Missão de aniversário escrita por annaoneannatwo


Capítulo 1
20 de Abril




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No dia 27 de dezembro, Katsuki tem como objetivo surpreender sua namorada no aniversário dela e, para isso, convoca seus colegas para ajudá-lo em uma missão.

 

Ochako não tinha nenhum plano específico para o sábado à tarde, então quando o Kirishima, a Mina, o Kaminari e o Sero a interceptaram na mesa de estudos no dia anterior perguntando se estaria ocupada, ela disse que não.

—  Opa! Que bom! É que a gente tava precisando de um favor. —  o ruivo sorri e coça a cabeça.

—  Ah, se for algo que eu puder fazer, faço sem problemas!

—  Vish, tá concordando sem nem saber o que é, eu não faria isso… —  o Sero diz, ganhando um beliscão da Mina em retaliação.

—  Não liga pra ele não, Ochako! —  a Mina sorri e se aproxima, de repente ficando muito séria —  A gente tá te mandando em uma missão ultrassecreta e importante, você tá pronta?

—  U-uma missão? —  ela arregala os olhos —  Por quê…? O que tá acontecendo?

—  A gente precisa de alguém pra distrair o Bakugou por algumas horas enquanto arrumamos o dormitório pra festa de aniversário dele, ah, e é surpresa, então ele não pode saber se não vai dar um jeito de escapar, ok? Ok então, valeu por concordar! Tamo contando contigo! —  o Kaminari dá um joinha.

—  E-espera… amanhã… é aniversário do Bakugou? —  ela pergunta em curiosidade. Ochako sabe o aniversário de todo mundo na sala, tem anotado na agenda e tudo, só não tem o dele. Sempre que alguém pergunta, o loiro retruca “E por que caralhos isso é da sua conta?” e fica por isso mesmo.

—  Uhum! O Kiri descobriu e a gente quer dar uma festinha, mas não tem como ele não perceber alguma coisa no ar, então a gente precisa dele bem longe dos dormitórios.

—  Mas… como vocês sabem que ele não vai passar o aniversário com os pais? —  nossa, se Ochako pudesse, com certeza passaria o seu com os dela, mas fica tão caro viajar. Até onde ela sabe, a família dele não mora longe.

—  Hehe, porque foi assim que eu descobri, ouvi do meu quarto ele no telefone com a mãe, ela tava berrando e perguntando “por que caralhos ele é tão ingrato e não vai pra casa no aniversário”. Detalhe que eles nem tavam no viva-voz. —  ele informa com muita seriedade.

—  Entendi… e… por que… eu? —  ela pergunta, um pouco envergonhada.

—  Se for qualquer um de nós, ele vai estranhar, e cada um já inventou uma desculpa pro nosso sumiço amanhã. —  o Kirishima explica. Ochako acha que isso sim parece suspeito, mas não vai dar palpite no plano deles, ela tá curiosa demais pra saber porque foi a escolhida —  E se fosse alguém tipo a Tsuyu, o Todoroki, a Yaoyorozu, o Midoriya…

—  Melhor nem pensar nisso… —  a Mina complementa — E ele finge que não sabe quem são as outras pessoas da sala, então… tem que ser alguém com um certo… charme, entende? —  ela dá uma piscadinha, e Ochako fica vermelha.

—  É, você é a melhor pedida, Uraraka! —  o Kirishima junta as mãos e se curva — Por favor! Quebra essa pra nós!

—  O-oh… claro, eu… vou fazer o possível, mas… não sei se vai funcionar, eu… acho que sou uma dessas pessoas que ele finge não conhecer.

—  Haha, ah tá. —  a Mina dá uma risada debochada e olha pro Kirishima de maneira cúmplice —  Você vai tirar de letra! A gente só precisa dele longe por umas três horinhas, temos que dar uma limpada, colocar a decoração e buscar o bolo numa confeitaria lá do centro, então você só tem que enrolá-lo, ok?

— Eu não sei, Mina…

—  Assim, eu entendo se você não puder, nosso plano B era pedir pra Jirou, talvez ela também seja capaz de segurá-lo…

—  Pode contar comigo!  — um instinto primário horroroso toma conta dela: ciúmes. Jirou não deve prestar atenção no Bakugou nem como ser-humano, que dirá como um potencial interesse amoroso, mas a ideia dele passando um tempo com outra garota a incomoda profundamente.

