Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 21
Noite Chuvosa


Notas iniciais do capítulo

Eu avisei para se prepararem.

Boa leitura ♡



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Marinette entrou pela porta de sua casa, sem vontade de forçar um sorriso. Estava chateada demais consigo mesma por ter magoado Luka. Ele era um garoto tão legal, que merece muito amor. Algo que ela não conseguiu dar a ele.

— Filha ainda bem que chegou, vai cair um temporal lá fora. - Sabine apareceu pela sala, e Marinette tentou se recompor a tempo, mas já era tarde demais. - Filha, que cara é essa? O que houve?

Marinette achou que os pais estivessem na padaria, mas talvez fosse uma coisa boa ter a mãe ali naquele momento. Estava cansada de resolver as coisas sozinha.

— Mãe, eu acho que… acabei de magoar um garoto que eu gosto muito. - Ela sentiu os olhos começarem a arder, e Sabine a puxou para sentar no sofá.

— Oh queria, mas o que houve? Se gosta tanto dele…

— Mas ele merece alguém que faça mais do que gostar dele, Luka merece alguém que o ame! - Ela soltou frustrada, enquanto sentia sua mãe fazer carinho em seus cabelos. Isso sempre a fazia se sentir um pouco melhor.

— Bom filha, se você realmente não o ama, então foi uma boa coisa dizer isso a ele, antes que você o prendesse por mais tempo. - Sabine disse baixo, e Marinette soltou um suspiro, deixando-se relaxar um pouco. Sabia que podia contar com a sua mãe para lhe dizer a coisa certa.

— Mãe, como foi que soube… Que o papai era o homem certo? - Arriscou fazer essa pergunta, evitando olhar para a mãe. Falar dessas coisas era um pouco constrangedor.

— Bem… - Ouviu a mãe dar uma pausa, talvez estivesse escolhendo as palavras certas. - Eu não acho que exista só uma pessoa certa para nós. Mas é uma escolha que devemos fazer todos os dias.

— Como assim? - Marinette olhou para a mãe, confusa. E a viu dar um sorriso, como se ela visse graça na confusão da garota.

— O amor é uma escolha filha. Eu me levanto todos os dias de manhã e escolho amar o seu pai. Alguns dias, essa escolha é fácil, outros dias eu preciso me esforçar mais. Mas o importante no final, eu sempre o escolho.

— E se você não souber quem escolher? - Marinette temia a resposta que podia vir dessa pergunta. Não é que estivesse em dúvida entre Adrien e Luka… Mas Chat estava, novamente, irrompendo sua lógica. A fazendo questionar coisas que antes eram inquestionáveis. Como seu amor por Adrien.

— Bem, se estiver na dúvida, pense em como seria a vida sem algum dos dois. E depois, escolha aquele que você não conseguiu imaginar a vida sem ele.

Marinette travou naquele momento. De fato, ela já havia imaginado, em algumas de suas várias noites sem dormir, como seria se nunca conseguisse se declarar para Adrien. Imaginou eles se formando na escola, e depois indo para faculdades diferentes, cada um seguindo sua vida. Imaginou se encontrando com ele mais velho, e eles rindo nostálgicos ao lembrar do tempo da adolescência que passaram juntos.

Ela havia chorado muito na noite em que imaginou isso acontecendo. Doeu, doeu muito só de pensar em um futuro assim, em que eles não passassem de dois velhos conhecidos depois de adultos, sem nada em comum depois do tempo da escola. Doeu imaginar uma vida em que ele não estivesse presente, junto dela.

Mas ela havia conseguido imaginar isso.

Nunca conseguiu se imaginar como Ladybug sem seu parceiro ao seu lado.

Pois a verdade é que nunca pensou que um dia eles iriam estar separados.

Seriam sempre Ladybug e Chat Noir afinal, não seria?

— Obrigada mãe! - Ela a abraçou. Queria mostrar gratidão pelo conselho da mãe, mesmo sentindo seu coração partir ao meio.

“Uma vida sem o Chat Noir é inimaginável". E essa foi uma confirmação que fez até os seus ossos gelarem… "Mas eu nunca poderei escolher ele para amar.”

