Radio, someone still loves you. escrita por Jones


Capítulo 1
Radio, what's new?


Notas iniciais do capítulo

Gente, sou péssima em revisão. Prometo reler e consertar em breve, alright!

Essa fic é um lance que eu fiz me divertindo, então não a levem a sério. Ok?

O que está em negrito representa o ambiente rádio e o que está normal, a vida real.

Espero que gostem!



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Segunda-feira, 15 de março. 00:00.

“Is this the real life or is this lycanthropy... You’re caught in a shit show, a escape from reality!” cantavam vozes incrivelmente desafinadas a paródia de Bohemian Rhapsody, também a vinheta do programa de rádio da meia noite. 

— Bem vindos a hora dos renegados! Essa é a HSWW 97,5 FM e esse é o Just 2 Guyz Show! Eu sou DJ Wolfie!

— E eu sou DJ Freddie! E esse é o único horário que quiseram dar para a gente, caso alguém esteja se perguntando.

— Tenho certeza que todos os caminhoneiros que só conseguem pegar o sinal dessa rádio aqui nesse fim de mundo e os insones de Hogwarts sem nada para fazer se perguntam sobre isso o tempo todo.

— DJ Wolfie tá de mal humor hoje porque levou outro fora da gata que é areia demais para seu caminhãozinho.

— Eu estou de mal humor por ter que te aguentar por mais duas horas, não porque a deusa da minha vida não descobriu que fomos feitos um para o outro.

— Ser completamente iludido faz parte do seu charme? Se é que você tem algum?

— Quer saber, Freddie boy, você tem sorte de me ter aqui te aguentando diariamente e também que o Lonely Island não descobriu que a gente pegou a ideia do nome do programa de uma esquete do SNL.

Just two guys and we’re having a good time, having a good time… Por falar em esquet: Tá na hora da música.

— O que isso tem a ver?

DJ Freddie nem se importou em responder.

“1,2,3,4” soaram os primeiros acordes de “That Girl”, claramente uma indireta para DJ Wolfie (caso vocês não sejam familiares com a banda britânica McFly, o refrão dizia que ele nunca ficaria com a garota já que ela muito fora do alcance dele). Logo em seguida Freddie emendou com Radio Ga Ga e o destino de Victoire E. Delacour-Weasley foi alterado para sempre.

Entretanto, vamos começar a história do começo.

Quando Molly Weasley soube que seu filho mais bonito e com futuro mais promissor até aquela data (que os outros não escutem, mas dizem que uma mãe sempre tem filhos favoritos por mais que elas neguem) estava se engraçando com uma garota francesa bonita demais chamada Fleur Delacour, ela se opôs imediatamente a essa união. Onde já se viu? Vem uma francesa, bonita o suficiente para ser a miss universo e levar o filhinho dela para França. Não que ele morasse na Inglaterra antes, Bill era do tipo que moraria no Egito se lhe oferecerem um emprego... Ele tinha acabado de voltar para Inglaterra e já tinha arranjado uma garota. Enfim, vocês não esperavam que eu voltaria tanto no tempo assim, correto? Só precisava explicar como tudo mudou quando Victoire nasceu, ela passou a ser o elo entre os Weasley e os Delacour, a maior prova de amor de um casal e bem, uma vitória depois de tempos tão ruins que não vem ao caso agora.

E Victoire era importante. Ela era a primeira Weasley loira (isso, eu gostaria de acrescentar, que era grande coisa numa linhagem completamente laranja), a primeira neta de ambos os Weasley e Delacour, a primeira a aprender a dirigir e a primeira neta a ir para a faculdade.

E a primeira, seguindo os passos aventureiros de um Bill Weasley a resolver ir para a faculdade “longe” de casa, na Escócia – o que abriu portas para outros Weasleyzinhos embarcarem em outras grandes jornadas. Fred, seu primo um ou dois anos mais novo também tinha escolhido estudar em Hogwarts, mas tirando o ano em que fora calouro em que ele não desgrudara dela um segundo, eles não se viam mais com tanta frequência.

Mentira, Victoire é quem não gostaria de vê-lo com tanta frequência, ainda mais quando acompanhado de seu melhor amigo idiota Edward Lupin.

Edward e Victoire tem uma longa história de inimizade desde a infância. Ele era aquele Weasley wannabe que nem fazia parte da família e sempre estava lá, sabe? Harry, seu tio e padrinho do moleque, o levava em todos os eventos familiares e quando ele estava por perto, ele passava a ser o responsável. O mais velho. E podiam estar todos a sua volta, mas quando Edward aparecia, todos o rodeavam e faziam tudo o que ele queria. Se ele quisesse brincar de pega-pega e Victoire estivesse brincando de pique-esconde, todos passavam a brincar de pega-pega.

