Our World With Colors escrita por Bia Malheiros


Capítulo 1
Capítulo 1




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Meu primeiro dia numa escola nova. É março, meio do semestre. Estacionei a picape puxando o capuz do meu casaco tentando evitar os olhares curiosos. As primeiras aulas foram tranquilas, apesar do conteúdo repetitivo – Pelo menos para mim – algumas pessoas se arriscavam em se apresentar, eu apenas sorria e tentava ser amigável. A última aula tinha se arrastado da maneira mais lenta possível, mas, enfim tinha acabado.  

Segui sozinha para o refeitório, comprei meu almoço e procurei uma mesa vazia para me sentar, encontrei uma próxima a saída que dava par a biblioteca. Deixei a mochila em cima da mesa e puxei a cadeira me sentando em seguida. Algumas pessoas que falaram comigo apareceram querendo me fazer companhia pro almoço. Seria bom não almoçar sozinha. 

Duas das garotas puxavam assunto comigo querendo “me conhecer” mais, eu respondia gentilmente, sabia que Charlie ficaria feliz em me ver fazendo amigos aqui. 

—Então Bella, deixou algum namorado em Phoenix? A garota loira que agora me recordava se chamar Jessica perguntou. 

—Não. Não sou muito do tipo que namora. Respondi dando um gole em meu refrigerante. 

—Nada de cores então. Disse voltando a atenção para sua comida. 

 estava o verdadeiro motivo da pergunta.  

Estranhamente depois da segunda guerra mundial, a maioria das pessoas deixaram de ver as cores. Vivíamos em um mundo preto e branco, até encontrarmos nossa alma gêmea. No início muitos acharam que era baboseira, mas cientistas comprovaram que a radiação das bombas nucleares foi tamanha que causou essa anomalia nos humanos. Como se não bastasse quando houve o acidente em Chernobyl o mundo descobriu que seres antes considerado mitos e lendas eram reais. 

—Nenhuma, só variações de preto e branco. 

—Eu também. A outra garota, Ângela que era tão tímida quanto eu, falou me lançando um olhar de solidariedade. 

—Bom isso não quer dizer que não podemos aproveitar a vida, não é?! 

Dei de ombros respondendo fazendo Jessica riu forçadamente. 

O tempo parecia estar se arrastando. Toda vez que olhava o relógio pendurado mal tinha se passado alguns minutos. Numa dessas olhadas notei um grupo de alunos sentados no canto mais afastado. Eram 5 e pareciam querer não chamar atenção, o que provavelmente era difícil considerando que todos pareciam ter saído do catalogo de alguma revista de moda. 

—Quem são eles? Perguntei gesticulando com a cabeça, mas Jessica parecia já saber de quem estava falando. 

—Os Cullen. São filhos adotivos do senhor e senhora Cullen. Se mudaram para Forks tem uns dois anos vieram do Alasca. Ao que parece a senhora Cullen não pode ter filhos então eles adotaram. 

Dois dos Cullen levantaram da mesa com suas bandejas completamente intocada. O garoto era alto e extremamente musculoso, como um halterofilista, mas seu sorriso dizia que era um grande bobalhão. Já a garota que mais parecia ter saído das passarelas da Victoria Secret, desfilava ao seu lado. O cabelo caindo em cascata enrolado nas pontas fazia qualquer garota se sentir uma ofensa ao seu lado, seus traços eram tão perfeitos que acho nem mesmo com cirurgias plásticas era possível chegar aquele resultado. 

—Esses são Rosalie Hale e Emmett Cullen. Estão juntos. Tipo juntos, juntos mesmo. Com cores e tudo. Ela é irmã de Jasper Hale que está com a baixinha de cabelos picotados. Os gêmeos entraram pra família quando tinham onze anos. - Jessica falou em meio tom quando eles passaram. - Emmett chegou pouco depois, e ao que parece estão coloridos desde então. Com o Jasper e Alice, a baixinha que falei foi o mesmo. 

—Isso que eu chamo de sorte. - Tentei fazer piada, mas realmente é muita sorte. Muitas pessoas ainda procuram a sua alma gêmea e as vezes morrem sem nem ao menos conhece-la. - Ter dois casais coloridos na família. 

—Três. - Corrigiu Ângela. - Os pais também são. 

Agora sim eu estava surpresa. Mas Charlie sempre disse que tinha gente que nasceu com mais sorte que outros.  

—E ele? Perguntei me referindo ao último da mesa. 

—Aquele é Edward Cullen. Foi o primeiro a ser adotado. Ele é um gato, tá na cara né. - Jessica deu um riso nervoso. - É o único solteiro e neutro da família. Mas sério, não perde tempo. Ele não namora, nem mesmo uma ficada. 

Me perguntei quantas vezes Edward Cullen tinha dispensado ela, por que claramente Jessica sofria de dor de cotovelo. 

—Como disse, eu não namoro Jessica. Sorri amigável para ela antes de olhar novamente para o tal Edward Cullen. 

Ele era diferente dos irmãos, mais forte que o loiro, porém mais magro que o grandalhão. Seu corpo era musculoso na medida certa. Seus cabelos bagunçados como se ele tivesse acabado de acordar. 

—Sério Bella, nem perde tempo. Edward, ou melhor todos os Cullens agem como se só existissem eles no mundo. 