Ele ainda seria seu amigo, seu parceiro, seu confidente. Chat era importante demais para ela, e isso Marinette não podia negar.

— Por nada meu bem! Agora suba e tome um banho, vamos jantar daqui a pouco.

*******************************

Conferiu as janelas fechadas pela décima vez, enquanto a chuva lá fora parecia querer inundar as casas de Paris.

— Talvez seja melhor Chat não vir hoje. Ele vai se ensopar inteiro. - Marinette ciciou para Tikki, enquanto se afundava em sua coberta.

— Quem sabe, Chat Noir é meio teimoso às vezes. - Tikki respondeu, e a garota teve que concordar.

— Vou pegar umas toalhas para ele. - Decidiu por fim, se levantando e indo em direção ao guarda roupa. Já estava com umas duas toalhas no braço quando ouviu batidas na janela lateral. Quase não conseguiu ver a figura de Chat Noir em meio às grossas gotas de chuva que caíam. - Por Deus Chat! - Ela largou as toalhas no chão e correu para a janela, abrindo-a e permitindo sua entrada.

— Achei melhor entrar por aqui e não molhar sua cama. - Ele falou, e ela esperou alguma piadinha vir dele. Ou então algum sorriso ladino e charmoso, mas estranhou quando tudo o que ele fez foi olhar para o chão, evitando o contato de seus olhos.

— Está tudo bem Chat?

Ele a olhou, então percebeu o quanto rosto dele estava sério.

— Ta sim eu só… posso? - Falou apontando para as toalhas que ela havia deixado cair. Ela concordou com a cabeça, vendo-o pegar uma delas e passar por seu cabelo e roupa logo em seguida.

— Você está estranho. - Sim, Chat sabia que estava estranho.

“Mas que droga Mari! Será que não consegue entender, sem eu ter que gritar aos quatro ventos, que eu estou com ciúmes?"

— Por que eu estaria estranho? - Foi o que ele realmente disse, enquanto se limitava em tentar secar suas roupas, evitando qualquer contato visual com os olhos analisadores dela.

Chat não queria estar zangado com ela, mas estava. Zangado por saber que ela havia escolhido passar a tarde com o cara que havia partido seu coração. Zangado por ela saber dos sentimentos dele e ainda assim, sair com outro. Zangado pois não tinha o direito de estar zangado por ela fazer isso. Ela era livre. Mas mesmo assim, a raiva dele ainda se fazia presente.

— Chat…

— Vamos só dormir hoje? Por favor? - Ele a cortou. O que a fez ficar alarmada. 

Ele nunca havia falado com ela desse jeito. Bom, lembrou da vez em que ela o magoou, enquanto enfrentavam Glaciator, e ela pediu, como Ladybug, que eles fingissem que se amavam. Chat Noir ficou muito irritado naquele dia, e com razão. Ela havia recém descoberto que os sentimentos dele eram reais e profundos, e mesmo assim, pisou neles como se não fossem nada.

— Estou cansado e não quero conversar. - Continuou, e se odiou por ser grosso com ela assim, mas temia que, se fossem conversar, acabaria despejando mais de sua raiva sobre ela. E ele não tinha esse direito. Evitar esse conflito era melhor, mesmo que ao evitá-lo, acabasse sendo rude com ela. Não queria que ela soubesse desse lado possessivo dele. Era feio e ele não tinha nenhum orgulho dele.

Então lhe deu as costas, quando percebeu que estava “seco” o suficiente e subiu para a cama, deixando Mari completamente confusa e angustiada com o comportamento dele.

Ela foi logo atrás, e o viu deitado de lado, de costas para o lugar em que ela ficava na cama. Estava de braços cruzados e olhos fechados, um sinal claro que estava chateado com alguma coisa.

E pelo jeito que ele a tratou, o problema era com ela.

Mari deitou em seu canto, evitando tocar no corpo de Chat e ficou imaginando o que poderia ter feito para deixá-lo assim.

Se fosse pelo encontro que teve com Luka mais cedo, ela entenderia. Mas como Chat havia ficado sabendo disso? Ah não ser que ele houvesse passado pelo parque mais cedo ou então…

“Ah não!”