Era irritante.

E mesmo que agora tivessem vinte e poucos anos e não seis e oito anos, Victoire não aguentava a cara dele. Mesmo sendo uma cara muito bonita, se vocês me permitem dizer. Mesmo ele tendo aquele rosto, o cabelo colorido que nunca ficava muito tempo da mesma cor, mesmo sendo alto e magro, com vários piercings na orelha e aquele jeitinho de bom moço com tatuagens e sorriso sedutor. O que sabemos que configura uma combinação extremamente perigosa, mas Victoire nunca admitiria.

Nem mesmo quando ele aparecia diariamente bem no seu turno no café da faculdade que ficava aberto vinte e quatro horas por dia, onde ela trabalhava de seis às duas da manhã. Ele aparecia, com seu primo a tiracolo, todos os dias às onze e meia da noite e pedia um latte com um shot extra de espresso num copo para viagem e soltava alguma cantada desajeitada que só fazia Victoire girar os olhos:

— Deseja mais alguma coisa? – ela dizia naquele tom de voz quase simpático e totalmente falso.

— Que tal seu número de telefone? – ele tentaria ser suave e galanteador, mas sairia uma bagunça de gaguejados e mãos suadas.

— Eu tenho o número dela, está no grupo dos primos da família. – Fred responderia e interromperia algo que ela não levava a sério mesmo.

— Por que eu não estou no grupo dos primos da família? – Edward perguntaria e depois lembraria que esse não era o ponto.

— Porque você não é um Weasley. – ela giraria os olhos. – Por mais que você quisesse ser um Deus sabe o porquê, já tem gente demais nessa família. Agora com licença que eu tenho outros clientes.

E ele sorriria e diria algo como “essa partiu meu coração” para desviar o foco de seu ego ferido.

Mas Victoire não ligava e nem percebia, além da animosidade proveniente de sua infância, ela sabia que Edward era popular com as garotas, não que ela o tivesse visto com muitas por aí, porém ele era assunto de todas as rodas em todas as mesas da cafeteria e todas as meninas e meninos pareciam achar que ele estava flertando com eles o tempo inteiro.

E Victoire costumava ser a primeira em tudo e não uma das demais.

Depois que eles iam embora, o fluxo de clientes diminuía um tanto. Existiam os da larica, que apareciam sempre atrás de tudo qualquer coisa que existia na estufa ou que estivesse no menu da madrugada (basicamente pão com qualquer coisa, já que só tinha Victoire e Colin, seu amigo antissocial que fazia a comida enquanto ela se concentrava nos cafés). Tinham os nerds desesperados que estudavam para as finais loucamente, mesmo elas sendo apenas no fim de maio, que se fosse possível injetavam cafeína na veia enquanto tomavam um espresso duplo. De vez em quando um professor cheio de provas e redações dava um olá e pedia um descafeinado para viagem.

E era basicamente isso.

Eram em dias como esses que Victoire não entendia porque a cafeteria da faculdade ficava aberta vinte e quatro horas. Eram meia noite e cinco e nenhuma viva alma aparecera nos últimos vinte minutos em que estivera em seu turno. Se arrependeu de ter saído de casa com pressa, já que esquecera seus livros e poderia pelo menos estar estudando para o seu teste de sexta feira. Se continuasse nesse ritmo, ela com certeza iria cair no sono.

Por isso resolveu ligar o rádio e, logo foi desperta pela melodia divertida de Radio Ga Ga do Queen e logo em seguida saudada por uma voz familiar – era a rádio da faculdade onde ela estudava e trabalhava, óbvio que a voz seria familiar. Se apresentara como DJ Wolfie e cantara desafinadamente o último verso do refrão como uma energia que a fizera sorrir enquanto o DJ Freddie o repreendia dizendo que ele espantaria os ouvintes que já eram poucos.

Foi naquele momento que ganharam mais uma ouvinte fiel.  Era possível estar atraída pela voz de alguém sem nunca ter visto seu rosto? 

— Estamos aqui com as perguntas dos ouvintes de hoje. – DJ Wolfie disse assim que acabara a discussão com Freddie. – Por mais que Dj Freddie aqui diga que não temos ouvintes, francamente, Freddie. Assim você magoa nossa audiência.

