Whisper of the witch escrita por Lily


Capítulo 2
02. Eles estavam bem... até não estar




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Pequenos vagalumes voavam ao redor de Ginny, eles piscavam deixando o céu escuro brilhante. Albus estendeu a mão e tentou pegar o pequeno inseto que estava mais perto, então bufou irritado quando ele voou para longe.

—Lume! - Al disse exclamou correndo atrás do inseto como James e Teddy faziam, Sir, o cachorro da família, caminhava calmamente entre os garotos. Ginny suspirou e desviou o olhar de seus garotos para a casa atrás dela, desejou avistar a silhueta de seu marido na cozinha preparando algo no fogão, como sempre fazia, mas Harry estava longe em uma missão que estava durando mais do que o normal. Embora ele tenha afirmado que voltaria em menos de três dias, ou tentaria da melhor forma possível, Ginny não acreditou muito, nenhuma missão de Harry durava apenas três dias. Iria fazer cinco dias que ele estava em outro país, eles se comunicavam apenas por raras ligações telefônicas, mas sempre a noite às sete horas em ponto, Harry ligava para ela para atualizá-la sobre o caso e perguntar sobre as crianças. 

Entretanto, já passava das nove da noite e Harry ainda não havia dado notícia. Ela estava ansiosa e nervosa, a falta de comunicação a deixava suscetível a pensamentos ruins que por sua vez a faziam se sentir vulnerável e com medo. As crianças pareceram sentir sua ansiedade, pois mal haviam se comportado naquele dia, agitadas demais para se manterem em uma atividade, Teddy tentou ajudar, entretia James o máximo que podia, mas não podia fazer nada quando o garotinho começava a perguntar sobre seu pai. 

Ginny fechou os olhos e respirou fundo, mas os abriu quando sentiu Sir lamber sua mão, ela riu e acariciou o pêlo escuro do cachorro, então se levantou e limpou a sujeira na parte de trás de sua calça. 

—Meninos, hora de dormir. - ela disse aos três garotos que ainda corriam pelo jardim. Ginny se aproximou de Albus e o pegou pelas costas, seu bebê se debateu querendo voltar para o chão, mas ela apenas o segurou com força e beijou sua cabeça. - Para dentro.

Teddy correu em direção a casa e James o acompanhou, Ginny sorriu quando pequeno Lupin deixou a porta aberta esperando que James e ela passassem. Albus acenou para Sir, antes de seguir James e Teddy para o segundo andar, Ginny balançou a varinha fechando a porta e organizando a louça nos armários, o barulho no andar de cima indicava que seus garotos estavam se aprontando para dormir.

Ela abaixou a varinha e cruzou a cozinha até a sala, segurou o corrimão para subir a escada, mas parou quando ouviu o barulho de chaves na porta. Ginny se virou, seu coração deu um salto quando a figura alta e esguia de Harry entrou na casa. 

—Oi. - ele sussurrou. Ginny caminhou até ele e segurou seu rosto entre suas mãos, havia um corte em sua bochecha esquerda, avermelhado, mas sem sangramento, e um hematoma roxo perto da orelha. 

Ginny abaixou uma das mãos até o peito dele sobre seu coração, sentiu-o pulsar, apenas reafirmando que ele estava bem, que ele estava vivo. Eles se mantiveram em silêncio até que suas respirações estivessem sincronizadas, Harry então abaixou a cabeça e beijou suavemente os lábios dela, apenas outra afirmação. 

—Papai! - Ginny se afastou de Harry quando os gritos de James chegaram aos seus ouvidos, ela se virou para ver seu filho descer correndo a escada, Teddy vinha logo atrás ajudando Al que estava tão animado quando o irmão. 

Harry segurou James, o erguendo do chão em um abraço apertado, mas então se ajoelhou para receber Albus e Teddy. 

—Vocês se comportaram? Cuidaram da mamãe como eu pedi? - Harry acariciou o cabelo de Teddy e beijou suavemente a bochecha de Al. 

—Sim! - James gritou, Ginny sorriu com a animação de seu filho. - Papai, vamo brinca! Vamos! Vamos!

—Jamie. - Ginny se agachou ao lado de Harry e puxou James do amontoado de braços e pernas que havia se formado ao redor de seu marido. - Que tal deixar o papai descansar um pouco e amanhã você pode contar tudo para ele. 

—Mas… - James pareceu querer insistir, mas Ginny apenas lhe lançou seu olhar mais amoroso. 

