Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 67
A Luz de Atena


Notas iniciais do capítulo

Saori finalmente desperta de seu terrível destino para marchar pelas 12 Casas do Zodíaco e encarar Saga, o Cavaleiro de Gêmeos, causador de todo aquele mal.



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A Casa de Áries iluminou-se por um breve instante quando o brilho do Escudo da Justiça encontrou o Domo de Cristal do templo de Mu. O domo de Cristal refletiu aquela magia tornando o templo inteiro iluminado por alguns segundos. Especialmente o Báculo de Ouro, Niké, que permanecia há doze horas de pé, sem qualquer apoio, entre os corpos de Saori e de Alice.

Aquele brilho, que parecia carregar qualquer coisa de mágico, ressoou com o Báculo, mas também sem dúvidas cobriu todo o corpo de Saori. E então se apagou.

Mu olhou apreensiva para as garotas e mesmo Shaka, que ainda estava na Casa de Áries, levantou-se ao sentir um Cosmo que parecia jorrar de uma nascente do alto de uma montanha para tornar-se uma poderosa cachoeira.

A Flecha de Ouro de Sagitário no peito de Saori brilhou intensamente ao ponto de parecer incandescida e, como se fosse possível, emitiu um brilho final como um lampejo muito rápido. E então Mu percebeu que a Flecha não estava mais dentro do peito de Saori, mas flutuando a poucos centímetros de seu vestido furado e manchado de sangue.

Seus olhos finalmente se abriram.

A primeira coisa que Saori viu foi o Domo de Cristal no alto da Casa de Áries, então o Báculo de Ouro que permanecia de pé e finalmente a Flecha de Ouro que flutuava perto de seu peito. Ela tomou a Flecha em sua mão esquerda e a seta finalmente perdeu seu brilho dourado. Sentiu o toque de alguém ao seu lado. Olhou para sua direita e encontrou Alice levantando-se e tomando-a pelas mãos.

Mu estava maravilhada ao ter agora a certeza de que Seiya e seus amigos haviam conseguido.

Alice a ajudou a colocar-se de pé e nem Shaka ou Mu ousaram interferir, como se a elas sequer fosse permitido chegar perto de quem agora tinham certeza tratar-se da Deusa Atena. Saori viu no rosto da amiga um sorriso breve, pois sabia que Alice não era tanto de sorrir, mas naquele momento podia reconhecer o quanto ela estava orgulhosa de Saori por ter encontrado seu próprio caminho. Sua Armadura de Bronze de Golfinho estava impecável, mas seu baço tinha um curativo grande e suas duas pernas ainda estavam manchadas de seu sangue.

De outro lado, Alice viu Saori com seus cabelos um pouco desarrumados, os quais ela fez questão de tocar para endireitar os fios que teimavam em fugir de suas orelhas e de sua franja. Seu vestido branco muito manchado de sangue na altura do peito, mas também perto da barra de sua saia. Ela deixou a mão quente no rosto de Saori e viu como ela tinha nos olhos uma altivez um pouco diferente, como se tivesse caído como a garota que sempre conhecera, mas agora que abrira os olhos havia algo mais profundo neles. Como se houvesse se descoberto, de fato, a Deusa que deveria ser. E isso a deixava profundamente orgulhosa.

Saori a puxou para um longo e terno abraço. O coração de Atena não poderia nunca estar distante de Alice e não havia dúvidas de que, desde muito cedo, elas estiveram juntas nos bons e maus momentos. E ali estavam elas novamente.

Olharam-se outra vez com doçura.

— Eles conseguiram, Mii.

— Você também voltou de seus pesadelos, Sá. — respondeu ela, sorridente.

— Agora vamos. — anunciou ela. — Seiya e os outros nos esperam.

E, juntas, Alice e Saori finalmente viraram-se para a saída da Casa de Áries; Saori tomou seu Báculo de Ouro na mão direita e passou a seta dourada que antes perfurava seu coração para que Alice levasse adiante. Saori podia sentir um aperto enorme naquela noite, portanto teve pressa de chegar até Seiya.

Mu de Áries imediatamente ajoelhou-se quando Saori virou em sua direção, mas Shaka permaneceu de pé, altiva e tranquila.

— Deusa Atena, me permita me apresentar: sou Mu de Áries, a Cavaleira de Ouro que guarda esse Templo.

— Mu de Áries. — repetiu Saori, docemente. — Você deve ser a Mestre Mu que ajudou Shiryu com o reparo das Armaduras, não é mesmo? Levante-se, Mu de Áries, não há necessidade disso. Peço que me leve até o Seiya. 

Ela imediatamente levantou-se, mas ao virar-se notou como Shaka permanecia ainda de pé. Saori olhou para aquela mulher de longos cabelos negros, os olhos fechados como se não pudesse ver e não seguiu adiante.

— Vejo que ainda tem dúvidas. — comentou Saori ao ver a mulher hesitante à sua frente.

— Sou Shaka de Virgem. — disse ela.