— Ei! Eu nunca disse isso! – Freddie exclamou e deu o que parecia ser um audível tapa em DJ Wolfie. – Vamos a primeira ligação antes que esse canino invente mais mentiras e enganações ao meu respeito.

— Alô ouvinte! Você está ao vivo no Just 2 Guyz o melhor pior programa da madrugada. – Disse DJ Wolfie.

— Ei Wolfie e Freddie! Eu sou a Sarah. – a voz do telefone disse.

— Oi Sarah! – ambos disseram em uníssono.

— Eu tenho um problema e preciso de ajuda. – ela falou. – Eu gostava de um carinha que não gostava de mim, aí comecei a sair com outro que gosta de mim e agora o outro gosta de mim e eu não sei o que fazer.

— Termina com ele e fica com o que você gosta, ué. – Freddie respondeu. – Garotas complicam demais.

— Ah, porque se você fosse o cara que ela tá ficando agora você ia gostar bastante dessa solução idiota, não é? – Wolfie respondeu. – A primeira coisa é dizer: má ideia ficar com um cara gostando de outro, ouvinte Sarah.

— Ele diz isso como se nunca tivesse feito. – Freddie disse em tom sarcástico. – Tá a fim da mesma garota desde o ensino médio e não é nenhum santinho não esse canino.

— Eu nunca disse que não tinha feito. – Wolfie debochou e a ouvinte riu. – Só disse que era má ideia e nunca funciona se você gosta de verdade da pessoa.

— Ele é romântico, ele... – Sarah riu do outro lado da linha. – Mas agora eu também gosto do carinha que eu tô ficando. É tudo muito confuso.

— Eu acho que você deveria passar uns dias sozinha aí e ver o que você prefere e conversar com os dois. – Wolfie respondeu. – Não é legal ficar com um pensando em outro e nem se arrepender de não tentar o que você quer.

— E é por isso que ele leva altos foras da mesma garota todos os dias. – Freddie completou.

— Qualquer garota que te esnobe, Wolfie... Eu nem sei o que tem na cabeça. Agora se não quiserem o Freddie eu entendo.

— EI! Apenas ofensas nessa rádio.

— Apenas verdades, Freddie. – Wolfie disse. – Valeu Sarah, esperamos ter ajudado... Eu espero pelo menos, né.

— Não sei quem disse que a gente é qualificado para dar conselhos amorosos visto que nossa vida é uma tragédia. – Freddie murmurou e riu. – O que foi? Se a gente tivesse um programa de TV talvez em que todos pudessem ver toda essa minha beleza.

­— Vocês são demais! – Sarah riu. – Obrigada meninos, sou super fã!

— Valeu Sarah! – Wolfie disse desligando a ligação. – Tá vendo Freddie, temos fãs! Vamos para a próxima música.

Victoire sorriu enquanto dançava animadamente When the sun goes down do Arctic Monkeys, limpando as mesas ao redor. Talvez agora seus turnos passassem mais rápido... Ficou pensando em Wolfie, em como conhecia bem aquela voz. Mas assim, ela atendia dezenas ou centenas de pessoas por dia no rush das seis às dez, existiam as pessoas com quem fazia aulas também. Ela não esperava reconhecer alguém apenas pela voz, não é?

 Acreditem em mim, as coisas seriam muito mais simples se ela soubesse de quem era a voz.

Porque ela passou o restante da noite e o dia seguinte até o programa da noite pensando em quem seria o DJ Wolfie, se sentiu meio patética por nem saber quem era o rapaz e um tanto incomodada por ele estar atrás da mesma menina desde o ensino médio, significava que ela não tinha nem chances. Estava pensando tanto em como ele parecia divertido, sensível e fofo que nem prestou atenção quando Edward apareceu sem seu primo aquela noite para pedir outro latte e perguntar se ela conhecia a Dani, a danificada que ela deu no psicológico dele.

— Ted, por que você não vai encher o saco de outra? – ela girou os olhos de novo, apesar de lá no fundo estar morrendo de vontade de rir.

— Porque infelizmente eu só tenho olhos pra você, Victoire Elouise. – ele sorriu timidamente. – E porque você fica muito fofa quando fica toda vermelha de raiva por minha causa e segurando essa vontade de rir e-

— Quem te falou que meu nome era Victoire Elouise? – ela o interrompeu, repreendendo-o baixinho, como se ele tivesse revelado o maior segredo de sua existência. – Eu vou matar Fred.

— Eu acho Victoire Elouise bonito, é uma combinação menos estranha que Edward Remus. – ele murmurou.