—Você terá todo o tempo do mundo. - ela insistiu e beijou a bochecha dele. - Agora, se me lembro bem, vocês deveriam estar se preparando para dormir.

—Eu não estou com sono. - Teddy disse, seu braço ainda envolta do pescoço de Harry. 

—Nem eu! - James gritou, saltando ao redor deles. Ginny suspirou sabendo que definitivamente nenhum daqueles garotos iria dormir tão cedo. 

—Pelo menos amanhã é domingo. - Harry disse sorrindo. Ginny sorriu de volta e participou alegremente da jornada das crianças de ficarem perto de Harry. 

Era quase meia-noite quando seus garotos adormeceram, não em suas camas como Ginny desejava, os três estavam amontoados na cama de casal no quarto dela, era uma doce imagem que aquecia seu coração, mas impedia seus planos de recuperar o tempo perdido com Harry.

—Eles parecem maiores. Todos os três. - Harry murmurou, ele estava de costas para ela, lavando o que restava da louça suja. 

—Sim. Parece que a cada dia eles crescem mais. - ela concordou, então mudou de assunto sabendo que Harry se sentia culpado toda vez que ficava longe dos garotos por muito tempo. - Teddy está nervoso, faltam poucos dias para acabar as aulas e para a feira. 

—Não me surpreende, Teddy gosta da escola, mas acho que vai gostar mais de Hogwarts. 

Ginny riu, então caminhou até Harry e o abraçou por trás. Ela respirou fundo sentindo o aroma de seu sabonete misturado com seu cheiro amadeirado. 

—Quem não ficaria animado com Hogwarts, é Hogwarts! - ela exclamou e Harry riu. Ele enxugou as mãos na toalha antes de virar para ela. Seus braços envolveram sua cintura e ele a puxou para perto, seus corpos tão próximos que ela podia sentir o calor crescendo dentro de si. 

—Senti sua falta. - Harry sussurrou, seus lábios se arrastaram contra sua bochecha, beijos leves como penas. Ginny fechou os olhos e deixou que ele cuidasse dela, seus beijos e toques levando-a para longe dali. A mão de Harry desceu pela sua cintura segurando com força sua bunda, ela suspirou e virou o rosto prontamente beijando-o, empurrou o quadril contra ele, sentindo a necessidade insaciável aumentar a cada instante. 

—Harry. Por favor. - ela murmurou tentando transmitir naquelas poucas palavras o que necessitava. Ele a empurrou em direção a ilha da cozinha sem deixar seus lábios se separarem, então a girou fazendo suas costas pressionaram contra o corpo dele, Ginny apoiou as mãos sobre o granito gelado e empurrou a bunda para trás sentindo o volume que pulsava contra si. Harry desceu a mão pela frente de seu corpo, tocando seus seios e descendo cada vez mais, ele colocou a mão dentro da calça de seu pijama, Ginny sentiu ele sorrir contra sua pele de seu pescoço, sugando sua pele de uma forma que deixaria marcas. 

—Ansiosa? - Harry perguntou com seu tom cínico esperando uma resposta, mas Ginny se sentia necessitada demais para joguinhos. 

—Harry. - ela murmurou com agitação. Ele soltou uma risada rouca enquanto empurrava a calça do pijama dela para baixo, o tecido deslizou pelas suas pernas até o chão. Harry a acariciou mais uma vez, preparando-a para ele, então um segundo depois ele entrou nela. Ginny apertou as unhas contra a palma da mão e mordeu o lábio com força para não gritar, Harry se moveu mantendo suas mãos firmes na cintura dela, haveria algumas marcas na manhã seguinte, mas ela não se importava, não quando Harry a deixava assim. 

Ginny apertou os lábios com força e jogou a cabeça para trás, Harry colocou a palma aberta sobre as costas dela e a empurrou contra a bancada. Seus seios se esmagaram contra a pedra fria e ela gemeu profundamente sentindo que não duraria muito, e pela velocidade com que Harry se empurrava contra ela, ele também estava bem próximo. Apenas mais alguns minutos foram necessários para sentir a pressão em seu interior aumentar, Harry a puxou pela cintura tirando-a da bancada, ela ficou na ponta dos pés e virou o rosto capturando os lábios dele. Ela gritou quando sentiu os dedos dele lhe tocarem onde ela mais ansiava e então a pressão explodiu, Ginny fechou os olhos sentindo clímax lhe arrebatar, Harry veio logo em seguida a segurando com força. 