E isso levanta a importante questão sobre quando Ochako começou a sentir ciúmes do Bakugou. Bom, já faz alguns meses que algo nela mudou em relação a ele, Ochako sempre achou o loiro nervoso intrigante, a princípio de um jeito exótico, como se ele fosse um animal selvagem o qual ela tinha curiosidade em ver de perto. Mas ultimamente, ele a intriga de outro jeito, a coragem, a paixão por tudo que faz, a maneira como ele inspira seus amigos mais próximos sem nem perceber, até sua postura e jeito de falar a fascinam, ou melhor, a encantam. São sentimentos muito diferentes dos que ela sentia pelo Deku, Ochako achou estar apaixonada, mas sabe que pelo garoto de cabelo verde ela só sente carinho e admiração imensos, pelo Bakugou… bom, também há carinho e admiração, mas… tem algo a mais. E não que ela ache que tem alguma chance ou que sequer vale a pena tentar nessa loucura desse curso de heróis, ela tem um monte de outras prioridades no momento, mas… também não vai recusar a oportunidade de passar um tempinho com ele.

Mesmo que… ela não tenha ideia de como vai segurá-lo e fazê-lo passar o tal tempinho com ela.

 

***

No sábado, assim que o sinal da última aula toca, Ochako está alerta e imediatamente corre até o Bakugou quando o vê indo em direção à porta.

—  B-Bakugou! Espera um minutinho, por favor! —  ela para diante dele, um pouco ofegante. Ele fica olhando-a com cara de tédio.

—  Fala logo o que você quer, me chamou pra ficar me olhando com essa cara de otária? —  ela fica tão surpresa por ele ter parado pra ouvi-la que esquece o que ia falar. Droga!

—  E-eu… hã… sabe o que é? Eu… tô com umas dúvidas em inglês e… queria que alguém me ajudasse a estudar…

—  Ué, por que não pede pro Quatro-Olhos ou pra Rabo de Cavalo te ensinarem?

—  Ah, a Yaomomo tá ocupada tutorando outros estudantes e… eu não queria incomodar o Iida, eu tô sempre pedindo pra ele e-

—  E aí você veio me incomodar. —  Oh oh…

—  P-por favor, Bakugou, eu tô… desesperada! Eu vou acabar bombando em inglês e preciso de ajuda!

—  Hã? Você vai bombar como se tirou nota máxima na redação que o Present Mic passou? —  como… como ele sabe disso? Ela vai perguntar, mas ele mesmo se corta — Tsk, que se foda, fala logo o que você tem dúvida! —  o Bakugou dá de ombros e volta à sua carteira.

—  O-ok! —  Ochako se senta na carteira da Hagakure e pega o caderno, apontando algum tópico aleatório da matéria. Que burra! Ela devia ter pedido ajuda em alguma matéria que realmente tem dúvida pra parecer menos suspeita, mal dá pra disfarçar que ela já entende o que ele tá falando. A garota é muito boa em inglês, tanto que realmente tirou nota máxima na redação que o Present Mic passou, mas… como será que ele sabe disso? O professor é escandaloso, mas entrega nota por nota discretamente pra não constranger aqueles que não vão tão bem, então a nota dela não foi anunciada por aí. Será que… ele tava prestando atenção nela? Ha, até parece! Ochako acredita no que quer acreditar pra justificar a crush em um garoto que mal nota sua existência.

—  Entendeu, Cara de Lua? —  ele finaliza a explicação para a qual ela não tava prestando a mínima atenção —  Hum, com essa cara de quem tá boiando, entendeu porra nenhuma!

—  Entendi, entendi! Hã… “I… understood!” —  ela fala em inglês pra provar seu ponto e dá uma risada sem graça, ele só a olha como se ela fosse idiota.

—  Que seja. —  ele se levanta, e Ochako segura um gritinho de pânico. Ela agarra a manga do blazer dele em um ato de desespero e impulso —  Qual seu problema, porra?

—  É que… hã… eu… esqueci de te falar, hã… eu… —  rápido! Alguma coisa! Qualquer coisa! — Eu quero uma revanche, Bakugou! —  Qualquer coisa… menos isso…

—  Como é?

—  Da nossa luta ano passado, eu… quero uma revanche! A-agora! —  Isso não é totalmente mentira, Ochako quer uma revanche daquele luta, ela não é a mesma daquela época, aprendeu coisas novas e adoraria pô-las à prova contra a pessoa que, indiretamente, inspirou-a a aprender essas coisas novas. Ela só não queria fazer isso hoje… no aniversário dele.