— Você está dizendo que a combinação dos meus nomes é estranha? – ela o encarou.

— Não? – sua afirmação soou mais como uma pergunta e ele olhou para o relógio que apontava dez para a meia noite. – Olha só a hora! Vou me atrasar para trabalho. Até amanhã, Dani Elouise.

— Ridículo. – Victoire murmurou.

Se perguntou onde Ted trabalharia a essa hora, mas era um campus muito estranho esse em que os estudantes trabalhavam na madrugada. Hogwarts e seus mistérios.

Sua mente viajou no quão bonito Ted estava essa noite, com sua jaqueta bomber verde militar e sua camiseta de banda indie pretensiosa desconhecida. Percebeu que seus jeans destacavam lugares muito interessantes de seu corpo e que seus cabelos estavam voltando a ser castanhos... Ela gostava do loiro escuro, mas preferia quando estavam azuis.

Engraçado, não era ela que odiava Edward Lupin? Agora ela fica olhando para as roupas e tendo preferências em sua aparência?

Bom. Vamos deixá-la ligar o rádio e refletir sobre isso.

Quarta-feira, 14 de abril. 00:55.

— Essa foi You really got me do The Kinks. – Wolfie disse quando a música deixou de tocar. – Vamos a mais uma ligação, Freddie?

— Tá todo animadinho hoje, querendo falar com os fãs e tudo. – dava para notar que Freddie tinha usado um tom diferente ao falar “fãs”.

— Por isso que eu sou mais popular que você, você fica diminuindo a honra dos nossos queridos ouvintes! Assim nossos anunciantes vão desistir da gente.

— Não desistam da gente! Foi legal conseguir pagar por mais que um café por dia na cafeteria de Hogwarts finalmente. – Freddie implorou.

Victoire suspirou pensativa.

Então eles eram clientes da cafeteria. Será que eles iam no turno dela? Não, ela saberia se eles fosse, não é? Minha nossa, será que ela andava servindo DJ Wolfie e DJ Freddie há meses e nem ao menos sabia? Será que ela estava sendo simpática com eles?

Será que Victoire conhecia a garota que ele sempre falava sobre? Não gostou de pensar nisso, apesar de se sentir ridícula por ter um crush absurdo e ciúmes de um cara que não sabia quem era.  

A pior parte é que agora ela tinha sonhos estranhos que envolviam a voz do radialista e um corpo sem rosto, mas familiar que a faziam acordar com o coração acelerado e um sorriso apaixonado no rosto. Era uma sensação muito louca gostar de um cara que você não conhecia e nunca interagiu por ele ser divertido e pelo jeito fofo que ele falava de uma garota que ele gostava e que não era ela.

As únicas informações que tinha sobre Wolfie era que ele deveria estar saindo da faculdade, mas mudou de cursos no quarto período, por sorte algumas matérias eram aproveitáveis. Que ele fazia comida muito bem, mas não gostava de cebolas e por isso exagerava no alho. Que ele era secretamente um nerd fã de filmes de super-heróis, já que passou o programa de 18 de março inteiro falando sobre o Snyder Cut. Que no programa da sexta anterior Freddie o zoou por duas horas por ele ter passado o dia escutando a nova regravação do álbum da Taylor Swift – e era para ser um segredo.

Ele era tão... Perfeito.

— Não que você precisasse de mais desculpas para ia a cafeteria que uma certa barista.

— Olha só o telefone tocando! – Wolfie o interrompeu. – Alô ouvinte! Você está ao vivo no Just 2 Guyz o melhor pior programa da madrugada! Ao que podemos ser úteis nessa noite fresca de céu limpo na grande Escócia?

— Lunático.

— Freddie, Wolfie parece apaixonado.

— Ele está mais sofrível hoje que o normal... E ele levou outro fora como sempre. – Freddie comentou rindo. – Também, ele falou algo sobre...

— Freddie, vou desligar seu microfone, seu... – ele riu. – Enfim, ouvinte-que-nunca-falou-o-nome-porque-Freddie-não-a-deixou-em-paz, eu sou uma pessoa sempre apaixonada. De acordo com minha priminha é meu ascendente em câncer que entra em conflito com meu signo de áries.

— Eu estou convencido que você é uma garota. – Freddie caçoou.

— Por que eu tenho interesses variados? Tão heteronormativo em plenos 2021. – Wolfie ralhou. – Eu ainda não superei sua perseguição a Taylor Swift, Freddie.

— Sim, eu sei que ela não tem medo de escrever sobre seus sentimentos e se entregar ao amor e blablabla Swiftie. E também tem o fato de ela ser a cantora favorita de alguém.