Alice, então, estendeu à Saori a Flecha de Ouro que tinha nas mãos e Atena ofereceu à Shaka que, mesmo sem poder enxergar, podia sentir a ressonância daquela seta de ouro à sua frente. Suas mãos se adiantaram e, ao tocá-la junto de Atena, Mu percebeu como o semblante de Shaka pareceu amenizar-se, pois num intervalo de poucos segundos ela experimentou as lembranças da Triste Noite.

Sua respiração parecia parada quando finalmente Shaka deu por si de seu grave engano; mas ainda mais do que isso, ela percebeu a imensa capacidade daquele homem debaixo do Elmo de Ouro do Camerlengo, pois, afinal, por todos esses anos ela, que era considerada a mais próxima dos deuses, jamais por um segundo duvidou de seus bons intentos.

— Esse não é o homem que eu sempre conheci debaixo da máscara. — comentou ela para Atena.

— É o homem que tentou me matar, sem dúvidas.

— Esse é Saga. — falou Shaka, finalmente, adivinhando a verdadeira identidade daquele que usava a batina escura do Camerlengo. — Duas faces no corpo de um homem. Como sua constelação protetora.

— Gêmeos. — falou Mu para Saori e Alice.

— Saga de Gêmeos. — confirmou Shaka.

— Me levem até ele. — pediu ela, devolvendo a seta para Alice.

Mas diante daquela revelação, e sabendo que Saga de fato havia atentado contra a vida da garota há quinze anos, bem como disposto de toda sorte de manipulação por todo esse tempo e colocado a vida de Cavaleiros de Ouro em risco naquele mesmo dia, a Cavaleira de Áries estava apreensiva.

— Pode ser perigoso. — alertou Mu, mas Shaka ao seu lado imediatamente a corrigiu.

— Essa é a Deusa Atena a quem se dirige, Mu de Áries.

E assim abriu caminho para que Saori seguisse a subida das escadarias das Doze Casas até o Templo de Atena, onde os Cavaleiros de Ouro ainda lutavam bravamente contra Saga de Gêmeos e Seiya, vencido, jazia agonizando no chão.

 

—/-

 

O caminho estava livre para Saori e Alice.

As duas subiram escoltadas por Mu de Áries e Shaka de Virgem e veladas por todas as estrelas e constelações daquela noite grega. Atravessaram a Casa de Touro, em que Saori negou qualquer ajuda para navegar os destroços e desníveis de um templo totalmente destruído.

Passaram por Gêmeos que, sem seus labirintos de ilusão, na verdade era dos menores templos entre as Doze Casas do Zodíaco, e então chegaram a Câncer. Onde antes reinava um cheiro mórbido de morte, a névoa fria do inferno e as faces de tantos mortos espalhadas por tetos e paredes, agora era um templo vazio, pacífico e escuro naquela noite.

Mas não estava mais vazio, pois se não havia mais a sensação de morte que antes impregnava aquele templo, agora havia um brilho magnífico de um caranguejo dourado formado com as partes da Armadura de Câncer. Mu lembrou-se de Máscara da Morte e como ela havia cumprido sua parte de um plano que, a bem da verdade, ainda precisava de uma solução final. 

E juntas seguiram, sempre com a guarda das Cavaleiras de Ouro atrás delas.

A Casa de Leão estava bastante destruída e ali encontraram um enorme corpo que agora descansava em paz. Era Cássius. Seu corpo muito ferido estava coberto com a capa de Aioria, mas nenhum deles ali saberia dizer exatamente a natureza de sua morte. Fosse como fosse, a respeitaram, e Saori segurou em sua mão, ajoelhada, e lamentou que houvesse ocorrido.

Apesar da violência daquelas batalhas em que Alice e os demais sempre se envolveram, da ferida terrível que Saori havia sentido em seu próprio peito, do rastro de destruição nos templos anteriores, as duas sentiram uma enorme tristeza ao ver o corpo de Cássius. Ainda que fosse enorme e forte como um touro, era um jovem que estava ali morto sob circunstâncias que não sabiam dizer, mas tinham certeza de que era uma vítima daquela terrível batalha. Tremeu o peito de Saori a lembrança de Xiaoling, cujo curpo ela sequer tinha tido a oportunidade de se despedir. 

E ali ao lado de Cássius chorou copiosamente com a possibilidade de que Xiao, ou aquele enorme menino, não fossem as únicas vítimas.

E amedrontada, ela apertou o passo junto de Alice e, muito em breve, Shaka de Virgem estava outra vez em seu templo, agora destruído pela batalha terrível entre dois Cavaleiros de Ouro. Mas ali também não se detiveram: a próxima Casa, Libra, guardava ainda resquícios gélidos do esquife de Camus, mas era velada pela bonita balança dourada de Libra, cuja aura dourada saudou Atena.

O sangue espalhado na Casa de Escorpião era um horror de se presenciar e Saori efetivamente colocou a mão na boca ao ver as poças e traços de sangue perto da saída. Mu lamentou por Miro, mas Shaka a alertou.