—  Você tá blefando. —  ele resmunga, puxando o braço e dando as costas. Ah não… ele vai embora! Ochako respira fundo e se levanta.

—  Você vai pagar pra ver? —  e com isso, ele se vira lentamente, deixando-a arrepiada até o dedo do pé quando sorri.

—  Tem certeza, Uraraka? —  “Por favor, não fala meu nome nesse tom!” ela pensa e acena com a cabeça abobadamente —  Tsk, tá esperando o quê, então? Vamo pro Ground Beta!

Depois de vestir a roupa de ginástica no vestiário e encontrá-lo já esperando-a, Ochako se dá conta da péssima ideia que isso foi! Era só pra enrolá-lo por algumas horinhas, não pra sair no soco com o aniversariante! Qual o problema dela que sempre age sem pensar muito quando ele tá por perto? Que droga!

—  Última chance pra pular fora, Uraraka! —  ela até quer, mas… ah, nem pensar que vai deixá-lo falar nesse tom prepotente com ela. Antes que consiga pensar direito no que tá fazendo, o que é a regra quando o Bakugou dá seu sorriso malígno e a chama pelo nome, Ochako avança sobre ele.

 

***

Meia hora depois, ela tá estirada sobre o chão do Ground Beta, revendo todos os movimentos que fez e pensando o que poderia ter feito diferente. Ochako perdeu, de novo!

Mas pelo menos não foi tão humilhante. Se essa luta durou tanto, foi porque ela deu trabalho e o forçou a se esforçar um pouquinho. Acabou que eles nem usaram muito a individualidade, a ocasião pedia por algo mais mano a mano, então o estrago nem foi tão grande, mas, de toda forma, ela tá exausta e um tanto frustrada por ter perdido de novo.

Uma mão se estende para ajudá-la a levantar, e ela fica ali contemplando a figura parada acima dela.

—  Tsk, não vai me falar que morreu, Cara de Lua!

—  Se eu tivesse morrido, como ia falar?

—  Espertinha do caralho… —  ele resmunga — Anda, para de drama e levanta! —  ela aceita a mão que ele oferece, sentindo a palma áspera e os dedos calejados roçando sua pele, é uma sensação tá diferente de tudo que ela conhece, tão… interessante —  Consegue andar? Tá machucada?

—  Não, tá tudo bem. —  ela olha pro céu, tentando deduzir que horas são pela posição do sol —  Você tá bem?

—  Tsk, por que não estaria? —  claro que ele responderia assim, sugerindo que não aconteceu nada que poderia machucá-lo.

—  Bom, tem um corte bem grandinho na sua testa, mas desculpa se eu não sou um desafio tão grande pra você! —  ela deixa escapar a mágoa e a frustração.

—  Não põe palavra na minha boca, porra, eu nunca falei isso! —  ele retruca, irritado — Tsk, se você já torrou meu saco o bastante, eu vou embora! —  ah não! Pensando rápido, Ochako solta um gemido de dor ridiculamente fingido, mas parece ser o suficiente para chamar a atenção dele —  Que… o que você tem, caralho?

—  Ah, eu… tá doendo… —  onde? Ela aperta o primeiro lugar em que pensa: sua barriga.

—  Hã? Mas eu nem te acertei na barriga, sua maluca! —  ah… ah é! Que droga!— Peraí… — ele franze o cenho e se aproxima dela com ar desconfiado. Ah não… ele percebeu! Agora ele vai ficar bravo, correr pro dormitório, ver a festa e vai embora, Ochako vai decepcionar todos seus amigos contando com ela e… não vai mais poder passar um tempo com ele… —  Porra, é aquelas dores de mulher?! — Opa! Ou talvez não…

—  Hã? Não! —  ela cora violentamente, morrendo de vergonha, mas aí se lembra do bem maior —  S-sim…

—  Que… que merda! E-eu… eu vou nessa! —  se não fosse loucura, ela diria que ele parece envergonhado… que… que fofo! Ah não, ele tá indo embora! Reunindo toda sua mínima habilidade em atuação, Ochako se joga no chão e uiva em dor fingida —  Que porra é essa? Não pode ser tão ruim assim!