—Eu senti tanto sua falta. - ela sussurrou contra os lábios dele. Harry sorriu e a beijou suavemente. 

—Ah, nem percebi. 

Ginny riu e se afastou dele, ergueu as calças e passou a mão pelo cabelo, seu corpo ainda estava quente e o suor escorria pelas suas costas.

—Acho que vou precisar de um banho. - ela resmungou. 

—Isso é um convite? - Harry indagou virando-a para que pudesse beijá-la. Ginny riu novamente e então o puxou pela mão para o andar de cima direto para o banheiro do corredor, longe o suficiente dos garotos. 

×××

—Mais três voltas! - Gwenog Jones gritou, sua voz ampliada ecoando pelo campo. Ginny se curvou em sua vassoura e ultrapassou Grace que a xingou de uma maneira amigável. Três voltas e algumas risadas depois, o time pousou no gramado, vozes altas e animadas. - Bom treino, garotas. Glória, você estava meio lerda na última volta.

—Ginny me ultrapassou, se eu fosse mais rápido teria batido nela. - Glória disse, seu forte sotaque espanhol indicava sua irritação. 

—Pensei que estávamos em uma corrida, o perdedor paga a rodada no bar. - Ginny se defendeu, suas companheiras de time riram e gritaram em concordância, menos Gia que havia chegado por último. 

—Você não tem uma família para voltar, Potter. Filhos que precisam de cuidado. - Gia murmurou. Ginny fez uma careta para ela.

—Como você conseguiu convencer Harry a ficar com eles? Tenho que ameaçar Hudson para que ele fique com Greta. - Georgiana falou. 

—Não preciso convencer Harry, são os filhos dele, é sua obrigação estar com eles. E também, Harry ama James e Al, ele praticamente me proibiu de voltar para casa mais cedo. - Ginny deu ombros e sorriu ao lembrar da ameaça velada de seu marido no início da manhã.

—Chuveiro. - Gwenog ordenou. Ginny levou sua vassoura em direção ao vestiário.

—Eu te odeio tanto. - Greg gemeu profundamente em desgosto, ela era a mais nova do time, 23 anos, mas era uma das melhores goleiras que já passaram pelo time. - Você pegou o último homem decente da face da terra. Harry é perfeito.

—Não exagere. Harry não é perfeito. 

—Não é o que parece. Um ótimo pai. Um marido incrível. O herói do mundo bruxo. Me diga como isso não é ser perfeito. 

Ginny revirou os olhos e riu. Harry definitivamente não era perfeito. Seu marido era a pessoa que sujava a casa de lama e esquecia a torneira aberta, que diariamente rasgava suas capas e casacos, e por vezes esquecia que estava brincando com alguma das crianças e se ocupava com outra coisa. Harry tinha defeitos, inúmeros, mas não excessivos o suficiente para fazê-la questionar seu casamento. Ele era apenas um tanto atrapalhado, mas compensa tudo sendo o amoroso, carinhoso e extremamente atencioso com ela e os garotos. Ginny soube no momento em Harry segurou Teddy no colo pela primeira vez que ele seria um bom pai, o olhar que seu marido havia dado ao seu afilhado fora o suficiente para que Andy, que até então se recusava a deixar seu neto por mais do que dois segundos longe de seus olhos, fosse finalmente dormir. 

A agitação do vestiário fez Ginny sorrir novamente, depois de um rápido banho, ela vestiu sua roupa e pegou a bolsa no armário. 

—O 90's está aberto a essa hora. Hoje é dia de promoção. - Giselle falou, seu tom animado indicava que provavelmente ela não sairia antes do bar fechar.

—Estou precisando beber até esquecer quem sou. - Grace disse, um coro de risadas ressoou pelo vestiário. Ginny abriu a bolsa e pegou o celular, esperava ter a oportunidade de ligar para Harry, apenas para checar se James tinha ido bem na escola, porém a bateria havia acabado. Ela bufou e jogou o celular de volta à bolsa.

—Vamos Ginny. - Gia a puxou pelo braço e Ginny se deixou ser puxada. O bar não ficava muito longe do campo de treinamento, um lugar simples e discreto, era um bar bruxo, mas que atendia trouxas perdidos. 

