Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri
A menina acordou com gritos.
Ela se levantou, coçando os olhos miúdos e saltou da cama, piscando para tentar se achar na escuridão do quarto e sorriu ao escutar a voz da mãe atravessar a fresta da porta. A menina, desesperada pela segurança do colo da mãe, pulou até lá, atravessando a porta sem precisar abri-la, mas sua animação diminuiu pouco a pouco ao escutar outras vozes e mais uma onda de gritos.
― Onde eles estão?! – a voz ríspida sobressaltou a menina, que parou onde estava, tirando a chupeta da boca.
― Eu não falarei! – a mãe da menina falou, gritando logo em seguida.
A menina correu ao escutar os gritos, surgindo na sala com choro contido e congelar ao ver as altas figuras com vestes pretas e máscaras assustadoras. Ela choramingou, e uma mulher alta, parecida com seu pai apareceu na frente dela, com um sorriso que a fez gemer de medo.
― Olha só quem é, a herdeira de meu querido primo. – a mulher disse com a voz aguda.
― Mamãe!
― Max! Não! – Max se agachou ao ver a mulher apontar a varinha para ela.
Antes que ela dissesse qualquer coisa, a mãe da menina apareceu, derrubando a mulher para o lado, pegou a menina no colo, apertando-a contra o peito trêmulo. Ela permaneceu ali, sem se mover, e agachada, cobriu o corpo da menina com o dela, afastando-se apenas para olhar nos olhos cinzentos da filha.
A menina viu o vermelho e as manchas estranhas no rosto da mãe, viu os olhos castanhos cheios de lágrimas e medo, como o que ela mesma sentia, mas quando Marlene afastou os fios ondulados de seu rosto e acariciou sua bochecha, a menina achou que ficaria tudo bem.
― Nós vamos ficar bem, Max. – a mãe da menina disse com a voz fraca – Seu pai vai chegar e vai te proteger, eu prometo, você vai ficar bem.
Max não sabia o que sacolejava o corpo da mãe, nem porque os olhos dela se fecharam e ela mordeu a boca com força suficiente para que algo vermelho começasse a escorrer dela, nem o que a fez tremer violentamente e a apertar com mais força no colo.
Ela tinha medo.
Mas seu pai chegaria e ficaria tudo bem.
Marlene se afastou, encostando a testa na da bebê de um ano, e lágrimas grossas pingaram no rosto da menina, ainda congelada de medo.
― Minha Mad Max, eu te amo tanto. Não esqueça disso, está bem? Nós amamos você.
A menina foi arrancada dos braços da mãe, esperneando e chutando para tentar alcançar a mãe que era segurada pelos monstros, pelas sombras, e enquanto Max era arrastada pela casa, ela gritou:
― Maman! Maman!
― Max! Deixem ela! Deixem minha Maxine! – a porta se fechou e Maxine foi deixada no escuro, com nada além dos gritos – Maxine!
― Maxine!
Maxine fechou a revista do semanário de Quadribol e ergueu os olhos.
― Já vou!
Repousando a revista na mesinha de cabeceira, Maxine se levantou da cama. Fazia um pouco mais de um mês que vivia em Hogmeade, na casa da Profa. McGonagall; Não, na casa de Minerva e dela. Era quase um chalé, com plantas nas janelas e portas, paredes de pedra e uma cerquinha adorável branca com trepadeiras. Eram apenas dois quartos, um de Minerva e o dela; o dela era o mais alto da casa, o teto um pouco rebaixado e com uma linda janela redonda que se abria para fora.
Max olhou satisfeita para a cama de dossel, a escrivaninha que ficava sob a janela, e o armário no fundo do quarto, as paredes na cor lilás já cheias de postêrs e murais de foto, assim como uma flâmula com o brasão da Sonserina. Não era um quarto grande, mas foi o primeiro quarto unicamente dela que já teve – exceto pelo de Hogwarts, mas esse não contava – e Minerva se esforçou para que o quarto fosse satisfatório para ela.
― Maxine!
― Já vou!
Maxine calçou as pantufas e saiu do quarto, já descendo a escada em espiral que dava na cozinha. Ela havia ficado por uma semana no Orfanato, uma semana feliz em que já se despedia das irmãs e das colegas. Todos choraram copiosamente com sua partida, e ela prometeu manter contato com a Madre Thaís e a Irmã Nora. Desde então, passou as férias em Hogsmeade, constantemente visitando o povoado, conhecendo a vizinhança e ajudando Minerva a reformar a casa, anteriormente parada.
Nos últimos degraus já pôde ver Minerva, colocando dois sanduíches de salmão no prato para ela, junto a suco de morango. Salem já estava ali, tomando leite na tigelinha de louça que Minerva comprou especialmente para ele. Max se sentou à mesa redonda, e Minerva já se sentou ao lado dela, começando a ler o jornal do dia.
― Algo interessante hoje?
― Nada. Mas isso não é uma novidade, no dia que o Profeta publicar algo de útil eu permaneço um gato pelo resto da vida. - Minerva olhou para ela com suspeita - Você está bem?
— Sim, só não dormi bem. Tive pesadelos.
Minerva a observou com cuidado, assentindo lentamente ao ver que Max não queria falar daquilo, então, tratou de mudar de assunto.
Era engraçado como a nova mãe a conhecia tão bem após poucas semanas de convivência.
― Já deveria ter descido pronta.
― Eu me esqueci. – Minerva revirou os olhos e Max percebendo que estava atrasada, começou a dar grandes mordidas no sanduíche.
― Assim você engasga.
― Egasgo noon. – Ela respondeu boca cheia e pra ajudar a descer, tomou uma grande golada de suco. – Eu já volto.
― Seja rápida, tenho que dar um pulo em Hogwarts ainda hoje.
― Rápida. Pulo. Hogwarts. Entendido.
Max subiu as escadas correndo. No banheiro lavou o rosto e escovou os dentes de qualquer jeito, e foi saltitando para o quarto pois já puxava a calça do pijama para fora. Elas iriam ao beco naquele dia, comprar o material escolar do segundo ano, e Max acabou por marcar de se encontrar com Hermione também, quando a amiga respondeu uma carta dizendo que estaria naquela quarta lá. Desde então ela vem enchendo o saco de Minerva para irem no mesmo dia, não precisou de muito esforço, mas a professora insistiu que precisavam ser rápidas.
Max vestiu uma bermuda e uma blusa de manga folgada do Darth Vader, calçou um tênis, prendeu o cabelo em um coque alto, pegou a bolsinha de contas que sempre usava ao passear pela cidade nos tempos do Orfanato e voltou a descer as escadas, dessa vez, indo em direção à sala. Minerva já estava ali, de capa e chapéu na cabeça, em frente à lareira, esperando por ela. Max já tinha viajado de flu. No início do verão, a vice-diretora a ensinou e depois passaram na casa dos parentes dela na Irlanda, onde foi apresentada à família, e muito bem recebida.
― Não vejo porque não posso voltar sozinha de metrô.
― Nós já conversamos sobre isso. – Max bufou conforme Minerva pegava a caixa de cima da lareira – O que tem aí? – Ela apontou para a bolsinha.
― Os galeões que a Madre me deu.
― Não vai precisar disso. Eu vou custear todos o seu material, você é minha filha.
Max ruborizou e escondeu o rosto. Minerva estendeu a caixa para ela, Max pegou um punhado de pó, foi até a lareira e jogou.
― Beco Diagonal.
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