­- Alôoo, eu ainda estou aqui. – a ouvinte disse rindo. – Na verdade eu vim fazer duas perguntas a primeira é: qual foi sua música favorita na regravação do Fearless TS Version?

— Já que Freddie me tirou do armário secreto Swiftie eu devo te responder que é impossível responder a essa pergunta, porque olha-

— Forever and Always na versão piano. – Freddie o cortou. – Ele falou sobre isso por vinte e quatro horas. Engraçado é que se você o encontrar na rua, vai achar que ele é guitarrista de uma banda indie ou algo assim.

— Eu tentei ter uma banda indie rock! – Wolfie disse emburrado. – Freddie que nunca aprendeu a tocar o baixo como eu sugeri. E agora se eu for esperar meus primos adolescentes aprenderem instrumentos eu vou estar velho e patético demais para ser um rockstar.

— Você sempre pode colocar um anuncio no mural procurando colegas de banda. – a ouvinte sugeriu.

— Antes que seja tarde demais, não é? – Wolfie concordou empolgado.

— Não dê muitas ideias, você já o ouviu cantando? – Freddie riu. – Parece uma galinha esganiçada.

— Eu nunca disse que seria o vocalista, seu jumento. – Wolfie reclamou. – Mas vamos a segunda pergunta, ouvinte secreta.

— Ah, eu sou a Tessa. – ela riu. – Eu queria saber se sua história com a moça da cafeteria teve algum avanço.

Moça da cafeteria? Victoire parou de limpar o balcão por um minuto. Quem será?

Nossa, com certeza deve ser Nathalie Vance e seus grandes atributos físicos, seu cérebro gigante e toda popularidade do mundo. O que significava que ele frequentava a cafeteria a tarde: o horário que tinha mais baristas, mais movimento e menos Victoire.

Moça da cafeteria poderia ser também uma cliente que ele conheceu na cafeteria.

Não que ela quisesse saber mesmo, pela matéria que ela dava de ombros para ninguém em particular e murmurava coisas para si mesma como: o que adiantava todo mundo falar que ela era linda e etc. se a única pessoa que ela queria estava a fim de outra? Se sentiu uma mimada batendo o pé por algo que queria e não podia ter.  

Igual as pirraças que fazia quando deixava de ser a única criança a ter atenção porque Edward aparecia e roubava o show. Edward.

— Veja bem, Tessa. – Freddie quem respondeu. – Essa história não parece que vai ter avanço jamais, era até engraçado o tanto de foras que esse amigo leva, mas atualmente só me dá pena. Eu nem assisto mais com tanta frequência.

— Bom, Tessa que perguntou para mim e não para o enxerido ao meu lado, a verdade é que eu sou péssimo nisso de conquistar pessoas. – ele riu. – Todas as vezes eu vou lá e penso em elogiar o cabelo dela ou o sorriso e acabo falando do avental dela que tá sujo de café, ou dizendo que se ela fosse uma atualização no meu feed eu curtiria, mas jamais a compartilharia.

— Eu estava nesse dia. – Freddie gargalhou. – Foi a maior vergonha a gargalhada que ela deu na cara dele.

Ei, pelo menos você a fez rir! – Tessa ofereceu simpática. – Apesar de que foi realmente horrível.

— Obrigado, Tessa. – Wolfie respondeu ironicamente. – Eu sou só ridículo, porque eu consigo falar com quem eu quiser, conquistaria até Freddie se eu quisesse e ele não fosse ridículo.

— HEY!

— Mas perto dela eu sou inútil. – Wolfie ignorou o amigo. – Sempre falo as coisas erradas, queria dizer que ela é inteligente ou dar parabéns pela promoção a subgerente do turno dela, mas aí falo algo completamente idiota e ela ou gira os olhos ou ri da minha cara.

— Tadinho. – Tessa se compadeceu dele. – Mas ela não parece gostar nem um pouco de você? Quer dizer, você é um cara legal ou parece ser.

— Às vezes, tipo hoje quando passei lá, eu vejo que ela repara nas minhas calças jeans e nas minhas roupas e depois passa um tempo um pouco maior olhando para meu rosto do que é o considerado normal.

— E aí ela vem e o corta sem dó, estilo ninja.  

Talvez ela não esteja levando a sério, sabe? Se um carinha fosse no meu trabalho todos os dias e desse em cima de mim com cantadas bem ruins, horríveis, péssimas... Enfim, eu ia achar que ele está zoando da minha cara. – ela aconselhou. -  Eu diria para você falar com ela de boa, só vocês e você falar o que sente.