Jessica disse e pude sentir o tom jocoso em sua voz. Resolvi encerrar o assunto, peguei a bandeja do meu almoço e a devolvi em um dos balcões quando voltei para a mesa catei minha mochila pondo a alça no ombro e meu celular que tinha deixado em cima da mesa. 

—Tenho que ir meninas, prometi a Charlie que iria as compras ainda hoje. Dei uma desculpa esfarrapada, na verdade só queria ficar sozinha um pouco. Ainda não tinha me adaptado totalmente a Forks. 

—Espera, pega nosso número. Podemos nos falar no WhatsApp e marcar de sair. Ângela atrasou minha fuga, mas ela diferente de Jessica estava sendo sincera e gentil. 

—Claro. Respondi enquanto passava meu celular para que elas salvassem o contato. 

Enquanto esperava olhei novamente para a mesa no canto e percebi que o segundo casal tinha se levantado e agora seguiram juntos para saída do estacionamento. Edward Cullen imitou seus irmãos após deixar a bandeja no balcão. Estava de costas para mim. 

Quando se virou notei o porquê de Jessica ter tanta dor de cotovelo. Edward Cullen parecia ter saído de uma escultura grega. Assim como os irmãos ele era extremamente lindo, do tipo que se fosse famoso teria mulheres aos seus pés sem precisar falar nada. Qualquer garota iria querer estar ao lado dele, era um fato. 

Ele parou a poucas mesas de distância de onde estava, puxou o celular do bolso, mexendo rapidamente para em seguida guarda-lo. Foi quando ele olhou pra cima e encontrou meu olhar. 

Seus olhos eram um castanho dourado, quase que ouro liquido. Seu cabelo bagunçado tinha um tom acobreado incrível, que combinava perfeitamente com ele. 

Quando me dei conta do que aconteceu desviei o olhar rapidamente. 

—Aqui Bella. Ângela me devolveu meu celular, enfiei ele no bolso do meu casaco rápido. - Você tá bem? 

 sim, eu só... tenho que ir. Até amanhã. 

Me despedi delas e aprecei meus passos, mas foi impossível não olhar passei por ele. Corri ignorando a chuva fina voltava a cair, até minha picape que agora sabia que era vermelha. Entrei jogando a mochila no banco do passageiro e encostei a cabeça no volante, tentei controlar minha respiração. 

—Tá tudo bem. 

Repeti a frase como se fosse um mantra. 

Eu esperava tudo quando me mudei para Forks menos isso. Encontrar minha alma gêmea aqui, no primeiro dia de aula definitivamente não era o esperado. 

Meu coração parecia que iria sair do peito de tão rápido que batia. Fechei os olhos por um tempo tentando retomar o controle do meu corpo. Levantei a cabeça encostando dessa vez no banco. Passei a mão por meu rosto e quando pensei em ligar a picape para enfim ir pra casa, uma batida na janela me detém. 

Eu sabia quem era, claro que sabia. Todo meu corpo se arrepiou da mesma maneira que quando... quando ele me olhou. 

—Não seja covarde. Sussurrei antes de abrir a porta. 

O Silencio constrangedor só não estava pior do que a quantidade de olhares voltados para nós. Ele abria e fechava as mãos num sinal de nervosismo, era bom saber que eu não era a única. 

—Oi, sou Edward Cullen. 

Sua voz era rouca, mas fluía como a mais perfeita música. 

—Sou BellaBella Swan. É..... É um prazer conhece-lo. 

Estendi estupidamente minha mão para ele, que a pegou sem reservas. Seu toque fez com que uma pequena corrente elétrica corresse por meu corpo. Ele sorriu. Não um sorriso que mostrasse todos os seus dentes, mas se tornou pra mim algo imensurável. 

—Acredite quando digo que o prazer é todo meu. - Ele se aproximou mais de modo que tive eu esticar o pescoço para encara-lo. A mão que antes segurava a minha agora estava em meu rosto, seu polegar deixando uma trilha de fogo por onde ele deslizava. - Não sabe o quanto eu esperei por você, Isabella. 

 Eu não sabia o quanto estava vazia até olha-lo. Seus olhos dourados e sua pele fria me fizeram entender que minha alma gêmea era um vampiro. 

—Não vou machuca-la. Sei que agora sabe o que sou, mas não quero que tenha medo de mim. 

—Eu não tenho. 

Pus minha mão sobre a sua pressionando contra meu rosto, tentando transmitir o calor de meu corpo para o dele. 

Edward Cullen me trouxe para seu peito beijando meus cabelos enquanto seus braços rodeavam-me. E eu me senti bem, como nunca me senti na vida. Era o que chamavam de enlace, não importava para mim na verdade o nome que davam. Só o que importava era que eu estava com ele, sabia que enfrentaríamos muitas coisas, a começar pelos curiosos da escola que a essa altura já entendiam o que tinha acontecido. 

Eu sorri contra o peito de Edward. Casa. Era essa a sensação que tinha quando estava nos braços dele. 

—Tudo bem? Você está bem? Ele perguntou. 

—Sim. Sim, eu estou bem. - Olhei para ele e me perdi no ouro de seus olhos. Minha mão foi para sua nuca e enrosquei meus dedos nos fios acobreados –Estou em casa. 

 

Era verdade. Estava em casa, e pronta para descobrir novamente o mundo. Só que dessa vez, não estava sozinha e ele já não era preto e branco.


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