— Miro ainda vive. Foi o veneno de suas palavras que me fez ir à Casa de Áries.

Deixaram Escorpião para a nona Casa, onde Saori deteve-se outra vez, pois fora recebida por uma velha amiga: a Armadura de Sagitário. Alice também sentiu seu Cosmo ressoar com aquela Armadura, como se ela a saudasse, afinal de contas a Cavaleira vestiu aquele traje sagrado e agora parecia fazer parte de sua história. De tal modo que a Flecha de Ouro que Alice trazia nas mãos manifestou um brilho dourado ressoando com a Armadura de Sagitário aos olhos de todos. Ela pareceu compreender o chamado e soltou a seta dourada, que simplesmente flutuou em pleno ar para juntar-se outra vez, depois de quinze anos, junto ao seu Arco.

A flecha, que no peito de Saori era pequena, no corpo do Arco de Sagitário alongou-se como uma seta maior, de modo que sua ponta atravessava o Arco e o penacho de ouro de sua base estava na mão daquele centauro arqueiro alado.

— Aos jovens que aqui chegarem: confiarei Atena aos seus cuidados. — falou a voz de Mu.

Notaram que ela lia uma inscrição na parede.

— Aioros. — adivinhou Shaka.

— É o testamento de Aioros. — confirmou Mu.

Saori olhou para aquelas palavras e lembrou-se da Triste Noite, de como sofreu aquele rapaz que era ainda muito jovem quando morreu para dar a ela uma chance de desafiar o seu destino. Ela olhou para o seu lado e viu Alice com um ferimento terrível no baço e muito sangue em suas pernas; lembrou-se do enorme corpo estendido na Casa de Leão já sem vida; e seu peito se apertou de dor ao imaginar o pior nas Casas que ainda tinham para percorrer.

E ela apertou o passo com o coração dolorido.

 

—/-

 

A Casa de Capricórnio as fazia sentir como se estivessem em outra dimensão, pois ela estava imaculada. Não havia nada fora de seu lugar, nenhuma coluna rachada, o piso  brilhava perfeitamente e todos seus archotes ainda estavam acesos. No salão oval, bastante iluminado pela luz das estrelas, muitos focos de luzes com archotes modernos guardavam a maravilhosa Estátua de Atena existente naquele templo. Era como se ali não houvesse qualquer sinal da sangrenta batalha que invadiu todos aqueles templos.

Mas na saída da Casa de Capricórnio, na base de algumas escadas que levavam à uma fenda enorme no platô, estava o corpo estendido de um Cavaleiro de Ouro.

A enorme e valente Shura de Capricórnio tinha o semblante calmo e Saori ajoelhou-se ao seu lado.

— Shura de Capricórnio. — falou Mu fechando os olhos, sem acreditar no que havia visto.

— A Santa de Capricórnio era admirada por todos por ser a mais fiel entre todos os Cavaleiros do Santuário. — falou a voz grave de Shaka. — Conta-se que foi ela quem deu o golpe fatal em Aioros quinze anos atrás.

— Não consigo imaginar a dor que deve ter sentido ao descobrir a verdade. — adicionou Mu, velando por seu corpo.

— É pior do que isso, Mu. — falou Shaka. — Shura foi morta por Aioria de Leão.

— O quê? — perguntou Áries, inconformada.

— Reconheço os resquícios do Cosmo de Leão em qualquer lugar, pois ele é brilhante como o sol. Deve ter sido uma batalha terrível.

Saori olhava para aquelas duas figuras douradas enquanto falavam entre si tentando imaginar o que deveria ter sido a vida daquela mulher diante dela. A Estátua imaculada e o templo intocável denotavam um orgulho imenso, mas ali ela era outra vítima fatal daquela terrível batalha. Seu Cosmo levantou-se de seu corpo para que ela, ao menos, pudesse descansar em paz onde estivesse.

Em silêncio seguiram adiante, pois Saori percebeu que abateu-se tanto em Mu como em Shaka uma tristeza que lentamente as consumia.

Em Aquário, o que viram foi ainda mais triste.

O templo estava inteiro esbranquiçado pela explosão gélida, a água que antes movia-se lentamente no teto agora estava congelada, mantendo um padrão único de luz no piso de pedra branca. Outro corpo viram ao longe, mas ao seu lado havia um garoto ajoelhado junto de seu mestre, ainda lhe segurando a mão. Saori reconheceu as madeixas longas de Hyoga e correu em sua direção, preocupada.

— Ah, Camus. — lamentou Mu imediatamente ao perceber que o Cavaleiro de Aquário estava morto.

Mesmo Shaka, que mantinha sempre uma postura elegante e altiva, ao notar a morte de Camus deixou que suas mãos abandonassem seus gestos sempre corretos, pois ela sabia o que significava para o Santuário a morte de Camus. A morte do Mestre dos Livros do Santuário. O Mago da Água e do Gelo.

