Eu vou na garupa escrita por mjrooxy


Capítulo 1
Capítulo único




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Neji fez birra, depois do acidente ridículo de moto, em que saiu voando e caiu de bunda na calçada. Passou a  não querer mais frequentar ambientes com seus amigos ou chegar na garupa de Tenten. Era muito humilhante, porque todos riam dele chamando-o de "passarinho" ou perguntando se a bunda do coitado ainda doía pelo tombo colossal.

Então Neji preferia evitar esse tipo de encontro, pelo menos enquanto aquela história não fosse esquecida. Ele esperava que não demorasse muito, porque sentia falta dos rolês e de não ser motivo de chacota aonde chegava.

Além disso, um certo receio de que algo pior acontecesse o assolava de quando em quando. Inclusive, apesar da humilhação, sentia-se feliz por ter ferido somente o ego e a bunda no tombo que levou.

Podia ter sido pior, certo? Um pneu estourado era algo importante e muitos morriam por menos ao pilotar. Portanto, Neji devia estar satisfeito e tranquilo… ou não.

Não quando Tenten se colocava em risco pela velocidade. Ela que pilotava a moto agora e Neji, bom, ia na garupa. Por ele já tinha vendido a moto, mas a namorada era apaixonada pela Yamaha vermelha cereja que virou motivo de constantes discussões entre eles.

Tenten alegava que não tinha dinheiro para comprar uma moto para si, apesar de amar pilotar. E já que Neji, seu namorado, tinha uma bebê daquelas na garagem, por que não usufruir?

— Não vou continuar com ela, Tenten — Neji afirmou, cruzando os braços. 

Já tinha encontrado um comprador disposto a pagar um valor maior que a moto valia no momento. 

— Você não pode vendê-la! — Tenten se desesperou, amava a sensação de liberdade que a Yamaha lhe oferecia.

E com Neji grudado nela na garupa, era ainda mais prazeroso sentir o vento balançando seus cabelos à medida que pilotava. 

— Como não? — Neji retrucou, tentando não perder a paciência. — Moto é uma coisa perigosa, eu podia ter morrido!

— Neji… — Tenten procurou manter a voz neutra. — Eu sou a piloto mais cuidadosa de todas, desde os meus doze anos sonho com o dia em que vou ter uma belezinha dessas para chamar de minha. Agora você quer vender a moto só porque machucou a bunda?

Neji ficou sério de repente e Tenten compreendeu que foi longe demais.

Ele suspirou, deixando a namorada sozinha na sala. Era um covarde? Por que levou um tombo pensava que devia se proteger do perigo, aliás, proteger a namorada. Contudo, e se estivesse enganado? Porque pessoas sofriam acidente de todos os jeitos, de carro, a pé, na calçada… enfim, inúmeras possibilidades de se machucar. Não era algo exclusivo de se pilotar uma moto. Ainda assim, por que sentia um nó no peito sempre que andava na garupa de Tenten? Pensando que devia protegê-la e não incentivá-la a pilotar aquele monstro vermelho?

Não queria bancar o super protetor, pior, tirar o doce da boca da criança. Via o quanto Tenten sorria de felicidade quando subia naquele — agora trambolho — de duas rodas e odiaria estragar a felicidade dela.

Mas, se algo acontecesse à Tenten por causa da moto dele… Neji não saberia o que fazer. Deitou, colocando um travesseiro na cabeça, enquanto buscava uma solução para aquele impasse. Não queria mais se indispor com Tenten, ela era o que de mais precioso ele tinha na vida. Não podia e não queria magoá-la com atitudes idiotas e talvez vender a moto que ela tanto gostava causaria exatamente isso. 

Após muito refletir, saiu do quarto, encontrando Tenten mexendo na cozinha. Ela parecia entretida cortando legumes. O que não o surpreendeu, Tenten era ótima com ingredientes. Sabia misturá-los e criar algo divino como ninguém e sempre que ficava nervosa com algo. Tinha o costume de adiantar as refeições que fariam juntos. Ela também pegou as manhas do namorado, quando ele se isolava, Tenten entendia que era melhor aguardar até que Neji estivesse disposto a conversar.

E ele estava ali exatamente para isso.

— Escuta, Tenten… — iniciou, rodeando a cintura da namorada por trás. — Eu acho que estou sendo idiota, me preocupo com você e fico com medo de que se machuque por minha causa. Quer dizer, é a minha moto, certo?

— Eu sei Neji, fico feliz em saber que se preocupa comigo — Tenten suspirou, girando o corpo e ficando de frente para o namorado. — Mas você não pode me proteger de todos os perigos do mundo, eu posso me machucar em qualquer lugar. É isso que preciso que compreenda. Eu tomo todo o cuidado quando estou pilotando, só peço que confie em mim.

— Eu confio, mas os outros motoristas… — Neji iria contestar, quando Tenten o calou com um beijo.

— Confie apenas em mim — ela pediu, movimentando os lábios para aprofundar o contato.

Neji retribuiu, envolvendo Tenten em seus braços. Aliás, talvez e só talvez, enquanto ela o enchia de beijos e carinhos, pensou que não fosse tão ruim assim não ter o controle de tudo. Tenten realmente era melhor piloto que ele e aquele tombo nem foi tão grave quanto pensava. Se Neji não queria mais pilotar moto, porque nem era uma coisa que gostava muito de fazer. Já que seu negócio mesmo era carros, bem velozes, por sinal. Poderia fazer um agrado à namorada dando a Yamaha de presente ao invés de vendê-la. 

É, eu posso continuar indo na garupa. refletiu, antes de pegar Tenten no colo e levá-la para o quarto.

Afinal, quem trocaria uma noite de carinhos por um rolê noturno em um dia frio? E o jantar, bom, ele também podia esperar.

Fim.


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