—  Como você… ugh, saberia? —  ela tá jogando baixo e sabe, mas épocas desesperadas pedem medidas desesperadas. A garota costuma ter cólicas bem doloridas, sim, então não é muito diferente da verdade, no fim. E de repente, ela se sente sendo levantada e se encontra olhando para o chão, a mão do Bakugou apoiada sobre suas costas. Ele… acabou de pegá-la… como se ela fosse um saco de batata! —  B-Bakugou, o que você tá fazendo?

—  O que você acha? Tô te levando pra Recovery Girl!

—  Mas-

—  Fica quieta e para de mexer se não vai piorar, sua idiota!

 

***

—  Uraraka Ochako —   a Recovery Girl lê a ficha dela —  seu ciclo está irregular? Você veio se queixando de cólicas há duas semanas, se não me engano.

—  N-não é nada disso, senhora, eu não tenho nada. Só… —  e ela explica a situação, é bem mais fácil do que dar uma de louca ao fingir que tava doente e se curou milagrosamente do nada.

—  Ei, mas você é terrível, hein? Assustou o menino daquele jeito, ele entrou aqui desesperado, achei que tinha alguma emergência! É muito feio pregar peças no namorado assim! Ele pode não acreditar em você se alguma coisa contecer de verdade, sabia? —  Ochako chega a ficar tonta de tão envergonhada — Enfim, fala pra ele que você tem que ficar aqui por um tempinho e não pode ficar sem um acompanhante. — ela olha pra cima e encontra a enfermeira sorrindo serenamente.

—  Obrigada! Muitíssimo obrigada|!

Quando o Bakugou entra na enfermaria e se senta na cadeira ao lado da maca, Ochako apoia a mão na barriga e faz cara de coitada.

—  Obrigada por ficar…

—  E eu lá tinha escolha? —  ele resmunga e cruza os braços, olhando para o lado.

—  D-desculpe por tomar seu tempo assim e atrapalhar seus planos… —  ela diz com sinceridade. Vai ver ele tinha planos de comemorar seu aniversário sozinho do seu próprio jeito, algumas pessoas são assim, e tá preso aqui com ela sem nem precisar já que é tudo fingimento para levá-lo a uma armadilha, ah não… agora ela tá com a consciência pesada.

—  Tsk, eu não ligo de passar o dia assim. —  ele murmura e parece ruborizar. O peso na consciência se mistura ao coração acelerado. Ele… não disse que gosta de passar o aniversário dele com ela pra baixo e pra cima, disse? Não, não disse! Lógico que não disse!

—  B-bom, já que… a gente já tá aqui, deixa eu fazer um curativo nesse seu corte. —  ela se levanta e pega o necessário para limpar e tampar a ferida na testa dele.

—  Ô, sossega e deita, Cara de Lua, você não tava com dor?

—  Hum? Ah sim, mas… já tomei remédio e a Recovery Girl me pediu pra não fazer movimentos bruscos e ficar de repouso aqui por… —  ela puxa o celular e vê a última mensagem da Mina, pedindo para enrolá-lo por mais uma horinha — uma horinha, s-se você não se importar.

—  Já falei que não me importo! —  ele retruca, tensionando quando ela passa o algodão sobre o corte —  A-aí, Uraraka?

—  Hum?

—  Você… você sabe que dia é hoje, não sabe?

—  Sei, é sábado. —  ela desconversa.

—  Ah vá! Isso é óbvio, sua maldita! Tô falando da data!

—  Sei… 20 de abril, que que tem? —  ela dá de ombros, agora muito concentrada em tratar o ferimento e torcer para que ele não ouça as batidas de seu coração alucinado.

—  Tsk, nada. Esquece. —  mesmo não se dedicando muito, ela parece conseguir enganá-lo, mas isso não a deixa satisfeita, nem um pouco.

 

***

Quase 45 minutos depois, Ochako sai da enfermaria, alegando estar se sentindo muito bem. Falta pouco para ela entregá-lo aos amigos na festa e ser liberada dessa missão que está se mostrando suicida de tanto que a faz se sentir mal consigo mesma. Ele vai ficar tão bravo quando descobrir que foi enganado e arrastado para uma festa de aniversário. Ela não entende porque ele é tão antissocial e mal-humorado, mas tenta respeitá-lo, ou tentava… porque topu participar disso por puro egoísmo de passar um tempo com ele…

—  Qual a sua, Cara de Lua? Você não falou que tava melhor? Por que essa cara, então?