Alice também adiantou-se junto de Saori, que chamava pelo nome de Hyoga repetidamente, mas ele não lhe respondia, ainda que parecesse vivo. Seus olhos tremiam ainda olhando para seu mestre estendido à sua frente, seu rosto tinha rastros congelados de suas lágrimas. Parecia letárgico. Saori o abraçou como pôde e sentiu seu corpo extremamente frio. Alice juntou-se no abraço, mas ele nada respondeu a elas.

O Cosmo da Deusa Atena, bem como de Alice, manifestaram-se quentes e brilhantes na Casa de Aquário e trouxeram Hyoga ao menos de volta à uma leve consciência. De modo que ele reconheceu Saori à sua frente e percebeu, enfim, que havia cumprido sua missão.

— Meu Mestre Camus… — balbuciou ele quando sua boca descongelou levemente.

Mu de Áries ajoelhou-se ao lado de Camus, mas sua feição era triste, e Saori adivinhou que ele já não tinha mais salvação. Hyoga não chorou mais porque, a bem da verdade, parecia incapaz de sentir qualquer coisa mais. Com a ajuda de Alice, ele colocou-se novamente de pé e foi carregado por todo o resto da caminhada para seguir a procissão de Atena. Ela que orou com seu Cosmo por Camus ao seu lado antes de seguir com o peito carregado.

Ao saírem da Casa de Aquário, próximos como estavam, já podiam sentir e até mesmo escutar a feroz batalha que ainda acontecia no topo da montanha.

Apressaram-se como podiam e encontraram o templo mais devastado de todos que haviam percorrido. Nem os desnivelamentos da Casa de Touro ou a destruição de Leão e Virgem, bem como o banho de sangue na Casa de Escorpião ou até mesmo a explosão gélida que congelou toda a Casa de Aquário chegava perto da devastação da Casa de Peixes.

Era como se uma terrível tormenta houvesse arrasado seu salão principal, jogando água, pedra e muitas flores e pétalas por todo o chão. Algumas colunas haviam sido derrubadas, de tal maneira impossível algumas estavam de ponta-cabeça; grandes azulejos de mármore do piso do templo amontoavam-se em cima do que antes eram rebocos do próprio teto. E no centro do que antes era o bonito Salão das Fontes de Peixes, ainda muito bem iluminado por archotes acesos — que agora estavam tanto no teto como no chão —, havia outro corpo estendido.

Um homem maravilhoso, que ainda guardava sua beleza infinita, todo coberto de rosas das mais variadas cores. Sua Armadura de Ouro, como se fosse possível, sem um arranhão sequer. Um único filete de sangue lhe escorria da boca. Afrodite, um jovem e belo guerreiro. Mu também lamentou amargamente aquele outro trágico destino e Saori velou por sua alma chorando, pois lembrava-se daquele jovem tê-la levado em segurança de volta para casa.

Ela chorou, sentindo que havia falhado com ele. Alice pousou a mão em sua mão. Seu Cosmo se ascendeu para que ele também pudesse descansar em paz.

Hyoga então pareceu reanimar-se e cambaleou para a saída da Casa de Peixes, pois havia reconhecido ali o corpo de alguém muito querido. Ele tombou para lá e para cá e finalmente caiu de joelhos, virando o corpo de Shun para ele.

Saori levantou-se e viu que Mu também velaria o corpo de Afrodite; Shaka colocou-se ao seu lado.

— Afrodite lutaria para sempre ao lado de Saga. — falou ela.

— Acha que Afrodite sabia da verdade? — perguntou Mu.

— Agora tenho certeza disso. Talvez fosse o único a saber de toda a verdade. — respondeu Shaka. — O Cavaleiro de Peixes sempre foi aquele mais próximo do Sumo Pontífice.

— E Saga ainda era seu Mestre.

A tragédia só se estendia mais e mais.

Dali a alguns passos, o corpo de Shun ainda tingia a Rosa Sangrenta, que antes era límpida e branca, mas agora estava quase totalmente avermelhada, restando apenas uma ou duas pétalas ligeiramente rosadas. Saori ajoelhou-se ao seu lado e viram todos como seu Cosmo era grandioso, puro e reconfortante. Ela tocou no peito de Shun e as pétalas da rosa vermelha se desfizeram no ar; o caule espinhoso que lhe rasgava o peito também desapareceu.

Seus olhos cansados se abriram e ele foi invadido por uma extrema alegria ao reconhecer o rosto cansado de Hyoga, pois a neve que havia se despedido deles parecia ter sido seu último adeus. Mas ali estava ele novamente. E, ao seu lado, estava alguém que o deixou ainda mais alegrado, pois o rosto de Saori lhe sorria ao lado de Alice. Era a prova de que eles haviam conseguido. Seiya e Shiryu haviam cumprido sua promessa.