—Garrett! - Greg gritou ao atravessar o bar em direção ao homem alto de cabelo escuro, Ginny acenou para ele. Garrett era o médico e o único homem do time. Ele era divertido e alegre, sempre com um sorriso no rosto e palavras de incentivo. 

—Vou pegar as bebidas! - Grace gritou, embora não houvesse necessidade. Ginny se sentou na frente de Garrett enquanto as garotas ficaram ao seu redor tagarelando sobre suas expectativas ou reclamando sobre os treinos. 

—Teddy irá para Hogwarts esse ano, não é? - Garrett se inclinou para frente a fim de bloquear a conversa das garotas. 

—Oh sim, ele está animado para isso. Muito ansioso também. 

—Me lembro do meu primeiro ano. Quase cheguei a desmaiar quando entrei no salão e o pior de tudo veio depois com o torneio. - Ginny riu e assentiu. Não foi um ano muito bom para muitas pessoas, principalmente para Harry. - Mas tenho certeza que Teddy sairá bem. 

—Melhor do que Harry com certeza. - ela afirmou e Garrett riu. - Embora eu ache que qualquer um possa ter se saído melhor do que Harry. 

—Ele não teve muita sorte durante seus anos em Hogwarts.

—Não mesmo. - ela balançou levemente a cabeça sorrindo. Grace voltou com as bebidas, as distribuiu e voltou a se sentar. O volume da conversa foi abafado pela música alta do bar, Ginny gargalhou ao ouvir as histórias ridículas de Gia, a mente mais leve devido ao álcool. 

—Uh, Garrett, não sabia que era casado. - Grace se inclinou sobre a mesa e pegou a mão de Garrett, havia um anel de prata em seu dedo anelar.

—Oh não! Perdemos mais um! - Greg gemeu se jogando contra Giselle. 

—Não sou casado. - Garrett disse e tentou puxar a mão para longe de Grace, mas ela o prendeu contra a mesa. Ginny olhou com mais atenção, o anel era grosso com linhas douradas que brilhavam intensamente. - Minha irmã me deu.

—Sua irmã?

—Meus pais morreram durante a guerra, ficamos com as alianças deles, eu uso a do meu pai e minha irmã a da mamãe. 

—Oh, sinto muito. - as garotas sussurram ao mesmo tempo. 

Garrett olhou para sua mão, Ginny sabia muito bem a sensação de perder alguém querido, então entendia porque Garrett parecia desconfortável.

—Que tal mais uma rodada? - ela indagou, todos concordaram e Grace foi pegar mais bebida. 

Ginny bebeu apenas mais dois copos antes de finalmente decidir ir para casa. Se despediu do time e saiu do bar, procurou um beco vazio para aparatar em casa. Sorriu quando a visão da casa de tijolos apareceu à sua frente, ela caminhou lentamente pelo jardim apreciando as flores que ainda não haviam se fechado. Pegou a chave na bolsa e abriu a porta, a fechou com cuidado antes de começar a tirar as botas, colocou o casaco no cabide e deixou a bolsa sobre a mesinha lateral. 

Ela bocejou e subiu a escada até o segundo andar. Abriu a porta do quarto de James e sorriu quando encontrou Albus deitado junto ao irmão, ele segurava com força o pequeno dragão de pelúcia que havia ganhado de Charlie, já James estava esparramado ao seu lado, seu lençol jogado no chão. Ela se aproximou e se agachou ao lado dele, ajeitou o cobertor sobre o filho e então beijou a bochecha de James e de Al. 

—Gin? - ela se virou e olhou para Harry que estava parado na porta. Ela se levantou, mas cambaleou para o lado tendo que se apoiar na cama de James. Havia bebido mais que o comum. - Você está bem?

—Acho que vou ficar aqui mesmo. - ela sussurrou se sentando no chão. Harry riu enquanto se aproximava, se sentou de frente para ela, seus olhos exaustos.

—A noite foi boa? - ele indagou. Ginny assentiu.

—E a sua? Os meninos deram trabalho?

—Ficaria preocupado se não dessem. - Ginny riu um pouco alto, mas colocou a mão sobre a boca quando James se mexeu na cama. Harry estendeu a mão e bagunçou o cabelo de James, fazendo-o se acalmar. - Eu tinha planejado levar Albus para a cama, mas ele não queria sair de perto de James. 

—Ele ama o irmão mais velho. - Ginny suspirou com carinho ao observar seus dois filhos. Ela bocejou fechando os olhos por apenas um segundo, mas o suficiente para desejar dormir ali mesmo.

