Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri


Capítulo 12
Encontro inesperado




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Uma claridade excessiva a incomodou, vozes vagas discutiam ao redor de Maxine.

― Eu disse que ela estava em perigo. – Uma voz feminina familiar gritou ao lado dela. – Foi aquela profecia, a maldita profecia!

― Ora, acalme-se, Minerva, ela está bem agora.

― Por muito pouco, muito pouco – A voz sombria respondeu, pesada – Provavelmente a única coisa que a salvou foi o medalhão.

― Que também foi usado contra nós.

― Devemos focar no fato de que o pior não aconteceu, ela ficará bem e a ajudaremos a lidar com...

A escuridão reivindicou Max. Ela nada mais escutou.

 

Mais uma vez vozes a circundavam, mas Max não conseguiu abrir os olhos.

― Ela vai ficar bem? – Draco?

― Sua amiga é muito corajosa, Sr. Malfoy, ela resistiu bravamente. – Era o Prof. Snape.

― De que adianta resistir se ela está assim? – Theo?

― Sr. Nott, o que importa é que ela está à salvo.

― Quando ela acordará?

― Quando estiver pronta.

Quando estiver pronta... Ela já não estava pronta?

 

Max estava sendo atormentada pelos pesadelos. Olhos escuros a perseguiam, uma risada maquiavélica a assombrava, a voz de uma mulher gritando seu nome a desesperava em meio a uma forte tempestade. Ela odiava tempestades, se lembrou, eram seu maior temor, e se sentia como uma criança naquele momento, se sentia como uma menina de quatro anos escondida sob a mesa do refeitório toda vez que as janelas se sacudiam e iluminavam com raios.

Ela vivia aquele terror desde os seis anos, o terror de não ter controle de seu próprio medo porque suas memórias eram traiçoeiras. Nunca mais conseguiu entrar em um porão, mas nunca mais presenciar uma tempestade era simplesmente impossível, então ela sempre sofria, sempre tremia, sempre procurava por ajuda, mas ali, ali não tinha nada além das vozes e sombras que tentavam leva-la.

Os sonhos se confundiam com a realidade, ela não conseguia abrir os olhos, não conseguia acordar, não conseguia se mexer, cada pedaço de seu corpo doía, e o grito tomava seus ouvidos mesmo que nem um mero arquejar saísse de sua boca. Ela não sabia se estava no mundo real ou em seus pesadelos quando sentiu um toque caloroso na mão, um toque familiar que dispersou as nuvens da tempestade, que acalmou seu coração retumbante, que a fez sentir que estava segura, que tudo ficaria bem.

― Oi Max. – Parecia com a voz de Harry – Eu acordei e você não, todo mundo está preocupado com você, o Malfoy está ainda mais mal-humorado e o Nott até mesmo azarou o Neville. – O menino fez uma pausa, Max quis pedir para que ele continuasse, para que continuasse a guia-la de volta ao mundo, e seus pedidos silenciosos foram atendidos – Eu nunca senti tanto medo antes de te ver caída naquela sala. Eu nem me preocupei comigo, só queria encontrar um jeito de te tirar dali. O prof. Dumbledore disse que você está bem, que nada grave aconteceu com você, mas você não acorda, então fica um pouco difícil de acreditar nisso.

Mais uma pausa, mas dessa vez, não havia mais chuva nem trovões, apenas a voz dele adentrava as profundas camadas onde uma pequena Max, se escondia da tempestade, se escondia do mal que a aguardava.

― Eu sei que não falo muito com você, acho que fiquei com medo por você ser da Sonserina e ser amiga do Malfoy, mas você sempre me defendeu, eu nunca agradeci. Então obrigada, Max. Eu espero que você acorde, hoje é a final da copa e a vitória é sua. Acorde e esfregue a vitória na nossa cara, porque eu não sei se posso continuar sem você.

O toque se foi, tal como a voz, e Max não tinha se libertado completamente, ainda estava submersa, ainda se afogava, ainda estava perdida. Como ela sairia do labirinto onde se encontrava?

 

― Ei, Max. Adivinha só. Nós perdemos.

Um farol iluminou a escuridão onde Max estava. Com as pernas curtas e fracas, ela se ergueu com dificuldade e correu na direção da voz de Draco, no calor em sua mão.