Hyoga o levantou e, com esse enorme grupo, Saori irrompeu pelo Templo de Atena, atravessou as áreas externas, seus corredores, e chegou finalmente ao altar em que se sentava o Pontífice em seu trono de ouro. O lugar agora estava totalmente destruído pela violenta batalha que havia acontecido ali. Atravessaram como podiam o piso acidentado e Shun encontrou o corpo de Ikki nos degraus da breve escada até a cortina toda arrepiada pelo fogo que a consumiu.

Embora sua Armadura de Fênix estivesse espalhada pelo altar em cacos, Ikki abriu os olhos para encontrar os de Shun.

— Estou morta? — perguntou ela para o irmão e ele sorriu.

— Ainda não, Ikki.

Ela então encontrou os olhos de Saori e atrás dela o semblante das Cavaleiras de Ouro. Sua voz balbuciou com dificuldade.

— Finalmente você está cometendo seus próprios erros. — falou ela ao notar que Shaka estava junto de Saori.

Saori segurou-lhe as mãos machucadas e junto de Shun levantou Ikki para que pudessem seguir pelo corredor que se estendia no fundo daquele altar.

Na encruzilhada para os últimos degraus que dariam no topo da montanha, encontraram o corpo de Shiryu, que havia rolado escadaria abaixo depois de ter sido vencida pela fenda dimensional de Saga. 

Tinha toda a Armadura retirada de seu corpo, restando apenas suas proteções das pernas, que estavam terrivelmente rachadas; seu peito nu, suas costas guardando ainda a coloração efêmera do dragão que lhe pintava o Cosmo no corpo. Saori abraçou seu corpo e outra vez seu Cosmo deu novo fôlego a um coração cansado e muito machucado.

— Saori? — perguntou Shiryu, muito baixo, em seu ouvido.

— Sim, Shiryu. — falou ela. — Sou eu.

— Então Seiya…

— Conseguiu, Shiryu.

Todos cumprimentaram a brava Shiryu debaixo da guarda das Cavaleiras de Ouro, que Saori percebeu estarem apreensivas, pois podiam ouvir com clareza os clangores do metal que se chocavam no topo daquela escadaria.

Mas antes de seguir, Saori olhou para sua esquerda e viu aquele corredor cheio de reentrâncias de quartos com uma porta ao fundo. Seu coração enregelou, pois lembrou-se não só dos terríveis momentos da Triste Noite, como teve certeza de que a enorme familiaridade que tinha ao ver aquele corredor também eram memórias suas de quando ainda era uma recém-nascida cuidada pelas Saintias do Santuário.

Ela olhou para o chão e então ergueu os olhos para os últimos degraus daquele seu terrível destino.

 

—/-

 

Debaixo dos olhos do Colosso de Atena, Saga lutava bravamente contra Miro, Aldebarã e Aioria. Como poderia um único Cavaleiro de Ouro fazer frente a três deles? Mas a verdade é que o fato de Saga ser mais velho que todos eles e ter enfrentado provações terríveis pelos anos todos o tornava imprevisível e também dono de uma força monumental.

No entanto, não estava incólume, pois seu corpo já estava dolorido de três ou quatro picadas do Escorpião, bem como seus ossos já estavam enfraquecidos pela fúria do Touro de Ouro e seu espírito também chacoalhado pela ira e o rugido do Leão.

— Vamos te vencer, nem que tenhamos que usar a Técnica Proibida! — vociferou Aioria, partindo outra vez na direção de Saga.

Tanto Miro como Aldebarã olharam-se chocados com aquela ideia. Mas assim como Aioria foi, voltou, arremessado pelo Cosmo magnífico de Saga, mas que agora, eles podiam sentir, aos poucos vacilava. 

Saga de Gêmeos então carregou seu Cosmo de ódio e pintou o universo ao redor dos três, pronto para destruir as galáxias em seus corpos, mas foi surpreendido por outro Cavaleiro de Ouro que o impediria de seguir.

— Khan!

A intervenção de Shaka afastou Saga e devolveu-os todos de volta para o topo da montanha debaixo daquela noite estrelada, afastando as galáxias de Gêmeos.

— O que é isso? — perguntou Saga.

E finalmente viu subir brilhante a Deusa Atena com a Vitória na mão direita e um enorme grupo de jovens resolutos atrás de si.

— Sua derrota está decidida, Cavaleiro de Gêmeos Saga. — falou Saori, carregada de força na voz.

Ele estava estupefato.

Quinze anos atrás, tomado de um delírio terrível, suas mãos tiraram a vida de um homem bom para tentar arrancar o destino de uma criança recém-nascida. Quinze anos suportando e mantendo uma mentira terrível que vitimou tantas pessoas naquele Santuário. E ali a mentira agora marchava diante dele para atormentá-lo, reaparecendo com seu rosto de menina carregando na mão direita um presente que ele mesmo havia lhe dado: a Vitória. Seus passos vacilaram e seu cosmo também hesitou.

Saori imediatamente reconheceu em Saga o homem por quem havia sido recebida ali não fazia muito tempo. O homem de quem recebeu o Báculo de Ouro. Um homem bom e temente que buscava tão somente a paz. Mas ali os olhos daquele homem não eram os mesmos. Sua face estava retorcida, ainda que a postura fosse a mesma.