—Hora de dormir. - Harry sussurrou, Ginny aceitou a mão que ele estendia e se levantou com cuidado. Harry passou o braço ao redor de sua cintura e a guiou para fora do quarto. 

—Então, como James foi na escola? Alguma nova confusão? - ela indagou, estava tentando manter o sono longe até finalmente poder se deitar em sua cama. 

—Não exatamente, mas… - Harry hesitou, Ginny suspirou já sabendo que teria que lidar com as confusões de James. 

Ela bocejou novamente e balançou a mão indicando que eles continuariam depois. Pela manhã quando ela estivesse despertando e preparada para enfrentar seu filho. Agora ela entendia porque sua mãe nunca brigava com eles durante à noite. 

×××

Ela acordou com leves beijos em seus lábios, sorriu ainda de olhos fechados e estendeu a mão para tocar o rosto de Harry, seus dedos acariciaram a barba que ela tanto amava, abriu lentamente os olhos e encarou seu doce marido.

—É muito cedo. - ela sussurrou, embora não soubesse exatamente que horas eram.

—Eu sei. Mas eu preciso ir ao Ministério. - Harry disse se afastando dela. Ele está usando um suéter cinza e seu casaco de couro marrom, seu estilo era tão caótico quanto sua vida.

—James tem um jogo daqui a algumas horas. - ela resmungou. Era sábado, James tinha futebol e eles nunca faltavam. 

—Eu vou voltar a tempo, eu prometo. 

—Não faça promessas que não pode cumprir, Potter. - Ginny enfiou o rosto no travesseiro e voltou a fechar os olhos. Ainda tinha alguns minutos antes de começar o dia. 

—Os sanduíches estão na geladeira e o café na mesa. - Harry disse em voz baixa, então beijou a bochecha dela e se afastou. 

Ginny se afundou na cama e puxou as cobertas sobre a cabeça bloqueando a luz que entrava pelas cortinas finas. Talvez tenha cochilado por mais alguns minutos antes de finalmente decidir sair da cama. Às nove e meia, quando James já estava usando seu uniforme de futebol e Albus estava vestido suas roupas mais leves, Freddy apareceu na lareira com George. James sorriu animado ao ver o primo e companheiro de time, enquanto Al correu para ganhar atenção de seu padrinho.

—Obrigado mesmo por fazer isso, Ginny. - George agradeceu enquanto deixava Al no chão. - Eu realmente iria a esse jogo, mas a loja está sozinha. Hermione não está se sentindo bem e Rony ficou em casa para cuidar dela, e Angie está com Roxy.

—Ela está melhor?

—Um pouco. Ainda tem febre, mas o vômito passou. Pelo menos está melhor do que ontem.

—Ela vai ficar bem. - Ginny deu ao irmão um sorriso solidário, então se voltou para os três garotos e indagou com animação. - Vocês estão prontos?

—Sim! - o coro alto a fez rir. 

—Agora deem tchau para o tio George que já estamos atrasados. - Ginny pegou a bolsa com os sanduíches e as garrafas de água. - Para o carro. - os garotos saíram correndo pela porta da cozinha, Ginny se preparou para sair, mas então se voltou para George, ele tinha uma expressão diferente em seu rosto. - Você não vai para loja?

—Vou. - ele afirmou enquanto caminhava até a geladeira e abria. - Vocês não tem alguma coisa para comer?

—Você não tomou café da manhã?

—Sou um Weasley, querida irmã. - George lhe lançou um sorriso malicioso e ela revirou os olhos.

—A petiscos no armário e biscoitos também. Alimente Sir antes de sair.

—Eu te amo. - ele disse e ela lhe mostrou a língua antes de sair pela porta. Os garotos já a esperavam ansiosos perto do carro, Sir os rodeava recebendo carinho dos garotos. Ginny pegou a chave e abriu a porta traseira, James e Freddy subiram e se sentaram no banco, ela colocou Albus em sua cadeirinha e fechou a porta. Ela passou a mão na cabeça de Sir e entrou no carro, ligou o rádio, uma música animada começou a tocar, Ginny sorriu e dirigiu o carro até o portão, com um gesto da varinha as portas de ferro se abriram e eles saíram, ela olhou pelo retrovisor e o portão se fechou.