— Nossa, esse conselho é excelente, Tessa. – Wolfie bateu palmas. – Por que você não me deu um conselho bom assim, Freddie?

— Porque você não me escutaria? – Freddie zombou. – Obrigado pela ligação Tessa, aparentemente esse programa virou “Como fazer o Wolfie ganhar uma garota em 10 dias”.

— Não fique com inveja Freddie, se você quiser eu posso te aconselhar também. – Tessa riu do outro lado da linha. – Ou te dar meu número de telefone.

Pessoal nós vamos ouvir uma música melosa apaixonada qualquer que Wolfie quiser colocar enquanto Tessa me dá o número de telefone dela. – Freddie disse animado até demais.

— Bom, nem pude me despedir da Tessa e seus conselhos brilhantes. – Wolfie riu. – Bom, em homenagem a minha deusa da cafeteria, Elouise do The Lumineers.   

Victoire adorava aquela música.

Ficou cantarolando e sorrindo pensando que Tessa realmente deu um ótimo conselho ao DJ Wolfie. Ela queria ser aquela garota inclusive, a quem ele finalmente confessaria seus sentimentos. Não era das mais românticas, mas deve ser legal ter um cara que goste de você o tanto que você gosta dele, sabe?

Ela nunca foi de se interessar por qualquer pessoa, verdade seja dita. Já tinha saído com algumas pessoas, namorado sério duas vezes, mas nunca tinha sido verdadeiramente a fim de alguém. Admitiu para si mesma que talvez tivesse um crush no seu Weasley wannabe, Edward Ted Lupin, quer dizer, vinha reparando nele cada vez mais ultimamente... Mas nunca admitiria. Porque ele era irritante e insistente. Ele conseguia a fazer rir diariamente com suas cantadas de (com perdão do preconceito) pedreiro e tinham aquelas calças jeans que ficavam realmente perfeitas nele. E ele era tão educado e atencioso com todas as pessoas, inclusive com sua priminha de onze anos Lily.

Quando estiveram juntos na semana anterior no quintal Weasley n’A Toca para o feriado de páscoa e spring break, ela o observou brincando com as crianças e sendo idolatrado por Huguinho e Al, rodeado por Lily e Roxie e o coração dela pareceu crescer em três tamanhos no peito dela.

E eram essas coisas que a irritavam quando era criança, como todos amavam ele e ela nem tanto. Talvez ela só quisesse que ele gostasse dela quanto ele parecia gostar de todo mundo ou que todo mundo gostasse dela como gostavam dele.

Ah, era tudo tão... confuso.

Pode ser que ela não tivesse chamado Teddy para sair ainda porque estivesse fantasiando demais com um cara que ouvia apenas a voz todos os dias. Pode ser que não tenha tentado descobrir quem era o tal DJ Wolfie ainda porque andava fantasiando demais com um cara que esteve presente na vida dela desde quando ela nasceu.

— Você é burra ou o que? – Colin surgiu da cozinha do nada, assustando a garota de seus devaneios confusos.

— Eita, estamos brincando de ofensas gratuitas agora? – Victoire o encarou de braços cruzados e uma sobrancelha erguida.

— Sério que você não se ligou ainda? – Colin pareceu incrédulo. – Está tocando Elouise na rádio.

— Sim, adoro essa música. – ela sorriu.

— O DJ que te dá esses olhinhos sonhadores de menina apaixonada, que você stalkearia se fosse mais esperta que colocou. – ele observou.

— Sim, é o que ele faz da vida. – Victoire o encarou de olhos semicerrados.

— Ele dedicou a garota da cafeteria. – Colin quase que gritou.

— Qual o seu ponto, Colin?

— Não sei, Victoire Elouise Delacour-Weasley. – ele frisou o Elouise. – O cara tá a fim de uma barista da universidade, o amigo dele se chama Freddie, ele só passa cantadas muito ruins para a garota que ele tá a fim desde o ensino médio diariamente, virou fã da Taylor Swift por causa da garota e porque é a Taylor, né?

— E?

— Eu desisto. – Colin jogou as mãos para o céu. – E dizem que quem estuda engenharia é inteligente. Vou sugerir no seu curso uma matéria de lógica e raciocínio.

— Você não tá querendo dizer que... Oh!

— OH! Finalmente! – Colin quase saiu pulando em comemoração. – Eu achei que você sacaria pela voz, ou pelo fato de que no Spring Break passaram reprises e ele disse que tinha viajado para Surrey como você. E nem assim você se ligou! Mas hoje foram muitas e muitas dicas, não dava mais. Não dava mais!