Duas faces no corpo de um homem.

Atena lembrou-se das palavras de Shaka e finalmente compreendeu quem era a pessoa diante de si. Pois era a mesma que lhe havia ajudado antes.

— Cavaleiro de Ouro de Gêmeos, reconheça seus erros. — pediu ela.

Saga olhou ao redor e enxergou todos os Cavaleiros de Ouro vivos contra ele, todos os Cavaleiros de Bronze que haviam invadido o Santuário novamente de pé. A Armadura de Sagitário estava outra vez no Santuário. E Atena estava ali diante dele.

Saga deu alguns passos para trás pela primeira vez.

Mas então seu rosto crispou-se de ódio novamente. Ela era só uma menina. E ele armou-se outra vez em guarda.

Aioria foi quem pisou adiante do grupo colocando-se entre Saga e Atena, algo que nem mesmo os demais Cavaleiros de Ouro pareciam capazes de fazer. Pois faltava aos demais Cavaleiros de Ouro a ira e a dor que sobrava no peito de Aioria, pois ali estava o verdadeiro assassino de seu irmão e a causa de quinze anos de um inferno em sua vida.

— Atena pode ser misericordiosa, Saga de Gêmeos. Mas eu não serei. Se você ainda mantém essa postura arrogante diante da própria Deusa Atena, não me restará nada a não ser acabar com a sua vida.

— Acha que pode fazer frente a mim, pequeno Leão? Quando nem mesmo o seu irmão foi capaz?!

— Ora, seu...!

— Aioria não está mais sozinho! — anunciou Miro, colocando-se ao seu lado, enquanto Aldebarã colocou-se do outro.

— A verdade finalmente te alcançou, Saga. — falou Mu, também colocando-se ao lado dos Cavaleiros de Ouro.

— Até você, Shaka? — perguntou Saga, mas ela sequer lhe respondeu.

Saga agora via-se encurralado por cinco Cavaleiros de Ouro que mantinham Saori e seu grupo de amigos atrás deles em segurança. Seus olhos ainda eram maníacos e, embora seu Cosmo parecesse vacilar, suas palavras ainda eram odientas.

— Pois escutem aqui, Cavaleiros de Ouro. Olhem para o Santuário! — anunciou ele, como se mostrasse toda a região daquele topo de montanha. — Nós somos os únicos ainda capazes de proteger essa Terra. Ainda que tudo que eu tenha feito seja duro, eu fiz o que foi necessário para que este Mundo esteja protegido das muitas invasões divinas que ainda podem levar a humanidade à miséria. E isso só pode ser feito por aquele que tiver o maior poder e força, como eu tenho feito há tanto tempo ao lado de vocês. Vocês realmente vão seguir uma garota e um bando de moleques? Vão deixar o Mundo ser destruído? Acham que ela poderia ter vencido os Titãs ou até mesmo os Gigantes? Não se importam com a ruína do Mundo? — perguntava ele, ensandecido,  atropelando as palavras como um lunático.

Pois quem lhe respondeu não foi nenhum deles, mas a voz decidida da menina.

— Escute, Saga. — colocou-se ela entre os Cavaleiros de Ouro e diante dele. — Se você estiver certo e se esse Mundo tiver de ser controlado por aquele que for mais forte não importando o mal que ele propaga, não importando o que é justo e o que não é, então eu me atreveria a dizer que este é um mundo que merece mesmo ser destruído.

Imperou um certo silêncio antes que ele novamente explodisse.

— Escutem o que ela está dizendo! — acusou Saga, sem compreender o que ela dizia.

— Qual o sentido de viver em um mundo como esse? — perguntou ela, interrompendo sua loucura. — Pois não é assim que deve ser. O que você fez é errado e não existe vitória que apague isso. O Mundo só vale a pena proteger porque nele existem pessoas que se amam e que acreditam umas nas outras. Foi assim que nós chegamos até aqui e vencemos o seu regime do mal. E vamos continuar lutando dessa forma até que todas as pessoas como você, que acreditam ser possível manter a paz matando ao seu bel prazer, sejam derrotadas.

— Você é fraca! A humanidade é fraca e precisa de alguém como eu! — vociferou ele.

— A humanidade pode se sacrificar para criar milagres. E mesmo quando essas pessoas morrem… — lembrou Saori dos corpos em seu caminho e deixou falhar a voz quando lembrou do sorriso de Xiaoling antes de continuar a falar, pois a memória das bobagens de Xiaoling lhe deram ainda mais força. — …suas vontades tornam-se como estrelas, iluminando o caminho para aqueles que vivem. Eu estou preparada para o que vai vir. Vou lutar, nem que seja sozinha, para proteger o que é bom. Vou lutar para proteger o amor e os elos criados entre as pessoas. Vou lutar pelas possibilidades infinitas que as pessoas acreditam quando marcham para o futuro. 

Saga estava enfurecido e assim fez seu Cosmo arder ao seu redor.