O campo de futebol não era longe de sua casa, ficava em um parque a menos de dez minutos, por isso não demorariam muito a chegar. Durante o caminho James e Freddy conversavam animadamente, seu filho contava sobre a escola e tudo o que estava aprendendo.

—Vamos ao museu na próxima semana. Você deveria ir com a gente. - James disse sorrindo. Os olhos de Freddy se arregalaram de animação. - Mamãe, Freddy por ir comigo?

—Não sei, meu amor. Freddy não estuda na sua escola. 

—Eu queria. - Freddy disse, seus olhos castanhos brilhavam e aquele sorriso idêntico ao de George. - Mas escola é chata.

—Hogwarts é uma escola. - Ginny o lembrou.

—Eu sei, tia. Mas é diferente. Hogwarts é mágica.

Ginny encarou o sobrinho pelo retrovisor, Freddy era muito parecido com George, não apenas na aparência, embora ele tivesse herdado o tom de pele e os olhos de Angelina, sua personalidade era semelhante ao de seu pai. 

—Eu sei, querido. - ela afirmou sorrindo para ele. 

Quando chegaram ao parque Ginny estacionou perto de uma minivan, ela saltou do carro e retirou os garotos. Estava feliz por Harry ter lhe abandonado no início do jogo, não no final, pois era mais fácil lidar com James e Freddy quando ainda estavam ansiosos para jogar e não emburrados por perder.

Ela pegou Albus colo e deixou que James e Freddy corressem até onde o time de futebol infantil estava. Acenou para algumas mães e buscou o melhor lugar na arquibancada embaixo de uma frondosa árvore que produzia sombra, alguns pais preferiam estar perto do campo, ela mesmo adoraria fazer isso, mas Al ainda era pequeno e precisava de sua atenção constante. 

—Mamãe, Jamie. - Albus apontou com animação para seu irmão que estava reunido com o time, o cabelo avermelhado de James se destacava na multidão. 

—Sim, meu amor. Seu irmão está jogando e você logo irá fazer o mesmo. - Ginny disse e sorriu para Al, que embora não tivesse entendido suas palavras, sorriu de volta. 

O jogo iniciou às dez horas em ponto, pontualidade britânica. Ginny olhou ao redor em busca de Harry, checou o relógio e tentou prestar atenção ao jogo, mas sua mente estava em seu marido, ou melhor a ausência dele. 

—Ginny, pensei que você não viria. - ela se virou quando Ziva Amin se sentou ao seu lado. 

—Você sabe que eu nunca perco um jogo. - Ginny sorriu para ela, Ziva era uma das poucas mães amigáveis da escola, geralmente as mulheres eram esnobes ou ocupadas demais para se envolverem, mas Ziva era legal, divertida e não se intrometia em sua vida. - Ravi está jogando muito bem.

—Oh sim, ele não larga a bola quando está em casa. Quebrou meu vaso favorito semana passada.

Ginny soltou uma curta risada de concordância, James também havia quebrado seu vaso algumas semanas antes enquanto testava a nova vassoura que havia ganhado de Rony.

—James também não está muito longe. Sinto que em algum momento ele irá quebrar algum membro. 

Albus se mexeu inquieto, ele queria descer para brincar com o irmão, mas ainda era pequeno demais para isso. Ela abaixou a cabeça e sussurrou para Al se acalmar, mas pelo canto do olho notou que algumas mães lhe encaravam e cochichavam. Ginny geralmente não ligava para as fofocas que circulavam entre as mães, porém havia algo no olhar delas que a fazia se sentir incomodada.

—Ginny? - ela respirou fundo quando ouviu a voz, ergueu os olhos para Virginia White que havia causalmente se aproximado delas. Ziva resmungou ao seu lado, seus olhos voltados para o celular evitando contato visual com Virginia. - Estou surpresa por te encontrar aqui, geralmente é Harry quem vem aos jogos. E por falar nele, onde ele está?

—Harry está resolvendo alguns assuntos do trabalho, ele aparecerá mais tarde. - Ginny disse tentando manter o tom educado. Lidava com Virgínia desde que Teddy havia entrado na escolinha, então tinha aprendido a evitar discussões desnecessárias, principalmente porque a mulher era um tanto tonta para falar a verdade. 

—Oh, vocês dois são maduros. Queria ter esse tipo de relação com Gregory. - Virgínia empurrou Ziva para se sentar ao lado dela, sua amiga soltou uma exclamação de indignação. Ginny franziu a testa confusa sobre porque Virgínia estava falando sobre seu ex-marido com ela. - Sei como pode ser difícil esse momento, por isso estou aqui. 

