

 

E apesar disso, hoje ele compreende que a culpa é, de fato, dele.

 

Anos desde a última vez que se viram, – desde que tudo fora destruído pelas chamas – e sua primeira reação fora lutar contra seu próprio irmão, – sua própria carne – com intenção de matar, três vezes.

 

Por três vezes, Dante poderia ter mudado o destino com suas próprias mãos, e falhou miseravelmente em todas.

 

Somente depois que tudo havia sido feito e dito, que ele tentou de fato.

 

Mas não foi o suficiente. Ele não foi forte o suficiente. Não foi rápido o suficiente. Foi patético.

 

O que lhe restou foi somente um corte na palma da mão, que logo se cicatrizou em poucos segundos, a prova de um fiasco de salvamento desaparecendo sem rastros.

 

A brisa do vento ficava cada vez mais forte, e com ela, as gotas de uma chuva frígida batiam levemente contra o rosto do jovem de cabelos esbranquiçados.

 

Que já se encontrava úmido. 

 

— Por que... Dói tanto? – Ele murmurou, cerrando os dentes dolorosamente.

 

Um trovão pode ser ouvido ao longe, seu ruído quase tão alto quanto o caos que havia se iniciado na mente do caçador de demônios. Um estrondo dos céus tão alto quanto o som dilacerante de um coração meio humano diante do luto, batendo de forma dolorosa e incessante contra seu peito.

 

Seu peito queimava agudamente como um raio, e de seus olhos azuis tão gélidos, uma cascata torrencial descia continuamente.

 

Cedendo a fraqueza de seus joelhos, Dante caiu de encontro ao chão, abraçando seus próprios braços trêmulos.

 

Por que, Vergil?

 

A cada respiração uma diferente memória emergia das profundezas de sua mente, prolongando a dor invisível que o atormentava. Mas era impossível se libertar da culpa e solidão que o consumia. 

 

Parado no meio de uma rua vazia, o vulnerável caçador de demônios permitia que a chuva batesse contra seu corpo, o encharcando junto com suas lágrimas, na esperança de que a água limpasse a sordidez de seus arrependimentos. 


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Notas finais do capítulo

(✿?—?‿?—?)



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