— Eu estou cansado dessa bobagem! Vamos ver agora então se a força do seu amor pode fazer frente ao meu Cosmo de Ouro!

— Saga, você vai mesmo levantar a mão contra Atena? — perguntou Aldebarã, incrédulo, mas Saori intercedeu e pediu que o gigante guerreiro de ouro não interferisse.

— Até agora Seiya, Xiaoling e os outros têm se arriscado para me salvar. — e então olhou para Saga. — Desta vez eu vou encarar o seu ódio sozinha.

E deu alguns passos adiante para colocar-se outra vez diante daquele enorme homem.

— Muito bem, garota, prepare-se!

Ele desatinou a correr na direção da pequena Saori, mas deteve-se paralisado e trêmulo; a Armadura de Gêmeos que cobria seu corpo iluminou-se na noite e simplesmente abandonou o corpo de Saga completamente, deixando-o desprotegido à frente de todos.

— O quê a armadura está fazendo? — surpreendeu-se Saga ao ver-se abandonado pela Armadura de Ouro. — Eu não posso acreditar, a Armadura renunciou a mim por vontade própria?

Saori adiantou seu Báculo de Ouro e o fez ressoar com a Armadura de Gêmeos, iluminando o topo da montanha. Ela fechou os olhos e parecia comunicar-se com o Cosmo profundo da Armadura. E, quando seus jovens olhos se abriram, Saga deu alguns passos  para trás, pois era como se ela o pudesse enxergar completamente livre de suas paranoias e medos. Saori olhava dentro de seu coração.

— Saga, você está com medo da verdade. Seu coração já compreendeu, mas você se nega a aceitar. — falou ela, muito decidida. — Seu Cosmo foi atingido pelo brilho do Escudo da Justiça, não é verdade? O Escudo da Justiça é capaz de afastar qualquer mal. Seu corpo pode parecer o mesmo, mas o Escudo atingiu um golpe fatal no Cosmo maligno que vivia dentro de você.

— O Escudo atingiu o cosmo dentro de mim? — repetiu Saga, sem acreditar naquela bobagem ridícula e infantil.

— Agora, aos poucos, seu coração virtuoso está acordando. Aquele coração bondoso que me recebeu e me presenteou com esse Báculo de Ouro para que pudesse exorcizar esse demônio dentro de você. A Armadura não renunciou a você, mas está te protegendo. Agora, mostre que se arrepende e abaixe este punho, Saga.

Mas o punho de Saga continuava trêmulo, como se ele lutasse contra si mesmo, como se ele não aceitasse tanto as palavras como o Cosmo que lhe apertava no corpo.

— Cale-se! — falou ele com dificuldades e adiantou-se para acertá-la.

Sua mente invadida de dúvidas e de dores, mas seu corpo seguiu adiante. Seu punho terrível envergou-se e ele se lançou na direção da pequena Saori, que de fato era muito menor diante de sua compleição. Aos Cavaleiros de Ouro que estavam atrás dela restou observar com assombro como seus cabelos abriram-se no ar, como se ela tivesse realmente sido atingida mortalmente por Saga.

Mas, curiosamente, seu corpo ali permaneceu quando seu Cosmo divino manifestou-se. Quando esperavam que ela fosse jogada do alto daquela montanha para longe, dada a diferença de força entre os dois, na verdade ela sequer se moveu, feito uma estátua de pedra. Pois Saga não a atingiu.

Saori respirava com dificuldades quando viu que à sua frente o rosto de Saga que, embora ainda guardasse as cores do demônio que lhe tomava, parecia amainar. Seu braço direito, onde antes guardava um terrível punho violento, abriu-se na mão para que ele pudesse lhe tocar o rosto delicadamente. O braço esquerdo, no entanto, Saori viu como Saga usou para tomar o Báculo de Ouro, Niké, e o forçar contra seu próprio peito, liberando um pulso dourado mortal em seu corpo.

— Ah, Saga… — lamentou Saori, adivinhando o sacrifício daquele homem.

Quando se espalharam todos ao redor de Saori, um tanto mais próximos, foi quando viram que Saga tinha o Báculo pressionado contra seu coração. Sua voz era calma.

— Minha querida Atena, obrigado.

E então ele caiu de joelhos em frente à Saori, seus cabelos metamorfosearam e coloriram-se outra vez, abandonando aquele agourento cinza que antes lhe cobria o rosto. Os olhos perderam o carmesim do ódio e o rosto acalmou-se na face. Outra vez ele olhou para ela, e Saori reconheceu aquele bondoso rosto que antes lhe havia recebido em seus aposentos.

— Atena. Eu não queria machucá-la, nunca quis que fosse assim.

— Gêmeos. Deu-me o Báculo para que…

— Somente a morte, Atena. À mim, somente a morte. Não chore, Atena. Eu esperava por esse momento há quinze anos. — Saori viu como a face de Saga agora era como a do deus que diziam que ele era. E seus olhos agora choravam. — Eu gostaria de ter vivido ao seu lado e lutado pela justiça, mas esse não foi o caminho de meu destino. Perdão, Atena. Perdão.