Se ele tivesse ido à casa dela mais cedo aquele dia e tivesse visto os dois se beijando.

“Merda!”

Marinette olhou para as costas de Chat, vendo o peito dele subir e descer conforme sua respiração. Se ele havia, de fato, visto o beijo, deveria realmente estar muito magoado com ela. Ninguém gosta de ver a pessoa que ama beijando outra, mesmo esse sentimento não sendo correspondido.

Ela temeu pela segurança de Chat naquele momento. Hawk Moth não deixava muitas emoções negativas passarem despercebidamente. Imagine ter encontrado com Chat Blanc em sua janela hoje ao invés de Chat Noir?

Esse pensamento maldito a fez sentir um calafrio subir por sua espinha e suas mãos começarem a tremer.

Ela olhou novamente para o gatinho adormecido ao seu lado e não aguentou, passando seu braço por cima do tronco dele e juntando seus corpos em uma “conchinha” invertida e desajeitada. Como não houve protesto nenhum da parte dele, imaginou que ele já estivesse dormindo.

“Gato bobo!” - Pensou enquanto afundava o rosto em suas costas largas.

Ela pensou em como seria se não tivessem que reprimir essas emoções por causa de Hawk Moth. Por um mal entendido como esse, Chat se afastaria dela por causa de Luka?

Essa simples pontada de pensamento era como uma faca entrando em seu coração.

“Uma vida sem Chat Noir é inimaginável.”

E com isso, Marinette abriu os olhos rapidamente, sentindo as lágrimas começarem a brotar em seus olhos, enquanto podia visualizar o último item de sua lista sendo riscado.

“Estou apaixonada por Chat Noir”

E com isso, o medo se apoderou de seu corpo. Sabia que era um erro, e um dos gigantes.

Primeiro: estava traindo seu coração que amava Adrien.

Segundo: nunca poderia contar a Chat quem ela era por completo. Ele nunca poderia descobrir que ela era Ladybug.

Terceiro: Se ele descobrisse um dia, poderia ser o fim dos dois. Ele não a perdoaria por mentir para ele todo esse tempo.

Mas mesmo com tudo isso em mente, podia sentir seu coração teimoso bater mais forte por Chat.

“Estou apaixonada por Chat Noir” - Ela repetiu mentalmente, confirmando algo que talvez ela já sabia a dias, mas que negou a si mesma, até o último segundo.

**************************************

— O meu desejo seria resolver tudo, para gente ficar junto outra vez. - Ele falou, com aqueles malditos olhos azuis a observando atentamente.

“Nunca ficamos juntos!” - Ela quis gritar.

— Ah, mas vamos! Você está apaixonada por mim, não está? - Chat Blanc pegou o seu rosto com os dedos compridos.

Seu toque gélido só deixava o ambiente mórbido ao redor mais sinistro.

“E-estou” - Ela respondeu em pensamento, tentando se desvencilhar de sua mão, que apertava mais suas bochechas, a ponto de machucar. Mas era como se qualquer esforço fosse inútil. Daria tudo, faria tudo para que os olhos que a observavam agora com insanidade fossem os verdes cheios de carinho que estava acostumada.

Chat Blanc aproximou o rosto da lateral da cabeça dela, pode sentir a respiração dele bater em seu ouvido antes de proferir suas palavras.

— Me dá um abraço, Marinette. 

De todas as outras vezes em que ele disse essa frase, essa foi a pior. Pois todas as outras, ele dizia isso com raiva, berrando seu nome, destilando ódio.

Mas essa, ele falou com carinho, tão insuportavelmente sincero, que seu coração quis parar.

Ele soltou seu rosto e a aconchegou em seus braços, enquanto ela sentia todo seu corpo tremer em puro pavor.

“Me solte!”

E para finalizar, ela o ouviu sussurrar a frase mais horripilante.

— Eu vou te achar M’lady. — Ela quis berrar e empurrá-lo para longe e chorar até que alguém a tirasse daquele lugar cruel.

— NÃO! NÃO! - Ela levantou em um solavanco, sentando-se na cama.

— Graças a Deus você acordou! - Ela sentiu braços ao seu redor, com a mesma voz que fazia seu sangue gelar, mas o impediu de a abraçar rapidamente.