—Como?

—Sei que duas crianças são muito para lidar, eu entendo. Mas seus filhos são apegados a você e isso será ótimo quando você for lutar pela guarda deles.

Ginny piscou confusa, olhou da mulher loura e tola para Ziva com seus olhos escuros brilhando de diversão. 

—Lutar pela guarda deles? - ela indagou e Virgínia prontamente pegou a mão dela e falou.

—Eu tenho uma prima que é uma ótima advogada, ela consegue tirar tudo, até a última libra. Não tenha medo, mulheres devem se manter unidas.

Ela puxou a mão de volta e apertou Albus um pouco mais forte contra si. 

—Ok. Eu agradeço pela oferta, mas Harry e eu não vamos nos separar. - Ginny disse mantendo a calma, embora sua real vontade fosse gritar que Virginia estava louca. 

—Oh! Então vocês irão tentar terapia de casal? Eu e Gregory tentamos, mas não acho que tenha dado tão certo. - Virgínia sorriu abertamente enquanto continuava a encará-la. Ginny franziu a testa ainda sem entender ao certo de onde aquilo havia saído. - Acho que ainda tenho o cartão dela aqui em algum lugar.

Virginia começou a vasculhar a bolsa e Ginny aproveitou a distração para lançar um olhar de questionamento para Ziva, sua amiga deu de ombros e balançou a cabeça.

—Aqui. - Virgínia estendeu um cartão de papel e Ginny aceitou apenas para que ela pudesse sair. - Espero que vocês voltem a ser como antes.

Ela esperou até que a mulher estivesse longe o suficiente para se virar para Ziva, está por sua vez deslizou de volta para perto dela, sua boca retorcida em uma tentativa de reprimir uma risada. Ginny colocou as mãos sobre os ouvidos de Albus e então disse.

—Que merda foi essa que acabou de acontecer? 

Ziva riu balançando a cabeça e enxugando a borda dos olhos. 

—Oh céus, no momento em que ela se aproximou eu sabia que alguma coisa ridícula iria sair de sua boca. 

—Ziva? 

—O quê?

—Por que ela perguntou isso? Por que insinuou que eu estou me separando de Harry? 

—Elas estão loucas desde que a babá veio pegar James e Teddy ontem. Acham que ela é a nova namorada de Harry e que vocês estão se divorciando. - Ziva disse ainda sorrindo. - Isso não é loucura? Aposto que Karen mandou Virgínia para saber mais.

Ginny franziu a testa e tentou absorver aquelas informações.

—Babá? Nós não temos babá.

O sorriso de Ziva escorregou de seu rosto e Ginny engoliu seco.

—Então, quem era a mulher que veio pegar os garotos ontem? - Ziva indagou. Ginny olhou para James que corria pelo campo atrás de Freddy e então para Albus em seu colo. 

—Como ela era?

—Loira, um pouco mais alta que você, mas estava de saltos, então pode não ser. Usava roupas formais como se tivesse acabado de sair do trabalho. Estava um pouco longe, então não consegui vê-la direito.

—E Diana deixou ela levar eles? 

—Ela tinha uma autorização escrita por Harry. Se não tivesse, você sabe que ela não liberaria. Harry não te contou?

Ginny negou com a cabeça, mas então lembrou da conversa que havia tido com Harry na noite anterior, ele parecia querer lhe dizer algo, mas ela não estava com a mente organizada para aquilo. 

—Papai! - Albus gritou tirando-a de seus pensamentos, ele tentou saltar de seu colo em direção a Harry que se aproximava delas. 

—Vou deixar vocês a sós. - Ziva sussurrou e tocou suavemente sua mão antes de se levantar, ela passou por Harry e deu um leve aceno antes de desaparecer. 

—Ei, como está o jogo? - Harry indagou ao se sentar ao lado dela. Ginny se voltou para ele pronta para começar a discutir sobre deixar seus filhos nas mãos de desconhecidos, mas Albus estava no colo dele e havia muitas pessoas ao seu redor. Ela apertou as mãos amassando o cartão que Virgínia havia lhe dado, respirou fundo deixando o assunto para mais tarde.

—Bem. Eles não estão fazendo pontos, mas pelo menos estão se divertindo. 

—Isso é bom. Pelo menos eles irão cansar. 