E seus olhos fecharam-se uma última vez, apagando suas últimas lágrimas no colo de Atena. Saga era um homem tão bom quanto mau. Um deus que caminhava na terra de tão bondoso e admirado por todos, mas igualmente um demônio quando lhe tomava a ira e a sede pelo poder. Eternamente atormentado pela dualidade de sua força, eternamente dividido entre o bem e o mal. Alguém dirá que Saga de Gêmeos possa ter sido aquele que mais sofreu por todos esses quinze anos, pois se os mortos descansam em paz e resta aos vivos o tormento e a dor de suas perdas, Saga não só perdeu como causou a derrocada de tantos que ele mesmo amava.

Pois agora ele também descansaria. Impossível dizer se seria em paz.

 

—/-

 

Saori liderou o grupo de jovens que entrou no pequeno templo que havia debaixo do Colosso de Atena. Era um pequeno lugar bem iluminado onde havia uma miniatura daquela mesma Estátua, mas feita toda de ouro. Ao lado da Estátua, deitado com o rosto na pedra e o braço em cima do Escudo da Justiça, estava o corpo de Seiya.

Ela apressou-se até ele e se ajoelhou, tomando o corpo de Seiya em seus braços, tirando os cabelos de seus olhos e limpando o sangue de seu rosto. Ela olhou para o lado e tocou no Escudo da Justiça que jazia largado na pedra, compreendendo o esforço enorme que ele havia feito.

Com Seiya de Pégaso no colo, ela fechou os olhos e deixou jorrar seu reconfortante Cosmo, que o trouxe de longe de seu universo em que marchava para a morte para um jardim de flores. Seus olhos abriram-se novamente, do mesmo modo em que por tantas vezes havia sentido uma força inquestionável e desconhecida fazer com que ele seguidas vezes se levantasse. Fosse contra o Touro de Ouro, fosse contra o terrível rugido do Leão e, principalmente, contra a fúria de Saga. Mas na verdade era uma força que parecia estar com ele desde sempre, em suas noites mais tristes e perdidas. Pois essa força inquestionável era o coração quente de Atena.

— Saori. — disse ele, balbuciando um nome que lhe ecoava no peito enquanto viajava por dentro de seu Cosmo desacordado ao lado daquela estátua. — É você mesmo?

Seus olhos desanuviaram-se e ele pôde ver com mais clareza que era de fato Saori quem lhe sorria de muito perto. Sua voz soou também muito clara e trouxe uma imensa alegria para ele.

— Você conseguiu, Seiya. — respondeu ela, emocionada. — Vocês todos conseguiram.

Então Seiya viu muitos rostos surgirem atrás de Saori. Viu os enormes cabelos de Shiryu, mais uma vez distante da morte; Ikki em um estado lamentável, como nunca imaginou que fosse possível; Shun absolutamente arrepiado e ferido, mas com seu sorriso doce de sempre; Hyoga congelado dos pés à cabeça, mas outra vez vivo. E então viu Alice, e seu peito lhe fez chorar finalmente. Pois sempre que Alice lhe olhava daquele jeito, ele sabia que ela se lembrava de Seika.

Mas havia um rosto que também deveria estar ali. Um rosto que estaria terrivelmente risonho, fazendo todos brilharem de alegria. Mas não estava. E ver a todos seus amigos assim juntos, fez a sua falta ainda mais dolorida.

Finalmente Seiya deixou escorrer de seus olhos todo o cansaço, todas as dores, mas também toda a saudade que sentia de Xiaoling, pois sua morte agora parecia mesmo irremediável. Tudo naquelas lágrimas que o fazia soluçar nos braços de Saori.

Ela sentou ao lado de Seiya e o abraçou, também deixando suas lágrimas rolarem, pois se Saori estivera até ali decidida, altiva e agindo como a Deusa que havia se descoberto dentro de seu coração, a verdade é que ela ainda era uma menina que subiu todo aquele percurso com um medo enorme de ter perdido mais alguém.

Mas ali estavam todos eles juntos; de certo modo, haviam vingado a morte de Xiaoling apagando o mal do Santuário.

Um a um, eles se sentaram e uniram-se ao abraço que Saori dedicava à Seiya.

O Cosmo de Atena brilhou maravilhosamente naquele pequeno espaço e a ele juntou-se o universo de todos os jovens feridos naquele dia terrível em um arco-íris de luz que renovou em cada um deles a certeza de que podiam enfrentar o pior dos destinos. Desde que estivessem juntos.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: A marcha de Atena depois de acordar é uma que merecia um cuidado maior. Super significativa. Saori x Saga eu tentei manter o que a Saori pensa tanto no mangá como no anime, mas colocar Saga desafiando sua ternura.

PRÓXIMO CAPÍTULO: EPÍLOGO

Terminada a batalha no Santuário, há incertezas que precisam ser curadas.



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