—  Ah… por nada, nada… —  ela mente, focando no caminho que eles fazem rumo aos dormitórios. A brisa de primavera é refrescante e faz as árvores da U.A. balançar de um jeito gracioso, e então ela avista uma tradicional árvore com flores cor-de-rosa —  Olha, uma cerejeira! Nunca tinha reparado que tinha uma aqui! — Ochako corre até ela para observá-la em toda sua beleza e delicadeza — Tá tão linda… como se tivesse acabado de florescer…

—  Tá na época de cerejeira florescer mesmo, ué. —  ela se assusta ao ouvir a voz dele logo atrás, não esperando que ele a seguiria para ver a árvore.

—  Sabe, quando eu era criança, eu não entendia porque não podia comemorar meu aniversário na primavera, eu queria porque queria ter nascido entre março e maio.

—  Tsk, já eu odeio ter nascido na primavera, queria ter nascido no inverno que nem você. —  ela sente o coração palpitar, ele… sabe quando é o aniversário dela?

—  A-achei que… estações frias atrapalhassem sua individualidade.

—  Um pouco, mas eu sou foda demais pra ficar zoado por causa de um friozinho. —  ela revira os olhos, e ele ri — Eu gosto de neve.

—  Ah… não sabia.

—  Lógico que não sabia, eu nunca te falei, como você ia saber?

—  Não saberia mesmo, eu- ah, esquece.

—  Tem outra coisa que você não sabe. —  ele dá um sorriso debochado e a faz congelar quando se abaixa e se inclina na direção da orelha dela —  Hoje é meu aniversário.

—  A-ah… —  por incrível que pareça, ela tá surpresa, mesmo que já soubesse —  P-parabéns!

— Só isso? “Parabéns?” Cadê meu presente, Cara de Lua? —  ele se afasta da orelha, mas continua abaixado para que possa olhá-la nos olhos.

—  E-eu… eu… não sabia, como poderia… preparar alguma coisa?

—  Tsk, só tô te zoando! Não precisa fazer essa cara de tonta! —  ele dá um peteleco na testa dela — Anda, vambora!

Ochako o segue, coração preso na garganta.

 

***

Ao avistar a entrada do dormitório, ela aperta o passo, não tem ideia do que aconteceu debaixo da cerejeira, mas sabe que não vai querer ficar por perto quando ele entender que ela só tava o enrolando. Ochako fecha os punhos e respira fundo.

—  Bakugou, eu… tenho que te falar uma coisa. —  ele para de andar e olha pra trás, ouvindo-a com atenção —  Eu… hã, quando você chegar no dormitório, vai ter uma surpresa te esperando.

—  Você tá me ameaçando, Cara de Lua?

—  O que? Claro que não! —  ela não tem ideia de como ele entendeu isso, mas… esquece, isso não é importante —  O Kirishima descobriu que hoje é seu aniversário.

—  Deku maldito! Eu vou matar aquele imbecil de boca grande!

—  N-não foi o Deku que contou! —  ela choraminga — O Kirishima te ouviu no telefone com sua mãe e… ele, a Mina, o Kaminari e o Sero resolveram te dar uma festa surpresa, eles… tinham que organizar o dormitório e precisavam de você longe do prédio, aí pediram pra eu te distrair nesse tempo, e… enfim, foi o que eu fiz. Já deve estar tudo pronto, eles devem estar só te esperando entrar pra gritar “Surpresa!”

—  Tsk, bando de enxeridos, eu vou matar o Cabelo de Merda, ainda te mete nas besteiras dele, imbecil!

—  E-eu vim porque quis, Bakugou! Eu… queria ajudar… —  ela confessa.

—  É? E o que você tem com isso?

—  Bom, na prática, nada. Mas… eu… fiquei meio orgulhosa quando a Mina disse que só podia ser eu pra te distrair, e… fiquei bem empolgada em passar umas horinhas com você, no seu aniversário, ainda por cima. —  ela admite, os dedos quase amarrados em um nó pelo jeito nervoso que ela os mexe.

—  Tsk, você é tão ridícula quanto eles. —  o coração dela afunda em decepção. Ela já esperava ouvir algo do tipo, mas ainda a magoa —  Mentira, você é pior! Quem você pensa que é pra falar essas coisas assim? Não pensa antes de falar, caralho? E se te entenderem errado? —  Hã? Quem não tá entendendo é ela — Falando assim, parece que você… g-go-gosta de mim.