Ginny assentiu e voltou a atenção ao jogo. Sua mente estava borbulhando enquanto tentava conter a raiva que urrava em seu peito. Ela nunca havia deixado ninguém de fora da família cuidar dos seus meninos, era um pouco difícil confiar nas pessoas depois de tudo. Eles já haviam sido traídos antes por alguém que eles achavam que era confiável, fotos de James ainda com poucos dias de vida haviam vazado para a imprensa e Ginny jurou nunca mais deixar ninguém de má índole chegar perto de seus garotos. 

Quando o jogo terminou, com um placar estimulante de 2X0 para o time de James, um gol marcado contra sem querer e o outro por uma cabeça no meio do caminho. Ginny distribuí as garrafas de água e sanduíches, então guiou os garotos para o carro. 

—Eu corri tanto. Você viu, papai? - James saltitou ao redor de Harry. 

—Eu corri mais. Corri tanto que cheguei do outro lado do campo. - Freddy sorriu para o seu tio entre as mordidas do sanduíche, Harry estendeu a mão e bagunçou o cabelo dele, os cachos balançando de um lado para outro. 

—Vocês dois foram super rápidos hoje. - Harry afirmou aos dois garotos enquanto ajeitava um Albus semi-adormecido em seu colo. 

—Como o Flash? - James indagou, ele havia ganhado uma revista em quadrinhos sobre super-heróis de uma amiguinho da escola e havia ficado fascinado com esse novo universo. Ginny estava achando adorável esse novo fascínio de seu filho e não se importa em comprar as pequenas revistas para ler com ele. 

—Tão rápido quanto o Flash. 

Com a afirmação do pai, James saiu correndo em direção ao carro com Freddy ao seu alcance. Ginny abriu a bolsa para pegar as chaves do carro, o pequeno papel amassado se tornou visível quando ela mexeu nos objetos, seu corpo se tornou tenso ao lembrar da conversa com Virgínia e da revelação de Ziva. 

—Ginny, me dê as chaves. Eu dirijo. - Harry disse tocando o braço dela para chamar sua atenção. Ginny jogou as chaves para ele e se apressou para parar James e Freddy antes que eles saíssem do seu campo de visão. 

Ela deixou Harry colocar as crianças no carro, Albus dormia profundamente em sua cadeirinha enquanto James e Freddy discutiam alegremente sobre o jogo, embora os bocejos estavam se tornando mais frequentes. Ginny ainda estava parada ao lado do carro quando Harry terminou de afivelar o cinto de Albus, sua cabeça estava girando tentando achar uma maneira de iniciar aquela conversa sem soar tão irritada. No fim, decidiu começar com a pergunta mais básica de todas. 

—Por que você não foi pegar as crianças na escola ontem? - Harry fechou a porta do carro deixando os garotos sozinhos e os impedindo de ouvir a conversa que eles teriam. - Quem foi pegar eles?

—Ginny, eu estava ocupado ontem à tarde e não consegui sair para pegar James e Teddy, então Vanessa, a secretaria de Marsan, se prontificou para pegá-los. - Harry explicou, mas ainda assim não era uma boa explicação, não para ela.

—Nossa família é enorme, Harry. Eu tenho vários irmãos e cunhadas, além de mamãe e papai. Por que você não pediu a eles?

—Porque ninguém estava disponível. - Ginny bufou com escárnio e cruzou os braços, Harry suspirou e continuou a falar. - Eu juro, Ginny, eu procurei por todos os lados alguém da família que poderia pegar os garotos, nem Andy ou a mãe ou o pai estavam livres. Ninguém estava disponível, por isso deixei que Vanessa fosse, eu não tive opção.

—Você poderia ter me ligado. Ter mandado um patrono ou qualquer outra merda. Você sabe que eu odeio que estranhos fiquem perto deles, que meus filhos fiquem sozinhos.

—Ginny, Vanessa os levou direto para o Ministério e depois eu os levei direto para casa. Nada aconteceu. 

—Mas poderia. - ela insistiu se inclinado para frente, ela estava irritada e nervosa, pronta para iniciar uma briga, mas Harry estava recuado, seu olhar sério indicava que ele não iria brigar com ela, não ali. 

—Conversamos em casa. - Harry sussurrou, seu tom duro indicava que não havia espaço para discussão. Ele abriu a porta do carro e ela entrou. Ele poderia estar puto, mas não deixava o cavalheirismo de lado. 


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