— Não encoste! - Ela tapou os olhos com as mãos, ainda com a respiração irregular e puxando ar pela boca para se acalmar. - Não foi real, não foi real!

Chat estava ao lado da garota sem entender o que estava acontecendo. Já havia acordado há alguns minutos quando a viu se debater dormindo e começando a choramingar. O mais estranho: ela estava abraçada com ele quando o acordou. As pequenas mãos o apertavam firmes o seu tronco enquanto ela chorava.

Ele estava como Adrien, e assim que percebeu que ela estava tendo um pesadelo, se transformou. Não queria se afastar dela, tinha que admitir que estava gostando de tê-la tão perto. Mas não daquele jeito, não enquanto sofria em seus sonhos.

E já ia acordá-la para evitar este tormento dela, mas lembrou que deveria esperar que ela acordasse por conta própria.

E isso foi horrível.

Vê-la chorar ainda inconsciente o deixou completamente angustiado. Então ele a puxou para seus braços, a ergueu um pouco da cama enquanto sussurrava no ouvido dela que estava tudo bem, ele estava ali.

E parecia ter funcionado, pois ela logo acordou, aos berros, mas acordou. Mas não entendeu por que ela havia o afastado depois. Ainda devia estar assustada demais.

— Princesa, estou aqui. - Insistiu de forma terna. Ele estava um pouco atrás dela, e temeu tocá-la e espantá-la de novo.

Mari tirou as mãos dos olhos, virando o rosto para trás, viu Chat a olhar com preocupação. Respirou fundo antes de respondê-lo.

— Me desculpe, já estou melhor. - Ela virou-se para frente novamente, passando a mão pela testa, ajeitando seus cabelos, ainda sentada na cama. Podia ouvir, além da sua respiração pesada, a chuva ainda caindo do lado de fora. 

Abraçou os joelhos e se perguntou o porquê de ter tido pesadelo com Chat ao seu lado. E ele parecia pensar o mesmo, pois logo em seguida falou:

— Não devia ter pesadelos quando estou com você. - Não era uma pergunta. Ele afirmou, sentindo o fracasso tomar conta. Ele estava se sentindo péssimo. Afinal, não era essa sua função ali? Evitar que Mari tivesse noites assim? - Será que já não sou mais suficiente?

— Você é suficiente. - Ela falou antes que ele dissesse mais alguma coisa e se martirizasse mais. Chat fitou as costas dela, querendo poder ver seu rosto. - A culpa foi minha, tive pensamentos ruins antes de dormir.

Ele sentiu sua culpa ficar maior. Foi um babaca com ela quando chegou, e talvez por isso, ela teve esses pensamentos.

— Foi o jeito que eu te tratei quando cheguei não foi? - Ele permaneceu sentado em seu lugar, encostado na cabeceira dela, sentindo-se um idiota. - Eu fui horrível com você hoje.

Curiosa, Marinette se virou para ele nesse momento, vendo-o com a postura derrotada enquanto fitava as próprias mãos.

— Você estava cansado….

— Nós dois sabemos que não era isso. - Ele ergueu o rosto, fitando os enormes olhos azuis o observando, como duas pedras da lua.

Marinette sentiu seu corpo murchar. Não sabia se queria continuar aquela conversa, mas sentia que precisava.

— O que era então? - Chat resmungou, soltando um suspiro e saiu da cama, saltando para baixo. — N-não precisa me contar, se não quiser. - Ela falou temerosa, indo em direção a escada para alcançá-lo.

— Mas eu quero te contar! - Ele falou, andando de um lado para o outro, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. - Você é a minha prioridade Marinette! - Chat não percebeu, mas essa frase fez com que o coração da garota falhasse uma batida.

Há quanto tempo ela não ansiava por alguém que fizesse isso por ela? Que a colocasse acima de tudo. Que cuidasse dela, e a tratasse como a coisa mais importante? Foi tão cega… Esse alguém estava ali esse tempo todo.

Chat continuava ansioso, andando de um lado para o outro, mexendo as mãos uma na outra. Devia estar escolhendo as palavras certas para dizer a ela o que o estava incomodando. Mas nada mais importava.