― Dumbledore deu um monte de pontos aos Grifinórios, também deu a você, mas não foi o suficiente. Eu não sei o que aconteceu com você, ninguém sabe, e você só está aí deitada sem reagir, sem fazer nada! Você não pode desistir, tá ouvindo! Você é uma de nós, uma sonserina! E nós não ficamos deitados esperando que nos salvem! Você salva a si mesma! Lute e volte para nós!

O caminho se abriu, Max corria ainda mais rápido, a voz que vinha de cima dispersando a névoa que a cercava.

― Não desista Max!

Max parou. Sentiu um calor singelo e rápido nos lábios, o coração acelerou. Tal como o aperto de Harry, esse toque revigorou suas forças. Max correu, o farol se foi, mas ela não precisava dele.

Ela desbravaria o próprio caminho.

 

― Max, ei Max.

Max abriu os olhos com um riso nos lábios. Curvada sobre ela estava o lindo rosto da mãe, os cabelos ondulados estavam soltos, balançando-se na velocidade do vento. Os belos olhos castanhos a estudavam, cheios de amor, acompanhados a um sorriso largo de orelha a orelha. Maxine estava no seu colo, sobre a grama de um campado aberto, o sol da manhã as esquentava, e Marlene acariciava seu cabelo, os dedos finos percorrendo o comprimento das madeixas.

― Está na hora de acordar, Max. – A voz melodiosa disse, o olhar amoroso nunca deixando o dela.

― Porquê?

― Porque seus amigos sentem sua falta.

 ― Eu não tenho amigos. – Marlene suspirou, olhando para a frente, sem deixar de sorrir.

― Como não tem? E o Theodore e a Daphne? A Hermione e o Rony? O Draco e o Harry? – Max franziu o cenho.

― Eles só me suportam, não gostam de mim de verdade.

― Então porque eles continuam ao seu lado? – Marlene apontou para a frente.

Max ergueu o tronco e acompanhou a direção em que a mãe apontava. Sob um grande subugueiro estava uma cama, uma garota em cima dela, e os seis estavam ali, cada trio de cada lado. Eles não discutiam, embora Harry e Draco de vez em quando trocassem olhares raivosos, eles apenas estavam concentrados nela, segurando sua mão. Hermione chorava, Rony parecia estar com medo e Daphne alisava o cabelo de Max. Max nunca viu Theo sério daquela forma, toda alegria dissipada de seu ser. Harry estava preocupado, sem soltar a mão dela, e Draco parecia prestes a explodir e sacudi-la o mais rápido que podia para desperta-la.

Estavam todos ali por ela.

― E ainda tem o Snape – Marlene continuou e começou a trançar o cabelo de Max entre os dedos ágeis – Ele pode fingir que não se importa, mas está na sala dele encontrando uma forma de aumentar a proteção de seu amuleto. – Max riu, imaginando a cena de um Snape debruçado na mesa, mexendo com vários tipos de poções e feitiços – Minerva está prestes a ter um infarto.

― Porque eles se importam?

Marlene terminou de trançar seu cabelo e a abraçou por trás, acolhendo seu corpo como um bebê. Max percebeu que para a mãe, ela era um bebê. A mãe morreu quando ela tinha pouco mais de um ano, ela nunca a viu crescer, nunca a viu aprender a andar ou a pedalar. Não a levou para Hogwarts, não a levou para comprar seu material, não pôde... estar ali. Marlene continuou a olhar para longe, balançando-a no colo, e o sol sobre seu rosto só a deixava ainda mais bonita, ainda mais radiante.

― Porque você é importante para eles. Max, você terá anos difíceis à frente, vocês três terão – Max arqueou as sobrancelhas, vocês três quem? – cada um de vocês passará por uma jornada complicada e dolorosa, mas deverão enfrentar isso para prevalecerem sobre as trevas. Seja forte querida. Está na hora de acordar, de enfrentar seu futuro de queixo erguido.

Max assentiu, e com relutância se levantou, indo em direção aos amigos, mas um último pensamento a lembrou de alguém importante, e se virando na para a mãe que desvanecia pouco a pouco, ela perguntou:

― Onde está ele? Meu pai? Porque não está aqui?

Marlene deu um sorriso triste ao fita-la.

― Vocês ainda se encontrarão, não se preocupe com isso. Max, lembre-se, eu te amo.

Marlene se foi, como um dente de leão soprado ao vento.

Max não olhou para trás novamente, ela correu aos amigos, correu para o futuro. 


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Notas finais do capítulo

Só mais um para o fim do primeiro ano!!
Beijos na bunda!!



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