— Para de dar escândalo, Colin. – ela colocou a mão no coração. – Meu Deus. DJ Freddie e meu primo Fred são a mesma pessoa. Por que ele é melhor na rádio que pessoalmente?

— Não é o ponto.

— Eu sei. Eu ainda estou processando o outro ponto.

— A parte boa é que agora você pode dar em cima do seu prim-

— Ted não é meu primo. – Victoire respondeu pronta para fuzilar Colin com os olhos até ver que ele estava rindo. – Você é implicante demais.

— Eu só queria deixar mais um ponto claro para você porque tô adorando o sentimento de arrastar o seu rosto no asfalto da obviedade hoje: Edward Lupin. Lupin igual a Lobo. Dj Wolfie. Wolfie igual a Lobo ou lobinho, você escolhe o jeito que vai tratar seu boy.

— Minha nossa, não faz nem sentido, Ted só está brincando todos os dias. – ela balançou a cabeça e bateu na própria testa quando pareceu perceber alguma outra coisa. – Eu escuto o cara que eu tô a fim todos os dias me passando cantadas ruins e depois falando que está apaixonado por mim na rádio. Por que ele está apaixonado por mim, Colin? Eu só trato ele mal.

— Vai saber menina, como diria nossa rainha Taylor, garotos só querem o amor se tiver tortura. – ele cantarolou. – Mentira, além de aparentemente você ser a garota mais bonita desse lugar, por você ser inteligente, por prender o riso quando ele fala aquelas cantadas horrorosas... Ele disse no rádio, sua louca, escute.

— Ai, Colin e agora? – ela respirou fundo.

— Chega lá e fala uns negócios em francês com ele e ele se derrete e você tem um monte de criancinha bonitinha. The end. – ele sorriu.

Victoire lhe mostrou o dedo do meio e riu enquanto entrava em pânico por dentro.

Quando acabou o programa da rádio, também acabou seu turno e ela ficou pensando no que faria se Ted seguisse o conselho de Tessa a estranha da rádio. E se ele a encontrasse depois de uma das suas aulas de Geotécnica e confessasse que gostava dela de verdade, que não estava implicando com ela como fazia quando eram crianças.

No caminho para casa, no chuveiro, deitada na sua cama e olhando para o teto ao invés de dormir porque tinha aula às 10... Ela só pensava em como ela tinha um crush gigante em duas pessoas que eram a mesma pessoa e como ela era otária por não perceber antes.

Porém, eu como narradora imparcial (#teamVic) vou defende-la: existe um véu que te previne de ver alguém que você admira demais como uma pessoa acessível, como você vai imaginar que coincidentemente o cara que você tá afim é o mesmo cara que aparece todos os dias para te ver e depois vai ser legal, engraçado e atencioso na rádio com outras pessoas, sabe? Como você desassocia a imagem do garoto que você conhece desde que nasceu, que viu deixar de ser criança magricela, para virar adolescente alto demais e esquisito e de repente um jovem adulto gostoso.

Caramba.

30 de abril de 2021. Sexta-Feira. 00:20.

— Gente, precisamos recuperar o menino Wolfie. – Freddie começou a dizer quando a música acabou. – Anda cabisbaixo, tristinho. Perdeu a cor, a alegria, o cabelo tá castanho claro de novo... Tudo por causa da barista da cafeteria.

— Não exagera não, drama queen. – Wolfie bufou. – Mas sim ouvintes, hoje marca o décimo quinto dia em que eu não vejo a deusa da minha vida, a luz dos meus olhos, a musa dos meus sonhos.

— Eca. – Freddie fez uma careta. – Eu não quero saber os tipos de sonho que você tem com-

— Ah, mas na hora de me contar o que você e a Tessa andam fazendo-

— Mano, não me esparra na rádio. – Freddie gritou. – Tessa meu bem, nunca contei nada para esse mentiroso ao meu lado.

— Tessa, você sabe que ele contou. – Wolfie riu. – Eu sei que vocês estão saindo a pouco tempo, mas ela costumava te ouvir por aqui. Ou seja, ela sabe que você é cheio do lero-lero.

— Depois me perguntaram como eu fui solteiro por muito tempo, eu tenho o pior parceiro de todos os tempos. – Freddie respirou fundo. – E enfim, não tenho culpa que ela mudou de turno pra não te ver mais.

— Que maneira agradável de pisar nos meus sentimentos.