Qualquer dúvida que ainda restava no coração de Marinette foi varrida com aquela pequena alegação.

“Eu só acho que você merece alguém que te coloque como prioridade” - As palavras de Alya flutuaram em sua mente.

Chat Noir sempre a tratou assim, ela só não conseguiu enxergar. Mas seus olhos estavam abertos agora.

— Mas eu também não quero que me ache um idiota ciumento por causa do que eu vou falar. - Ele continuou, tirando-a do pequeno transe que estava. O coração dela batia forte.

— Por que eu o acharia um idiota ciu…

— Eu soube do seu encontro com o Luka hoje. - Chat soltou, interrompendo-a. Parando de andar e ficando de frente para Marinette. Ele precisava ver seu rosto, precisava saber o que ela acharia dele agora.

— C-como soube? - Mari não estava tão surpresa, pois havia pensado nessa possibilidade. Ela só queria ser cautelosa.

— Não importa. - Chat balançava a cabeça. - Só me deixa louco pensar que ele te magoou tanto e ainda assim, você aceita sair com ele.

— Me magoou? - Agora Marinette não estava realmente entendendo nada. - Luka nunca me magoou Chat.

E agora, foi a vez de Chat ficar confuso.

— M-mas eu achei que… - Ele gaguejou e então parou. - Você disse que o menino que você gostava estava com outra.

Mari sentiu uma pontada na ferida, ainda aberta.

— Mas eu nunca disse que esse menino era o Luka. - Ela suspirou e o viu ainda mais confuso. - Eu tentei gostar dele, mas não deu muito certo. - Ela sentiu o coração disparar. Precisava dizer o que havia descoberto a Chat. - Eu beijei o Luka. hoje

— Ah, que ótimo! - Chat jogou as mãos para cima, voltando a andar pelo quarto.

— Não seu gato bobo, não foi ótimo! - Marinette finalmente perdeu a paciência, se aproximando de Chat e o segurando pelos ombros. - Eu beijei ele e acabei pensando em você!

Ele congelou, sentiu as pequenas mãos dela afrouxando o aperto enquanto eles se encaravam.

— Você pensou, em… mim? - Ele precisava confirmar o que havia acabado de ouvir, mas as bochechas coradas dela foram a resposta que precisava. - Por que pensou em mim? - Era uma pergunta idiota, mas como ele já havia tirado conclusões precipitadas demais por uma noite, decidiu garantir não errar de novo.

Mari o soltou, ainda em silêncio e recuou alguns passos.

— Eu tentei resistir, Chat. - Ela falou baixo, abaixando a cabeça e fechando os olhos, enquanto se auto abraçava. - Mas está sendo impossível para mim impedir esse sentimento! 

Chat cruzou o quarto a passos rápidos. Só não tão rápidos quanto as batidas que tamborilavam dentro de seu peito. Ela logo sentiu a presença dele bem próxima de si, os dedos dele erguendo seu queixo para fitá-lo.

— Por que resistir? - Era a pergunta prêmio da noite. A pergunta que ele não poderia saber a resposta. Mas havia outros motivos menores que ela podia citar.

— Eu estou apaixonada por você. -Achou que só iria conseguir dizer isso se fechasse os olhos e gritasse de uma vez, mas não. Ela disse, olhando no fundo dos olhos dele, a voz quase em um sussurro, mas firme o bastante para transmitir a ele todo o peso de seu sentimento. Chat sentiu o coração saltar uma batida. Ela viu a forma como ele ficou estático, ainda absorvendo suas palavras. Mas ela precisava dizer mais uma coisa, mesmo que não quisesse, ele precisava saber. - Mas meu coração ainda ama outra pessoa. - Ela pousou a pequena mão em cima de seu coração, como se dizer a verdade machucasse não só a ele, mas a ela também.

Mas ele sabia bem como era ruim esse sentimento, sabia exatamente como era. Se sentir a pior pessoa do mundo por não ser leal à primeira pessoa pela qual seu coração batia mais forte.

— Cha…

Marinette não conseguiu dizer a tempo. Interrompida pela boca de Chat que tomou a sua em um beijo afoito. Ele a apertou na cintura e a grudou em si. Os lábios dela eram o encaixe perfeito para os seus. Macios, doces e quentes.