—  Mas é isso! Eu gosto de você, Bakugou! —  ela dispara e só então se dá conta do que acabou de fazer. Os dois se encaram com olhos arregalados e respiração acelerada.

—  Você tá blefando. —  ele diz a mesma coisa que disse antes e sai andando rumo à porta, Ochako o acompanha.

—  Eu perguntaria se você vai pagar pra ver, mas não quero te forçar a nada. —  ela responde bem baixinho antes de empurrar a porta e entrar, ignorando o grito de SURPRESA vindo da sala de estar e praticamente voando rumo ao elevador para ir para seu quarto.

Ochako não tá mais no clima de festa.

 

***

À noite, ela é trazida de volta de sua ressaca emocional pós-confissão espontânea e desastrosa graças a batidas na porta de seu quarto. Deve ser a Mina querendo detalhes do show de horrores que foi o tempo que eles passaram juntos mais cedo, Ochako ama a amiga rosada, mas já ensaia uma maneira de dispensá-la, a desculpa da cólica não vai colar porque o ciclo delas é praticamente igual, então é melhor ir pensando em outra coisa.

Quando ela abre a porta, não consegue pensar em nada. O aniversariante do dia tá parado diante dela com um prato de bolo na mão e o olhar irritado de sempre.

—  B-Bakugou, o que é isso?

—  Não tá vendo que é bolo?

—  T-tô vendo, né? Só não… por que você tá aqui?

—  Você correu sem me dar chance de falar nada, tive que vir atrás de você, Cara de Lua. Só consegui escapar da festa agora.

—  Eles se esforçaram pra fazer algo legal pra você, espero que você não tenha brigado.

—  Eu só não mato aqueles imbecis porque eles me deram um puta presente de aniversário.

—  Oh, além da festa, teve presente? Legal...

—  É, eles me deram a chance de passar meu aniversário com a menina que eu gosto já tem um tempo. —  Ochako se esquece de como piscar os olhos, por algum motivo — Eu estudei com ela, lutei com ela, só que aí ficou estranho pra porra e ela fingiu que tava doente.

—  V-você sabia que eu…?

—  Na hora, não. Você é péssima atriz, Cara de Lua, foca em ser heroína que funciona melhor pra você.

—  Funcionou por um tempo, você ficou assustado de verdade… —  ela murmura, morrendo de vergonha.

—  É, nunca mais me apronta uma dessa, ouviu? —  ele a olha com raiva — Enfim, pega logo seu bolo.

—  Ok, obrigada…. teve velinhas?

—  Tsk, foi o Kirishima que organizou a festa, lógico que teve! —  ela dá uma risadinha e pega uma cereja para experimentar.

—  Bom… você pelo menos fez um pedido quando as soprou? —  ele sorri. Não um sorriso diabólico, como de costume, mas… um sorriso honesto.

Mas antes que Ochako possa contemplar a doçura do tal sorriso, os lábios dele já estão contra os dela. Ela engole a cereja em surpresa, derretendo sob o beijo surpreendentemente gentil e a mão áspera apertando seu ombro. E tão rápido quanto se aproximou, ele se afasta, ainda sorrindo.

—  Fiz, e acabou de se realizar.


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Notas finais do capítulo

Oi oi, chegando aqui no aniversário do Bakugou pra repostar essa kacchako que fiz em 2019. Por ter sido feita há dois anos, o aniversário do Bakugou caiu num sábado, achei melhor não mudar porque combina melhor com a história desse jeito jksdjjdks
Essa fic tem um segundo capítulo no qual o Bakugou comemora o aniversário da Uraraka, mas vou deixar pra postar no dia 27 de dezembro, que é o dia do aniversário dela. Então fica aí uma boa e uma má notícia: já sabem quando essa fic será atualizada, mas vai ser só daqui a 8 meses hdsjdjkksj
Mas se você não consegue esperar, tenho essa fic postada completa em inglês no ao3: https://archiveofourown.org/works/18526687/chapters/43909993
Se tiver conta lá, dá uma passadinha e deixa um kudo, se puder e quiser. Inclusive, me siga lá pois tenho algumas fics que postei exclusivamente por lá. Estão todas em inglês, dá pra ler pelo tradutor do Chrome de boa, mas também dá pra se arriscar e treinar seu inglês, por que não? Huahushushud
Agradeço á uwuqueen pela capa lindíssima! Muuuuito obrigada, querida!
Obrigada a você que tá lendo também, espero que tenha curtido!



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