— Oh, só o melhor para o meu melhor amigo. – Freddie riu. – Vamos ao primeiro ouvinte de hoje!

— Por favor, poupem meus sentimentos hoje? – Wolfie pediu em um tom zombeteiro com fundo de verdade antes de atender o telefone. – Alô ouvinte! Você está ao vivo no Just 2 Guyz o melhor pior programa da madrugada! No que podemos te ajudar nessa noite fria e sombria de fim de abril.

Hey... – a voz disse timidamente. – Eu não acredito que eu estou fazendo isso.

— Eu não acredito que eu venho fazer isso todo dia com esse babaca do meu lado. – Wolfie brincou. – Mas não fique com vergonha, conte sua história.

Ok. – ela riu. – Vou resumir minha história.

Ted pensou já ter escutado aquela voz antes pelo jeito que seu coração acelerara.

Mas era um telefone, vozes vem distorcidas, não é? Tinha que parar de imaginar estar vendo e ouvindo Victoire o tempo inteiro. Não era assim que o mundo funcionava.

­— Meu nome é... Tori. – ela hesitou e riu. – Minha história é meio louca, tem esse carinha que eu gosto que eu conheço ele desde criança.

— Uh, clássico friends to lovers. — Freddie comentou sorrindo.

— Então, tava mais para “enemies to lovers”, pelo menos da minha parte. – ela riu de novo. – Eu o conheço desde que nasci praticamente e eu tinha um ciúme dele que vocês não fazem ideia, ou fazem, haha. Eu queria que ele gostasse de mim do jeito que ele gostava de todo mundo sabe? E de todas as meninas que davam em cima dele na escola? Aí parecia que ele tinha mudado, porque ele começou a me dar mais atenção que nunca, mas eu achava que era brincadeira porque ele me fazia rir todos os dias... Ele fazia umas cantadas horrorosas, sabe? Tipo o dia que ele me chamou de Dani porque eu danifiquei o psicológico dele! E o dia que ele me perguntou se eu era nescau porque-

— Você tem uma energia de dar gosto. – Wolfie completou embasbacado.

— Aí ao mesmo tempo eu meio que fiquei afim desse idiota da rádio. Um cara que me faz rir naturalmente, só conversando com o idiota do meu primo.

— Victoire? – Freddie finalmente percebeu.

Duh. – ela riu. – E eu estava morrendo de ciúmes da tal garota da cafeteria que o idiota da rádio estava afim. Imagina o dia que eu descobri que os dois eram a mesma pessoa? Eu entrei em pânico, porque eu já achava que era louca por estar apaixonada por duas pessoas, uma delas só pela voz e a outra porque era realmente questão de tempo, não é? E daí bam! A mesma pessoa.

— Apaixonada? – a voz de Ted era baixinha.

— Apaixonada. – ela confirmou timidamente. – Eu troquei de turno na cafeteria porque eu não sabia o que fazer, sabe? Por isso que eu liguei, o que vocês acham que eu devo fazer?

— Se eu conseguir fazer Wolfie voltar a respirar depois do ataque cardíaco que você causou a ele, barista da cafeteria a gente já te conta o próximo passo. – Freddie brincou.

— Freddie. Shiu. – Wolfie (ou Ted né) disse e começou a gaguejar fingindo ser o conselheiro da rádio. – O próximo passo? Depende do que você quer que aconteça daqui para frente, sabe? Talvez vocês devam começar a namorar, parece ser uma boa ideia.

— Ah é? Mas esse carinha nem a chamou para um encontro ainda.

— Se eu não me engano ele a chamou centenas de vezes.

Mas eu não sabia que ele estava falando sério!

­— Então se ele perguntar mais uma vez você vai dizer sim?

Com certeza. Sem dúvidas. Sim.

— Galera, vamos digam tchau para a barista da cafeteria porque eu vou pedir para sair com ela de uma maneira muito melosa e romântica e possivelmente vergonhosa. – Ted disse quase não se aguentando de felicidade. – Fiquem com Radio Ga Ga do Queen porque não importam os canais de vídeo clipes e o spotify, se a minha garota se apaixonou por mim por causa da rádio: Radio, someone still loves yoooooooou.

Ted cantou de maneira desafinada de novo, como naquele primeiro dia e Victoire sorriu, boba.

Como o mundo deu voltas em um espaço de quarenta e cinco dias para Victoire Elouise Delacour-Weasley futuramente Lupin, quem sabe?


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Notas finais do capítulo

Eita, vem aí um epílogo.