“Apaixonada por mim. Ela está apaixonada por mim!”

Era o que o herói pensava enquanto a segurava pela nuca, se afundando na boca dela. Os lábios entreabertos de Mari o convidaram a explorá-la mais, a sentir o sabor do seu hálito.

Logo sentiu as mãos pequenas se agarrarem em seus cabelos, enquanto a língua dela também o invadia. Ele não conseguiu não sorrir em meio ao beijo. Saber que ela o correspondia o deixava aceso.

— Me diz se o beijo dele é melhor do que o meu! - Chat disse ao se separar minimamente dela para respirar. - Me diz…

Não teve tempo para terminar, agora era Marinette que o puxava para beijá-la novamente. Não pode deixar de notar o quanto gostou disso. O quanto gostou de saber que ela também ansiava pelo toque dele.

A apertou mais pela cintura, e Mari sentia que finalmente havia encontrado seu lugar. Estar nos braços de Chat parecia, simplesmente, certo. Tão certo que não sabia mais como seria viver sem isso mais. Sem os toques deles, sem os beijos que a enlouqueciam.

“Sim gatinho, seu beijo é muito melhor!”

Arfou quando sentiu Chat Noir sugar o seu lábio inferior, ouvindo-o soltar um pequeno rosnado como resposta.

— Não resista… - Chat sussurrou em seu ouvido, arrancando outro arquejo de Marinette. - Eu posso fazer você esquecê-lo, princesa... - O hálito quente dele batia em seu pescoço, local onde ele agora, depositada pequenos beijos. - Só me dê uma chance!

Marinette respirou fundo, aproveitando aquela sensação mas também, tentando se recompor para conseguir conversar direito. Ela segurou seus ombros, o afastando um pouco para olhar os olhos verdes, que agora estavam com as pupilas mais dilatadas que o normal.

A respiração ofegante dele e lábios rosados ainda úmidos não ajudavam em nada no autocontrole da garota.

— Não acho certo continuarmos com isso enquanto meu coração ainda bate por ele. - Ela não queria dizer, mas sentia que precisava. O rosto de Chat se contorceu em desagrado.

— Mas ele te rejeitou, não foi? E está com outra agora.

Marinette arregalou os olhos e Chat quis se bater por ter dito algo tão grosseiro por mero impulso. Não era culpa dele se tudo o que queria era encerrar aquela conversa para continuarem se beijando. Isso resultou em uma resposta mal-educada e impensada.

— Uau, golpe baixo Chat! - Ela falou, parecendo irritada, mas magoada se encaixava melhor. Chat pôde ver o lampejo de dor nos olhos dela. Quando ela tentou se virar, talvez para esconder dele que seus olhos haviam marejado por causa dele, Chat segurou seu pulso, a impedindo de afastar.

— Me desculpe princesa! De verdade. Eu não quero te magoar, eu juro, é só que… - Ele suspirou fundo. - Agora estou paranoico tentando descobrir quem é esse cara. Eu achei que era o Luka, mas vi que estava enganado. Eu só quero saber o que ele tem de tão especial para ter o seu coração.

Mari sentiu pena do seu olhar. Assim como com Ladybug, tudo o que ele queria era sua sinceridade e seu amor.

Bom, pelo menos como Marinette ela podia ser mais sincera.

— Adrien. - Ela disse, e Chat levantou o olhar rápido e assustado. Seu sangue gelou. Ela tinha mesmo o chamado pelo nome? Quando ela descobriu quem ele era?? - Adrien Agreste, esse é o nome do garoto que eu amo. - Mas ela continuou e toda confusão se dissipou em sua mente, dando lugar a um coração que acelerou freneticamente.


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Notas finais do capítulo

É fogooooo no parquinho!!! hahaha, ou melhor, é chuva no parquinho?

Alguém me disse que a "Chuva" era símbolo de Adrinette, e eu concordo. Por isso a chuva só começou depois que ela se separou do Luka, rá! Pensei em tudo kkk.

Quinta vamos saber como Chat vai reagir a essa informação hahaha.

Beijos doces! Espero que tenham gostado! ♡

Vejo vocês nos comentários!